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Por que a morte do líderbetnacional apostaum dos regimes mais brutais do mundo aumenta temorbetnacional apostaextremismo islâmico:betnacional aposta
O fim da Era Karimov tem o potencialbetnacional apostagerar ondasbetnacional apostaimpacto que podem estremecer uma das regiões mais instáveis do mundo, recrudescendo conflitos adormecidos, estabelecendo condições para o avanço do radicalismo islâmico e gerando um nova corrida internacional por valiosos recursos minerais.
O "segundo Tamerlão"
Karimov nasceubetnacional apostaSamarkand, cidade que ecoa no imaginário ocidental como a rica capitalbetnacional apostaTamerlão, um obscuro conquistador que no século 15 sucedeu a Genghis Khan e conquistou, com violência indizível, boa parte da Ásia.
Desenvolvido por Karimov como um símbolo da nação que passou a existir após a queda da URSSbetnacional aposta1991, Tamerlão hoje é a visão que todos têm ao visitar o Uzbequistão.
As praças, os prédios públicos e museus todos mostram ilustrações e estátuasbetnacional apostaTamerlão juntamente com frasesbetnacional apostaKarimovbetnacional apostaque ele enaltece o orgulho uzbeque e seu líder ancestral, considerado duro e implacável, mas sábio.
Uma bizarra relaçãobetnacional apostaque Karimov se aproprioubetnacional apostauma figura histórica para um cultobetnacional apostapersonalidade às escondidas.
Guerra ao terror
Mas Karimov se formou com várias faces. Membro da liderança comunista na URSS, após a independência ele manteve algunsbetnacional apostaseus valores - como a inclinação para manter um controle rígido sobre a sociedade e a defesa do secularismobetnacional apostaum país onde o islã viveu um natural renascimento após a queda do comunismo.
Dois eventos solidificaram seu regime como um dos mais brutais do mundo. Nabetnacional apostaprimeira década na Presidência, Karimov testemunhou o avanço do islã radical por meio da organização Movimento Islâmico do Uzbequistão (MIU) - responsabilizada por ele por uma tentativabetnacional apostaassassinatobetnacional aposta1999.
O MIU atacou o Uzbequistão e só deixoubetnacional apostaser uma real ameaça com a ofensiva militar ocidental contra o Afeganistão, a partirbetnacional aposta2001, que afetou duramente a organização, matando umbetnacional apostaseus líderes.
Em 11betnacional apostasetembrobetnacional aposta2001, o ataque às Torres Gêmeasbetnacional apostaNova York foi transmitido no Uzbequistão ao vivo apenas por um canalbetnacional apostaTV russo. Quando o telejornal da principal TV do país finalmente reportou o ocorrido, no dia seguinte, foi para colocar no ar um discursobetnacional apostaKarimov,betnacional apostaque ele reafirmava a ameaça do radicalismo islâmico.
O ataquebetnacional apostaNova York foi o cartão verde para ainda mais repressão aos muçulmanos praticantes do país, vítimasbetnacional apostaprisões indiscriminadas e torturas. A guerra contra o radicalismo islâmico e a necessidadebetnacional apostamanter a estabilidade sempre foram principal a justificativa para "manter o controle".
O Uzbequistãobetnacional apostarepente, virou um aliado fundamental da coalizão ocidental na chamada "guerra ao terror", cedendo uma base aérea para os americanos e permitindo o usobetnacional apostaseu território como corredorbetnacional apostasuprimentos para o vizinho Afeganistão.
O segundo evento ocorreubetnacional aposta2005, quando a panelabetnacional apostapressão domésticabetnacional apostaKarimov estourou. Um protesto pacífico na cidadebetnacional apostaAndijan, no leste do país, foi reprimido pela polícia e rapidamente virou um banhobetnacional apostasangue, levando à mortebetnacional apostacentenas. O massacre provocou críticasbetnacional apostagovernos do Ocidente, especialmente os Estados Unidos, ao Uzbequistão, provocando uma ruptura.
Os EUA foram expulsos da base militar, e o Uzbequistão se isolou ainda mais, desconfiado do Ocidente. Viria um períodobetnacional apostareaproximação com a Rússiabetnacional apostaVladimir Putin, mais "compreensiva" com as "contingências" do Estado uzbeque.
Diplomacia do equilíbrio
A política externa uzbeque sob Karimov na verdade sempre foi uma balança. Períodosbetnacional apostaaproximação com os EUA eram ponderados com a possibilidadebetnacional apostaaproximação com russos e chineses. E vice-versa.
Ele entendia a importânciabetnacional apostaseu país. Primeiramente, do pontobetnacional apostavista econômico, pela riquezabetnacional apostarecursos - reservasbetnacional apostapetróleo estimadasbetnacional aposta600 milhõesbetnacional apostabarris,betnacional apostagás, estimadasbetnacional aposta1 trilhãobetnacional apostametros cúbicos, a sétima maior produçãobetnacional apostaouro do mundo. Isso,betnacional apostaum mercado fechado, com grande potencial para indústrias estrangeiras.
O país também representa um potencial para empresas interessadas no consumo da maior população da Ásia Central, 30 milhõesbetnacional apostapessoas, sedentas por produtos. E é importante por ser um corredor para as exportaçõesbetnacional apostaricos vizinhos - da China para a Europa e vice-versa, parte da Rota da Seda contemporânea.
Mas o maior peso do Uzbequistão sem dúvida ainda é geopolítico, e daí vem a maior preocupaçãobetnacional apostatodo o mundo com uma transição suave e previsível, que não gere protestos ou distúrbios sociais.
Em um legado das imperfeitas fronteiras soviéticas, milharesbetnacional apostauzbeques vivem nas divisas com os países vizinhos. Conflitosbetnacional apostafronteira entre o Uzbequistão e seus vizinhos Quirguistão e Tadjiquistão permanecem virtualmente controlados, com tensão esporádica e passageira. O que acontecedia se um novo líder uzbeque quisesse colocar o dedo nessas feridas?
O que aconteceria se, numa ondabetnacional apostarevolta social e política, o Uzbequistão mergulhasse no caos? Movimentos islâmicos poderiam vir à superfície, a longa fronteira com o Afeganistão poderia se tornar porosa, oferecendo um novo terreno para bases do Talebã e para a volta do MIU.
Transição pacífica?
Analistas, porém, são quase unânimes ao afirmar que a transição no Uzbequistão deve ocorrer sem sobressaltos - sem gerar mudanças radicais no ambiente domésticobetnacional apostarepressão.
O silêncio das autoridades do país após as primeiras notícias sobre o derramebetnacional apostaKarimov sugere que as elites locais estiveram envolvidasbetnacional apostafrenéticas negociações para encontrar um nome que, como o presidente, sejabetnacional apostaconsenso e capazbetnacional apostaequilibrar os interesses envolvidos.
Isso pode ser difícil. E caso esse nome demore a ser encontrado, existe o risco crescentebetnacional apostainstabilidade. Mas é importante lembrar que a oposição política foi eliminada por Karimov ao longo dos seus anos no poder, quando ele construiu uma estruturabetnacional apostaque fortes interesses garantem a continuidade do status quo. Uma estrutura mais forte que qualquer líder.
Não que um novo presidente não possa realizar mudanças. Provavelmente, o sucessor começará seu governo promentendo reformas para atrair o apoio e a simpatia populares. E pode se aproximarbetnacional apostaseus vizinhos oubetnacional apostaalguma potência, mudando um pouco a fórmula externa encontrada por Karimov.
Essa mudançabetnacional apostadinâmica pode estremecer o mundo e, ser, por exemplo, o detalhe que faltava para a "reconquista"betnacional apostahegemonia geopolítica da Rússia na região.
Ou permitir um lancebetnacional apostagêniobetnacional apostaBarack Obamabetnacional apostaseus mesesbetnacional apostadespedida - se aliar ao novo presidente e clamar para si a vitóriabetnacional apostater estimulado o fimbetnacional apostaum regime brutal, fincandobetnacional apostabandeira firmemente no quintalbetnacional apostaMoscou.
betnacional aposta * Rafael Gomez é mestrebetnacional apostaestudos da Rússia e da Europa Oriental com especializaçãobetnacional apostaÁsia Central pela Universidadebetnacional apostaBirmingham, no Reino Unido.
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