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'Morte lúcida': as pessoas com alto nívelroleta 2024consciência e sensações extracorpóreas quando o coração deixaroleta 2024bater:roleta 2024
O estudo encontra-seroleta 2024faseroleta 2024revisão por outros cientistas pararoleta 2024publicação completa, o que deve ocorrerroleta 20242023.
Lucidezroleta 2024paradas cardíacas
O estudo, conduzido pela Faculdaderoleta 2024Medicina Grossmann da Universidaderoleta 2024Nova York, nos Estados Unidos, concluiu que uma a cada cinco pessoas que sobrevivem à reanimação cardiopulmonar depoisroleta 2024uma parada cardíaca consegue descrever experiênciasroleta 2024lucidez sobre a morte que ocorreram enquanto elas estavam aparentemente inconscientes e sem batimentos cardíacos.
"Ao longo da história, observamos a morte com base na convenção socialroleta 2024que havia uma linha entre a vida e a morte e que, depoisroleta 2024cruzá-la, não havia retorno", explica Sam Parnia, diretor do estudo apresentado nas recentes Sessões Científicas 2022 da Associação Norte-Americana do Coração,roleta 2024Chicago, nos Estados Unidos.
"Nos últimos 60 anos, este conceito foi colocadoroleta 2024dúvida porque a descoberta da reanimação cardiopulmonar permitiu devolver a vida a algumas pessoas que, do pontoroleta 2024vista biológico, haviam entrado na morte", segundo ele. "Essas pessoas vêm relatando experiências há maisroleta 202460 anos e existem milhõesroleta 2024pessoasroleta 2024todo o mundo que contaram as mesmas experiências."
Mas, durante anos, essas histórias foram consideradas simples alucinações, truques do cérebro ou experiências similares às induzidas pelas drogas — até que a pesquisa atual demonstrou que essa comparação é errônea.
Os pesquisadores estudaram 567 pessoas que receberam reanimação cardiopulmonar após uma parada cardíaca duranteroleta 2024hospitalização entre maioroleta 20242017 e marçoroleta 20242020, nos EUA e no Reino Unido. Destas, menosroleta 202410% sobreviveram.
"É preciso entender que a parada cardíaca não é um problema do coração", afirma Parnia. "É apenas um termo médico para designar a morte."
Do grupo analisado, 85 pessoas puderam ser estudadas com monitoramento cerebral ideal - o maior grupo já pesquisado até o momento. Os pesquisadores também enfrentaram o desafioroleta 2024instalar todos os mecanismos médicos necessários para monitorar o cérebro.
Para conduzir este estudo, eles usaram,roleta 2024um lado, a oximetria cerebral — uma técnica não invasiva para monitorar alterações do metabolismo cerebralroleta 2024oxigênio com base na tecnologiaroleta 2024espectroscopiaroleta 2024infravermelho próximo. Nela, são emitidos fótons próximos ao infravermelho na pele frontal do paciente. E, por outro lado, foi utilizado um aparelho portátilroleta 2024eletroencefalograma.
"A parada cardíaca é uma emergência. Ela ocorre muito repentinamente e sem aviso prévio", afirma Parnia. "Normalmente, as equipes precisam chegarroleta 2024cinco minutos, entrarroleta 2024meio à emergência e colocar todos os aparelhos. Por isso, coletar os dados, na verdade, é um desafio."
Parnia é diretor do Parnia Lab, o primeiro laboratórioroleta 2024pesquisa do mundo dedicado a melhorar os cuidadosroleta 2024reanimação e explorar o que ocorre na mente humana durante e depoisroleta 2024uma parada cardíaca.
Estudos anterioresroleta 2024animais haviam demonstrado que eles apresentam ondasroleta 2024atividade elétrica no cérebro, no exato momento depois da parada cardíaca.
Já outro estudo apresentadoroleta 2024fevereiroroleta 20242022 analisou a atividade cerebralroleta 2024uma mulher no exato momento daroleta 2024morte. Foi observado um aumento repentino do que se chamaroleta 2024atividade cerebral gama — as ondas que são ativadas quando uma pessoa consciente recupera recordações e processa mentalmente essas informações.
Com esses antecedentes, a equiperoleta 2024Sam Parnia pretendia responder duas perguntas: saber quais são as experiências das pessoas quando o coração pararoleta 2024bater e elas são reanimadas e se é possível encontrar marcadores cerebrais que confirmem os relatosroleta 2024pessoas que afirmam ter experimentado consciência lúcida.
Mas, acimaroleta 2024tudo, eles procuram distanciar-se da expressão "experiênciaroleta 2024quase morte". Na opinião do cientista, essa expressão foi mal utilizada ao longo da história para descrever inúmeros tiposroleta 2024ocorrências que nada têm a ver com a morte e nem mesmo apresentam similaridade entre si.
"Algumas pessoas usam a expressão 'experiênciaroleta 2024quase morte' para falarroleta 2024sonhos. Outras, para falar do consumoroleta 2024drogas", indica ele. "Para nós, trata-seroleta 2024experiênciasroleta 2024morte real. Primeiro, porque os corações pararamroleta 2024bater e, além disso, porque as pessoas se dão contaroleta 2024que haviam morrido quando regressam."
A diferença entre as recordações do coma e da morte
Muitas vezes, quando as pessoas são ressuscitadas por reanimação cardiopulmonar, elas permanecemroleta 2024coma por dias ou semanas. Este lapsoroleta 2024tempo poderia causar inúmeras recordações e a pesquisa tratouroleta 2024diferenciar o tiporoleta 2024recordações que são formadas.
"Estas pessoas podem descrever todo tiporoleta 2024coisas diferentes que foram chamadas erroneamenteroleta 2024experiênciasroleta 2024quase morte, mas provavelmente são distintas", explica Parnia. Por isso, os pesquisadores separaram os dois grupos.
"Concluímos que existem diferentes experiências que ocorrem claramenteroleta 2024dias e semanas após a reanimação, geralmente quando a pessoa está começando a despertar do coma,roleta 2024forma que elas não têm nada a ver com a experiência da morte", afirma ele.
Ainda assim, a pesquisa descartou que se tratasseroleta 2024outras vivências, como sonhos.
"Todo mundo tem sonhos aleatórios, que são todos diferentes", segundo Parnia. "Mas, com a experiência da morte, as pessoas mencionam cinco temas principais, mesmo que não se conheçam, e esses temas são maravilhosamente agrupados."
Esses grupos são: avaliação da vida, sensaçãoroleta 2024retornar ao corpo, percepçãoroleta 2024separação do corpo, percepçãoroleta 2024se dirigir a um destino e retorno a um lugar que é percebido como lar.
Esta foi a primeira parte do estudo. "Assim pudemos demonstrar que, essencialmente, a experiência da morte não é igual às alucinações, delírios ou sonhos", explica o pesquisador.
O segundo passo foi instalar monitores cerebrais nas pessoas para procurar esses marcadores cerebrais da consciência lúcida. Foi assim que os pesquisadores descobriram que, até uma hora depoisroleta 2024receber a reanimação cardiopulmonar, havia sinaisroleta 2024atividade cerebralroleta 2024alto nível — as chamadas ondas alfa, beta, teta, delta e gama.
"Algumas dessas ondas são consistentes com o que ocorre quando temos processosroleta 2024pensamento consciente, quando estamos analisando coisas, revivendo a vida, as recordações e quando temos consciênciaroleta 2024ordem superior", explica Parnia. "Assim conseguimos demonstrar, pela primeira vez, marcadores cerebrais da experiência lúcida da morte. Além, é claro, das próprias experiências."
Nem todos têm recordações
Na verdade, ninguém espera que as pessoas se lembremroleta 2024algo. Mas isso não quer dizer que elas não tenham vivido a experiência.
Devido aos medicamentos sedativos, ao coma profundo e à inflamação do cérebro, que é a primeira ocorrência verificada quando o coração volta a bombear sangue, o normal é que as pessoas se esqueçamroleta 2024tudo.
"Nunca conseguiremos com que 100% das pessoas se recordemroleta 2024tudo, o que tem muito a ver com o efeito do cérebro e dos medicamentos administrados", explica o pesquisador.
"Trinta e nove por cento das pessoas têm recordações vagas, mas não conseguem se lembrar dos detalhes, e 20% têm o que chamamosroleta 2024uma espécieroleta 2024experiência transcendente. Já 7% se lembramroleta 2024ouvir coisas e 3% se lembramroleta 2024terem visto alguma coisa", detalha ele.
'Vi toda a minha vida detalhadamente'
Entre o gruporoleta 2024pessoas que se lembravam do que viveram nesse períodoroleta 2024que o coração deixouroleta 2024bombear sangue, mas seu cérebro continuou registrando marcadoresroleta 2024atividade cerebral elevada, o estudo recolheu diversas experiências, com duração desconhecida. "Poderiam ser apenas alguns segundos, não sei", reconhece Parnia.
Entre as declarações coletadas no estudo, diversos pacientes se recordaramroleta 2024terem feito uma avaliação das suas vidas e fizeram afirmações como:
- "Fiz uma revisão da vida e, durante essa revisão, voltei a ver cenas da minha vida."
- "Toda a minha vida passou à minha frente... no princípio, foi muito rápido. Depois, alguns momentos se desaceleraram. Tudo me foi mostrado, todos os que eu ajudei e todos os que magoei."
- "Minha vida e todos os seus acontecimentos começaram a se reproduzir na minha mente, masroleta 2024uma forma muito clara, real e viva."
Outros afirmaram terem vivido uma separação do corpo; outros, a sensaçãoroleta 2024retornar ao corpo:
- "Deixei o meu corpo."
- "Disseram-me que não era a minha hora e que eu precisava retornar ao meu corpo."
- "Eu me senti como se me atirassemroleta 2024volta para o meu corpo."
- "Descobri que havia um ser ao meu lado... era uma presença reconfortante, uma presença tranquilizadora, mas também uma presençaroleta 2024magnitude e poder."
Já outros tiveram a percepçãoroleta 2024se dirigir a um destino e regressar a um lugar que eles sentiam que fosse o seu lar:
- "Olhei para cima e vi o meu destino."
- "Não é que eu estivesseroleta 2024um túnel. Era como se fosse criado um túnel à minha volta devido à incrível velocidade da minha viagem."
- "Passei por um túnel com grande velocidade. Era maravilhoso e não queria voltar."
- "Sabia que estavaroleta 2024casa."
- "Eu queria ir para a luz. Queria voltar para casa."
Para Parnia, o interessante são os diferentes aspectos da revisão da vida. "Normalmente, nós recordamos 1%roleta 2024toda a nossa vida quando estamos vivos. Mas,roleta 2024alguma forma, é notável que, na morte, as pessoas cheguem a se lembrarroleta 2024tudo, embora o seu cérebro esteja se apagando."
"Mas, curiosamente, não é como um filme, como aparece erroneamente nos meiosroleta 2024comunicação", explica ele. "É uma reavaliação muito profunda, intencional e significativaroleta 2024tudo o que fizeram, disseram e pensaram. Eles se julgam a si próprios, julgam suas ações com base naroleta 2024moral e ética, o que é realmente admirável."
"E tudo isso acontece quando eles estão passando pela morte, o que, novamente, é muito interessante. E é o que torna impossível que se trateroleta 2024uma alucinação", acrescenta Parnia. "Eles sabem que estão revivendo tudoroleta 2024forma espontânea, o que é fabuloso."
O que as pessoas sentem com essas experiências?
Os pacientes do estudo afirmaram que se sentiram "terrivelmente mal", por exemplo, quando experimentaram a dor que causaram para outras pessoas. Mas também sentiram a mesma alegria e felicidade que suas ações trouxeram às pessoas próximas.
Neste ponto, Parnia explica que é importante levarroleta 2024conta que, normalmente, para poder levar a cabo nossa vida diária, não processamos todos os aspectos do nosso cérebro porque seria insuportável.
"O seu cérebro está ativoroleta 2024certas partes que são importantes e outras costumam ser inibidas com uma espécieroleta 2024sistemaroleta 2024ruptura que serveroleta 2024freio", explica ele.
"O interessante é que, com a morte, o que estamos vendo é que, à medida que as pessoas passam pela morte, o cérebro se apaga, perde velocidade e, quando isso acontece, os sistemasroleta 2024ruptura são eliminados e o processoroleta 2024inibição é suspenso", indica Parnia sobre o processo que eles conseguiram comprovar com os marcadores que medem a atividade elétrica do cérebro. Com ele, foi possível observar atividaderoleta 2024partes do cérebro às quais normalmente não se tem acesso.
"Tudo o que aconteceu nas suas vidas está gravado e as pessoas são capazesroleta 2024reviver, o que é absolutamente notável", segundo ele. "Trata-se definitivamenteroleta 2024uma experiência real da morte e agora estamos entendendo porque estamos analisando do pontoroleta 2024visto científico, mas tambémroleta 2024uma perspectiva evolutiva."
"Por que, quando você morre, todas as coisas que têm importância para você, como pagar as contas, a hipoteca, o jantar, o trabalho, o que seja... Desaparecem completamente?", questiona Parnia.
"Elas já não têm importância. O que fica evidente, o que importa, na verdade, e o que se destaca naroleta 2024mente na horaroleta 2024morrer, é aroleta 2024conduta como ser humano. Os aspectos morais e éticos das suas ações e isso realmente é fascinante", conclui o pesquisador.
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