Como Putin virou Putin: os momentos que transformaram um burocrata da KGB no homem mais poderoso da Rússia:bet f12

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Legenda da foto, O presidente russo Vladimir Putin está na liderança da Rússia desde 1999

Quais são os momentos chave que moldarambet f12carreira política?

bet f12 "Mosc bet f12 ou está bet f12 em silêncio"

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Legenda da foto, O fim da guerra fria moldou a carreirabet f12Vladimir Putin

Os últimos momentos da Guerra Fria foram o períodobet f12formaçãobet f12Vladimir Putin.

A queda do Murobet f12Berlim,bet f121989, o atropelou quando ele estava trabalhandobet f12Dresden, na Alemanha Oriental.

As mudanças deixaram nele duas fortes marcas: um grande medobet f12levantes populares e um desgosto pelo vácuobet f12poder que surgiubet f12Moscou com o consequente colapso da União Soviética.

O próprio presidente descreveu como ele pediu ajuda quando a centralbet f12operações da KGBbet f12Dresden foi cercada pela multidãobet f12dezembrobet f121989.

Legenda da foto, Vladimir Putin começoubet f12carreira na KGB | Foto: Rex Features

Ele ligou para o Exército Vermelho para pedir proteção, mas Moscou – sob o comandobet f12Mikhail Gorbachev – não respondeu.

Putin, então, tomou a decisão por conta própriabet f12destruir relatórios incriminadores.

"Eu pessoalmente queimei uma grande quantidadebet f12material", lembrou Putinbet f12uma entrevista. "Queimamos tanta coisa que o forno explodiu."

De acordo com o biógrafo alemãobet f12Putin, Boris Reitschuster, "teríamos um Putin muito diferente e uma Rússia muito diferente se não fosse o tempo que ele passou na Alemanha Oriental".

Subindo na carreira

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Legenda da foto, Vladimir Putin inauguroubet f122006 um monumentobet f12homenagem a Anatoly Sobchak, seu mentor e ex-prefeitobet f12São Petersburgo

Ao voltar parabet f12cidade natal, São Petersburgo, Putin se tornou,bet f12um dia para outro, o braço direito do novo prefeito, Anatoly Sobchak.

Sobchak,bet f12acordo com os apoiadoresbet f12Putin, era um antigo professorbet f12Putin e teria se lembrado do aluno quando assumiu a prefeitura. Graças a essa ligação, ele obteve seu primeiro emprego na política, nos anos 1990.

Nunca ficou explicado, porém, porque um político reformista – que é creditado, junto com Gorbachev and Boris Yeltsin, pelo fim da URSS – precisariabet f12um agente da KGB como funcionário.

Na antiga Alemanha Oriental, Putin tinha sido partebet f12uma redebet f12pessoas que perderam seus antigos cargos, mas foram muito bem posicionados para prosperar pessoal e politicamente na nova Rússia.

Sua experiência como espião se mostrou útil no novo regime pós-Soviético. Ele cultivou antigas amizades, fez novos contatos e aprendeu a jogar pelas novas regras. Em pouco tempo se tornou vicebet f12Sobchak.

Atraindo a atençãobet f12Moscou

A ascensãobet f12Putin na carreira foi sólida. Tanto que ele sobreviveu à derrocadabet f12Sobchak, que começou a ser investigadobet f12processo criminal por irregularidades na privatizaçãobet f12seu apartamento, que antes pertencia ao Estado. Sobchak acabou fugindo para Paris.

Desde o tempo que estavabet f12Dresden, Putin vinha aprendendo como fazer conexões com as pessoas certas da elite.

Ele não apenas passou intocado pela quedabet f12seu mentor, mas mudou para Moscou e prosperou na FSB (agênciabet f12inteligência russa sucessora da KGB). Acabou conseguindo um posto no Kremlin – a sede do governo russo.

Boris Yeltsin tinha assumido a Presidência da Rússia e estava mantendo o antigo Partido Comunista sob controle graças a uma aliança com os antigos oligarcas – que tinham muito a ganhar no períodobet f12transição.

Um dos principais apoiadoresbet f12Yeltsin, Boris Berezovsky, também era próximobet f12Putin, cuja habilidadebet f12fazer conexões se mostrou útil.

O espião se tornou políticobet f12uma ascensão meteórica:bet f121997 foi tornado chefe interino da administração presidencial. Em 1999, Yeltsin o escolheu para o cargobet f12Primeiro Ministro da Rússia.

Presidente surpresa

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Legenda da foto, Boris Yeltsin indicou Putin para primeiro ministrobet f121999

No fim daquele mesmo ano, Yeltsin, cujo comportamento tinha se tornado cada vez mais errático, anunciou que entregaria o cargo.

Putin, apoiado por Berezovsky e outros oligarcas, tinha se posicionado perfeitamente para se tornar o presidente interino, cargo que ele conquistaria definitivamentebet f12uma eleição no ano seguinte.

Os oligarcas e reformistas que tinham sido apoiadoresbet f12Yeltsin pareciam felizes com o novo presidente: um homem discreto, retirado das sombras, promissoriamente maleável. O controle deles sobre a nova Rússia parecia estar garantido.

Controle da mídia

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Legenda da foto, Putin fala com a mídia na inauguraçãobet f12um novo trembet f12Moscoubet f12marçobet f122000

Em menosbet f12três meses no poder, Putin toma o controle da mídia. É um momento importante que pegabet f12surpresa os oligarcas e a velha guarda do Kremlin.

Controlar a mídia tinha benefícios duplos para o novo presidente. Ele queria retirar adversários poderososbet f12seus postosbet f12influência e tomar o controle da narrativa dos relatos sobre a guerra da Chechênia e os ataques terroristasbet f12Moscou, alémbet f12inflar a popularidade do presidente com a projeçãobet f12uma imagem lisonjeira da Rússia ebet f12seu líder.

O primeiro veículobet f12imprensa a ser dominado por Putin foi o até então independente canalbet f12notícias NTV, que tinha audiênciabet f12maisbet f12100 milhõesbet f12pessoas e alcançava 70% do país no ano 2000.

O controle do governo sobre a mídia se intensificou rapidamente. Russos que vivem no interior do país só assistem ao que Putin quer que eles vejam.

Hoje há cercabet f123 mil canaisbet f12TV na Rússia, a maioria simplesmente ignora o noticiário. Nos que reportam acontecimentos políticos, há uma vigilância estrita feita pelo governo.

Jornalismo independente é tentado por alguns poucos, mas marginalizado, tirado do ar ou empurrado para a internet. É o caso da TV Rain/Dozhd.

Remoçãobet f12dissidentes

Putin conheciabet f12perto o controle que os magnatas dos negócios exerciam sobre Boris Yeltsin, então decidiu controlá-los antes que eles o controlassem.

Oligarcas como Berezovsky e Mikhail Khodorkovsky foram removidos sem cerimônia.

Grandes empresas e conglomerados russos gradualmente foram parar nas mãosbet f12aliadosbet f12Putin, mudando conforme as alterações nas alianças políticas.

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Legenda da foto, Putin iniciou uma segunda guerra na Chechêniabet f121999

Putin graduamente tomou controle das 83 regiões da Russia nomeando políticosbet f12que confiava para governador.

Em 2004, ele acabou com as eleições para governador. No seu lugar, estabeleceu uma listabet f12três candidatos para que legisladores escolham o governador entre eles.

Críticos acusam Putinbet f12um ataque à democracia, mas a estratégia dá certo para ele.

As eleições regionais rapidamente retornarambet f122012, depoisbet f12uma ondabet f12protestos pedindo democracia, mas no ano seguinte Putin reestabeleceu seu controle direto nas províncias com a criaçãobet f12uma nova legislação restritiva.

Liberalismo, mas apenas no papel

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Legenda da foto, Alexei Navalny é um dos líderes da oposição que levaram milhões às ruasbet f12Moscoubet f122012

Entre 2011 e 2013, estourou pelo país uma sériebet f12protestos pedindo eleições limpas e reformas democráticas, as maiores que a Rússia viu desde os anos 1990.

No contexto dos diversos protestos nos países vizinhos e com a Primavera Árabe, Putin começou a ver a opinião pública se inclinando fortemente a favorbet f12mudanças.

Ele assistiu com preocupação a derrocadabet f12líderes autoritáriosbet f12outros países, trazendobet f12voltas as más lembrançasbet f121989.

Putin via esses movimentos populares como uma portabet f12acesso para governos ocidentais se instalarem no quintal da Rússia.

Além disso, depois dos protestos há terra fértil para um avanço islâmico nos países vizinhos à Rússia no norte do Cáucaso.

Putin não permitiria esse tipobet f12situação e como formabet f12auto-proteção fez uma aparente mudançabet f12estilo.

Ele começou um curto períodobet f12experimentação com uma política um pouco mais liberal – passou a defender a descentralizaçãobet f12poder e dizer que as regiões da Rússia deveriam ter mais poder sobrebet f12própria economia. Ele colocava a palavra "reforma"bet f12praticamente todos os discursos que fazia.

A jogada foi rápida e durou pouco – assim que a ameaça passou, ele abandonou a estratégia.

Minha Rússia ébet f12Rússia

Até então Putin tinha sido um bom administradorbet f12recursos, mas precisavabet f12um idelogia para embalar seus planos.

Ele queria criar uma imagem grandiosa da Rússia, inflada com nacionalismo e poderio militar. Começou com uma promoção da história oficial da Segunda Guerra Mundial. Depois passou a promover a identidadebet f12uma Rússia durona e muscular, com um líder com as mesmas características, que poderia unir todos os russos e não ceder à pressão internacional.

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Legenda da foto, Para passar uma imagembet f12líder durão, Vladimir Putin divulga fotosbet f12atividades másculas

Putin passou a confrontar governos ocidentais expressandobet f12simpatia por movimentosbet f12extrema direita e políticos como a francesa Marie Le Pen e o americano Donald Trump.

Domesticamente, o controle da mídia se tornou muito útil, espalhando a mensagembet f12que o ocidente mentia e que a Otan (aliança militarbet f12países como França, Inglaterra e EUA) estava à porta.

Putin pinta uma imagembet f12si mesmo como um homem forte, um militar linha-dura, e tempera seus discursos com um papobet f12caserna.

O tombet f12suas políticas públicas também se tornou mais conservador. Ele se aproximou da Igreja Ortodoxa e faz uma oposição dura ao movimento LGBT e a qualquer tipobet f12dissidência mais liberal.

Críticas não são toleradas: ir contra o governo é ir contra a pátria, e Putin quer passar a imagembet f12que não será mole com quem quer "deliberadamente enfraquecer a nação".

A prisão e julgamentobet f12duas integrantes do grupo Pussy Riot vira notícia internacionalbet f122012, mas é apenas um caso entre muitos que acontecem pelo país todo.

bet f12 A invasão da Crim bet f12 e bet f12 ia

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Legenda da foto, Putin fala às tropas russasbet f12Moscou após anexar a Crimeia,bet f122014

Um vácuobet f12poder na Ucrâniabet f122014 dá a Putin uma janelabet f12oportunidade.

A tomada relâmpago da Criméiabet f12fevereiro daquele ano foi a maior vitóriabet f12Putin até então – e um golpe humilhante contra seus opositores.

A Rússia mostrou seu poderio militar tomando um país vizinho enquanto o mundo assistia sem poder fazer nada.

Putin entende que a Rússia sozinha não é tão forte internacionalmente como foi na época da URSS. Mas também percebe que o país não precisa ser uma superpotênciabet f12fato, como era durante a Guerra Fria, para conseguir impor suas vontades.

A posição do país é forte o suficiente para ser uma pedra no sapato do ocidente e da Otan.

A exploração do conflito sírio

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Legenda da foto, Protestos contra a intervenção militar russa na Síria aconteceram no mundo todo

Putin sabe que falta coesão e uma linha unificadabet f12ação para o ocidente quando se tratabet f12política internacional, e usa essa fraquezabet f12seu benefício.

Com a intervenção do país na Guerra da Síria,bet f12apoio às forças do ditador Bashar al-Assad, Putin rouba o protagonismo no conflito.

Seu envolvimento na região tem uma sériebet f12vantagens para ele: garante que ninguém tenha um controle total do território que é vital para a estabilidade do Oriente Médio, lhe dá a chancebet f12testar novas armas e táticas militares e manda uma mensagem para os aliadosbet f12que a Rússia não abandona velhos amigos.

Justificando a repressão

Para milhõesbet f12russos, o governobet f12Putin foi a única instituição estável que eles conheceram na vida.

A estratégia do presidentebet f12combinar intervenção internacional com repressão doméstica da oposição o ajudou a consolidar uma narrativa do ocidente como um inimigo ebet f12Putin como a única pessoa capazbet f12defender os interesses da pátria.

Putin se coloca como um líder nacional que cuida dos russos e age sem hesitação contra o inimigo. E ele usa essa imagem para implementar uma legislação "patriótica".

Isso pode significar, por exemplo, proibir a importaçãobet f12comida e produtos agrícolasbet f12países que têm sanções contra a Rússia, o que ele fezbet f12agostobet f122014.

Também pode ser intervirbet f12países vizinhos. Mas, na maior parte do tempo, significa uma repressão interna muito forte e permitir apenas uma "versão limitada" da democracia.

Com a roupagem vendida pelo governo, muitas pessoas não veem isso como um problema, mas como uma necessidade – um preço a ser pago por estabilidade e grandeza. Uma democracia manca é um mal menor, porque a alternativa é completamente descartável.

Um novo czar para a Rússia?

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Legenda da foto, Putin inaugurou no ano passado, na Criméia, um novo monumento para o czar Alexander 3º, pai do último imperador da Rússia, Nicolau 2º

A grande questão é o que acontecerábet f122024, quando o mandato acabar.

Ele estará com pouco maisbet f1270 anos e é improvável que esteja planejando uma aposentadoria tranquila.

Durante seu tempo no poder, Putin teve sucessobet f12ressuscitar a velha ideiabet f12um "Unificadorbet f12Terras Russas", conceito feudal usado para justificar a políticabet f12expansão territorial russa.

Alguns estudiosos do país, como Arkady Ostrovsky, acreditam que a ideia também pode abrir caminho para a criaçãobet f12czar moderno – um único líder russo acimabet f12todos os partidos.

O fatobet f12que Putin está concorrendo como um candidato independente nessas eleições pode ser um indíciobet f12que essa ideia procede.

Ninguém sabe ainda quais seus planos para depoisbet f122024, ou por quanto tempo ele conseguirá manter o poder.

Jovens russos não consomem apenas propaganda pró-Putin – a maioria dos jovens entre 15 e 25 anos se informam por redes sociais, relativamente menos censuradas, e o resultado disso é que seu comportamento se provou díficilbet f12antecipar nos últimos tempos. Ninguém pode prever o futuro, mas Vladimir Putin pode se preparar para ele.