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Eleições EUA: como a disputa pode redesenhar o mapa político do país e determinar o futuro do governo Trump:
A "onda legislativa" - um grande triunfo eleitoral nas eleições parlamentares, realizadas na metade do mandato presidencial, que redesenha o mapa político nacional - é um fenômeno frequente nos Estados Unidos. Isso estaria prestes a ocorrernovoWashington?
O que é a onda legislativa?
Para esta análise, considera-se que uma onda legislativa ocorre quando um partido consegue obter 20 assentos ou mais na Câmara e no Senado.
Isto aconteceu oito vezes nos últimos 70 anos, com destaque para 1994, quando houve uma onda republicana no governo do democrata Bill Clinton, e2010, outra onda republicanaum governo democrata, desta vez,Barack Obama.
Atualmente, o Partido Republicano está próximoum recorde na era modernatermosassentos na Câmara, com uma maioria241, contra 194 cadeiras ocupadas por democratas. Pesquisas apontam que a legenda pode estar prestes a sofrer um revés na Casa.
O Senado é um terreno aparentemente mais promissor para os republicanos - os democratas tentam manter dez assentosEstados nos quais Trump ganhou na eleição presidencial2016.
A atmosfera política deste ano, contudo, émuita polarização egrande indefinição.
Os democratas podem ter o vento da política a seu favor, mas fatos como a batalhatorno da confirmação do juiz Brett Kavanaugh para a Suprema Corte têm o potencialmudar isso.
Qual é o atual estado das coisas?
Aqui vão alguns indicadores - e lições da história - que dão sinais sobre as principais tendências para as eleições legislativas.
1. Arrecadaçãofundos para as campanhas
O dinheiro faz a roda (da política) girar. Os fundos alocados para candidatos, partidos e grupos independentes são um indício da força eleitoral - que se manifeste, porvez,propaganda, na organização das campanhas e outros esforços necessários para obter votos.
Também são um reflexo do entusiasmo da basedoadorescada lado da disputa.
Há um componente da arrecadaçãofundos que acompanha cada onda nos últimos 25 anos, um períodoque o papel dos recursos financeiros ganhou ainda maior relevância.
Na onda republicana1994, doações individuais para candidatos à Câmara - que têm um limite estabelecido por lei - foram favoráveis para os republicanos. O partido assumiu na época o controle da Casa pela primeira vez desde 1949.
Em 2006, os democratas tiveram uma vantagem - e assumiram o controle do Congresso. Quatro anos depois, os republicanos levantaram mais fundos - e voltaram a controlar a Câmara. Em 2014, eles obtiverammaioria mais ampla83 anos e também passaram a controlar o Senado.
"Nas ondas legislativas, ocupanteslonga dataum assento podem ser pegossurpresa quando enfrentam uma campanha competitiva e bem financiada", diz Geoffrey Skelley, do Centro para Política da UniversidadeVirginia.
A perspectiva para 2018:
A vantagem na arrecadaçãofundoscandidatos democratas é expressiva. Os dados mais recentes mostram que as contribuições individuais são mais do que o dobro das doações do tipo feitas a republicanos.
Em 2novembro, somavam US$ 649 milhões (R$ 2,41 bilhões), contra "apenas" US$ 312 milhões (R$ 1,15 bilhão)republicanos.
Mas isso não significa que os republicanos estão fadados ao fracasso. Eles têm doadores com muitos recursos disponíveis para fazer campanhanomecandidatos específicos - um tipocontribuição financeira conhecida como "independent expenditures", que não é limitada pela lei -, e o Partido Republicano está alocando recursosdisputas consideradas chavetodo o país.
2. Popularidade do presidente
As eleições legislativas são consideradas uma espéciereferendo do presidenteexercício.
Quando ele é impopular, os eleitores depositamfrustração no seu partido no Congresso. Se ele vai bem, seu partido é premiado (ou, ao menos, não é punido excessivamente).
O índiceaprovação presidencial do instituto Gallup nos últimos 60 anos ajuda a ilustrar isso.
Sempre que a desaprovação do presidente superou a aprovação no mês anterior às eleições legislativas - Ronald Reagan1982, Bill Clinton1994, George W. Bush2006 e Barack Obama2010 e 2014 -, acendeu-se um sinalalerta para seu partido.
As exceções também são esclarecedoras. Gerald Ford tinha um saldo positivo24 pontosoutubro1974, mas este índice caiu 15 pontos nos três meses seguintes, após seu controverso perdão a Richard Nixon. Nessa época, os democratas conquistaram 48 assentos na Câmara e cinco no Senado.
O saldoLyndon Johnson estava quase neutro1966, mas a insatisfação com a Guerra do Vietnã e conflitostornodireitos civis, combinados com os números infladosseu partido no Congresso após uma grande vitória dois anos antes, levaram os democratas a um revés.
A perspectiva para 2018:
O índiceaprovaçãoTrump tem se mantido estável, mesmo diante da tumultuada primeira metadeseu mandato.
Ele não chegou a ter uma "luamel" com o eleitorado apósvitória, então não houve mudanças dráticas neste sentido.
No fimagosto, o presidente tinha 40%aprovação. Na véspera das eleições legislativas,aprovação segue nos mesmos 40%.
Isso não é um bom sinal para os republicanos. Ainda que o presidente já tenha subvertido expectativas políticas antes,impopularidade pode prejudicar seu partido.
3. O voto genérico
Este voto é a resposta dada quando uma pessoa é questionada apenas sobre qual partido apoiará na eleição para a Câmara.
Há 435 disputas para a Câmara a cada eleição legislativa, o que significa que há ao menos 870 candidatos dos dois principais partidos, alémum punhadocandidatos independentes oupartidos menores.
Cada disputa é algo único, cada local onde elas ocorrem tem interesses específicos, e cada distrito tem uma identidade demográfica tão única quanto uma impressão digital.
É pouco plausível, portanto, que o resultadotodas essas disputas possa ser previsto por uma simples pesquisa que pede ao eleitor para dizer se prefere o Partido Democrata ou o Partido Republicano.
Essa pesquisa tem se provado, no entanto, bastante precisa para prever as chances das duas legendas nas eleições legislativas.
"Essa pesquisavoto genérico consegue medir o clima político nacional", diz Alan Abramowitz, professorCiência Política da Universidade Emory que criou um modeloprevisão eleitoral com base nas pesquisasvoto genérico.
Em 1958, 1982 e 2006, o voto genérico foi favorável aos democratas - anosque ocorreram ondas legislativas a seu favor.
Quando ocorreram ondas legislativas republicanas1994, 2010 e 2014, a vantagem democrata caiu para um dígito (ou chegou até mesmo a desaparecer).
Neste ano, diz Abramowitz, a vantagem democrata estátornooito pontos percentuais. Desempenhos superiores a esse patamar costumam sinalizar uma onda legislativa.
A perspectiva2018:
A vantagem democrata no voto genérico oscilou no último ano.
No segundo trimestre, caiu a pontoo cenário parecer excelente para os republicanos. Em meadossetembro, no entanto, se aproximou dos dois dígitos, uma tendência que perdeu força desde então, mas uma margemoito pontos está próximo do mínimo necessário para haver uma onda democrata.
4. A economia
Trump e seus colegas republicanos estão destacando números positivos da economia como um motivo pelo qual merecem mais dois anoscontrole sobre o que é decididoWashington.
Historicamente, no entanto, uma economiacrescimento não é garantiasucesso para o partido do presidente.
Em 1994, quando os democratas estavam no governo e perderam o controle do Congresso, a economia crescia mais4%, ainda que a taxadesemprego estivesse um pouco acima do nível atual,5,8%.
Em outros anosondas legislativas, 2006 e 2014, a economia também não ia mal.
Uma economiadificuldades, por outro lado, pode ser uma péssimo sinal para o partido do governo nas eleições legislativas.
Em 1958, os republicanos no Congresso sofreram uma grande derrotaparte por causa da recessão naquele ano, que incluiu uma contração recorde10% do PIB no primeiro trimestre.
A contração da atividade1974 e 1982 também influenciou as perdas do Partido Republicano naqueles anos.
"É melhor ter uma economia forte do que uma economia ruim, mas isso não significa que você escapará ileso da ira dos eleitores", diz Abramowitz.
A perspectiva2018:
O crescimento do PIB no terceiro trimestre desacelerou um pouco, mas, após o segundo trimestre, chegou a 4,2%. Junto com o desempregoseu nível mais baixo49 anos e os sinaisaumento dos salários, os índices econômicos são inquestionavelmente bons.
Trump decidiu tornar o controleimigração seu argumento final para os eleitores nesta votação - desagradando alguns republicanos que prefeririam que ele se concentrasse mais na economia.
Se a história serveguia, no entanto, o presidente pode estar certo ao colocar o focooutra questão, já que o fatoa economia ir bem não é garantiasucesso nas urnas.
5. Aposentadoriapolíticos
Coloquelado as pesquisas, índices econômicos e análisesespecialistas. Quem mais consegue sentir o pulso do clima político melhor do que ninguém? Provavelmente, os próprios políticos.
São eles que colocarão seus nomes nas urnas e são eles que poderão ficar sem emprego se uma onda legislativa ocorrer.
Dianteuma possível derrota, alguns podem optar por se aposentar mais cedo ou sair à frentecolegas na corrida por empregos após uma carreira no setor público.
Olhar as tendênciasaposentadoria nos últimos tempos traz um cenário misto. Os números2010 deram poucas pistas sobre a derrota dos democratas.
Em 1994, no entanto, um aumento da aposentadoriademocratas pode ter sido um prenúncio da vitória republicana.
A perspectiva para 2018:
Os números2018 podem sinalizar que os republicanos podem sofrer uma derrota nas urnas, já que o índiceaposentadorias é recorde para um partido que detém a maioria no Congresso.
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