A ponte que simboliza o desespero do êxodo venezuelano:site loto facil

Crédito, EPA

Legenda da foto, Ponte que liga San Antonio del Táchira, na Venezuela, a Villa Del Rosario, do lado colombiano, se tornou símbolo do êxodosite loto facilvenezuelanos; ali, a repórter Katy Watson, da BBC News, conheceu alguns dos personagenssite loto facilum drama que não parece estar pertosite loto facilterminar

Agora, quatrosite loto facilcinco venezuelanos vivem na pobreza, e é comum que as pessoas precisem ficar horas na fila para comprar comida. Há gente morrendo por faltasite loto facilmedicamento. A inflação alcançou 82.766% e pode chegar a um milhão por cento até o final do ano, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Diante desse cenário, os venezuelanos querem sair do paíssite loto facilbuscasite loto facilmelhores condições. Segundo as Nações Unidas, 2,3 milhõessite loto facilpessoas deixaram a Venezuela, o que representa 7% da população. Massite loto facilum milhão chegaram à Colômbia nos últimos 18 meses.

Muitos deles cruzaram a Ponte Internacional Simón Bolívar, que tem 300 metrossite loto facilcumprimento e 5 metrossite loto facillargura. Ela se estende sobre o rio Táchira, no leste dos Andes, que corre ao longo da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela.

Crédito, Katy Watson

Legenda da foto, O tráfego na ponte da fronteira entre Colômbia e Venezuela é quase totalmente numa única direção. São raros os colombianos que atravessam para o outro lado

As duas pequenas cidades que o rio conecta são San Antonio del Táchira, do lado venezuelano, e Villa Del Rosario, na Colômbia. Por mais próximas que estejam, estãosite loto facildois mundos completamente diferentes.

A passagem

Os colombianos raramente cruzam a fronteira para fazer compras na Venezuela, como costumavam fazer. O tráfegoo é quase totalmentesite loto faciluma única direção.

Todos os dias às 5h no horário da Colômbia (6h no da Venezuela), o somsite loto facilum portão se arrastando pelo asfalto quebra o silêncio e marca a abertura da ponte para os pedestres.

A fila da Venezuela para a Colômbia vai se formando ao longo da madrugada. Quando o portão se abre, a imagem se parece com asite loto facilatletas disparando após o sinalsite loto facilpartida. Cada um tenta chegar ao outro lado o mais rápido possível.

Algumas pessoas são paradas por guardas e ordenadas a abrir sacolas e bagagens. A maioria cumpre as ordens sem protestar, mas é possível ver o pânico no rostosite loto facilalguns quando percebem que serão pegos.

Na Venezuela com a economiasite loto facilcrise, há incentivo para contrabandear produtos como carne e queijo para a Colômbia, para que sejam vendidos a preços maiores. A maioria dos que fazem isso não são grandes criminosos, mas sim venezuelanos desesperados para conseguir dinheiro para comprar produtos básicos.

Uma mulher cuja carne foi confiscada se lamenta: "O que eu posso fazer?". O guarda responde: "Esse é um corredor humanitário. Você pode levar comida para a Venezuela, mas não tirarsite loto facillá." E a cena se repete ao longo do dia.

Aqueles com nada a declarar - ou os sortudos que não são parados - continuam a travessia. O som das rodinhas das malas é a trilha sonora dessa ponte.

Quando você chega até o outro lado da ponte, alcança o que é chamadosite loto facil"La Parada" (A parada). É uma comunidade que lucra com transaçõessite loto facilfronteira - ambulantes, farmácias, lojas, empresassite loto facilônibus. Todos querem oferecer seus serviços para quem acabasite loto facilchegar.

A maioria desses comerciantes era colombiana, mas os venezuelanos começaram a abrir suas lojas e vender bens num país onde a moeda não está tão desvalorizada.

O cortesite loto facilcabelo

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Laura Castellanos vendeu o cabelo para comprar injeçõessite loto facilinsulina para a filha

Bem do outro lado da ponte,site loto facilmeio ao corosite loto facilvendedores ambulantes, um homem grita: "Quem quer vender o cabelo?".

Em cimasite loto facilum banquinhosite loto facilplástico, Laura Castellanos espera ser atendida. A jovemsite loto facil25 anos tem longos cabelos castanhos. Ela não parece confortável.

Uma mulher se posiciona atrás dela, com a tesourasite loto facilmãos. Laura está prestes a perder a maior parte do cabelo.

Ela carrega no colo a filhasite loto facildois meses, Paula. A criança está envolvida num cobertor e usa um chapeuzinho rosa. Ela boceja enquanto aguarda pacientemente nos braços da mãe, inconsciente do caos da fronteira, ao seu redor.

O maridosite loto facilLaura, Jhon Acevedo, está por perto tomando conta das outras duas filhas do casal.

A mulher responsável pelo serviço começa a cortar o cabelo da jovem, bem perto da raiz. Ela não quer conversa. É quase como se estivesse envergonhada.

A cada tesourada, ela entrega um tufosite loto facilcabelo para outra mulher que estásite loto facilpé ao lado. O comprador do cabelo não diz nada, vira o rosto. Parece uma simples transação. Nada mais.

Laura está recebendo 30.000 pesos (US$ 10 ou R$ 40,5) pelo cabelo. Ele será vendido para fazer apliques ou perucas.

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Legenda da foto, Laura e o marido contam que é difícil achar medicamentos na Venezuela. Por isso, precisam cruzar a fronteirasite loto facilbuscasite loto facilinsulina para a filha

"É a primeira vez que eu fiz isso", diz ela, demonstrando uma misturasite loto facilansiedade e vergonha. Ela chegou naquele mesmo dia da cidadesite loto facilRubio, a cercasite loto faciluma hora da fronteira.

Está vendendo o cabelo porque Andrea, a filha mais velha,site loto facil8 anos, tem diabetes e a família precisa juntar dinheiro para comprar a insulina que ela usa três vezes ao dia. Faz três dias que a menina não toma a injeção.

"Não tem remédio, é muito difícil", diz Laura. "As pessoas estão morrendo na Venezuela porque não conseguem os medicamentos."

Depois do cortesite loto facilcabelo, a família saisite loto facilbuscasite loto faciluma farmácia. À primeira vista você não diz que Laura teve a maior parte do cabelo removido. A "cabelereira" deixou uma fina camadasite loto facilcabelo no topo, para disfarçar. Laura admite estartá se sentindo um pouco triste.

"Pelo menos vai servir para alguma coisa", ela diz. O marido, Jhon, diz que eles estão procurando por uma farmácia "pirata"- uma banca informal que vende remédiossite loto facilpotessite loto facilplástico nas ruas. Canetassite loto facilinsulina serão mais baratas lá que numa farmácia normal.

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Legenda da foto, Andrea poderá voltar para casa com a canetasite loto facilinsulina, após ficar três dias sem a injeção

Mas nas ruassite loto facilLa Parada não dá para saber exatamente o que se está comprando. É um risco que Laura e a família acham que vale a pena correr.

"Não tem insulina lásite loto facilcasa (na cidade dela na Venezuela). Não dá para conseguirsite loto facilqualquer lugar", diz Laura, enquanto analisa a datasite loto facilvalidade das canetassite loto facilinsulina.

Eles escolhem duas canetas azul marinho, cada qual por 8.000 pesos (US$ 2,65) e vão embora. Eles terão cercasite loto facildois meses até tersite loto facilretomar a busca pelo medicamento. Não é tempo suficiente para o cabelosite loto facilLaura crescer.

As vacinas

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Legenda da foto, Governo colombiano montou postosite loto facilsaúde na fronteira, para atender os venezuelanos que chegam, especialmente bebês que precisar ser imunizados

Do outro lado da estrada, a menossite loto facil10 metrossite loto facilonde Laura estava cortando o cabelo, Celene Cacique,site loto facil29 anos, está sentada na calçada. Mãesite loto faciltrês crianças, ela usa uma jaqueta branca, vermelha e preta com a imagem do Mickey Mouse. Carrega no colo a bebê mais nova,site loto facildois meses, que se chama Isabella.

O sol é forte durante o dia, mas as manhãs podem ser frias. Por isso, Isabella está enrolada num cobertor. Celen chegou lá às 6h45, para entrar na fila do posto médico, que abre às 8h.

Ela está conversando com outras mães que vieram vacinar os filhos. Enfileirados na calçada estão carrinhos coloridos e bebês enroladossite loto facilmantas.

O governo colombiano abriu um posto próximo da ponte para atender o grande númerosite loto facilvenezuelanos que cruzam a ponte para ter acesso a vacinas.

Por causa da faltasite loto facilmedicamentos e vacinas na Venezuela, estima-se que um milhãosite loto facilcrianças não conseguiram ser imunizadas e doenças que praticamente não existiam mais estão ressurgindo.

Difteria e sarampo são algumas delas. É a segunda vez que Celene faz essa jornada através da fronteira.

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Legenda da foto, Celene Cacique (ao centro) diz que é difícil conseguir vacina na Venezuela. Do lado colombiano da fronteira, um postosite loto facilsaúde oferece imunização gratuita aos bebês que chegam, mas a fila é grande

"Eu vim oito dias atrás e tinha maissite loto facil120 crianças", diz ela. "Eles só deixam entrar 100 e 20 não foram atendidas. É preciso chegar bem cedo."

Foram meses difíceis para Celene. Quando estava grávidasite loto facilquatro meses da pequena Isabella, o marido foi morto.

Michael trabalhava como motorista caminhão, levando carga pela fronteira da Venezuela com a Colômbia. Ao voltar para casa, às 22h, dirigindo asite loto facilmotocicleta, ele atingiu uma vaca no meio da estrada e morreu na hora. O hospital ligou para Celene às 3h para informar que o marido dela estava no necrotério.

"Não tem iluminação na estrada", explica Celene. "Não sobrou muita coisa. As pessoas levam os cabos, o cobre, não deixam nada. É como conseguem dinheiro para pagar por comida."

Os problemas econômicos da Venezuela custaram a vidasite loto facilMichael.

A herançasite loto facilHugo Chávez

"O presidente Maduro é a pior herança que Chávez nos deixou", diz Celene. Esse é um sentimento compartilhado por muitos. Quando Hugo Chávez chegou ao poder,site loto facil1999, havia esperança. Ele era o homem que defendia os pobres, numa sociedade que sempre foi muito dividida.

Era uma figura vibrante e controversa, que queria liderar uma revolução socialista na Venezuela.

Mas Chávez se beneficiou dos altos preços das commodities, que financiaram seus ambiciosos programas sociais. Com a queda dos preços, Maduro não teve a mesma sorte, alémsite loto facilestar longesite loto facilter o mesmo carisma que seu antecessor.

Durante seu governo, o país sucumbiu a uma grave crise econômica. "O governo faz o que quiser, ele tem todo o poder", diz Celene. "Só Deus pode nos ajudar, é a única coisa que restou."

A sograsite loto facilCelene vive nos Estados Unidos e envia US$ 500 a cada dois meses. Com o novo bebê e as duas crianças mais velhas,site loto facil4 e 8 anos, Celene não consegue trabalhar. Portanto, ela depende totalmente da ajuda da sogra.

É um dinheiro que ela também divide com a irmã, o cunhado e o bebê deles.

Jéssica Pérez está sentada ao ladosite loto facilCelene, ninando Santiago,site loto facil14 meses.

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Legenda da foto, Jéssica conta que até fazer parto cesárea,site loto facilcasosite loto facilcomplicação, é difícil na Venezuela

"É mais fácil para nós porque estamos perto da fronteira, mas as pessoas no interior do país não têm como fazer isso. Eu não sei como eles sobrevivem com crianças lá", diz.

Ela conta que, se uma mulher precisasite loto faciluma cesariana num hospital público, tem que levar os próprios equipamentos. Em 2016, a mortalidade infantil cresceu 30% na Venezuela.

A mortalidade materna cresceu 65%. São índices como esses que motivam os venezuelanos a ir para a Colômbiasite loto facilbuscasite loto facilajuda médica.

Às 8h, abre o postosite loto facilsaúde. Dezenassite loto facilmulheres agarradas aos seus pequenos bebês começam a andar, assumindo seus lugares nos bancos, para esperar o atendimento.

Dentrosite loto facilalguns minutos, choros ecoam pelo local. Três enfermeiras estão sentadas atrássite loto faciluma pequena mesa, sobre a qual estão algumas caixas com vacinas.

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Legenda da foto, Na Venezuela, a faltasite loto facilvacinas tem feito ressurgirem doenças que haviam quase desaparecido

Um a uma elas chamam as mães e vacinam os bebês. As mulheres querem aproveitar ao máximo o direito à saúde gratuita. Isabella, a filhasite loto facilCelene, recebe imunização contra várias doenças, como pólio e rotavirose.

"Maduro deveria ter consciência e deixar o poder. Pelo menos se ele saísse isso nos daria esperança. Nós não temos mais esperança", diz Celene. "As crianças estão morrendo desnutridas. É uma situação crítica."

Ela não parasite loto facilfalar. Tem muito a dizer sobre a crise no seu país. "O presidente ignora tudo. Ele diz que tudo está bem, mas é mentira", diz ela. "É muito triste porque você percebe que ninguémsite loto facilnenhum país pode nos ajudar. O que podemos fazer? Sobreviver."

O hospital

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Legenda da foto, O hospitalsite loto facilCúcuta está sempre lotado. Segundo os médicos, 30% dos pacientes são venezuelanos. O aumento do fluxosite loto facilatendimentos não veio acompanhadosite loto facilmais recursos e investimentos

Enquanto postossite loto facilsaúde perto da ponte conseguem lidar com doenças menos sérias, a 10 minutossite loto facilcarro, o hospital Erasmo Meoz, que fica no centro da cidadesite loto facilCúcuta, enfrenta problemas bem maiores.

O prédiosite loto faciltijolos vermelhos está sob grande pressão. Na alasite loto facilemergência, pacientes estão enfileiradossite loto facilmacas encostadas nas paredes e defronte das portas. Familiares se aglomeram ao redor, confortando os pacientes.

Os menos graves estão sentados numa fileirasite loto facilcadeirassite loto facilplástico. Outros estãosite loto facilcadeirassite loto facilrodas. Do ladosite loto facilfora dessa ala, no pátio do hospital, mais pessoas estão aguardando. No meio da massasite loto facilpessoas, um gruposite loto facilprisioneiros, acorrentados pela cintura, é guiado para outra ala do hospital, para tratamento.

A alasite loto facilemergência tem capacidade para 75 camas. Mas atualmente tem 100 pacientes. Mal há espaço para se mexer.

Num quarto mais distante do hall principal, um corpo espera ser retirado. Coberto num lençolsite loto facilalgodão amarrado ao redor do pescoço e dos pés, fica à vistasite loto faciltodos até que funcionários finalmente empurram a maca por entre as camas lotadas até o necrotério. Não há tempo e espaço para um deslocamento discreto dentro desse hospital.

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Legenda da foto, Pacientes ficam aglomeradossite loto facilmacas ou cadeirassite loto facilrodas ao longo do corredor, porque faltam leitos

Cada cama é identificada com a nacionalidade do paciente.

Ángel Escobar,site loto facil28 anos, é um dos venezuelanos. A mãe dele está enrolando curativos ao redor dos braços do jovem.

Ángel, o irmão Teobaldo e a mãe deles, Cecília, fizeram recentemente a jornada até a Colômbia vindos da cidade venezuelanasite loto facilBarinas, a 350 km da fronteira. Eles não tinham dinheiro para uma passagemsite loto facilônibus. Acabaram dependendosite loto facilcaronas.

Ángel era um mecânicosite loto facilmotocicleta. Há 5 anos, ele estava consertando uma bicicleta quando um tanquesite loto facilgás explodiu. "Fiquei com queimadurassite loto facilsegundo e terceiro graus", conta. "Esperei por ajuda num hospital da Venezuela, mas ela nunca chegou."

A situação só piorou. Ele pegou três infecções no hospital. As feridas parecem recentes, apesarsite loto facilo acidente ter ocorrido há cinco anos. A pele avermelhada é uma consequência das infecções, não das queimaduras.

"Eles não trataram o meu filho porque não tinham material", explica Cecilia. Ela diz que sequer havia um infectologista no hospital para ajudar.

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Legenda da foto, Ángel sofreu queimaduras há 5 anos. Na Venezuela,site loto facilvezsite loto faciltratamento no hospital, ele contraiu infecções. Agora, está sendo tratado na Colômbia

Na Colômbia, finalmente, o jovem está sendo tratado.

O médico Andrés Eloy Galvis Jaima, que está a cargo da alasite loto facilemergência, diz que a situação está fugindo do controle.

"30% dos nosso pacientes são venezuelanos", diz ele. "O governo central não está nos dando dinheiro extra (para esses atendimentos). Vai chegar um diasite loto facilque não teremos mais recursos para ninguém. Esse é o verdadeiro medo."

A longa caminhada

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Legenda da foto, Quem não consegue pagar por passagemsite loto facilônibus, dependesite loto facillongas caminhadas e caronas para chegar a regiões mais centrais da Colômbia ou a outros países da América do Sul

Na Rota Nacional 55, uma via central ao sulsite loto facilCúcuta, um gruposite loto facilsete venezuelanos caminham na beirada da estrada, tentando conseguir uma carona. Os pertences deles estão amarrados nas costas.

Eliane Pedrique pegou um ônibussite loto facilValência, a terceira maior cidade da Venezuela, para a fronteira da Colômbia. De lá, a única opção era caminhar até a cidadesite loto facilPamplona para buscar trabalho. São 60 km.

Ela não estava bem equipada - só tinha um parsite loto facilsandálias para usar. Mas a passagemsite loto facil100.000 pesos (US$ 33) é um luxo com o qual não pode arcar.

Eliane deixou os dois filhos,site loto facil5 e 2 anos, com a mãe. "Eu estou muito triste", diz ela, chorando.

"Não tem outro jeitosite loto facilganhar dinheiro. Não tem trabalho e o pouco que você consegue ganhar não é suficiente para nem para comprar arroz", conta. "Você precisa sair para ganhar um dinheiro extra e ajudar."

Na Venezuela, ela vendia sorvetes e frutas nas ruas. Costumava vender sucosite loto facilfrutas também, mas o preço do açúcar aumentou demais.

Eliane não conseguia pagar por fraldas para o bebê, então usava pedaçossite loto facilpano, conhecidos como "guayucos", que envolvia com sacolassite loto facilplástico, para evitar o vazamento da urina.

"Eles não queriam que eu viesse", relata ela sobre a família que ficou. "Eles me pediram para ter cuidado e fé. Tenho que continuar pelo bem das crianças."

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Legenda da foto, Eliane Pedrique (à esq) pegou um ônibussite loto facilValência, a terceira maior cidade da Venezuela, para a fronteira da Colômbia. De lá, a única opção era caminhar até a cidadesite loto facilPamplona para buscar trabalho. São 60 km.

Ela vai para Pamplona na incerteza do que vai encontrar, mas disposta a fazersite loto faciltudo.

"Se você não trabalha, você não come", diz. "É uma das terríveis consequências desse governo horrível que temos na Venezuela. Na verdade, tem sido ainda pior desde que ele venceusite loto facilnovo as eleições,site loto facilmaio", afirma,site loto facilreferência a Maduro.

Eliane quer voltar para casasite loto facildois meses para entregar à família o dinheiro que tiver conseguido, para depois retornar novamente à Colômbia.

Se voltar à Venezuela, vai notar algumas grandes mudanças. O governo mudou a moeda local, o bolívar, cortando cinco zeros e atrelando o valor ao Petros, a criptomoeda lançada por Maduro. O presidente também aumentou o salário mínimosite loto facilmaissite loto facil3.000%.

As mudanças foram apresentadas oficialmente como uma tentativasite loto facilMadurosite loto facilconter a hiperinflação e melhorar a condiçãosite loto facilvida dos venezuelanos. Mas poucos têm esperançasite loto facilmelhora na realidade econômica do país.

No calor, a caminhada não é fácil. Algumas pessoas foram generosas ao longo do caminho, dando frutas e água aos migrantes. Mas nem todos são amigáveis. No diasite loto facilque Eliane chegou, um homem deu água com fertilizante a ela e a Edgar Centeno, um jovemsite loto facil21 anos ao qual ela se juntou durante a travessia para que dessem apoio moral um ao outro.

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Legenda da foto, Edgar Centeno quer juntar dinheiro na Colômbia para sustentar a companheira e o filho deles, que ficaram na Venezuela

A companheira e o filhosite loto facil2 anossite loto facilEdgar ficaram na Venezuela. Lá, ele fazia vários serviços, como consertosite loto facilar-condicionado.

"Você precisasite loto facil10 empregos para conseguir sobreviver", conta.

Já a Colômbia é vista como um lugarsite loto faciloportunidades. Nas costassite loto facilEdgar, está uma mochila vermelha, amarela e azul. São as cores da bandeira da Venezuela. É uma mochila entregue a criançassite loto facilidade escolar pelo governo venezuelano, mas que se tornou item comum entre os migrantes.

"Minha vontade é não voltarsite loto facilmãos vazias para a casa", afirma. "Eu fiz uma promessa a mim mesmosite loto facilque eu preciso dar um bom futuro ao filho. Não importa o que aconteça, eu tenho que sustentá-lo."

Ele não sabe onde vai parar. Pode continuar se deslocando pela América do Sul atrássite loto facilum emprego. Considera o Peru uma opção.

Mas esse não é um sonho fácilsite loto facilalcançar. Os países próximos à Venezuela estão reforçando os critériossite loto facilentrada pela fronteira. O Equador declarou estadosite loto facilemergência, com maissite loto facil4 mil venezuelanos cruzando para lá a cada dia pela fronteira com a Colômbia.

Tanto o Equador quanto o Peru anunciaram que os venezuelanos precisarãosite loto facilpassaportes válidos para entrar no país. Até agora era suficiente a apresentaçãosite loto facilcarteirassite loto facilidentidade.

Todos os migrantes ouvidos pela reportagem culpam o presidente Maduro pela crise. Edgar tem dificuldade para expressar o que sente, até que diz: "Ele é um inútil, uma escória".

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Legenda da foto, Venezuelanos ouvidos pela BBC News atribuem a crise na Venezuela a Nicolás Maduro. Mas o presidente venezuelano culpa os países 'imperialistas' pela crise, especialmente os Estados Unidos, e classifica quem deixa o paíssite loto facil'desertor'.

"Ele culpa todo mundo, menos a si mesmo", acrescenta Elaine. "Ele não assume nenhuma responsabilidade. Ele precisa sair (do poder)."

Na Venezuela, é comum que Maduro e seu governo se apresentem como vítimas no declínio do país. E se referem aos que deixam o território como desertores da causa socialista.

Edgar, Elaine e os amigos deles não querem ficar por ali conversando. Eles têm um longo trajeto a percorrer antessite loto facilo dia acabar. Cruzam a estrada e começam a caminhada rumo ao novo - e incerto - futuro.

Aqueles que esperam

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Fila para entrar na Colômbia fica cheia do amanhecer até o por do sol, quando os portões se fecham

Enquanto o dia avança, a filas continuam a crescer na fronteira. Centenassite loto facilpessoas esperam por um carimbo no passaporte, para continuar a jornada.

Há filas também nas casassite loto facilcâmbio e remessas, onde os venezuelanos esperam pacientemente para buscar o tão esperado dinheiro enviado por parentes e amigos que vivem fora.

E há filas por ônibus - pessoas aguardam com suas malas empilhadas para encontrar parentes e familiaressite loto faciloutros países da América do Sul.

Mas para cada venezuelano que tem a sortesite loto facilse fixarsite loto faciloutros países, dezenassite loto faciloutros não têm recursos para isso. Alguns fazem bicos durante o dia na Colômbia e cruzam a pontesite loto facilvolta, no entardecer.

Outros compram o que podem. Voltam com suprimentossite loto facilcomida e remédios. Um passante carregando um monte fraldas grita: "que humilhação!". São pessoas que precisam deixar o país para comprar itens básicossite loto facilsobrevivência.

Crédito, Katy Watson/BBC News

Legenda da foto, Muitos venezuelanos cruzam a fronteira durante o dia, para ganhar dinheiro fazendo bicos, e retornamsite loto facilnoite ao país. Esse gruposite loto faciljovens ganha trocados carregando as malassite loto facilquem cruza a ponte

Mas mesmo com a noite chegando ainda há dezenassite loto facilpessoas tentando entrar na Colômbia. Eles fazem fila ao longosite loto faciluma gradesite loto facilmetal e aguardam a vez para mostrar os documentos e ser autorizado a entrar.

A Guarda Nacional Bolivariana - o Exército da Venezuela - os conduz para o lado colombiano. Numa das grades, há um cartaz.

"Territóriosite loto facilpaz", diz. Mas um soldado resmunga. Ele parece irritado. Ele pode trabalhar para o governo, mas sofre o mesmo que seus compatriotas. O salário dele não é capazsite loto facilpagar por uma refeição decente.

"Eu me pergunto quanto tempo vou aguentar aqui", ele me diz, enquanto contempla o caminho para escapar daquela realidade.

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