'Aos 13 anos, fui produzida para ficar bonita e enviada para me explodir com um cinto-bomba':baixar bet365 apostas

Legenda da foto, Na Nigéria, o grupo Boko Haram sequestra meninas e jovens para obrigá-las a realizar ataques suicidas
Legenda do vídeo, 'Como fugi do Boko Haram após ser obrigada a usar coletebaixar bet365 apostasexplosivos para missão suicida'

Os sequestradores a colocaram sentada entre eles na moto e dirigiram com ela por horas, saindo da estrada e entrando na floresta. Eventualmente, chegaram ao seu destino: um campo improvisado. Falmata não tinha ideiabaixar bet365 apostasonde estava. "Havia muitas tendas e casasbaixar bet365 apostaspalha", conta.

O acampamento pertencia ao Boko Haram, grupo extremista que tem o objetivobaixar bet365 apostascriar um Estado Islâmico no norte da Nigéria. "Eu queria escapar, mas não havia chance", diz ela. Os homens ficavambaixar bet365 apostasguardabaixar bet365 apostasvoltabaixar bet365 apostastodo o acampamento, para capturar qualquer um que tentasse fugir.

"As mulheres jovens eram colocadas nas tendas. Na minha, éramos nove. Tínhamos que dormirbaixar bet365 apostasgrandes esteiras."

Pouco depois, Falmata foi forçada a fazer uma escolha: se casar com um combatente ou ser integradabaixar bet365 apostasuma "missão". Ela se recusou a se casar. "Eu disse a eles que ainda era muito nova", relata. Mas não tinha ideiabaixar bet365 apostasque missão seria aquela.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Cenabaixar bet365 apostasvídeo do Boko Haram,baixar bet365 apostas2014, mostra dezenasbaixar bet365 apostasjovens e meninas rezando

A missão

No princípio, Falmata achou o acampamento assustador. As condições eram duras, e os prisioneiros - mulheres, meninas e garotos - temiam ser vítimas da guerra entre as forças do governo e os extremistas. "Nós tínhamos medo que os soldados invadissem o acampamento a qualquer momento. Achávamos que não iriam poupar a nós mulheres, pois pensariam que éramos esposas deles", diz Falmata.

A vida no campo era monótona. Acordar, rezar, comer, limpar, comer e limpar novamente. Havia aulasbaixar bet365 apostasreligião, longas horas recitando versos do Alcorão - apesarbaixar bet365 apostasodiar o acampamento, a menina afirma que gostava das aulas religiosas.

Um dia, a monotonia da rotina foi interrompida. Um homem armado se aproximou da Falmata e a instruiu a se preparar para algo importante. Seu pé seria decorado com henna. Seu cabelo, alisado. Ela pensou que estava sendo preparada para o seu casamento.

"Minha amiga Hauwa tinha concordadobaixar bet365 apostasse casar, como uma formabaixar bet365 apostasficar viva", diz a garota. "Outras meninas a odiavam por ter se casado. Eu também a odiei no começo. Mas depois eu entendi (a posição dela) e senti pena. Ela estava muito infeliz."

As mulheres ajudaram Falmata a se preparar para o que estava à espera dela - embora ainda não soubesse o que era. "Isso é para um casamento ou não? Era só o que eu pensava. Mas não podia perguntar nada. Enquanto isso, meus amigos me consolavam e falavam para eu paciência."

Dois dias depois, extremistas se aproximaram dela e colocaram uma bombabaixar bet365 apostasvoltabaixar bet365 apostassua cintura. Se Falmata matasse "infiéis", disseram os extremistas, ela iria direto para o paraíso.

Como no casobaixar bet365 apostasoutras mulheres na mesma situação, o alvobaixar bet365 apostasFalmata seria um mercado ou outro local movimentado. "Eu estava com tanto medo que comecei a chorar. Me falaram que ao chegar ao paraíso, tudo seria melhor."

Duas outras meninas do acampamento também foram atadas a explosivos. As três foram, então, levadas para os subúrbiosbaixar bet365 apostasuma cidade. Lá, foram ordenadas a caminhar para áreas movimentadas - os extremistas disseram a elas que estariam sendo observadas. Nas mãos, carregavam pequenos detonadores caseiros.

No caminho, as três conversaram sobre a possibilidadebaixar bet365 apostasrealizar a "missão" ou abandoná-la e fugir. Por fim, decidiram não fazer o ataque.

Falmata pediu ajuda para um estranho para remover o cinto explosivo. Depois, fugiu por uma estrada empoeirada, mas, não teve sorte. Pouco depois, ela encontrou dois homens do Boko Haram, que pertenciam a uma unidade diferente. Assim, a menina foi sequestrada pela segunda vez.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Mulheres choram após mortebaixar bet365 apostasquatro pessoasbaixar bet365 apostasataque-bomba suicida na Nigéria,baixar bet365 apostas2017

Uma históriabaixar bet365 apostasviolência

Acredita-se que Sanaa Mehaydali tenha sido a primeira mulher-bomba da história moderna. Com 16 anos, ela se suicidou e matou dois soldados israelensesbaixar bet365 apostasum ataque no sul do Líbano,baixar bet365 apostas1985. Desde então, grupos como Hezbollah, PKK, Tamil Tigers, Hamas e Black Widows têm usado mulheres para realizar ataques terroristas.

Mas o Boko Haram superou todos os demais nesse sentido, tanto na escala quanto na brutalidade,baixar bet365 apostasacordo com Elizabeth Pearson, pesquisadora do Royal United Service Institute,baixar bet365 apostasLondres, e autorabaixar bet365 apostasum estudo sobre o usobaixar bet365 apostasmulheres-bomba pelo grupo extremista.

A primeira vez que uma garota foi forçada pelo grupo a se explodir foibaixar bet365 apostasjunhobaixar bet365 apostas2014. Desde então, Pearson estima que centenas foram obrigadas a realizar ataques na Nigéria,baixar bet365 apostasCamarões, no Chade e no Níger. No fimbaixar bet365 apostas2017, 454 mulheres e meninas realizaram ataques ou foram presasbaixar bet365 apostas232 incidentes, diz Pearson. Maisbaixar bet365 apostas1,2 mil pessoas morreram.

Fatima Akilu é psicóloga e diretora-executiva da Neem Foundation, que concede apoio psicológico para comunidades afetadas pelo Boko Haram. Ela diz que no início os ataques suicidas eram realizados por mulheres jovens inspiradas pela ideologia e retórica do Boko Haram.

"Elas se voluntariavam, principalmente porque acreditavam que iriam direto para o paraíso", diz. "Mas, quando a ofensiva militar nigeriana se tornou mais intensa, a quantidadebaixar bet365 apostasmulheres jovens voluntárias caiu significativamente. Então, o Boko Haram começou a sequestrar e coagir meninas para missões suicidas."

Parece que não há limite para essa crueldade. Em dezembrobaixar bet365 apostas2016, duas garotas com, acredita-se, sete ou oito anos, foram usadasbaixar bet365 apostasum ataque suicida duplobaixar bet365 apostasum mercado no norte da Nigéria.

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Legenda da foto, Cercabaixar bet365 apostas700 pessoas que estavam sob o controle do Boko Haram foram restatadas por tropas nigerianas no iníciobaixar bet365 apostas2018 deste ano

Fuga

Depoisbaixar bet365 apostasser sequestrada pela segunda vez, Falmata foi levada novamente para a floresta. Dessa vez, para um acampamento diferente. Se os seus antigos sequestradores soubessem que ela tinha abandonado a missão suicida, eles provavelmente a teriam matado.

De acordo com a Fundação Neem, mulheres e crianças sequestradas geralmente adotam as crenças do Boko Haram enquanto estão sob seu controle.

"Muitas das pessoas que estiveram nesses campos não tiveram educação prévia, nem Ocidental, nem Islâmica", diz Akilu. "Assim, muitas aprendem sobre o Alcorão pela primeira vez enquanto estão sob a captura do Boko Haram. Eles têm centenasbaixar bet365 apostaspessoas nos seus acampamentos, e não há nada para mantê-las ocupadas, então elas acabam tendobaixar bet365 apostasquatro a cinco horasbaixar bet365 apostaslições religiosas. Eles acreditam que a religião é uma estratégiabaixar bet365 apostascooptação."

Depoisbaixar bet365 apostascercabaixar bet365 apostasum mês no novo acampamento, Falmata teve que escolher novamente entre casamento ou missão. E, novamente, se recusou a se casar. Foi, então, pintada com henna e vestida com um belo vestido e um véu. Um cintobaixar bet365 apostasexplosivos foi colocadobaixar bet365 apostasvolta do seu tronco.

Desta vez, porém, Falmata correu para dentro da floresta assim que os extremistas a deixarambaixar bet365 apostasum local para realizar o ataque. "No caminho, eu encontrei alguns agricultores e perguntei se podiam me ajudar a remover o cinto-bomba. Eu falei que estava sendo forçada a realizar um ataque, mas não gostariabaixar bet365 apostasfazer isso."

Depoisbaixar bet365 apostaster o cinto retirado pelos agricultores, a menina passou diversos dias na floresta tentando encontrar o caminhobaixar bet365 apostasvolta para casa.

"Eu não conheço a floresta. Qualquer barulho me assustava. Quando conseguia, eu dormia no alto das árvores. Acho que eu passei uma semana sem comida. Usava água parada para beber e lavar minhas mãos e pés quando rezava. Eu rezavabaixar bet365 apostasduas a três vezes por dia, sempre que encontrava água. Estava muito assustada, mas Deus me ajudou e eu cheguei a uma cidade."

Uma família local lhe deu abrigo por alguns dias e depois a ajudou a voltar parabaixar bet365 apostasterra natal. Ao chegar lá, Falmata se escondeu por meses. Tinha medobaixar bet365 apostasque as autoridades descobrissem sobre ela e a levassem para a prisão.

A psicóloga Fatima Akilu conheceu diversas garotas como Falmata. Ela diz que, quando as meninas voltam para casa, precisambaixar bet365 apostastempo para reconstruir os laços familiares. "Elas ficaram longe da família por muito tempo e podem ter se transformado. Suas famílias também podem ter mudado e adquirido traumas próprios."

Como muitas famílias no norte da Nigéria, abaixar bet365 apostasFalmata foi separada pelos conflitos. A menina está agora vivendo combaixar bet365 apostasmãebaixar bet365 apostasum campo para refugiados. As condições são difíceis, mas pelo menos ninguém sabe dabaixar bet365 apostashistória verdadeira.

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Legenda da foto, Um dos líderes do grupo Boko Haram faloubaixar bet365 apostasum vídeo divulgadobaixar bet365 apostasjaneiro | Foto: Reuters

Reação

Meninas como Falmata enfrentam dificuldades enormes. A maioria daquelas que não detonam as bombas são capturadas por forçasbaixar bet365 apostassegurança e levadas para centrosbaixar bet365 apostas"desradicalização". Esses centros são geridos pelo Exército - e se sabe muito pouco sobre o ocorre lá dentro. Em meadosbaixar bet365 apostasjaneiro, a instituição disse que tinha liberado o primeiro grupobaixar bet365 apostaspessoas "desradicalizadas", mas não está claro onde elas estão agora.

Os poucos que conseguem voltar para suas comunidades se mantêm nas sombras. São chamados por algunsbaixar bet365 apostas"annoba", o que significa "epidêmico".

Uma menina que passou algum um tempo com os extremistas será vista como integrante do Boko Haram por muitas pessoas, diz Akilu. "Eu acho que as pessoas nessas comunidades tendem a olhar para o ato, mais do que para a garota. Eles veem a garota e pensam: 'essa é uma ovem que está disposta a eliminar toda a nossa comunidade, como podemos nos livrar dela?'".

Akilu afirma que as meninas também recordam a comunidade do terror pelo qual passaram. "Quase 90% das comunidades do norte da Nigéria foram afetadas pelo Boko Haram. Perderam pessoas amadas ou mesmo famílias inteiras. Então, quando as garotas retornam, é como se essas comunidades enfrentassem um segundo trauma."

O Boko Haram é considerado um dos grupos extremistas mais violentos da história moderna. Desde 2009, só na Nigéria, eles mataram maisbaixar bet365 apostas27 mil inocentes - incluindo muçulmanos. Muitas mais foram mortosbaixar bet365 apostasCamarões, Chade e Níger. Os conflitos já desalojaram maisbaixar bet365 apostas2 milhõesbaixar bet365 apostaspessoas.

"Nós não refletimos muito sobre o pontobaixar bet365 apostasvista das garotas, enxergando-as como as vítimas quebaixar bet365 apostasfato são", diz Akilu.

Falmata, por exemplo, tinha apenas 14 anos na segunda vez que teve um cinto bomba amarradobaixar bet365 apostasvoltabaixar bet365 apostasseu corpo. Ela não viabaixar bet365 apostasfamília havia maisbaixar bet365 apostasum ano. Tinha sido aprisionadabaixar bet365 apostascampos do Boko Haram e submetida a doutrinação religiosa.

Mas depoisbaixar bet365 apostastudo isso, por que ela não detonou o seu segundo cinto-bomba?

"Eu queria viver", diz ela. "Matar não é bom. Isso é o que minha família me ensinou e no que eu acredito."