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Genocídiojogos de siteRuanda: 'Não tinha como dizer ao meu filho qual dos homens que me estupraram era seu pai':jogos de site
jogos de site Aviso: Algumas pessoas podem considerar parte deste conteúdo perturbador
Não ter paijogos de sitecasa não era incomum: muitas outras crianças não tinham pai - maisjogos de site800 mil pessoas foram mortas durante o genocídiojogos de siteRuandajogos de site1994. Mas elas sabiam o nome do pai delas.
Jean-Pierre ouvia rumores no vilarejo - mas levou anos até finalmente descobrir toda a verdade.
A história, dizjogos de sitemãe Carine com firmeza, "não é algo para se digerirjogos de siteuma só vez".
"Ele tinha ouvido versões diferentes. Ouviu fofocas. Todos na comunidade sabem que eu fui estuprada. Não havia nada que eu pudesse fazerjogos de siterelação a isso", explica.
"Meu filho ficava perguntando quem era seu pai. Mas entre os 100 homens ou mais que me estupraram, eu não tinha como saber quem era o pai."
'Eu não podia fugir'
Não se sabe exatamente quantas crianças nasceram como resultadojogos de siteestupros durante o massacrejogos de site100 diasjogos de site1994.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem realizado esforços para acabar com a violência sexual relacionada a conflitos - o estupro foi usado como armajogos de siteguerra na Síria, na Colômbia, na República Democrática do Congo ejogos de siteMianmar no ano passado.
Nesta quarta-feira (19), Dia Internacional para Eliminação da Violência Sexualjogos de siteConflito, sobreviventes estão compartilhando histórias nas redes sociais usando a hashtag #EndRapeinWar ("Fim dos estuprosjogos de siteguerra",jogos de sitetradução livre).
Mas não é fácil para os envolvidos relembrar esses eventos - mesmo um quartojogos de siteséculo depois. Ao ouvir a históriajogos de siteCarine, fica claro por que ela esperou até que seu filho tivesse idade suficiente para saber a verdade.
Ela tinha mais ou menos a mesma idade dele na primeira vezjogos de siteque foi estuprada - uma das centenasjogos de sitemilharesjogos de sitemulheres e meninas tutsis que, acredita-se, foram agredidas sexualmente por vizinhos, milícias e soldados hutus.
O genocídio tinha acabadojogos de sitecomeçar e ela ainda estava sangrando por causajogos de siteduas facadas que levoujogos de sitecada lado do rosto - ferimentos que até hoje dificultamjogos de sitefala e alimentação.
Os agressores - pessoas que outrora faziam parte da mesma comunidade - a arrastaram até a beirajogos de siteum poço onde estavam jogando os corposjogos de sitehomens, mulheres e crianças que haviam assassinadojogos de siteuma escola.
Mas apesar dos ferimentos, apesar da dor, Carine sabia que não queria morrer. Ela também sabia que não queria morrer quando um grupojogos de sitesoldados a agrediu sexualmente com galhosjogos de siteárvore e gravetos horas depois, causando danos inimagináveis.
Só quando outro grupo a atacou, mordendo todo seu corpo, que ela decidiu que não queria mais viver.
"Nessa hora eu queria morrer logo. Eu queria morrer várias vezes."
Masjogos de siteprovação mal tinha começado: o hospital que tentou salvarjogos de sitevida foi rapidamente dominado pela milícia hutu.
"Eu não podia fugir. Não conseguia porque estava toda quebrada", diz ela.
"Quem quisesse fazer sexo comigo, conseguia. Se os criminosos quisessem urinar, podiam urinarjogos de sitecimajogos de sitemim."
Só quando o hospital foi libertado pela Frente Patriótica Ruandesa (RPF) que Carine finalmente conseguiu o tratamento que precisava, e foi autorizada a voltar parajogos de sitealdeia - fraca, devastada, sangrando, mas viva.
Quando os médicos descobriram que ela estava grávida, ficaram chocados.
"Quando o bebê nasceu, não conseguia entender por quê. Não conseguia acreditar que o menino tinha vindojogos de sitemim. Estava sempre pensando no que aconteceu. Depoisjogos de sitedar à luz, resolvi ficar com o bebê - embora não sentisse amor algum."
'Crianças abandonadas'
Essa narrativa - ou variações dela - foi contada centenasjogos de sitevezes a criançasjogos de siteRuanda nos últimos 25 anos, embora raramentejogos de siteforma tão aberta.
"O estupro é um tabu. Na maioria dos casos, a vergonha recai sobre as mulheres,jogos de sitevez do homem", afirma Sam Munderere, diretor da Fundação Ruanda, que oferece apoio educacional e psicológico a mães e filhos nascidos como resultadojogos de siteestupro durante o genocídio.
Em alguns casos, diz ele, o estigma fez com que os familiares pedissem às mães para abandonar os filhos. Em outros, causou o fimjogos de sitecasamentos.
As mulheres mantinham issojogos de sitesegredo até onde dava. Como resultado, muitas crianças só se deram contajogos de sitecomo foram concebidas quando, como Jean-Pierre, precisaram preencher o tal formulário.
"A questão é as mães contarem às crianças como elas nasceram depois do genocídio. Era mais fácil dizer simplesmente: 'Seu pai foi morto durante o genocídio'.
"Mas à medida que as crianças crescem, fazem muitas perguntas, e a mãe meio que é pressionada a dizer a verdade."
Ao longo dos anos, a Fundação Ruanda ajudou mães a encontrar as palavras certas para contar suas histórias, mas a verdade, reconhece Sam, pode ser traumática.
"Os efeitos podem ser prolongados; os efeitos podem passarjogos de sitegeraçãojogos de sitegeração", diz.
Ele cita a históriajogos de siteuma jovem que escondia do marido a verdade sobre seu pai. Se ele soubesse, dizia ela, prejudicaria seu casamento.
Tem ainda o casojogos de siteuma mãe que admitiu que maltratava a filha porque acreditava que o comportamento desobediente dela se devia a "como ela nasceu".
E há muitas mães que, como Carine, simplesmente se sentem desconectadas dos filhos.
Fora o impacto duradouro disso tudo, que ainda precisará ser observado.
"Há consequênciasjogos de siteque não pensaríamos", destaca Munderere.
"Os jovens têm seus próprios desafios e estamos fazendo o melhor possível para apoiá-los para que possam se encaixar na sociedade, para sentirem que são tão bons quanto qualquer outro jovemjogos de siteRuanda."
O trauma do vínculo
Quando Jean-Pierre tinha 19 ou 20 anos, Carine finalmente contou a ele toda a história dajogos de siteconcepção e nascimento.
Segundo ela, o filho aceitou. Mas ainda assim, sente que há um buraco emjogos de sitevida, relacionado à figura paterna.
Surpreendentemente, ele não sente ódio pelo homem que atacoujogos de sitemãe - e foi então que Carine também decidiu perdoar.
"Uma das coisas que me deixou mais traumatizada foi pensar neles. Quando você perdoa, se sente melhor", diz ela, com naturalidade.
"Nunca senti raiva dele", acrescenta Jean-Pierre. "Às vezes penso nele: quando me deparo com desafios da vida, sinto que adoraria ter um pai para me ajudar a resolver esses problemas."
Ele planeja trabalhar como mecânico e um dia terjogos de siteprópria família.
"Estou planejando ajudar minha família também", diz ele, apesarjogos de sitetudo isso exigir dinheiro - e o dinheiro ser escasso.
Já Carine buscou terapia logo no início, o que a ajudou a se relacionar com Jean-Pierre à medida que ele crescia:
"Sinto que ele é meu filho agora."
A proximidade dos dois fica evidente quando se sentam juntos para observar as colinas verdejantes na porta da casa nova, comprada com a ajuda da Survivors Fund (Surf) - instituiçãojogos de sitecaridade baseada no Reino Unido que apoia a Fundação Ruanda.
A casa fica nos arredores da aldeia onde ela cresceu -jogos de siteonde fugiu quandojogos de sitefamília tentou fazê-la desistirjogos de siteJean-Pierre.
Mas agora a situação está tranquila. Eles se sentem acolhidos pela família e pela comunidade.
"Eles sabem que eu sobrevivi por muito tempo vivendo com um trauma e que estou feliz aqui", diz ela.
Jean-Pierre, porjogos de sitevez, está cheiojogos de siteorgulho da mãe e do que ela alcançou:
"É muito difíciljogos de sitever, mas fiquei muito feliz com o progresso dela."
"O jeito que ela aceitou o que aconteceu. O jeito que ela pensa sobre o futuro e o caminho a seguir."
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