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Protestos e mortes: o que está por trás do agravamento da crise na Venezuela?:
A crescente crise entre governo e oposição aumentou a tensão na Venezuela, que vem enfrentando protestos violentos nas últimas semanas.
Na quarta-feira, uma grande mobilização - chamada"mãetodas as manifestações" - convocada pelos opositores contra a gestão Nicolás Maduro teve confrontos que deixaram pelo menos duas pessoas mortas e mais50 feridas. Desde o início do mês, cinco mortes foram registradas, alémcentenasprisões.
A crise governamental é agravada pela situação econômica do país -seu relatório mais recente, o FMI (Fundo Monetário Internacional afirmou que a Venezuela "continua imersauma profunda crise econômica", com o desempregoalta e uma recessão que já dura três anos.
A seguir, a BBC Brasil responde a quatro perguntas sobre o que está por trás do agravamento da crise.
1. Por que a Venezuela está tão dividida?
A Venezuela está dividida entre os chamados chavistas - como são conhecidos os apoiadores das políticas socialistas do ex-presidente Hugo Chávez -, e os opositores, que esperam o fim dos 18 anospoder do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Depois da morteChávez,2013, Nicolás Maduro, também integrante do PSUV, foi eleito presidente com a promessadar continuidade às políticas do antecessor.
Os chavistas elogiam os dois por usarem as riquezas petrolíferas da Venezuela para reduzir a desigualdade e tirar muitos venezuelanos da pobreza.
Em contrapartida, a oposição diz que desde que o PSUV assumiu o poder,1999, o partido socialista corroeu as instituições democráticas e fez uma má administração da economia.
Já os chavistas acusam a oposiçãoser elitista eexplorar os venezuelanos mais pobres para aumentar suas riquezas.
Eles também afirmam que os líderes da oposição trabalhamfavor dos Estados Unidos, um país com o qual a Venezuela teve as relações estremecidas.
2. Por que a popularidadeMaduro estáqueda?
Maduro não foi capazinspirar os chavistas da mesma forma que seu predecessor.
Além disso, o governo dele também foi afetado pela queda nos preços do petróleo - responsável por cerca95% do lucro com exportações e usado para financiar alguns dos generosos programas sociais do governo que,acordo com dados oficiais, garantiram moradia a maisum milhãovenezuelanos pobres.
A redução da receita com o petróleo forçou o governo a diminuir alguns programas sociais, o que levou à perdaapoio entre os principais aliados.
3. Se as divisões são antigas, o que provocou as novas tensões?
Uma sérieeventos fez aumentar as tensões entre o governo e a oposição, levando a população a voltar a protestar nas ruas.
O principal deles foi29março, quando a Suprema Corte do país anunciou que estava assumindo os poderes da Assembleia Nacional, controlada pela oposição.
Segundo os opositores, a determinação ameaçava a divisãopoderes no país e aproxima a Venezuelaum governo unilateral liderado por Nicolás Maduro.
A corte afirma que a Assembleia Nacional ignorou decisões anteriores da Suprema Corte e estariadesacato.
Embora a Suprema Corte tenha revertidodecisão apenas três dias depois, a desconfiança com relação ao tribunal não diminuiu.
Outro fator que contribuiu para o descontentamento dos oposicionistas foi a decisão da Controladoria-Geral da Venezueladeterminar a cassação, por 15 anos, dos direitos políticosHenrique Caprilles, um dos principais nomes da oposição no país.
Caprilles perdeu as eleições para Maduro2013, por uma pequena diferençavotos, e seria um provável candidato no pleito presidencial2018.
A inelegibilidade dele até 2032 tira da oposição umseus líderesmaior visibilidade e experiência.
4. O que quer a oposição?
Os oposicionistas têm quatro demandas principais:
- A saída dos juízes da Suprema Corte que determinaram a perda dos direitos da Assembleia Nacional29março;
- A realizaçãoeleições gerais ainda neste ano;
- A criaçãoum "canal humanitário" para permitir que medicamentos sejam importados para suprir a grave escassez na Venezuela;
- A libertaçãotodos os "presos políticos".
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