Câncercasa de appsta commama: pandemia pode ter deixado 4 mil casos sem diagnóstico no Brasil, diz estudo:casa de appsta com

Crédito, Getty Images/LifestyleVisuals

Legenda da foto, Com os devidos cuidados preventivos, como usocasa de appsta commáscara, mamografiacasa de appsta comrastreamento deve continuar sendo feita durante a pandemia, para população indicada — mulheres com idade entre 50 e 69 anos,casa de appsta comperíodo bienal

"Isso representa uma sobrecargacasa de appsta compotencial da doença para os próximos anos", diz o estudo, assinado pela mastologista Jordana Bessa.

A autora usou ainda informações do DATASUS para detalhar os números por Estado e mês. Ainda que com algumas variações regionais, o volumecasa de appsta commamografias realizadascasa de appsta com2020 caiu na maior parte do país, mostrando que se tratacasa de appsta comum problema disseminado.

"Em janeiro (o númerocasa de appsta commamografias realizadas no país) começou razoavelmente bem, e aícasa de appsta comabril começou a ter uma queda muito grande. A queda foi amenizadacasa de appsta comoutubro, com a campanha Outubro Rosa, mas não chegou ao nívelcasa de appsta comantes" da pandemia, detalha Bessa, formada na Faculdadecasa de appsta comMedicina da Universidadecasa de appsta comSão Paulo, membro da Sociedade Brasileiracasa de appsta comMastologia (SBM) e médica da Rede D'or São Luizcasa de appsta comSão Paulo.

O Ministério da Saúde recomenda que mulheres com idade entre 50 e 69 anos façam a chamada mamografiacasa de appsta comrastreamento, um examecasa de appsta comrotina mesmo sem sintomas, a cada dois anos. Representando o ministério, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) explicou à BBC News Brasil que mesmo na pandemia as mamografias não foram suspensas e devem continuar sendo feitas, alinhadas a cuidados como usocasa de appsta commáscara e distanciamento social.

Mesmo que o órgão e os entrevistados destaquem a importância da manutenção desta rotina, Jordana Bessa diz que não é o que está acontecendo na realidade.

"A gente vê na prática que as pacientes sumiram mesmo. No consultório, estão voltando para colocarcasa de appsta comdia os exames e dizem que estão atrasadas", conta a mastologista e autora da pesquisa, exaltando a existência e disponibilidade das informações do DATASUS.

Bessa ressalva que o levantamento inclui apenas dados da rede pública, mas possivelmente houve queda também na rede particular. Por este e outros fatores, a estimativacasa de appsta com4 mil casos não diagnosticadoscasa de appsta com2020 é conservadora.

Dados prévios, não incluídos no estudo, mostram que nos três primeiros mesescasa de appsta com2021 o número mensalcasa de appsta commamografias foi ainda menor do quecasa de appsta com2020 e 2019.

Redução mesmocasa de appsta comcasos com nódulo

No pedido para uma mamografia, o médico deve preencher um pequeno questionário, respondendo por exemplo: "A paciente tem algum nódulo na mama?"

Se responder que sim, isso quer dizer que o médico encontrou um caroço na mama que pode ser benigno ou maligno, e a mamografia é um dos exames que ajudará a investigar isso.

Jordana Bessa diz que casos assim exigem atenção — e assistênciacasa de appsta comsaúde — redobrada, já que a taxacasa de appsta comdetecção do câncer é maior quando há nódulos.

Em seu levantamento, ela coletou também númeroscasa de appsta commamografias realizadascasa de appsta com2019 e 2020casa de appsta comcujo pedido médico a presençacasa de appsta comnódulos foi afirmativa.

O volume destas mamografias caiucasa de appsta com137.570casa de appsta com2019 para 89.408casa de appsta com2020.

Ou seja, dezenascasa de appsta commilharescasa de appsta commulheres com nódulos detectados deixaramcasa de appsta comfazer mamografias no primeiro ano da pandemia.

"Mais ou menos 50 mil mulheres com nódulos palpáveis estão sumidas. Onde estão essas mulheres que não foram fazer a mamografia? Preocupa mesmo", diz a médica.

Crédito, Jefferson Peixoto/Secom_PMS

Legenda da foto, 'Em casoscasa de appsta comsintomas, as pessoas não devem deixarcasa de appsta comprocurar consulta', alerta o médico Arn Migowski, do INCA

Problemas antigos

Enquanto há mulheres que, na pandemia, deixaramcasa de appsta comfazer a mamografia, há aquelas que tentaram muito e enfrentaram problemas antigos no acesso a esse exame, agravados pela crise gerada pela covid-19.

Um relatóriocasa de appsta com2019 do Colégio Brasileirocasa de appsta comRadiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) mostrou que a taxacasa de appsta commamógrafos disponíveis do SUS eracasa de appsta com1,3 para cada 100 mil habitantes; na rede privada,casa de appsta com6,16.

Hoje, as diretrizes do Ministério da Saúde não falamcasa de appsta comum número ideal, mas consideram diferentes variantes e particularidades locais. Como parâmetro, porém, uma portariacasa de appsta com2002 determinava um mínimocasa de appsta com0,42 aparelhos para cada 100 mil habitantes.

Segundo o relatório do CBR, porém, é comum que hospitais públicos tenham dificuldades para manutenção dos aparelhos, e que também faltem profissionais habilitados para utilizá-los.

A doméstica Severina Maria,casa de appsta com55 anos e moradoracasa de appsta comNiterói (RJ), conta que tenta desde outubrocasa de appsta com2019 fazer uma mamografia pela rede pública, através do Sistema Únicocasa de appsta comSaúde (SUS). Além da rotinacasa de appsta combienal, ela precisa fazer o exame também por acompanhamento, já que teve gânglios encontrados na mama há cinco anos.

Há quase dois anos, Severina já escutou no posto do Médicocasa de appsta comFamília do Engenho do Mato que o aparelho estava quebrado e também que a filacasa de appsta commulheres àcasa de appsta comfrente estava grande, nunca conseguindo a marcação do exame.

"Com a pandemia piorou, porque estão focando mais na covid. Mas nunca foi fácil marcar mamografia não. Sempre foi difícil. Só consegui fazer mamografia pelo SUS uma vez,casa de appsta com2018, o resto foi tudo pagando", conta a doméstica, que diz ter pedidocasa de appsta comoutras ocasiões ajudacasa de appsta comfamiliares para pagar consultas e exames particulares, mas agora enfrenta o desemprego e uma situação financeira mais difícil.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Severina Maria precisa fazer mamografia para acompanhar gânglios que teve há cercacasa de appsta comcinco anos

Em nota, a Prefeituracasa de appsta comNiterói garantiu que "não há demanda reprimidacasa de appsta commamografia na cidade", onde há dois mamógrafos e uma clínica conveniada para atendimento ao público. Questionada pela BBC News Brasil sobre o que poderia explicar a dificuldade encontrada pela paciente, a assessoriacasa de appsta comimprensa da prefeitura afirmou que iria averiguar a situação delacasa de appsta comparticular, mas não deu retorno até a publicação desta reportagem.

Em Belém (PA), o estudante e profissionalcasa de appsta comtecnologia da informação Victor Arcanjo,casa de appsta com30 anos, tenta desde novembrocasa de appsta com2020 marcar uma mamografia para a mãe, que tem 59 anos. Foi naquele mês que um médico entregou a ela um pedidocasa de appsta comrealização do exame com o aviso: "Urgente".

Victor não sabe o motivo da urgência, pois não estava na consulta, mas por motivoscasa de appsta comsaúde da mãe, é ele quem vem correndo atráscasa de appsta comatendimento médico para ela nos últimos meses. Na Unidade Básicacasa de appsta comSaúde (UBS)casa de appsta comque são atendidos, o mamógrafo ficou quebrado por um tempo e depois o médico responsável ficou ausente, por demandas externas referentes à pandemia.

Hoje, mamógrafo e médico voltaram, mas Victor e a mãe estão agora com um problema burocrático, tentando regularizar o cadastro para atendimento médico devido a uma mudançacasa de appsta comendereço.

"O que a gente sente é frustração. É um exame importantíssimo, urgente, e não conseguimos há seis, sete meses. Como fica a cabeça?", indaga o universitário. "Não tem muita gente trabalhando no posto, pois estão concentrados no atendimento à covid. As informações ficam desencontradas. Não que não deva ter essa concentração com a covid, mas a gente fica frustrado com problemas que poderiam ser tratados mais rápido."

A BBC News Brasil não conseguiu contato, por e-mail ou telefone, com a UBS mencionada por Victor e nemcasa de appsta comassessoriacasa de appsta comimprensa.

Por outro lado, o médico Arn Migowski, chefe da Divisãocasa de appsta comDetecção Precoce e Apoio a Organizaçãocasa de appsta comRede do INCA, diz que no Brasil há também o problema do desperdíciocasa de appsta commamografias — aquelas realizadas anualmente e antes da idade indicada, tanto na rede pública quanto na particular.

"Mesmo antes da pandemia, e agora mais do que nunca, deve-se evitar fazer o rastreamento fora das necessidades. Do que analisamos até agora, com dados prévios, esse padrão não mudou na pandemia: a quantidadecasa de appsta commamografias certamente caiu, mas a distribuiçãocasa de appsta comprocedimentos inadequados não mudou. É um equívoco, pois não há evidênciacasa de appsta combenefícios", diz o médico do INCA.

Ele lembra que a recomendação écasa de appsta commamografias bienais para mulheres com 50 a 69 anos, além do atendimentocasa de appsta comcasos suspeitos.

"Em casoscasa de appsta comsintomas, as pessoas não devem deixarcasa de appsta comprocurar consulta, como nos casos com nódulos, que normalmente têm prognóstico pior."

Efeito cascata

Crédito, Getty Images/Jupiterimages

Legenda da foto, Mesmocasa de appsta comcasos nos quais foram encontrados nódulos, houve redução no númerocasa de appsta commamografias:casa de appsta com137.570casa de appsta com2019 para 89.408casa de appsta com2020

Jordana Bessa acrescenta que a estimativacasa de appsta commilharescasa de appsta comcasos não detectados na pandemia se torna ainda mais preocupante quando considerados os gargalos nas etapas posteriorescasa de appsta comtratamento — ou seja, depois da pandemia, podem não só chegar quadros da doença represados, como mais avançados, o que já é um problema no país.

"Infelizmente, cercacasa de appsta commais ou menos um terço (dos casos) é diagnosticado com linfonodo já palpável no Brasil", explica a mastologista.

"Tem muitas outras barreiras a serem vencidas (além da mamografia). Tem o tempo entre a pessoa apresentar o nódulo palpável e fazer o examecasa de appsta combiópsia; tem o tempo entre ela fazer o examecasa de appsta combiópsia e fazer a cirurgia; o tempo entre fazer a cirurgia e começar a quimio", enumera a mastologista.

Um estudo publicadocasa de appsta com2019, por exemplo, mostrou que entre 4.912 pacientes com câncercasa de appsta commama tratadascasa de appsta com28 instituições pelo Brasilcasa de appsta com2001 e 2006, 23,3% tiveram diagnóstico na fase 1 a doença; 53,5% já na fase 2; e 23,2% na fase 3.

Embora a comparação com outros países seja dificultada por diferenças na coleta e apresentação dos dados, a prevalênciacasa de appsta comdiagnósticos tardios está longecasa de appsta comser uma exclusividade do Brasil.

Em geral, diagnósticos mais tardios significam tratamentos mais invasivos e chances menorescasa de appsta comsobrevivência. Por esses e outros motivos, o rastreamento é tão importante.

"Fazer um diagnóstico tardio acaba gerando mais custos para o sistema, porque a gente poderia fazer um tratamento menos invasivo. É aquele problema que vai gerando um gasto econômico atrás do outro, porque um linfonodo palpável, por exemplo precisacasa de appsta comquimioterapia, precisacasa de appsta comradioterapia. E um outro trabalho já mostrou que, mesmo com todas as limitações, a sobrevida no Brasil ainda é muito boa quando o diagnóstico é precoce, acimacasa de appsta com90%. Então vale a pena insistir nisso."

Segundo o INCA, o Ministério da Saúde publicoucasa de appsta comdezembrocasa de appsta com2020 uma portaria estabelecendo uma verbacasa de appsta comR$ 150 milhões para os Estados fortalecerem a prevenção e controle do câncer durante a pandemiacasa de appsta comcoronavírus, inclusive ocasa de appsta commama. O órgão afirmou ainda que foram realizadas oficinas com gestores estaduais no iníciocasa de appsta com2021 orientando-os sobre a detecção precoce no período da crise sanitária causada pela covid-19.

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