'Com mão congelada, não conseguia pedir ajuda pelo celular': a perigosa rotaunibet raceimigração a -20º C:unibet race

Legenda do vídeo, Por que cada vez mais imigrantes se arriscam cruzando a fronteira dos EUA ao Canadá

Eles haviam ouvidounibet raceoutros refugiados e expatriados africanos que, se conseguissem entrar no Canadá, teriam uma nova chanceunibet racepedir asilo.

Crédito, BBC Sport

Legenda da foto, Provínciaunibet raceManitoba passou a atrair refugiadosunibet racebuscaunibet racenova chanceunibet raceasilo

Para isso, o caminho seria conseguir chegar à fronteira saindounibet raceMinneápolisunibet racedireção a Grand Forks, na Dakota do Norte, e seguir adiante evitando patrulhas até chegar a solo canadense. Ali, deveriam entregar-se às autoridades e solicitar asilo.

Iyal e Mohammed decidiram fazer o trajeto juntos. Eles pagaram US$ 200 (R$ 640) cada um para que um motoristaunibet racetáxi os deixasse perto do país vizinho. Depois, andaram pela beira da estrada até estarem perto da fronteira.

"Foi quando vimos uma grande fazenda coberta por neve. A luz da fronteira estava longe, mas conseguíamos enxergá-la", lembra-se Iyal.

Eles logo perderam suas luvasunibet racemeio à neve. O ventou levou o boné que Mohammed usava. "O vento era muito frio e, com ele, vinha neveunibet racenossos rostos. Não conseguíamos enxergar nada."

Legenda da foto, A cidadeunibet raceEmerson vive um aumento do fluxounibet racerefugiados

Quando voltaram à estrada, jáunibet raceManitoba, no Canadá, suas mãos haviam congelado. Eles sequer podiam usá-las para pegar o celular do bolso e ligar para as autoridades. Mohammed também não conseguia abrir os olhos.

Os únicos veículos na estrada, naquela madrugadaunibet raceNatal, eram caminhõesunibet racecarga que transportavam mercadorias entre os dois países. Muitos passavam direto por eles, até que um parou para os ajudar.

Agora, estão sendo tratados uma unidade especializadaunibet racequeimadurasunibet raceum hospitalunibet raceWinnipeg. Os dois tiveram dedos amputados por causa do frio, por causa da travessiaunibet racedez horas.

Sua história chamou atenção para um fenômeno que não é novo, mas que está se intensificando nos últimos anos.

Um número recordeunibet racepessoas fizeram essa travessia na faixa próxima a Emerson nas últimas semanas. E isso não vem ocorrendo apenasunibet raceManitoba, mas também nas Provínciasunibet raceQuebec e British Columbia.

Em Manitoba, a pequena cidade ruralunibet raceEmerson, com 700 habitantes, é o principal polo. Tomado por fazendas, o município fica a 625 kmunibet raceMinneápolis, onde está a maior população somali da América do Norte.

A fama da cidade se espalhou pela comunidadeunibet raceexpatriados africanos e latinos nos Estados Unidos.

Crédito, AP

Legenda da foto, Autoridadesunibet raceEmerson fizeram uma reuniãounibet raceemergência para tranquilizar os moradores

"Sempre tivemos pessoas cruzando a fronteira. Mas, no passado, elas normalmente estavam fugindo da polícia americana", diz Greg Janzen, responsável por comandar uma reuniãounibet raceemergência realizadaunibet raceEmerson para tranquilizar os moradores.

Mais recentemente, esse fluxo passou a ser composto emunibet racemaioria por refugiados, principalmente da Somália, mas tambémunibet raceGana, Djibouti e Etiópia. A maioria deles teve seu pedidounibet raceasilo negado nos Estados Unidos.

Yahya Samatar, que trabalhava na áreaunibet racedireitos humanos na Somália, deixou seu país por causa da violência do grupo rebelde islâmico local Al-Shabab.

Buscou refúgio primeiro nos Estados Unidos, onde ficou sete mesesunibet raceum centrounibet raceimigrantes, até ter seu pedidounibet raceasilo recusado.

Ao mesmo tempo, as autoridades americanas diziam ser muito perigoso deportá-lounibet racevolta para a Somália, que está tomado por uma guerra civil.

Ele foi liberado, mas recebeu um avisounibet raceque poderia ser deportado a qualquer momento caso a situação mudasse.

Assim como Iyal e Mohammed, ele havia ouvido falar da possibilidadeunibet racebuscar refúgio no Canadá e,unibet raceagostounibet race2015, viu-se às margens do Red River, um rio que percorre Minnesota e Dakota do Norte (nos EUA) e depois Manitoba (Canadá).

Quando chegou ao Canadá, ele atravessou o rio a nado e, tremendounibet racefrio e coberto por lama, andou até Emerson, onde um morador lhe deu um casaco e chamou oficiais da fronteira.

"Recebi roupas, recebi comida, tudo", diz Samatar, que teve seu statusunibet racerefugiado reconhecido. Hoje, ele viveunibet raceWinnipeg.

Mas, agora, tem crescido a preocupação entre quem viveunibet raceEmerson.

Crédito, AFP

Legenda da foto, O premiê canadense, Justin Trudeau, disse ser importante para o país receber refugiados

A cidade abriu suas portas para refugiados, mas, agora, os moradores tem dúvidas sobre quantas pessoas será possível receber com os recursos disponíveis e o que fazer com a eventual chegadaunibet racealguém que possa representar um risco à segurança dos habitantes.

Também há o receio com os sérios riscos enfrentados pelas pessoas que tentam a empreitada - a travessia por campos congelados onde a temperatura pode facilmente chegar a -20ºC. Muitos acreditam que as tentativas se intensificarão quando o clima esquentar.

Por enquanto, eles não veem outra opção alémunibet racefazer o possível para ajudar. "Se não fizermos isso, eles vão congelar ou morrerunibet racefome, e teríamosunibet raceviver com isso, não?", diz Walter Kihn, que vive na região lesteunibet raceEmerson.

Janzen diz que a maioria das pessoas da cidade está mais preocupada do que assustada com os estranhos que chegam.

Nas últimas três semanas, quase 60 pessoas percorreram o trajeto. Autoridades dizem que a fronteira está sendo bem vigiada e que aqueles que a atravessam são rapidamente avistados ou logo se entregam às autoridades para pedir asilo.

Eles são então identificados, revistados e cadastrados. Se têm direito a pedir asilo, são liberados para entrar no país e levados para o Conselhounibet raceImigração e Refugiados do Canadá.

Legenda da foto, A mensagem sobre a receptividade do Canadá a refugiados se espalhou na comunidadeunibet raceexpatriados

Funcionáriosunibet racecentrosunibet racerecepçãounibet racerefugiados sugerem que o recente aumento neste fluxo se deve ao atual clima política pouco acolhedor nos Estados Unidos.

Rita Chahal, diretora-executiva do Conselhounibet raceImigração Interfaithunibet raceManitoba, registrou 300 pedidosunibet raceasilo desde abrilunibet race2016 feitos por quem cruzou a fronteira na regiãounibet raceEmerson.

"Muitas destas pessoas dizem estar preocupadas com o que viram ocorrerunibet raceaeroportos e outros locais dos Estados Unidos recentemente", afirma.

Em novembro passado,unibet raceMinnesota, o então candidato Donald Trump destacouunibet raceum discurso a comunidade somali do Estado.

"Aqui, vocês viramunibet raceperto os problemas causados pelas falhas no sistemaunibet raceveto a refugiados, com um grande númerounibet racesomalis chegando sem que vocês saibam, sem seu apoio ou aprovação", disse ele.

Mohammed diz que via os Estados Unidos como um lugar acolhedor, mas que, chegando ali, achou que não era esse o caso.

Ele e Iyal terão audiênciasunibet racemarço para determinar se poderão ficar no Canadá. Eles dizem que foram orientados pelo advogado a não dar muitos detalhes sobre seus pedidosunibet raceasilo, mas Iyal afirma ter deixado Gana por motivos políticos e pessoais. Mohammed saiu por causaunibet racesua orientação sexual - ser gay é ilegal no país africano.

Eles dizem que, enquanto se recuperam, aprendem a viver com a perdaunibet racededos. "Esperamos impacientemente pelo que vem a seguir", diz Iyal.