O extraordinário (e esquecido) caso do sequestro do caixãobetpix365 comCharles Chaplin:betpix365 com

Legenda da foto, Detalhes do pôster promocional do filme "City Lights" (Getty),betpix365 com1931, escrito, dirigido e estrelado por Charlie Chaplin

O vagabundo mais famoso do mundo, um homenzinho bonitinhobetpix365 combigode preto e andar bamboleante, vestido com calças largas e paletó justo, sapatos enormes e um chapeuzinho-coco, fazia rir milhõesbetpix365 compessoas e,betpix365 comalgumas ocasiões, trazia poucas lágrimas aos olhos, sem dizer uma palavra.

Quando o som chegou à sétima arte, a estrela silenciosa mostrou que tinha muito a dizer.

O discurso final do seu primeiro filme falado "O Grande Ditador" (1940) foi uma admirável e progressista defesa da democracia, que não se ouvia nos domínios do Terceiro Reich, nem na Itália nem na Espanha, pois Adolf Hitler, Benito Mussolini e Francisco Franco proibiram o filme, provando que Chaplin havia acertadobetpix365 comcheio.

Sua vida, porém, também foi marcada por polêmicas.

Expulso dos EUA

Fazer uma comédia sobre um líder nazista foi uma delas. Mais tarde, ele escreveria que estava determinado a fazê-lo porque era essencial rirbetpix365 comHitler.

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Legenda da foto, Cartazbetpix365 com"O Grande Ditador", que destaca: "Ele fala..."

Mas ele havia se metido na política e, emborabetpix365 comvida privada também alimentasse os tabloides, seria a política que lhe causaria mais problemas.

Seus discursos durante a 2ª Guerra Mundial, pedindo uma segunda Frente Ocidental com aliados soviéticos para derrotar Hitler, irritaram muitos conservadores.

Com o advento da Guerra Fria, suas amizades com figuras artísticasbetpix365 comdestaque acusadasbetpix365 comsimpatizar com a causa comunista o colocaram na mira das autoridades.

O deputado John E. Rankin, um legisladorbetpix365 comdireita do Mississippi (Estados Unidos), estava entre os que o denunciaram e exigirambetpix365 comdeportação.

A vidabetpix365 comChaplin "é prejudicial ao tecido moral da América", disse Rankin, pedindo que ele fosse mantido "fora das telas americanas e que suas imagens repugnantes sejam mantidas fora dos olhos da juventude americana".

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Legenda da foto, Charlie Chaplin... uma ameaça para a América nas décadasbetpix365 com1940 e 1950

Finalmente,betpix365 com1952, o ator, súdito britânico ebetpix365 com1975 nomeado cavaleiro pela rainha Elizabeth 2ª, foi praticamente expulso dos Estados Unidos.

De nada valeu seu "efeito incalculávelbetpix365 comtransformar o cinema na formabetpix365 comarte do século 20", reconhecida pela Academiabetpix365 comArtes e Ciências Cinematográficas daquele país 20 anos depois com um Oscar Honorário.

Embarcandobetpix365 comum navio com destino à Inglaterra, ele foi informado pelo Serviçobetpix365 comImigração e Naturalização dos Estados Unidos quebetpix365 comreentrada naquele país seria negada a menos que estivesse disposto a responder às acusações "de natureza política e torpeza moral".

Indignado e farto do assédio implacável das autoridades, os Chaplins se mudaram para a Suíça.

Foi lá que ele morreu aos 88 anos, poucas horas antes do início da tradicional festabetpix365 comNatalbetpix365 comsua família.

Sua quarta esposa, Oona, filha do dramaturgo Eugene O'Neill, e setebetpix365 comseus 11 filhos estavam com ele.

O andarilho que fez 81 filmesbetpix365 comuma vida cinematográfica que começoubetpix365 com1914 e terminoubetpix365 com1967 foi enterradobetpix365 comuma cerimônia privada dois dias depois nas colinas acima do Lagobetpix365 comGenebra.

Mas isso, como antecipamos no título, não foi o fim da história.

"Ridículo"

Em uma coda que parecia ter sido escrita por ele para umbetpix365 comseus primeiros curtasbetpix365 comcomédia, vários meses apósbetpix365 commorte, seu corpo foi apreendido por uma duplabetpix365 comladrões trapalhões.

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Legenda da foto, Oona e Charlie Chaplin embetpix365 comprimeira aparição pública desde que chocaram o públicobetpix365 com1943 com seu casamento surpresa: ele tinha 54 anos e ela 18

Em marçobetpix365 com1978, eles desenterraram o caixão para forçar a viúvabetpix365 comChaplin, Oona, a pagar 400 mil libras (equivalente a cercabetpix365 comR$ 12 milhõesbetpix365 comvalores atuais).

Lady Chaplin havia herdado cercabetpix365 com12 milhõesbetpix365 comlibras (cercabetpix365 comR$ 360 milhõesbetpix365 comvalores atuais) após a mortebetpix365 comseu marido.

Ela se recusou a pagar dizendo "Charlie teria achado ridículo" .

Em ligações subsequentes, os sequestradores ameaçaram ferir seus dois filhos mais novos.

A família manteve silêncio sobre os pedidosbetpix365 comresgate, mas isso não impediu que vários rumores circulassem sobre o caixão desaparecido.

Uma reportagem publicada à época especulou que o caixão havia sido desenterrado porque Chaplin era judeu e tinha sido enterradobetpix365 comum cemitério gentio.

Enquanto isso, a polícia suíça montou uma operação na qual 200 quiosques telefônicos foram monitorados e o telefone dos Chaplins, grampeado.

Cinco semanas depois, os autores do sequestro foram localizados e presos.

O caixão foi encontrado mais tarde, enterradobetpix365 comum milharal no Lagobetpix365 comGenebra.

Um porta-voz dos Chaplins disse: "A família está muito feliz e aliviada por esta provação ter acabado".

O superintendente Gabriel Cettou, chefe da políciabetpix365 comGenebra, disse à imprensa que os dois homens seriam acusadosbetpix365 comtentativabetpix365 comextorsão e perturbação da paz dos mortos.

Inspiração italiana

Quase um ano após a mortebetpix365 comChaplin,betpix365 comseu julgamentobetpix365 com11betpix365 comdezembrobetpix365 com1978, um refugiado polonês confessou a um tribunal suíço que desenterrou o corpo e tentou extorquir dinheiro da família do comediante.

Roman Wardas, um mecânicobetpix365 comautomóveisbetpix365 com24 anos, disse que não conseguiu um emprego e estava passando por momentos difíceis quando leu um artigobetpix365 comjornal sobre um caso semelhante na Itália.

"Decidi esconder o corpobetpix365 comCharlie Chaplin e resolver meus problemas", explicou Wardas ao Tribunal Distritalbetpix365 comVevey.

Ele acrescentou que pediu a seu amigo Gantscho Ganev, um búlgarobetpix365 com38 anos, que o ajudasse a desenterrar o caixãobetpix365 comCorsier-sur-Vevey, perto da mansão onde Chaplin morou por 23 anos.

"Particularmente, não me preocupeibetpix365 cominterferirbetpix365 comum caixão", disse ele.

"Ia escondê-lo mais fundo no mesmo buraco originalmente, mas estava chovendo e a terra ficou muito pesada."

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Legenda da foto, Túmulosbetpix365 comOona e Charles Chaplin

Foi por isso que ele foi levado no carrobetpix365 comGanev e enterrado novamente no milharal.

O co-réu disse ao tribunal: "Não me importeibetpix365 comlevantar o caixão. A morte não é tão importantebetpix365 comonde eu venho."

Ganev esclareceu que depoisbetpix365 comajudar Wardas naquela noite, não se envolveu mais no assunto.

Segundo um relatório psiquiátrico solicitado pelo advogadobetpix365 comGanev, o búlgaro, que concordoubetpix365 comfazer parte do planobetpix365 comWardas acreditando que os riscos eram mínimos, ficou alarmado com o impacto público do desaparecimento do caixão.

Wardas foi condenado a quatro anos e meiobetpix365 comtrabalhos forçados por planejar a trama bizarra.

Seu cúmplice, descrito como um "homem musculoso" com um sensobetpix365 comresponsabilidade limitado, recebeu uma pena suspensa (penabetpix365 comsubstituição à prisão)betpix365 com18 meses.

O caixãobetpix365 comCharlie Chaplin foi reenterrado no cemitério original, desta vezbetpix365 comuma covabetpix365 comconcreto à provabetpix365 comroubo.

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