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Sexo oral sem preservativo pode provocar doenças: entenda riscos e como se proteger:xbeting
Além dessas, há o riscoxbetingHPV (siglaxbetinginglês para Papilomavírus Humano), herpes, clamídia, hepatites e amigdalite gonocócica.
Embora os médicos alertem para o riscoxbetingcontrair infecções pelo sexo oral, contabilizar o númeroxbetingcontaminados por esse meio é mais difícil, pois muitas doenças são subnotificadas e nem todas as pessoas fornecem informações concretas aos órgãosxbetingsaúde.
"Os riscos existem, mas não são calculados exatamente, pois é mais difícil dizer sobre taxasxbetingtransmissãoxbetingIST a partirxbetingrelações isoladas. Geralmente, elas vêm combinadas com relações pelas vias genitais", explica Igor Marinho, infectologista do Hospital das Clínicas da FaculdadexbetingMedicina da USP (FMUSP).
Mas como ocorre a contaminação?
O contato entre a boca e o genital pode favorecer o surgimentoxbetinguma ou até várias ISTs. O simples toque com a pelexbetingalguém que já tem uma doença potencializa a transmissão, como ocorre com a sífilis. No caso dos homens, o esperma que sai do pênis pode contaminar quem está fazendo o estímulo sexual.
Já as mulheres podem ter algum patógeno na lubrificação que sai da vagina. Contudo, elas são naturalmente mais suscetíveis às ISTs por causa da anatomia do órgão sexual.
"A mucosa vaginal é um epitélio muito fino. Durante as relações sexuais, quase sempre há algum grauxbetingfissura dessa região, o que facilita a entradaxbetingdiversos vírus. O homem, todavia, tem um órgão exposto", explica Camila Ahrens, infectologista do Hospital Marcelino Champagnat,xbetingCuritiba (PR).
O risco se torna ainda maior quando há lesões na genitália ou na boca. Na prática, quando uma pessoa realiza o ato chamado pelos médicosxbetingcunilíngua, no qual a vagina é estimulada pela línguaxbetingalguém, ou a felação, quando o mesmo acontece com o pênis, existe o riscoxbetingtransmitir alguma infecção ou doença para quem está recebendo o sexo oral.
Já a anilingua, quando a pessoa estimula o ânus do parceiro com a própria boca, também favorece o surgimentoxbetinginfecções. Uma das mais comuns é a hepatite A, que ocorre, justamente, pela transmissãoxbetingvômitos e fezes, seja por contato sexual ou consumoxbetingalimentos ou água contaminados. Há, ainda, o riscoxbetingclamídia, gonorreia e outras doenças.
Vale lembrar que o comportamento sexual sem preservativo é que vai diferir a transmissão das ISTs.
"Na realidade, o sexo vaginal insertivo tem mais trocaxbetingfluidos corporais. O anal tem maior riscoxbetinglaceração, o que facilita a entradaxbetingvírus ou bactérias. Já o oral tem menos risco, mas quem está fazendo o ato pode transmitir e quem tem a doença ativa pode passar", reforça Ahrens.
Veja abaixo as infecções que podem ser contraídas durante o sexo oral sem proteção.
Sífilis
Segundo o último boletim epidemiológicoxbetingsífilis, divulgado pelo Ministério da Saúde no ano passado, no Brasil, a população mais afetada por essa infecção são mulheres, especialmente negras e jovens, na faixa etáriaxbeting20 a 29 anos.
A infecção é causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode comprometer genitais, garganta e boca. Ela pode ser transmitida tanto no sexo oral quanto na penetração. O diagnóstico ocorre por meio da sorologia, que é o examexbetingsangue, ou pelo chamado VDRL (em inglês Venereal Disease Research Laboratory). Essa IST tem suas principais apresentações na forma primária, secundária e terciária.
Na primária, ocorre o surgimentoxbetinguma úlcera indolor pelo contato da bactéria da pele do indivíduo que foi contaminado. A pessoa pode ter ferimentos dentro da boca, seja na língua, bochecha ouxbetingoutra parte interna desta região. Essas lesões são chamadasxbeting"cancro duro". "Elas podem ser indolores e até confundidas com uma afta", diz Marinho.
Quando isso ocorre, o indivíduo que fez o sexo oral no outro parceiro pode contaminá-lo até mesmo sem saber que estava doente.
"A bactéria é encontrada no sêmen ou no líquidoxbetingsecreção do pênis", acrescenta Montenegro.
No caso da mulher, ela pode transmitir o agente por meio da lubrificação que sai da vagina durante o ato sexual. O risco é ainda maior quando o outro tem ferimentos na cavidade oral.
A sífilis secundária é caracterizada por sintomas mais sistêmicos e ocorre algumas semanas após a contaminação do primeiro tipo. O indivíduo pode apresentar manchas na pele e prostrações.
No formato terciário, os sintomas surgem anos depois da infecção. Mas, devido ao diagnóstico tardio, pode ocorrer o acometimento vascular e neurológico, com insuficiência cardíaca ou acidente vascular cerebral (AVC).
"Ela se torna uma doença silenciosa e vai transmitindo", reforça Montenegro.
O tratamento ocorre com antibiótico e a melhor formaxbetingprevenção é usando camisinha feminina ou masculina.
Amigdalite gonocócica
Provocada pela bactéria gonococos, o mesmo agente da gonorreia, a infecção causa secreção nas amígdalas e garganta.
É mais comum que seja transmitida pelo sexo oral, pois há um contato direto da boca com o genital, aumentando o riscoxbetingcontágio. O diagnóstico acontece pelo históricoxbetingsintomas do paciente. Geralmente, é feito um exame retirando a secreção da garganta para visualizar o micro-organismo.
Segundo Montenegro, ainda há um tabu entre os próprios médicosxbetingperguntar sobre a atividade sexual das pessoas. Se o compartilhamento das informações fosse mais difundido, diagnósticos tardios seriam evitados, melhorando a resposta do tratamento ao quadro, opina.
Muitas vezes, a pessoa que já está contaminada com a gonorreia pode ser assintomática e infecta o parceiro.
Como se trataxbetingum tipoxbetingbactéria resistente, não é todo antibiótico que vai tratar e curar o problema. Por isso, é importante uma investigação a fundo dessa IST.
"Uma amigdalite que não tem resposta, precisa suspeitar e perguntar se o paciente teve algum tipoxbetingrelação oral. Normalmente,xbetingquem tem gonococos, eles aparecem na região genital, aí contamina o outro. Isso vale tanto para o homem quanto para a mulher", reforça o infectologista do Hospital Oswaldo Cruz.
Gonorreia
Também causada pelo gonococos, essa IST pode provocar corrimentos uretrais e,xbetingquadros mais graves, infecção na pelve e até infertilidade. A transmissão ocorre tanto pela penetração, quanto pelo sexo oral.
O diagnóstico é feito por meioxbetingum exame semelhante ao da covid-19, no qual é inserido uma haste flexível (o swab) na garganta.
Os sintomas nesta parte do corpo podem ser assintomáticos e o indivíduo, muitas vezes, contamina outras pessoas sem ao menos saber que tem a infecção. Por causa disso, é ainda mais complicado quantificar a incidência dessa IST na população brasileira.
"A gonorreia não tem notificação compulsória e obrigatória. Por isso, é uma infecção subnotificada", ressalta Mario Gonzales, diretor médico do InstitutoxbetingInfectologia Emílio Ribas,xbetingSão Paulo.
O tratamento dessa infecção sexualmente transmissível também é complicado e pode demorar, já quexbetingalguns casos o organismo desenvolve uma resistência maior a alguns antibióticos.
HPV
Essa infecção sexualmente transmissível ocorre por meio do papilomavírus humano. O HPV provoca verrugas na região genital, oral e anal. O principal meioxbetingcontágio ocorre pela via sexual, que pode ser pelo contato oral-genital, genital-genital ou até manual-genital.
No sexo oral, o surgimento dos sintomas também pode aparecer na língua, na garganta, no canto da bochecha e tecido gengival. Mas a contaminação só ocorre,xbetingfato, quando há uma lesão primária e por meioxbetingalgum tipo machucado ou fissura. Desta forma, o agente viral consegue se infiltrar no organismo e contaminar o indivíduo.
É importante um tratamento rápido e eficiente, pois a infecção pode evoluir para câncer do colo do útero, alémxbetingtambém ser um agente importante por trásxbetingtumores no ânus, na cabeça e no pescoço. A linha terapêutica consiste na cauterização e eliminação das verrugas existentes.
A maneira mais fácilxbetingproteção acontece por meio das vacinas, disponíveis na rede pública para alguns grupos específicos. "O ideal é que a vacinação seja feita antesxbetinginiciar a relação sexual. Existem vários tiposxbetingHPV, mas a vacina vai proteger os que causam câncer", alerta Montenegro.
Herpes
Essa IST é provocada por um vírus que se divide nos tipos 1 e 2. No primeiro caso, o surgimentoxbeting"bolhas" é mais comum na região oral. Já no 2, os sintomas podem aparecer na região genital.
Com o sexo oral desprotegido, a contaminação ocorrexbetingforma cruzada e o tipo genital pode se manifestar na cavidade oral. A recorrência do problema (com o aparecimento das lesõesxbetingformasxbetingbolhas e feridas), indica que a pessoa está com quedaxbetingimunidade e precisa fazer exames para verificar se há faltaxbetingvitaminas ouxbetingoutros nutrientes.
Vale lembrar que a formaxbetingtransmissão também pode ser por outras vias como beijo, pincelxbetingmaquiagem, compartilhamentoxbetingobjetos, entre outros. O tratamento inclui usoxbetingpomadas ou comprimidos.
Clamídia
Segundo o Ministério da Saúde, não existem dados epidemiológicos no Brasil sobre essa IST, mas os dados do CentroxbetingControle e PrevençãoxbetingDoenças dos Estados Unidos (CDC/2017) mostram que a maioria dos casos ocorrexbetingpessoas na faixa etária entre 15 e 24 anos. A condição pode ser transmitida por uma bactéria chamada Chlamydia trachomatis, que provoca inflamações na região genital e urinária.
O micro-organismo pode causar cervicite, que atinge o colo do útero causando dor na relação sexual e sangramento. Em infecções graves e profundas, pode causar infertilidade no homem e na mulher.
Essa IST também pode ser transmitida pelo sexo oral, mas o contato com esperma aumenta o risco do problema — isso porque o sêmen pode ter uma carga viral maior do agente infecioso. Por isso, o sexo desprotegido, incluindo a penetração, também aumenta o risco dessa doença.
Para tratar o quadro, recomenda-se o usoxbetingantibióticos e não ter relações sexuais durante seu curso, normalmente,xbetingsete dias.
Hepatite A, B e C
No último boletim epidemiológicoxbetinghepatites virais divulgado pelo Ministério da Saúde no ano passado, no Brasil, entre 1999 a 2020, 254,3 mil pessoas foram diagnosticadas com o vírus da hepatite B e 262,8 mil com o vírus da hepatite C. Essas infecções são as principais causasxbetingdoença hepática crônica, cirrose hepática e carcinoma hepatocelular.
Contudo, a transmissão da hepatite A é por meioxbetingvias orais-fecais. Ou seja, é possível contrair a infecção no sexo oral e também por qualquer atividade sexual. A mais comum, no entanto, é pelo ânus. Por isso o riscoxbetinglamber a região ou realizar sexo anal desprotegido aumentam a incidência do quadro.
"Em 2017, a OMS fez um alerta sobre surtoxbetinghepatite A por transmissão sexual pela práticaxbetingsexo oral-anal. Esse surto aconteceuxbetingalgumas cidades da Europa, como Barcelona. No Brasil, o númeroxbetingcasos foi maior na cidadexbetingSão Paulo", destaca Montenegro. Ainda não há nenhum tratamento específico para esse tipoxbetinghepatite. No geral, os especialistas recomendam lavar bem as mãos e alimentos, usoxbetingpreservativos antes e depois das relações sexuais, lavagem da genitália, períneo e região anal após o ato sexual e higienizaçãoxbetingvibradores, plugs anais e vaginais.
No tipo B, a contaminação pode ocorrer por uma lesão na boca, por contato com o sêmen e pelo canal vaginal ou anal. A linha terapêutica inclui usoxbetingantivirais e também, quando necessário, não consumir bebidas alcoólicas.
No tipo C, o risco pelo sexo oral é menor e está ligado com o manejoxbetingobjetos infectados como agulha contaminada, usoxbetingmateriais para drogas recreativas, seringas e outros. O tratamento ocorre com antivirais.
Há riscosxbetingHIV?
Embora seja menos comum, também é possível se contaminar com HIV por meio do sexo oral. No entanto, é necessária uma quantidadexbetingvírus elevada para isso ocorrer, além do parceiro ter alguma ferida ou machucado na boca ou garganta.
"O risco é um pouco menor, mas com pequenas feridas, que podem aparecer com depilação, por exemplo, existe a possibilidade", reforça Marinho.
A contaminação entre o sexo masculino e feminino é diferente justamente por causa da ejaculação. Segundo os médicos, exames já mostraram uma carga viral maior no sêmen, sendo essa uma portaxbetingentrada para o contágio. Contudo, isso é uma exclusividade dessa infecção.
De acordo com Felipe Tuon, infectologista do Hospital Universitário Cajuru,xbetingCuritiba (PR),xbetingoutras doenças ainda faltam estudos comparando o riscoxbetingtransmissão e existem só conceitos teóricos.
E o monkeypox?
Sim, o vírus causador da varíola dos macacos também pode passar durante o sexo oral. Isso porque o contato com o vírus acontece através das feridas típicas da doença, que aparecem na boca, nos genitais, no ânus e nos braços.
Portanto, a pessoa que faz sexo oralxbetingalguém infectado também pode pegar o monkeypox.
É por isso que os médicos recomendam que indivíduos com essas manifestações na pele procurem uma avaliação médica e façam o teste.
Se o exame confirmar a doença, é preciso ficarxbetingisolamento até que as feridas estejam completamente cicatrizadas.
Como prevenir?
Uma das formas mais acessíveis é utilizar métodosxbetingbarreira para impedir que a mucosa da boca entrexbetingcontato com os genitais. No passado, como o uso do preservativo feminino não era tão difundido entre as mulheres, os próprios médicos recomendavam a aplicaçãoxbetingpapel filme, aqueles usados na cozinha.
Porém, com a baixa adesão e por ser mais fácilxbetingsair durante o ato sexual, atualmente, os profissionais sugerem a camisinha feminina. Mesmo assim, a proteção ainda não é tão usual entre os parceiros.
"É muito difícil ver pacientes usando. Vemos muitas pessoas se reinfectando e menosprezando a recomendação médica", afirma Ahrens.
Para os homens, também é indicado o usoxbetingpreservativos durante todas relações sexuais. "É necessário proteger a região genital com camisinha e não retirá-la. Pode colocar a camisinha feminina, camisinha masculina ou ambas", destaca Tuon.
Medidas educativas e políticas públicas também devem ser inseridas, principalmente entre jovens e adolescentes que, muitas vezes, não usam camisinha. Isso foi constatado, inclusive, por um levantamento do Instituto BrasileiroxbetingGeografia e Estatística (IBGE) divulgado no início do mêsxbetingjulho. Os dados indicam que o percentualxbetingpessoas entre 13 e 17 anos que usaram preservativo na última relação sexual diminuiuxbeting72,5% para 62,8%.
No casoxbetingindivíduos que já têm vida sexual ativa, o recomendado, segundo os especialistas, é fazer testesxbetingrotina a cada seis meses para identificar possíveis infecções. "Pessoas com sífilis precisam ser testadas", alerta Tuon.
A profilaxia, que é um métodoxbetingprevenção, pré e pós sexo, também é indicada para diminuir o riscoxbetingISTs. É possível procurar hospitais da rede pública para consulta ou orientações e, dessa forma, evitar contaminações.
- Este texto foi publicadoxbetinghttp://vesser.net/geral-62347014
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