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Extinction Rebellion, o movimento que quer parar Londrespromocao betsulmega protesto ambiental e já está presente no Brasil:promocao betsul
No Brasil, já existe um grupo organizando uma versão brasileira do Extinction Rebellion, que será chamadapromocao betsul"Rebelião ou Extinção". Nesta semana, também planejam ações, embora não tenham anunciado quais.
"É uma questãopromocao betsulsobrevivência, não ambientalismo. Ambientalismo sempre significa uma coisa: ou o ambiente é distante e pobre, e temos que ajudá-lo, ou é algo que temos que explorar para ficarmos mais ricos. A verdadeira questão que enfrentamos é: ou fazemos algo agora ou no futuro vamos passar fome", dizpromocao betsulentrevista à BBC News Brasil um dos fundadores do Extintion Rebellion, o britânico Roger Hallam, antespromocao betsulser detidopromocao betsulLondres por ter protestado no aeroportopromocao betsulHeathrow,promocao betsulsetembro, usando um drone para interromper voos. "É como se estivéssemos discutindo dentropromocao betsulum barco que está navegandopromocao betsuldireção a uma cachoeira e vai cair no abismo."
Em seu discurso e ações, membros do movimento enfatizam mensagens que transmitem à população um sentimentopromocao betsulurgência. Estamos à beirapromocao betsuluma "catástrofe climática",promocao betsuluma "emergência", do "colapso do mundo", afirmam, e é preciso acordar dessa letargia. É um tom semelhante ao da adolescente ativista Greta Thunberg, da Suécia, que, num cruzamentopromocao betsulmovimentos, já participoupromocao betsulprotestos do Extinction Rebellionpromocao betsulLondres.
Para os rebeldes, a mídia, os governantes e grupos ambientalistas tradicionais como o Greenpeace não foram eficientespromocao betsultransmitir o sensopromocao betsulurgência à população.
Agora, eles têm três demandas: 1) que o governo "conte a verdade à população declarando uma emergência climática e ecológica"; 2) que o governo "zere as emissõespromocao betsulgasespromocao betsulefeito estufa até 2025"; 3) que o governo "crie uma assembleia popular, formada por cidadãos comuns e escolhidos aleatoriamente, e siga suas decisões sobre o meio ambiente".
Para convencer o governo a adotar essas reivindicações, os fundadores do grupo estudaram revoltas passadas para formular estratégias. Para eles, manifestações convencionais não funcionam —são contra passeatas, por exemplo.
Todas ações têm uma coisapromocao betsulcomum: usam técnicaspromocao betsulresistência não violenta. Ou seja, protestos que interrompam o funcionamento das coisas, às vezes desrespeitando a lei, maspromocao betsulmodo pacífico. São estratégias inspiradaspromocao betsulMahatma Gandhi, que liderou o movimento bem-sucedido pela independência da Índia, e Martin Luther King, um dos líderes mais importantes na campanha pelos direitos civis aos negros nos Estados Unidos. "A participaçãopromocao betsulmassa e a desobediência civil são os mecanismos mais efetivos para desafiar o projeto genocida das elites do mundo", diz Hallam.
Os atospromocao betsulagorapromocao betsulLondres são a terceira vez que fazem algo tão grande, embora tenham levado a cabo ao longo do ano ações menores como a da embaixada brasileira, que aconteceupromocao betsulagosto, auge da crise da Amazônia do governo Jair Bolsonaro.
Em outubro do ano passado, quando surgiu, o grupo já havia interrompido o trânsito londrino com seus protestos. Cresceu muitopromocao betsulabrilpromocao betsul2019, quando seus participantes —de jovens a ativistas mais velhos— fizeram grandes protestospromocao betsulLondres: durante 11 dias, grudaram seus corpospromocao betsultrens, marcharam no aeroportopromocao betsulHeathrow e bloquearam avenidas importantes, inclusive uma ponte inteira. Na ocasião, maispromocao betsulmil ativistas foram detidos.
Parte importante do movimento no Reino Unido é ter pessoas que se identificam como "arrestables", ou seja, que se dispõem a serem detidas (algo como "detíveis") e terempromocao betsulficha criminal manchada. Elas devem informar os organizadorespromocao betsulprotestos para serem contabilizadas e destacadas para levar a cabo as ações não violentas que podem acabarpromocao betsuldetenção e chamar atenção da imprensa.
Há grupos dentro do movimentopromocao betsul"apoio aos detidos", pessoas que ajudam a divulgar financiamentos coletivos para pagar os custos do processo pós-detenção ou que simplesmente comparecem às audiências para dar apoio emocional. Mas nem tudo são flores. Ainda não há consenso sobre como as pessoas devem lidar com o processo depois da detenção: "Pagar um advogado?", "Com que dinheiro?", "Representar a si mesmo, sem advogado?", "Dizer-se inocente ou culpado?" são algumas das questões levantadas nas reuniões do Extinction Rebellion.
A estratégia, é claro, incomoda. Segundo a polícia, os protestospromocao betsulabril do ano passado custaram à corporação maispromocao betsul£7,5 milhões (cercapromocao betsulR$ 38 milhões). Para o Brasil, consertos no edifício da embaixada custaram cercapromocao betsul£8 mil (R$ 40 mil), segundo o Itamaraty. Motoristas e pedestres tiverampromocao betsulrota interrompida ("vi uma senhora que tinha trabalhado o dia todo e ficou presa até uma da manhãpromocao betsulum ônibus na ponte", afirmou à reportagem uma brasileira que não quis ser identificada) e,promocao betsulBristol, no oeste do Reino Unido, um filho não pode ir ao hospital se despedir do pai, que estava morrendo, por contapromocao betsulum protesto que interrompia a rua.
Classe média branca
Além disso, o movimento é criticado por ser composto por membros majoritariamente brancos epromocao betsulclasse média. Nos protestos, a composiçãopromocao betsulgrande parte branca é visível.
Além disso, "muitas das táticas que empregam não consideram as pessoas negras", diz Leah Cowan, editorapromocao betsulpolítica da revista britânica Gal-Dem, produzida por mulheres e pessoas não-bináriaspromocao betsulcor. Ser detido é uma delas. "As pessoas que se dispõem a serem detidas não podem ser vistas como heroínas, e esse não pode ser o único caminho. Não é inclusivo, porque legitima o sistema sem reconhecerpromocao betsullonga históriapromocao betsulbrutalidade policial e o encarceramento desproporcionalpromocao betsulpessoaspromocao betsulcor", afirma.
Um tuíte publicado pelo Extinction Rebellionpromocao betsulabril exemplifica a questão: "A maioria dos policiais são pessoas razoáveis. Alguns são idiotas, nada diferente do resto da sociedade. Esperamos que a polícia junte-se à rebelião", publicaram. Mais tarde, o grupo se corrigiu: "Para deixar claro, a pessoa que postou esse tuíte estava falandopromocao betsulpoliciais individuais que estão conosco nas ruas. O Extinction Rebellion sabe que a polícia, como uma organização, é institucionalmente racista. São capazespromocao betsulviolência extrema e repressão".
Questionado, Hallam disse à BBC News Brasil que "a maior parte dos movimentos são iniciados por pessoas da classe média, porque elas têm mais tempo e dinheiro". "Mas agora é um movimento universal, porque todo mundo vai morrer", defende. E emenda: "Na verdade, não importa que se é um movimentopromocao betsulclasse média branca, o que importa para as pessoas pobres no mundo todo é que haja coisas sendo feitas e que isso vá salvar seus filhos. Precisamos é focar na metodologia para provocar mudanças estruturais nos países desenvolvidos, senão as pessoas nos países do sul vão passar fome".
A estratégia a longo prazo, admite ele, é que a mobilização da classe média acabe levando a classe média baixa e os mais pobres e trabalhadores para a rua, criando um verdadeiro movimentopromocao betsulmassa.
Em um segundo protesto numa tardepromocao betsulsexta-feirapromocao betsulfrente à embaixada brasileirapromocao betsulLondres, ainda por causa dos incêndios na Amazônia, a inglesa Sarah Tulej, que trabalhapromocao betsuluma ONGpromocao betsuldesenvolvimento sustentável, opina que "é um luxo" poder ir protestar, "mas ainda assim é importante". Ela diz que entrou para o Extinction Rebellionpromocao betsulabril, depoispromocao betsulsentir "eco-ansiedade" (ansiedadepromocao betsulrelação às mudanças climáticas), ainda mais tendo um filhopromocao betsuldois anos. "Talvez tenha que ser a classe média branca que tenha que agir e se arriscar agora porque foi ela quem até agora se beneficiou do desenvolvimento que provocou a mudança climática", reflete.
Para o bem ou para o mal, no Reino Unido o Extinction Rebellion é temapromocao betsulrodaspromocao betsulconversapromocao betsulpubs, e começa a se tornar conhecido numa Europa que votou mais para partidos ambientalistas nas eleições europeias deste ano e que tempromocao betsulGreta já um símbolo mundial, umapromocao betsulsuas vozes mais ouvidas ou amplificadas.
No mundo da classe médiapromocao betsulLondres, o Extinction Rebellion estápromocao betsuldiversos locais como festivaispromocao betsulmúsica e parques. O grupo participa com estandes para espalhar suas ideias e cativar novos membros. Em junho, teve uma coleçãopromocao betsulensaios lançada pela editora Penguin: This is Not a Drill: An Extinction Rebellion Handbook (isso não é uma simulação: manual do Extinction Rebellion,promocao betsultradução livre), com instruções sobre como fazer rebeliões.
E o Victoria & Albert, um dos mais prestigiosos museuspromocao betsulLondres, adquiriu para seu acervo objetos ligados ao grupo, como pôsteres, carimbos e bandeiras. Um dos destaques é o arquivo digital do "Símbolopromocao betsulExtinção" — o logo simples e fácil do grupo, uma ampulheta dentropromocao betsuluma circunferência (também lida como um X,promocao betsulextinção), feito por um artista para representar "o tempo se esgotando" e já chamado pelo jornal The Guardian como "o símbolo da paz dessa geração".
'À beirapromocao betsulum precipício'
No fundopromocao betsuluma sala com cercapromocao betsul20 jovens trabalhandopromocao betsulcomputadores — alguns estão descalços, uma mulher trabalha com seu bebê no colo —, Roger Hallam, um dos fundadores do Extinction Rebellion, faz uma reunião empromocao betsulmesapromocao betsultrabalho.
Pôsteres do Extinction Rebellion adornam a parede, e no canto da sala há um "espaço regenerativo",promocao betsuldescanso. O almoço, vegano, é compartilhado por todos. Hallam,promocao betsul53 anos, cabelos grisalhos presospromocao betsulum rabo, recebeu a BBC News Brasil no escritório localizadopromocao betsulum edifíciopromocao betsulBethnal Green, na região lestepromocao betsulLondres, onde vivem parte dos hipsters da cidade.
"Estamos na beirapromocao betsulum precipício, quase pulando dele. E caminhamospromocao betsuldireção a esse precipício há 30 anos", diz Hallam. E maispromocao betsuluma vez, afirma: "Eu não estou dizendo a ninguém o que devem fazer. Só estou dizendo o que funciona". Dez dias depois da entrevista, ele foi detido por protestar no aeroportopromocao betsulHeathrow com um drone.
Brasil
Hallam foi um fazendeiro orgânico no Paíspromocao betsulGales ("durante 20 anos, trabalhei 70 horas semanais ganhando 2 libras a hora" —cercapromocao betsulR$ 10); mais tarde,promocao betsulseu doutoradopromocao betsulKing's College,promocao betsulLondres, estudou desobediência civil — exatamente o que ele emprega no Extinction Rebellion — e fez grevepromocao betsulfome exigindo que a universidade retirasse investimentospromocao betsulcombustíveis fósseis. Diz ter vivido na rua durante dois anos e, durante a entrevista, repete que não é um cidadão da classe média. Quando ele fala, é bem prático, enumerando fórmulas sobre como obter mudanças.
Um exemplo: ele logo dá razão ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, no conflito diplomático com Macron, o presidente francês. "É claro que a Amazônia pertence aos brasileiros, não há dúvidas disso. É completa hipocrisia que os líderes globais do norte digam aos brasileiros que não é isso. O Bolsonaro está certo: é bobagem colonial", afirma.
Mas ele diz isso pensando mais no argumento para convencer os brasileiros a aderirem para seu lado. A maioria das pessoas, diz ele, se importa com suas famílias, seus empregos e o país. O nacionalismo existe e, com isso, podemos "usar a visão da direita para promover objetivos da esquerda".
"O argumento para os brasileiros tem que ser: é claro que a Amazônia é sua, e se vocês acabarem com ela, seus filhos vão passar fome. É um argumento poderoso, porque assim trabalhamos com um sistemapromocao betsulvalores. Entende o que eu quero dizer?"
A outra coisa que ele diz é que "as táticas e estrutura da resistência" teriam que ser diferentes no Brasil. "Não dá para querer ser preso."
Então, uma forma, diz ele, é chegar até o ponto imediato antes da repressão e que ainda assim vá receber publicidade. São ações como uma que aconteceu no Egito,promocao betsul2011, ele lembra: para não quebrar as leis contra demonstrações públicas do país, ativistas se vestirampromocao betsulpreto e ficarampromocao betsulpé, um ao lado do outro, na beira do Nilo. No Reino Unido, o Extinction Rebellion já fez protestospromocao betsulque um grupopromocao betsulpessoas deitava no chãopromocao betsulum museu, por exemplo. Mas Hallam também diz que mudanças só vêm quando as pessoas se arriscam. "É uma investigação empírica", afirma, dizendo que testes precisarão ser feitos.
No Brasil, uma das coordenadoras do Extinction Rebellion, uma paulistana que prefere ser identificada como "Musa", diz que as ações serão principalmentepromocao betsulperformances, arte e palestras, sem violência. Ela participoupromocao betsulatos e treinamento no Reino Unido.
"As ações serão acompanhadaspromocao betsulbastante informação para as pessoas entenderem sobre o que é o protesto. A informação é nossa grande base", afirma. "Existe também uma parte forte que é a depressãopromocao betsulquando a pessoa começa a se informar sobre a situação real do que estamos passando, então haverá acolhida. Mas o momento é agora, o mundo todo está acordando para uma realidade,promocao betsulque a gente tem que trocarpromocao betsulsistema. É uma onda muito grande, planetária,promocao betsultodas as pessoas. A gente quer que seja assim no Brasil também."
Ela não diz quantos membros há no grupo brasileiro (no Facebook, uma comunidade conta com 1,9 mil participantes), mas afirma que há gente aderindopromocao betsulSão Paulo, Rio, Brasília e Belo Horizonte.
O grupo se diz apolítico, mas "a gente não tem controle sobre quem acha que o que está acontecendo com esse governo está errado", afirma. "Contanto que sejapromocao betsulforma não violenta, as pessoas têm o direitopromocao betsulmanifestar os seus pensamentos."
No Brasil, o grupo escolheu outras demandas. São quatro: reconhecer terraspromocao betsulpovos indígenas, ampliar a noção dos direitos da natureza ("o assassinato dos nossos ecossistemas deveria ser crime", diz Musa), manter-se no Acordopromocao betsulParis e cumprir a metapromocao betsulreduzir as emissõespromocao betsulgasespromocao betsulefeito estufapromocao betsul37% abaixo dos níveispromocao betsul2005,promocao betsul2025, e adotar técnicaspromocao betsulagricultura sustentável.
'Não era meu plano original ser detido, mas não me arrependo'
No segundo protesto do Extinction Rebellionpromocao betsulfrente à embaixada brasileirapromocao betsulLondres, no fimpromocao betsulagosto, James "Fox" permaneceu na área, mas longe da manifestação, sentadopromocao betsulum café a alguns metros do edifício. De boné e óculos escuros, o rapazpromocao betsul24 anos pediu sussurrando para a repórter atravessar a rua e encontrá-lo na beirapromocao betsuluma fonte na Trafalgar Square,promocao betsulmeio aos turistas.
Por ter sido um dos manifestantes detidos no primeiro protesto, havia uma ordempromocao betsulrestrição contra ele — e assim ele recorreu a estratégiaspromocao betsulcinema para poder acompanhar o segundo protestopromocao betsullonge e ser entrevistado. Prefere se identificar com esse sobrenome que não é o seu: "Fox" — raposa,promocao betsulinglês.
"Sou um biólogo que passou os últimos sete anos estudando e pesquisando os efeitos da mudança climáticapromocao betsultartarugas", conta, sentado sobre a borda da fonte. "Não era meu plano original ser detido. Não tenho orgulho disso, mas também não me arrependo."
Dez dias antes, ele acordou cedo, se dirigiu à embaixada brasileira e, com outros manifestantes do Extinction Rebellion, vandalizou o prédio da instituição. Ele foi uma das pessoas que pintaram as paredespromocao betsulvermelho. Explica que normalmente grupospromocao betsul8 a 12 pessoas do Extinction Rebellion agem juntaspromocao betsulações mais arriscadas, que podem render detenções. "Nossa ação foipromocao betsulnível tão extremo que foi impossível evitar a detenção."
Ele conta ter vivido quatro meses no Brasil e ser particularmente ligado à causa da Amazônia e indígena. Estava revoltado, mas satisfeito por ter participado do protesto. "Nosso futuro está pegando fogo", afirmou.
A poucos metros dali, no grupo aglomeradopromocao betsulfrente à representação brasileira, a fonoaudióloga inglesa Miranda Mayston,promocao betsul34 anos, está chorando. Ela diz se sentir "muito triste com as mudanças climáticas e as consequências disso". "Mas estou emocionada com a paixão e uniãopromocao betsultodo mundo. Eu não podia ficar sentadapromocao betsulum escritório. Estar aqui faz com que eu me sinta menos sozinha."
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