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Por que não existe pílula anticoncepcional para homens:bets estrela bet
Segundo Watkins, o principal desafio médico sempre foi o fatobets estrela betque, enquanto a mulher libera um óvulo por mês, o homem produz milhõesbets estrela betespermatozoides por dia.
Mesmo quando o homem perde 90%bets estrela betsua capacidadebets estrela betproduzir espermatozoides, segue sendo fértil, explica ele.
Mas essa não é a razão central pela qual não foi desenvolvida uma pílula eficiente e segura.
"Acho que se esse desenvolvimento não aconteceu efetivamente foi por causa do sucesso da pílula anticoncepcional feminina. Ela funciona tão bem e é tão eficiente que, do pontobets estrela betvista econômico, muitas empresas farmacêuticas não veem a necessidadebets estrela betinvestirbets estrela betuma nova."
"Por distintos motivos, colocou-se o peso do cuidado com a contracepção nas mulheres", agrega Watkins. "Foram elas que tiverambets estrela betassumir quase totalmente essa responsabilidade, o que é um pouco injusto."
Talvez o contraceptivo mais antigo da história seja a camisinha: desde quase 2 mil anos antesbets estrela betCristo há referências a métodos desse tipo para o controle da natalidade por meiobets estrela betum material que faça uma barreira física, na anatomia masculina, entre os espermatozoides e o óvulo.
No século 18, introduziu-se o que ainda é o último avanço no campo masculino: a vasectomia, procedimento cirúrgico que interrompe o suprimentobets estrela betespermatozoides ao sêmen, por meio do bloqueio dos vasos deferentes.
Depois, já na metade do século 20, com o avanço da pílula anticoncepcional feminina, começou também a busca por um medicamento equivalente ao público masculino.
A tarefa parecia simples. "Em teoria, tentar (controlar) a produçãobets estrela betesperma deveria ser um processo simples. A biologia da produçãobets estrela betespermatozoides ebets estrela betcomo eles nadam até o óvulo é bem compreendida", explica Watkins.
Atualmente existem duas áreasbets estrela betpesquisa nesse campo: uma focada na contracepção hormonal, com hormônios sintéticos (artificiais) para deter temporariamente o desenvolvimentobets estrela betespermatozoides sadios, e outra focadabets estrela bettécnicas que evitem que os espermatozoides sadios entrem na vagina e consigam fecundar.
No entanto, os esforços dedicados à criaçãobets estrela betuma pílula masculina enfrentaram obstáculos — incluindo efeitos colaterais causados por alguns componentes.
Em 2016, um estudo que injetoubets estrela bethomens testosterona e progestógenos similares aos hormônios da pílula feminina tevebets estrela betser interrompido.
"Viu-se que que havia efeitos colaterais - como espinhas na pele, transtornos no estadobets estrela betânimo e aumento na libido - que os homens consideraram fortes e intoleráveis, o que levou ao cancelamento do estudo", prossegue Watkins.
"No entanto, muitos especialistas podem ver esses efeitos colaterais como relativamente pequenosbets estrela betcomparação com os enfrentados pelas mulheres que tomam pílula -bets estrela betansiedade a aumentobets estrela betpeso, dorbets estrela betcabeça, redução da libido e coágulos sanguíneos."
A isso, dizem especialistas, se soma o fatobets estrela beta camisinha ser um método barato e sem efeitos colaterais.
"A camisinha, além disso, não serve só para o controlebets estrela betnatalidade, como também para prevenir doenças sexualmente transmissíveis - o que também evitou que se buscasse uma saída (contraceptiva) do lado do homem", afirma Watkins.
'Ameaça à masculinidade'
No entanto, para outros especialistasbets estrela betsaúde reprodutiva, é preciso ir além da faltabets estrela betinteresse das empresas farmacêuticasbets estrela betapoiar pesquisas sobre a complexidade biológica da fertilidade masculina e para chegar-se a uma pílula eficaz para homens.
Para a médica Lisa Campo-Engelstein, diretora do Institutobets estrela betBioética e Humanidades da Saúde da Universidade do Texas (EUA) e pesquisadora do futuro da saúde reprodutiva, "é claro que a pílula anticoncepcional masculina não existe não por motivos científicos, mas por uma questãobets estrela betgênero,bets estrela betnormais sociais. Se deixou esse trabalho exclusivamente para as mulheres".
"Atualmente, as mulheres suportam a maior parte da carga financeira ebets estrela betsaúde relacionada à contracepção", diz a pesquisadora à BBC News Mundo. "Em geral, os métodos femininos tendem a ser mais caros que os masculinos, porque a maioria exige pelo menos uma visita ao médico, receita e repetição periódica".
Campo-Engelstein é autorabets estrela betum artigobets estrela betopinião defendendo esforçosbets estrela betprol da pílula masculina e lembrando que, nos EUA, muitos planosbets estrela betsaúde não cobrem a contracepção.
Além disso, os Estados americanos que exigem que planosbets estrela betsaúde ofereçam essa cobertura tenham, também, cláusulasbets estrela betexclusão voluntária por motivos religiosos ou éticos.
"Muitas mulheres desejam pararbets estrela bettomar a pílula por conta dos fortes efeitos colaterais e hormonaisbets estrela betseu corpo, mas muitas vezes não o fazem porque o homem só recorre à camisinha", diz a pesquisadora.
"O tema da contracepção deve serbets estrela bettodos os envolvidos. Embora seja certo que o homem esteja assumindo cada vez mais responsabilidade nisso, o fato é que ainda há muito a se fazer."
O futuro
Tanto Watkins como Campo-Engelstein acreditam que vai chegar o dia da pílula masculina.
"Acho que tem havido mudanças que farão as farmacêuticas dedicar mais recursos a isso. E há muitos homens dispostos a tomar (a pílula), porque isso lhes daria controle sobre seu corpo", opina Watkins.
O acadêmico ressalta dois esforços que podem tornar-se base para um método eficaz e seguro: a pílula dos "lençóis limpos" (em inglês, clean sheet pill) e o "vasagel".
A pílula dos "lençóis limpos" funcionaria limitando a liberaçãobets estrela betesperma e, ao prevenir a saídabets estrela betespermatozoides e do líquido que os transporta, evitaria gestações indesejadas e doenças sexualmente transmissíveis.
Mas essa pílula por enquanto só foi testadabets estrela betanimais, e estima-se que seja necessária mais uma década para estar apta para uso humano.
"E o 'vasagel' é uma substânciabets estrela betpolímeros injetada na área genital, especialmente nos vasos deferentes, onde o sêmen é transportado. Embora permita o movimento do líquido, ele detém a passagembets estrela betespermatozoides", relata Watkins.
Ao mesmo tempo, a pesquisadora Campo-Engelstein acha que será necessário haver também mudanças sociais, e não só avanços científicos.
"Como questãobets estrela betjustiça social, devemos avançarbets estrela betdireção a uma responsabilidade contraceptiva compartilhada", defende.
"Para tal, precisamos dedicar mais recursos ao desenvolvimentobets estrela betmétodos anticoncepcionais para homens. Mas se não houver mudanças nas normasbets estrela betgênero dominantes quanto à saúde reprodutiva, me parece pouco provável que os homens usem a contracepção no mesmo ritmo que as mulheres, mesmo que os métodos existam."
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