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Cuba vai finalmente entrar na era da internet?:
Mas o que para um turista não passauma inconveniência temporária é, na verdade, uma realidade diferente para os cubanos.
Algo distante
Por anos, a sensaçãoquem estava na ilha era que a internet era algo acontecendooutro lugar, com outras pessoas.
Recentemente, porém, ficou mais fácil, e barato, ficar onlineCuba.
Existem agora mais240 pontoswi-fi públicos espalhados pelo país, e o preço por uma horaacesso a internet - embora ainda seja caro para os padrões internacionais - caiu pela metade, para algo equivalente a R$ 4,70.
Agora, tornou-se comum ver pessoas sentadas com seus laptops ou seus celularespraças e parques públicos, conversando com suas famílias no exterior por vídeo.
Na iniciativa mais recente, a estataltelecomunicações do país, a Etecsa, instalou conexõescerca2 mil casas no antigo bairro colonial Havana Velha, como parteum programa pilotodois mesesduração.
Entre alguns dos contemplados está José Antonio Ruiz.
Seu modesto apartamentoum dos edifícios mais novos do bairro é parte do experimento online do governo. Empresário que aluga quartos a turistas, ele acredita que o novo "luxo" tem o ajudadoduas maneiras.
Primeiro, diz, agora é possível anunciar seu apartamento com mais facilidadesitesaluguel temporada como o Airbnb, e responder aos e-mails dos clientes com mais rapidez que antes.
Segundo, ele consegue oferecer aos clientes um serviço único, fazendo com que tenha vantagem sobre os competidores.
"Os hóspedes ficam realmente contentes quando você diz que tem internet", explica José Antonio. "Eles relaxam, já que sabem que podem checar o horário dos seus voos e seus e-mails, ou falar com suas famílias."
Preços proibitivos
A conexão é gratuita durante o períodopiloto, mas espera-se que o governo publique os preços do serviço quando o programa for concluído, para que usuários decidam se querem mantê-lo ou viver sem ele.
O valor ainda não foi confirmado, mas a expectativa é que deverá custar cercaR$ 46 por 30 horasconexão na velocidade mais baixa,128 kilobits por segundo, e até R$ 344 para a velocidade mais rápida,2 megabits por segundo.
Como o salário médioCuba a cercaR$ 78 por mês, os preços deverão ser proibitivos para muitos cubanos.
A internetJosé Antonio não é suficientemente rápida para carregar vídeos, por exemplo. Ainda assim, é uma melhorarelação à conexão discada que alguns funcionários públicos têmcasa. Ele diz que pagaria para mantê-la como está, já que é suficiente para suas necessidades.
Um dia, porém, essas necessidades podem mudar,acordo com o jovem blogueiro Ariel Montenegro.
"A transformação digitalum país não é só dar internet às pessoas, mas levar a elas serviços na internet, serviços cubanos", explica eleum pontoacesso a wi-fi públicoVedado, bairroHavana.
"Acessar serviços bancários ou pagar contas ou comprar ingressos para o cinema ou se candidatar a uma universidade, por exemplo. Quando esses tiposserviços nacionais começarem ser oferecidos online, as pessoas naturalmente ficarão mais impacientes."
Levará tempo para as coisas tomarem esse rumo, acredita ele. Mas muito já aconteceuum período relativamente pequeno.
"Se você comparar com o resto do mundo, claro que ainda estamos atrasados", diz Montenegro. "Mas já é um avanço. Quando eu comecei a faculdade, embora já tivessemos internet, ela era muito, muito, muito devagar. Você mal conseguia fazer qualquer coisa."
"Em cinco anos, acredito que ao menos toda universidade terá uma conexãointernet muito rápida, alémbibliotecas, escolas e mais pontospontoswi-fi públicos."
Culpaquem?
A posição do governo cubano sobre a internet, porém, é ambivalente.
Ele culpa o embargo econômico dos EUA pela faltatecnologia da informaçãoCuba, argumentando que muitas das grandes empresasTI ao redor do mundo temem entrarconflito com as rígidas regras elaboradas por Washington para fazer comércio no país.
Desde que as relações bilaterais entre os países começaram a desgelar2014, esse ponto tem sido mais difícilalegar, claro.
No ano passado, o Google chegou a um acordo com a Etecsa sobre armazenamentoconteúdo onlinesites como YouTube e Gmailservidores dentroCuba para melhorar o acesso local. Executivos da empresa estão, inclusive, interessadosfornecer mais produtos para a ilha.
No entanto, ainda existe desconfiança das autoridades com o acesso sem restrições à internet.
Seja provenienteum imprudente programa da agência americanacooperação internacional, a USAid, que visava enfraquecer o regime Castro por meio do serviço ZunZuneo - espécie"Twitter cubano" que usava mensagenstexto -, seja por uma percepção mais abrangentemídias sociais como uma ferramentadissidentes, as autoridades tradicionalmente têm sido cautelosasrelação à internet.
Depoisseu encontro com Raúl Castro no ano passado, o então ministro britânico das Relações Exteriores, Phillip Hammond, disse à BBC que o presidente cubano "claramente compreende o poder da economia digital para levar ao crescimento" mas que ele também citou preocupações acerca "dos aspectos negativos da internet,radicalismo online a exploração sexualcrianças".
Castro tem pouco menosum ano antesdeixar a Presidência. Seu provável sucessor, o vice-presidente Miguel Diaz-Canel, passou a ser visto como receptivo à ideiamaior acesso online depois que defendeu publicamente um grupojovens blogueiros que postaram conteúdo relativamente crítico.
Conforme o programa piloto chega ao fim, o governo cubano deve decidir se o encerrará ou se irá expandi-lo pela ilha. Dependendo do preço, muitos potenciais usuários estão preparados para se conectar.
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