Como a demanda por energia limpa afeta os países produtores360betpetróleo na América Latina:360bet

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Legenda da foto, Projetos360betlongo prazo devem enfrentar cada vez mais dificuldade para conseguir financiamento

A transição energética é um objetivo favorável para o planeta, mas o que significa para os países produtores360betpetróleo da América Latina?

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Legenda da foto, Movimentos sociais pressionam para que a transição energética seja colocada no centro das políticas públicas

Incertezas e investimentos

Francisco Monaldi, diretor do Programa Latino-Americano360betEnergia do Baker Institute da Universidade Rice, no Estado americano do Texas, destaca que esse processo traz consigo diversos riscos para esses países, o primeiro deles relacionado à incerteza sobre a velocidade com que vai ser executado.

"Esperamos que a demanda por petróleo comece a cair360betalgum momento desta década, mas não está claro se a queda vai ser drástica", disse ele à BBC News Mundo, serviço360betlíngua espanhola da BBC.

Existem alguns cenários apontando que, para atingir a meta360betemissão zero, será necessário um corte na demanda por petróleo bruto360bet75% a partir360betagora até 2050, diz ele. Mas há outros analistas que avaliam que haverá pouca oscilação na demanda e que,360betem 2050, ela estará inclusive um pouco acima360betonde está atualmente.

"Este último cenário indica que vamos chegar a um pico360betdemanda e que, a partir dali, vai começar a diminuir, mas obviamente não seria um cenário nem remotamente tão catastrófico. De qualquer forma, é inevitável que a transição energética ocorra, e que a demanda por petróleo não siga crescendo como no passado", completa.

As incertezas sobre o ritmo360betexecução da transição energética afetarão, por exemplo, a facilidade360betobtenção360betrecursos para financiar novos projetos na área360betóleo e gás, já que alguns demandam cifras elevadas e implicam360betdécadas360betprodução, com extração360betpetróleo por 20 ou 30 anos.

"Imagine, por exemplo, um projeto360betexploração360betáguas profundas do Golfo do México. Vamos ver cada vez menos esse tipo360betprojeto. Os que já estão360betandamento, como os que o Brasil tem no Pré-Sal, vão ser desenvolvidos, mas os novos terão mais dificuldade."

"O Brasil, por exemplo, não tem se saído bem nas últimas rodadas360betlicitações,360betparte porque aumentaram os riscos360betque os vencedores dos leilões acabem ficando com ativos360betque investiram pesadamente, mas não vão conseguir continuar usando porque a transição energética está se acelerando", avalia.

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Legenda da foto, Mesmo com grandes reservas360betpetróleo, Venezuela hoje sofre com falta360betcombustível

Países sob maior pressão

Embora a queda da demanda vá afetar todos os produtores360betpetróleo da região, o impacto, diz Monaldi, tende a ser maior naqueles que têm maior dependência do petróleo: Venezuela, Equador e Colômbia.

No caso da Venezuela, por exemplo, cerca360bet95% das divisas que entravam no país vinham do petróleo - isso até o aprofundamento da crise no país, com redução acentuada da produção pela petroleira estatal PDVSA e as sanções impostas pelos Estados Unidos.

Em 2019, as vendas do petróleo venezuelano somaram US$ 12,2 bilhões, o equivalente a 83% das exportações, segundo dados do Observatório360betComplexidade Econômica (OEC).

Para o Equador, no mesmo ano, o total foi360betUS$ 7,8 bilhões, 34% do valor das exportações. No caso da Colômbia, as vendas360betpetróleo ao exterior somaram US$ 13 bilhões, o equivalente a 32% das exportações, ainda360betacordo com os dados do OEC.

Monaldi afirma que a dependência da Colômbia360betrelação ao petróleo é agravada pelo fato360beto país não possuir grandes reservas e360betos custos360betprodução serem elevados.

"Nesse caso, a dependência do petróleo representa um risco360betqualquer cenário", destaca.

O especialista ressalta que a transição energética pode afetar também México, Brasil e Argentina, países que não dependem do petróleo, mas nos quais a commodity tem um peso significativo na economia, representando importantes receitas360betexportação, arrecadação fiscal e360betinvestimentos.

A Pemex, exemplifica Monaldi, é a empresa mais importante do México360bettermos360betgeração360betreceita - e a petroleira mais endividada do mundo.

"O Estado mexicano teve que lhe fornecer capital porque a empresa não tinha nem condições360betarcar com suas dívidas."

"Isso significa que, embora o México não seja mais tão dependente do petróleo como no passado, nem do ponto360betvista macroeconômico nem do ponto360betvista fiscal, ele ainda tem um peso importante e pode ser um grande problema para o país", acrescenta.

O Brasil, diz o especialista, se tornou "o grande produtor360betpetróleo da América Latina", com quase três milhões360betbarris por dia, número semelhante ao alcançado pela Venezuela e pelo México "nos seus melhores dias".

"O Brasil não depende do petróleo bruto, mas o tamanho da Petrobras e360betimportância o tornam uma questão relevante para o futuro", afirma.

No caso da Argentina, Monaldi destaca que o país descobriu jazidas360betóleo não convencional - conhecido como xisto ou óleo360betxisto - que têm um enorme potencial, mas cuja descoberta coincide com este momento360bettransição energética.

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Legenda da foto, Estatal Pemex tem grande peso na economia mexicana

Oportunidades

A transição energética360betcurso não significa o fim iminente da indústria do petróleo - assim, mesmo no contexto atual, os países produtores têm algumas oportunidades.

"Os cenários mais razoáveis ​​indicam que muito petróleo ainda será consumido nas próximas três décadas. Os países que vão conseguir continuar a produzir e rentabilizar o negócio são aqueles que conseguirem duas coisas: primeiro, ser muito mais eficientes e reduzir os custos360betprodução e,360betsegundo lugar, reduzir360betpegada360betcarbono e360betoutros gases360betefeito estufa", diz Monaldi.

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Legenda da foto, Com Petrobras, Brasil se tornou maior produtor360betóleo cru da América Latina

Em360betvisão, a Petrobras pode ter êxito nessa estratégia por contar com poços360betáguas profundas muito produtivos, o que favorece a empresa do ponto360betvista da intensidade360betcarbono.

A Venezuela,360betcontrapartida, possui petróleo extrapesado, cuja produção gera mais emissões360betCO2 porque tem360betser transportada e requer maior processamento posterior.

A vantagem do país, segundo Monaldi, é que seus custos360betprodução são relativamente baixos, e muitos projetos já contam com toda a infraestrutura para que possam começar a produzir e gerar lucro no curto prazo.

"Se o setor360betpetróleo na Venezuela fosse bem administrado, também poderia durar. Se não houvesse sanções, se não houvesse nenhum dos problemas que existem hoje, você poderia perfurar um poço e ele se pagaria360betquestão360betmeses, porque o custo360betprodução gira360bettorno360betUS$ 10 e o preço do barril está recentemente360betUS$ 80. Imagine a lucratividade que um projeto desses tem", pontua.

Ainda que haja uma janela360betoportunidade, contudo, a Venezuela deveria se preparar para um futuro360betque o petróleo não terá mais a mesma importância do passado, diz o especialista.

"Mesmo que a Venezuela hoje conseguisse aumentar360betprodução para três milhões360betbarris por dia, isso não sustentaria um padrão360betvida como o do passado. Ou seja, acabou a Venezuela petroleira, e o mesmo vale para os países como a Colômbia, onde o petróleo tem muito peso nas exportações, ou como o México, que embora não seja mais dependente, tem uma estatal com milhares360betfuncionários que tem um grande impacto na economia", avalia.

Em360betvisão, três fatores vão definir quais projetos sobreviverão: custos, intensidade das emissões360betgases360betefeito estufa e o tipo360betinvestimento necessário, se360betciclo curto ou longo.

"Todos esses países têm que se preparar para essa transição, aproveitando as oportunidades que estão dentro da lógica da política global contra as mudanças climáticas, mas entendendo que se trata360betum negócio360betdeclínio", alerta.

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