Por que a Líbia volta a ser tomada pela guerra civil:slot full

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Soldadosslot fullMisrata estão ajudando a defender a cidadeslot fullTrípoli

slot full Pelo menos 2.800 pessoas fugiramslot fullcombates perto da capital da Líbia, Trípoli, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

A entidade afirma ainda que outros civis estão encurralados pelos confrontos e isoladosslot fullserviçosslot fullemergência.

A ofensiva contra a cidade começou na última quinta-feira, quando o general Khalifa Haftar anunciou que tomaria Trípoli do governo da Líbia apoiado pela ONU.

Nesta segunda-feira, o aeroportoslot fullMatiga, o únicoslot fullfuncionamentoslot fullTrípoli, foi atingido por ataques aéreos realizados por forças leais a Haftar, segundo a ONU. A entidade falaslot fulldesrespeito à lei internacional.

Não há relatosslot fullvítimas ou aviões civis atingidos. Segundo um porta-vozslot fullHaftar, o ataque mirava um caça militar MiG que estava no local.

Nos últimos dias, as potências internacionais começaram a retirar suas equipes do país.

O primeiro-ministro líbio, Fayez al-Serraj, acusou Haftar e as forças sob seu comandoslot fulltentativaslot fullgolpeslot fullEstado e prometeu responder aos insurgentes com força.

A Líbia foi dilacerada pela violência, pela instabilidade política e pelas lutas pelo poder, desde que o governanteslot fulllonga data, Muammar Gaddafi, foi deposto e mortoslot full2011.

As milícias que ganharam força desde então se dividemslot fulldiversos aspectos, como político, religioso, étnico e ideológico. Há militantes islâmicos, moderados, monarquistas e liberais que tiveram pouca experiência democrática no país.

O que háslot fullmais recente nos confrontos?

O Ministério da Saúde Pública disse na segunda-feira que pelo menos 25 pessoas foram mortas e 80 ficaram feridas, incluindo civis e soldados. As forças do general Haftar disseram que perderam pelo menos 19 combatentes.

Legenda da foto, Ao menos 2.800 pessoas fugiram dos combates na regiãoslot fullTrípoli, capital da Líbia

A ONU chegou a pedir uma tréguaslot fullduas horas para que vítimas e civis pudessem ser socorridos, mas a solicitação foi ignorada e o combate continuou.

Em resposta, a União Europeia e vários países, incluindo os EUA e a Rússia, pediram o fim dos confrontos.

"Esta campanha militar unilateral contra Trípoli está colocandoslot fullrisco civis e prejudicando as perspectivasslot fullum futuro melhor para todos os líbios", disse Mike Pompeo, secretárioslot fullEstado dos EUA.

As negociações apoiadas pela ONU foram marcadas para o próximo dia 14 com o objetivo discutir um roteiro para novas eleições. Mas ainda não está claro se elas serão mantidas.

Um porta-voz da ONU disse à agênciaslot fullnotícias AFP que eles "ainda esperam por uma resposta positiva".

Qual é a situação nas imediaçõesslot fullTrípoli?

As forças do Exército Nacional Líbio (ENL), lideradas pelo general Haftar, vêm realizando um ataque multivariado contra Trípoli.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, A multinacional italianaslot fullpetróleo e gás Eni decidiu retirar todos os funcionários italianos da Líbia

O ENL informou que realizou seu primeiro ataque aéreo no domingo - um dia depoisslot fullo Governoslot fullUnidade Nacional (GNA), apoiado pela ONU, atacá-lo com ataques aéreos.

Houve confrontos no entornoslot fullum aeroporto desativadoslot fullTrípoli.

O primeiro-ministro, Fayez al-Serraj, disse no sábado que defenderá a capital. Ele disse ter feito concessões ao general Haftar para evitar derramamentoslot fullsangue, mas acabou "apunhalado pelas costas".

Quem já deixou o país?

O Comando dos Estados Unidos para a África - que é responsável pelas operações militares dos EUA e pela ligação na África - disse que transferiu um contingenteslot fullforças dos EUA para fora do país devido ao "aumento da agitação".

Houve relatosslot fullque uma nave anfíbia rápida sendo usada na operação.

A ministra das Relações Exteriores da Índia, Sushma Swaraj, disse que o contingente totalslot full15 membros da forçaslot fullpaz da Forçaslot fullReserva Central foi retiradoslot fullTrípoli porque a situação na Líbia "piorou repentinamente".

A multinacional italianaslot fullpetróleo e gás Eni decidiu retirar todos os funcionários italianos do país.

A ONU também deve retirar boa parteslot fullsua equipe e manter apenas o essencial no país.

Há relatosslot fullmoradoresslot fullTrípoli terem começado a estocar alimentos e combustível. Mas o editorslot fullassuntos árabes da BBC, Sebastian Usher, diz que muitos dos que estão perto dos combates hesitamslot fullsuas casas por medoslot fullsaques.

Líbios temem uma longa ofensivaslot fullTrípoli, como a que o general Haftar adotou para tomar a cidadeslot fullBenghazi, no leste,slot fullmilíciasslot full2017.

Quem é o general Haftar?

A Líbia foi destruída por uma sérieslot fullconflitos desde a derrubadaslot fullGaddafislot full2011. Desde então dezenasslot fullmilícias operam no país.

O Governoslot fullUnidade Nacional (GNA) foi criado durante negociaçõesslot full2015, mas tem lutado para assegurar o controle nacional.

Recentemente houve uma polarização na disputaslot fullpoder: parte se aliou ao GNA, apoiada pela ONU, sediadaslot fullTrípoli, e outra ao ENL, do general Haftar, que tem força no leste da Líbia e recebe apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos.

Haftar é parte do cenário político líbio há quatro décadas. Sua ascensão política e militar teve um saltoslot full1969, quando ele ajudou o coronel Gaddafi a tomar o poder do rei Idris.

Ele subiu na hierarquia das Forças Armadas até os anos 1980, quando liderava as forças líbiasslot fullum conflito no Chade e acabou derrotado, preso e abandonado por Gaddafi. Haftar se exilou nos EUA, onde se aproximou das tentativas americanasslot fullderrubar o mandatário líbio.

Em 2011, ele retornou à Líbia durante a guerra civil que levaria à queda e morteslot fullGaddafi - e no rescaldo se apresentou como o principal oponenteslot fullmilícias islâmicas no leste da Líbia.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Depoisslot fullassumir o controleslot fullBenghazi, Haftar voltouslot fullatenção para alcançar o cargo mais alto do país

Por três anos ele lutou contra diversos grupos, incluindo os alinhados à al-Qaeda, na cidadeslot fullBenghazi. Mas seus críticos acusaram-noslot fullrotularslot full"terrorista" qualquer pessoa que desafieslot fullautoridade.

Em 2015, o Parlamento eleito o nomeou como líder do Exército Nacional Líbio. Depoisslot fulltomar o controleslot fullBenghazi, ele voltou suas atenções para o cargo mais alto do país. Mas umslot fullseus principais obstáculos é uma cláusula no acordo intermediado pela ONU que impede que uma figura militar assuma o cargo político.

Em janeiro deste ano, suas forças lançaram uma ofensiva para tomar dois camposslot fullpetróleo no sul do país. Estima-se que ele controle a maior parte das reservasslot fullpetróleo da Líbia.

Ele tem apoio internacional?

Sim, há muito tempo. Haftar tem o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos - e fez uma visita à Arábia Saudita uma semana antesslot fulllançar a ofensivaslot fullTrípoli. O general Haftar fez várias viagens à Rússia, foi recebidoslot fullum porta-aviões russo na Líbia e no domingo a Rússia vetou uma declaração do Conselhoslot fullSegurança da ONU condenando seu avanço sobre Trípoli.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Presidente Emmanuel Macron (centro) tentou mediar encontro entre o primeiro-ministro Sarraj (esquerda) e Khalifa Haftar (direita)

A França, que assumiu um papelslot fullmediação, negou tomar partido apesar das suspeitas sobreslot fullrelação com o general. O presidente francês, Emmanuel Macron, foi o primeiro líder ocidental a convidá-lo para a Europaslot fullconversaçõesslot fullpaz, e a França lançou ataques aéreosslot fullapoio às forças do general Haftarslot fullfevereiro. Eles atacaram as forças da oposição chadiana que lutavam contra o ENL no sul.

Observadores dizem que a participaçãoslot fullHaftarslot fullconversas na França, Itália e Emirados Árabes Unidos buscava mais posicioná-lo no cenário internacional do que buscar um acordo.

A maioria das nações ocidentais apoia o governoslot fullunidade. Desde a ofensivaslot fullTrípoli, a ONU, os EUA e a União Europeia pediram a interrupção imediata dos combates e das negociações que envolvem Haftar.

Analistas dizem que Haftar pode ter feito esse movimento porque a ONU anunciou uma "conferência nacional" na cidade líbiaslot fullGhadames, que será realizada entre 14 e 16slot fullabril, para discutir com comunidades locais um roteiro para eleições no país.

Com mais território sob seu controle, Haftar pode sentir que tem à mão algo mais forte que qualquer mesaslot fullnegociação.

Em entrevistaslot fullabrilslot full2016, o presidente americano Barack Obama disse que o pior erroslot fullseu governo foi não ter preparado o terreno para a sucessãoslot fullGaddafi.

De volta à estaca zero?

slot full Análiseslot fullRana Jawad, correspondente da BBC North Africa,slot fullTunis

A ofensiva do perigoso general sugere que, apesar da condenação internacionalslot fullseus recentes movimentos, ele acredita que só pode assegurar um lugar na futura composição política da Líbia por meios militares.

Diplomatas estão preocupados porque a maneira e o timing do ataque significam que é improvável que ele recue, a menos que seja derrotado.

Poucos pensaram que ele iriaslot fullfrente e lançaria esta operação - algo que Haftar ameaçava fazer havia muito tempo - porque acreditavam que as conversasslot fullandamento que o levaram a Paris, Palermo e Emirados Árabes Unidos serviriam para ganhar tempo até que um novo acordo político fosse alcançado por meioslot fullnegociações eslot fullum eventual processo eleitoral.

Hoje, as nações ocidentais têm poucas cartas para tentar reduzir a violência e, mais uma vez, encontram-seslot fulluma posiçãoslot fullque talvez precisem começar todo o processo do zero.

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