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As antigas tradiçõesthimbles 1xbetcasamento que ainda assombram mulheres:thimbles 1xbet
"Eu fui apresentada a ele pelos meus irmãos, e eles me disseram que era um cara legal. Minha mãe estava feliz que eu estava casando com o vizinho, assim eu estaria perto, onde ela poderia saber o que estava acontecendo."
Elmira disse à mãe diversas vezes que não queria começar uma família. Sua mãe contou isso aos familiares, que começaram a pressioná-la, suspeitando que ela não fosse virgem.
Mas a verdade é quethimbles 1xbetnoitethimbles 1xbetnúpcias foi a primeira vezthimbles 1xbetque fez sexo.
Seu marido desrespeitou completamente seus sentimentos e desejos, diz ela. Mesmo sabendo que erathimbles 1xbetprimeira vez, ele simplesmente se jogou sobre ela, e quando a cabeça dela começou a bater no armário, ela ouviu uma batida e uma vozthimbles 1xbetmulher do outro lado da porta do quarto: "Ei, silêncio aí! Que rude!"
Do outro lado da porta estavam a mãethimbles 1xbetElmira, duas tias, a sogra e uma parente distante – a que havia batido na porta.
No Azerbaidjão, faz parte da tradição local a presençathimbles 1xbetfamiliares femininas da noiva para atestar a consumação do "ato físicothimbles 1xbetamor".
"Era possível ouvir cada barulhinho", lembra Elmira. "Eu tremiathimbles 1xbetdor ethimbles 1xbetvergonha, e pensei: 'é isso mesmo que é o casamento?'."
A mesma parente distante que bateu na porta estava cumprindo o papelthimbles 1xbet"engi": uma mulher casada que vai para a casa dos recém-casados imediatamente após o casamento e fica a noite toda ao lado do quarto.
Uma das suas responsabilidade é servirthimbles 1xbet"consultora", para permitir que a noiva, sexualmente inexperiente, possa sair do quarto e pedir conselhos.
A outra responsabilidade é levar os lençóis depois da noitethimbles 1xbetnúpcias.
'Tradição'
Ter que mostrar os lençóis na manhã após o casamento é uma tradição comum no Cáucaso, região entre a Armênia, a Geórgia, o Azerbaidjão e a Rússia.
O sangue dá aos parentes provathimbles 1xbetque o casamento foi consumado ethimbles 1xbetque a noiva era virgem. As famílias parabenizam os recém-casados quando veem as manchasthimbles 1xbetsangue, e, assim, se completa o ritual do casamento.
Se não há sangue, a mulher é devolvida aos pais como "defeituosa", pode ser excluída pela família ou sofrer perseguição pelos pais, explica Shakhla Ismail, que estuda direitos das mulheres no Azerbaidjão.
Depois ela é considerada divorciada, e muitas vezes é difícil que consiga se casar novamente.
Ativistasthimbles 1xbetdireitos humanos no Azerbaidjão dizem que a tradiçãothimbles 1xbetpessoas terem que acompanhar a noitethimbles 1xbetnúpcias e a exibição do lençol ainda são práticas amplamente disseminadasthimbles 1xbetregiões rurais do país.
Algumas vezes antes do casamento as mulheres são "examinadas" por um "especialista" para verificar se continuam virgens.
Esse procedimento é gradualmente questionado por organizações internacionais. No último outono, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundialthimbles 1xbetSaúde (OMS) pediram o fim da prática – que ainda é comumthimbles 1xbetpelo menos 20 países. As duas entidades classificaram a tradição como humilhante e traumática para as mulheres.
As agências também afirmam que não existe um conceitothimbles 1xbet"virgindade" na medicina, que se tratathimbles 1xbetum conceito social, cultural e religioso.
Medo e vergonha
Medo, dor e vergonha são sentimentos que Elmira associa àthimbles 1xbetnoitethimbles 1xbetnúpcias.
"Eu estava aterrorizada demais para dizer qualquer coisa. Não dormi à noite, mas ele não se importou e foi dormir calmamente depois."
De manhã, as "testemunhas" entraram no quarto para levar os lençóis.
"À essa altura eu nem ligava mais – eu achava aquilo tudo nojento, mas o pavor da noite anterior suplantou qualquer vergonha", diz Elmira.
"Eu sabia que todo mundo ia inspecionar aquele lençol, mas eu estava tão chocada que mal consigo lembrar como eles o tiraram debaixothimbles 1xbetmim."
A cada ano, tradições como essa se tornam ainda mais traumáticas para as mulheres, diz a psicóloga Ellada Gorina.
No mundo moderno, onde mais pessoas casam mais tarde e têm alguma experiência sexual antes do casamento, jovens não precisamthimbles 1xbetconselhosthimbles 1xbetparentes esperando do ladothimbles 1xbetfora da porta, e seu papel acaba sendo somente othimbles 1xbetverificar a virgindade da noiva.
"Até hoje, muitas mulheres pensam no papel da 'engi' como uma coisa normal", diz Gorina. "Mas trauma, conflito e sofrimento acontecem quando as novas gerações crescemthimbles 1xbettempos mais progressistas."
Negar, que viviathimbles 1xbetuma região rural do Azerbaidjão, lembra que emthimbles 1xbetnoitethimbles 1xbetcasamento ela não tinha apenas ou ou dois "consultores", mas a "vila toda" esperando no quarto ao lado.
"Eu nunca fiquei tão constrangida, mas achei que fosse normal, já que os mais velhos provavelmente são mais sábios."
Negar diz que nem ela nem seu marido tinham vontade nenhumathimbles 1xbetfazer sexo porque eles podiam ouvir as pessoas movendo cadeiras e respirando atrás da porta. De manhã eles também tivera que mostrar os lençóis.
Na época Negar tinha 18 anos, hoje ela tem 30. Divorciada, ela mora na capital, Baku, e se refere aos parentes como "pervertidos".
No entanto nem todo mundo tem a mesma chance que ela tevethimbles 1xbetcomeçar uma nova vida, e por causa da posição das mulheresthimbles 1xbetsociedades patriarcais, a mudança é lenta.
'Maçã Vermelha'
Há tradições similares envolvendo lençóisthimbles 1xbetpaíses vizinhos como a Armênia, ethimbles 1xbetalguns lugares na Geórgia, na Rússia ethimbles 1xbetvárias repúblicas russas no norte do Cáucaso.
Na tradição armênia, não há testemunhas atrás da porta. Mas há a tradição da "maçã vermelha", uma sutil referência às manchasthimbles 1xbetsangue nos lençóis.
Como nos outros países, o costume é mais comum no interior.
"Quanto mais longe da capital, pior fica o problema, e mais resistentes as pessoas são a mudança. Em alguns lugares chega ao pontothimbles 1xbetfanatismo", explica Nina Karapetians, uma ativistathimbles 1xbetdireitos humanos.
Ela diz que às vezes todos os parentes e vizinhos são convidados para conferir a "maçã vermelha". "A vila toda faz parte do ritualthimbles 1xbethumilhação", afirma Karapetians.
Em áreas rurais, as meninas são casadas assim que completam 18 anos, então muitas não têm habilidades ou empregos. Se a garota não passa no "teste da maçã", seus pais podem deserdá-la.
Silêncio
De acordo com Ellada Gorina, algumas mulheres lidam relativamente bem com a tradição, enquanto outras têm traumas por anos.
"Vi um casothimbles 1xbetum casamento onde não havia sangue no lençol então a família toda do noivo levou a noiva ao médico para checar se ela era virgem ou não", diz Gorina.
A invasão da privacidade da mulher pode ter a força traumatizantethimbles 1xbetum atothimbles 1xbetviolência, diz Gorina.
Seis meses depois do casamento, o maridothimbles 1xbetElmira morreu. "Nesse tempo nós nunca falamos sobre aquela noite", diz ela.
Depois da morte do marido, nunca esteve com outro homem – ela diz que tem uma barreira psicológica.
"Eu estava pronta para casar novamente ou começar a ver alguém, mas minha experiência prévia me impede", diz ela.
Especialistas da Armênia e do Azerbaidjão concordam que, aos poucos, essas tradições estão se tornando coisas do passado.
"As novas gerações estão preparadas para lutar por seus direitos", diz Nina Karapetians.
"Conheço famílias que se recusam a participar da cerimônia. Essas pessoas são fantásticas, a mudança começa com elas", diz Karapetians.
Casal moderno
Arif* e Maleika* formam um jovem casal do Azerbaidjão,thimbles 1xbetfamílias modestas, que se conheceram atravésthimbles 1xbetparentes.
De acordo com a tradição,thimbles 1xbetseu casamento, a noiva e o noivo sentamthimbles 1xbetuma mesa levantada, separada, a única da festa sem álcool.
A ideia da mesathimbles 1xbetum lugar mais alto é para que os noivos possam observar os convidados – cercathimbles 1xbet400 pessoas – dançarem e se divertirem. O noivo não beija a noiva, já que beijos não são aceitáveisthimbles 1xbetpúblico.
Mas Maleika fez algo incomum: saiu do seu lugar e, para a surpresa dos parentes, também começou a dançar.
Os convidados cochicharam e fofocaram, dizendo que ela não tinha vergonha. "Isso não é uma danceteria", reclamou uma mulher.
"Ela está desrespeitando nossas tradições", comenta outra.
Os convidados não ficaram felizes que a noiva prestou pouca atenção neles, que ela estava conversando com amigos e que não se mostrava submissa ao marido.
Mas mesmo Maleika sabia que não pode fugir da tradição. Quando os recém-casados deixaram o salão, um outro carro os seguiu, com quatro mulheres dentro.
Mesmo essa casal mais moderno sabia que não estariam sozinhos emthimbles 1xbetcasa naquela noite.
Ilustraçõesthimbles 1xbetMagerram Zeynalov
*Os nomes das entrevistadas foram trocados para preservar suas identidades.
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