Nadia Murad, a vencedora do Prêmio Nobel da Paz que superou históricocódigo lampionsbet 2024vítimacódigo lampionsbet 2024'jihad sexual':código lampionsbet 2024

código lampionsbet 2024 Os ativistas Nadia Murad,código lampionsbet 202425 anos, e Denis Mukwege,código lampionsbet 202463 anos, receberam nesta sexta-feira o Prêmio Nobel código lampionsbet 2024 da Pazcódigo lampionsbet 20242018 por seus esforços na luta contra o uso da violência sexual código lampionsbet 2024 como armacódigo lampionsbet 2024guerra e conflito armado.

Nadia, que pertence à minoria yazidi no Iraque, foi sequestrada e violentada pelo grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) e hoje luta contra o tráfico sexualcódigo lampionsbet 2024mulheres.

Mukwege é um ginecologista congolês que atende há décadas mulheres estupradas na República Democrática do Congo. Junto aos colegas, ele já cuidoucódigo lampionsbet 2024maiscódigo lampionsbet 202430 mil vítimas com ferimentos gravescódigo lampionsbet 2024decorrênciacódigo lampionsbet 2024violência sexual realizada como armacódigo lampionsbet 2024guerra.

De acordo com Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê do Nobel, a dupla deu uma "contribuição crucial para chamar a atenção e combater tais crimescódigo lampionsbet 2024guerra."

No total, 331 indivíduos e organizações foram indicados ao prêmio neste ano, entreguecódigo lampionsbet 2024Oslo, na Noruega.

Confira abaixo a históriacódigo lampionsbet 2024Nadia publicada pela BBC News Brasil:

Quando integrantes do grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) invadiram a aldeiacódigo lampionsbet 2024Nadia Murad no Iraque,código lampionsbet 20242014, mataram todos os homens, incluindo seiscódigo lampionsbet 2024seus irmãos.

Nadia é da minoria étnica e religiosa yazidi, considerada "infiel" pelos extremistas do EI.

Ela e centenascódigo lampionsbet 2024outras mulheres yazidis foram sequestradas, vendidas e passadascódigo lampionsbet 2024mãocódigo lampionsbet 2024mão por homens que as estupraram coletivamente. Foram vítimas do que o EI chamacódigo lampionsbet 2024"jihad sexual".

Nadia conseguiu fugir após passar três mesescódigo lampionsbet 2024cativeiro, mas acredita-se que milharescódigo lampionsbet 2024mulheres continuem presas.

O ataque

Em 3código lampionsbet 2024agostocódigo lampionsbet 20242014, o EI atacou os yazidiscódigo lampionsbet 2024Sinjar, região no norte do Iraque próxima a uma montanhacódigo lampionsbet 2024mesmo nome. Antes disso haviam atacado locais como Tal Afar, Mosul e outras comunidades xiitas e cristãs, forçando a saída dos moradores.

"A vidacódigo lampionsbet 2024nosso vilarejo era muito feliz, muito simples. Comocódigo lampionsbet 2024outros vilarejos, as pessoas não viviamcódigo lampionsbet 2024palácios. Nossas casas eram simples,código lampionsbet 2024barro, mas levávamos uma vida feliz, sem problemas. Não incomodávamos os outros e tínhamos boas relações com todos", contou Nadia ao programa HARDtalk da BBC.

Naquele diacódigo lampionsbet 2024agosto, diz ela, 3 mil homens, idosos, crianças e deficientes foram massacrados pelo EI.

Alguns conseguiram fugir e se refugiar no monte Sinjar, mas a aldeia estava longe da montanha e o EI cercou as saídas.

Perseguidos, os yazidis reverenciam a Bíblia e o Alcorão, mas grande partecódigo lampionsbet 2024sua tradição é oral.

"Rodearam a aldeia por alguns dias mas não entraram. Tentamos pedir ajuda por telefone e outros meios. Sabíamos que algo horrível iria acontecer. Mas a ajuda não chegou, nem do Iraque nemcódigo lampionsbet 2024outras partes."

Depoiscódigo lampionsbet 2024alguns dias, o EI encurralou os moradores na escola da aldeia e ali seus militantes mantiveram homens, mulheres e crianças.

"Deram-nos duas opções: a conversão ao islã ou a morte", disse Nadia.

Assassinatos, sequestros e estupros

Logo separaram os homens, cercacódigo lampionsbet 2024700. Levaram todos para fora da aldeia e começaram a atirar neles. Nove irmãoscódigo lampionsbet 2024Nadia estavam entre eles.

Seis dos irmãoscódigo lampionsbet 2024Nadia morreram ─ três ficaram feridos mas escaparam.

"Da janela da escola podíamos ver os homens sendo baleados. Não vi meus irmãos sendo atingidos. Até hoje não pude voltar à aldeia nem ao local da matança. Não há notíciascódigo lampionsbet 2024nenhum dos homens."

Segundo Nadia, meninas acimacódigo lampionsbet 2024nove anos e meninos acimacódigo lampionsbet 2024quatro anos foram levados a camposcódigo lampionsbet 2024treinamento.

"Depois levaram umas 80 mulheres, todas acimacódigo lampionsbet 202445 anos, incluindo minha mãe. Uns diziam que haviam sido mortas, outros que não. Mas quando partecódigo lampionsbet 2024Sinjar foi liberada encontrou-se uma vala comum com seus corpos", conta.

Ao todo, 18 membros da famíliacódigo lampionsbet 2024Nadia morreram ou estão desaparecidos.

Nadia foi levada com outras mulheres. Havia cercacódigo lampionsbet 2024150 meninas no grupo, incluindo três sobrinhas dela.

Elas foram divididascódigo lampionsbet 2024grupos e levadascódigo lampionsbet 2024ônibus até Mosul.

"No caminho eles tocavam nossos seios e esfregavam as barbascódigo lampionsbet 2024nossos rostos. Não sabíamos se iam nos matar nem o que fariam conosco. Percebemos que nadacódigo lampionsbet 2024bom iria ocorrer porque já tinham matado os homens e as mulheres mais velhas, e sequestrado os meninos."

Ao chegar ao quartel-general do EIcódigo lampionsbet 2024Mosul, encontraram muitas jovens, mulheres e meninas, todas yazidis. Tinham sido sequestradascódigo lampionsbet 2024outras aldeias no dia anterior.

A cada hora, homens do EI chegavam e escolhiam algumas meninas. Elas eram levadas, estupradas e devolvidas.

Nadia percebeu que esse também seria seu destino.

Sem compaixão

No dia seguinte, um grupocódigo lampionsbet 2024militantes do EI chegou. Cada um escolheu uma menina, algumas entre 10 e 12 anos.

"As meninas resistiram, mas foram forçadas a ir. As mais jovens se agarravam às mais velhas. Uma delas tinha a mesma idadecódigo lampionsbet 2024minhas sobrinhas, chorava e se prendia a mim."

Quando chegoucódigo lampionsbet 2024vez, Nadia foi selecionada por um homem bem gordo que a levou a outro andar. Um outro militante passou e o convenceu a levá-la ─ mas isso não mudou as coisas.

"O homem mais magro me levou atécódigo lampionsbet 2024casa, tinha guarda-costas. Estuprou-me, e foi muito dolorido. Nesse momento percebi que teria sofrido do mesmo jeito, não importasse com quem."

Nenhum dos homens mostrou clemência. Todos estupraram as mulherescódigo lampionsbet 2024forma violenta. "As coisas que fizeram foram horríveis. Nunca imaginamos que coisas tão terríveis aconteceriam conosco."

Os extremistas chegavam a manter as mulheres consigo por maiscódigo lampionsbet 2024uma semana, porém frequentemente elas eram vendidas um dia ou até uma hora após o estupro.

Algumas mulheres dos irmãoscódigo lampionsbet 2024Nadia estavam grávidas quando foram capturadas e deram à luz no cárcere.

Elas também foram levadas ao tribunal islâmico do EI e forçadas a se converter.

Nadia passou três meses com o homem que a levou. Durante esse período conseguiu conversar com alguns sequestradores.

Embora algumas áreascódigo lampionsbet 2024Sinjar tenham sido liberadas, ainda há valas comuns por descobrir.

"Perguntei por que faziam aquilo conosco, por que haviam matado nossos homens, por que nos estupraram violentamente. Disseram-me que 'os yazidis são infiéis, não são um povo das Escrituras, são um espóliocódigo lampionsbet 2024guerra e merecem ser destruídos'".

Ainda que a maior parte desses militantes fossem casados, as famílias - inclusive as mulheres - pareciam aceitar o que faziam, disse Nadia.

Em uma ocasião, ela pediu autorização para fazer uma chamada telefônica porque queria escutar uma voz familiar.

Disseram que poderia ligar para seu sobrinho por um minuto, mas com uma condição: "Que primeiro eu lambesse o dedo do pé que um homem havia coberto com mel."

Muitas jovens na mesma situação se suicidaram, disse Nadia, mas essa não foi uma opção para ela.

"Acho que todos devemos aceitar o que Deus nos deu, sem importar se é pobre ou se sofreu uma injustiça; todos devemos suportar."

Ela tampouco questionoucódigo lampionsbet 2024fé. "Deus estava cada minutocódigo lampionsbet 2024minha mente, ainda quando estava sendo estuprada."

Nadia tentou fugir pela primeira vez por uma janela, mas um guarda a capturou imediatamente e a colocoucódigo lampionsbet 2024um quarto.

Sob as regras do EI, disse Nadia, uma mulher se convertecódigo lampionsbet 2024espóliocódigo lampionsbet 2024guerra caso seja capturada tentando escapar. Colocam-nacódigo lampionsbet 2024uma cela onde foi estuprada por todos os homens do complexo.

"Fui estupradacódigo lampionsbet 2024grupo. Chamam issocódigo lampionsbet 2024jihad sexual."

Fuga

Após esse episódio, Nadia não pensoucódigo lampionsbet 2024fugircódigo lampionsbet 2024novo, mas o último homem com quem viveucódigo lampionsbet 2024Mosul decidiu vendê-la e foi arranjar roupas para ela.

Quando ordenou que ela tomasse banho e se preparasse para a venda, ela aproveitou para escapar.

"Bati na portacódigo lampionsbet 2024uma casa onde vivia uma família muçulmana sem conexão com o EI e pedi ajuda. Disse que meu irmão daria o que eles quisessemcódigo lampionsbet 2024troca."

Por sorte, a família não apoiava o EI e a ajudou.

"Deram-me um véu negro, um documentocódigo lampionsbet 2024identidade islâmico e me levaram até a fronteira."

Foi assim que conseguiu fugir.

"Mataram minha mãe. Meu pai morreu faz tempo. Meu irmão mais velho era como um pai para mim, mas também foi morto. Peço ao mundo que faça algo por nós."

Ativismo

Nadia se tornou uma ativista após escapar do EIcódigo lampionsbet 2024novembrocódigo lampionsbet 20242014 - e viaja o mundo fazendo campanha para chamar atenção para a tragédia dos yazidis.

A lutacódigo lampionsbet 2024Nadia rendeu a ela vários prêmios internacionais, além do Nobel da Paz.

Em 2016, ela recebeu da União Europeia o importante prêmio Sájarov à Liberdadecódigo lampionsbet 2024Consciência, junto a Lamiya Aji Bashar, também escravizada pelo EI.

No mesmo ano, também foi nomeada embaixadora da Boa Vontade da ONU para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano.