'Ignoradas' por Clubhouse, pessoas com deficiência pedem redes sociais mais acessíveis:1xbet brasil ltda

E a resposta para esse caso, pelo menos num primeiro momento, é: não.

"Pessoas com deficiência são acostumadas a ser invisíveis, mas eu me recuso a fazer isso", disse à BBC News Brasil a escritora Paula Pfeifer, que usou suas redes sociais para apontar problemas1xbet brasil ltdaacessibilidade na nova plataforma — e foi criticada por isso.

Com deficiência auditiva e líder do projeto Surdos Que Ouvem, ela chegou a ser acusada1xbet brasil ltdafazer "militância chata" por levantar a voz para um problema recorrente que enfrenta ao tentar participar1xbet brasil ltda"novidades" na internet.

"Desde que me posicionei, eu preciso 'provar' que acessibilidade é importante. Acessibilidade não é um luxo. Na verdade, ela é pré-requisito básico1xbet brasil ltdaprodutos e serviços e deve ser pensada desde a1xbet brasil ltdaconcepção, e não para 'tapar buraco' depois".

Além da "clara" limitação para pessoas surdas, o aplicativo foi alvo1xbet brasil ltdareclamação1xbet brasil ltdapessoas cegas — já que foi disponibilizado sem configurações que permitam a utilização1xbet brasil ltdaleitores1xbet brasil ltdatela.

Lançado1xbet brasil ltdamaio1xbet brasil ltda20201xbet brasil ltdaversão beta (testes), o Clubhouse ganhou grande popularidade no Brasil e1xbet brasil ltdaboa parte do mundo nas últimas semanas.

Figuras conhecidas, como o empresário e fundador da Tesla Elon Musk e a apresentadora Oprah Winfrey, participaram1xbet brasil ltdatransmissões ao vivo e ajudaram a popularizar ainda mais a plataforma. No Brasil, nomes como Caetano Veloso e Anitta apareceram por lá.

Segundo o portal Statista, especializado1xbet brasil ltdaestatísticas e bases1xbet brasil ltdadados, o número1xbet brasil ltdausuários do Clubhouse1xbet brasil ltdajaneiro era1xbet brasil ltda2 milhões, ante 600 mil1xbet brasil ltdadezembro1xbet brasil ltda2020.

Analistas que fazem esse monitoramento, porém, já apontam até 10 milhões1xbet brasil ltdapessoas conectadas1xbet brasil ltdafevereiro.

Na loja da Apple, o aplicativo criado por Rohan Seth, ex-funcionário do Google, e Paul Davison, empreendedor do Vale do Silício, aparecia como o segundo mais baixado1xbet brasil ltda161xbet brasil ltdafevereiro.

Mas, apesar1xbet brasil ltdatodo esse interesse, pessoas com deficiência lembram que, mais uma vez, elas foram deixadas para depois.

De acordo com a Organização Mundial1xbet brasil ltdaSaúde, cerca1xbet brasil ltda466 milhões1xbet brasil ltdapessoas tem algum nível1xbet brasil ltdadeficiência auditiva no mundo. 596 milhões1xbet brasil ltdapessoas tinham deficiência visual, sendo 43 milhões1xbet brasil ltdapessoas cegas, segundo levantamento recém-divulgado da The Lancet Global Health.

'Não olham para a acessibilidade digital'

Para Marcelo Sales, designer, professor e especialista1xbet brasil ltdaacessibilidade digital, "já passou da hora"1xbet brasil ltdaas empresas pensarem1xbet brasil ltdaferramentas inclusivas desde a concepção1xbet brasil ltdaum produto. Foi aí, na1xbet brasil ltdaavaliação, a principal falha do Clubhouse.

"É utopia achar que teremos produtos 100% acessíveis. Eu posso até compreender que é um produto novo, que ainda precisa ser validado,1xbet brasil ltdateste. O que não faz sentido é não incluir ferramentas que podem estar num primeiro momento e informar ao público o que estão planejando para um segundo momento. Ficou claro que eles não olharam pra isso."

Um exemplo1xbet brasil ltdaalgo que poderia estar num "primeiro momento" seria disponibilizar botões e outros elementos essenciais codificados que pudessem ser captados por um leitor1xbet brasil ltdatela. É algo "ridiculamente fácil1xbet brasil ltdaser implementado", segundo Sales.

Sem os leitores1xbet brasil ltdatela funcionando, pessoas cegas e com baixa visão usuárias1xbet brasil ltdasmartphones não conseguem saber que elementos há ali e onde precisam clicar.

Foi o que aconteceu com o jornalista e ativista Gustavo Torniero, que tentou participar1xbet brasil ltdaconversas no Clubhouse quando o aplicativo começou a se popularizar.

Após duas horas participando1xbet brasil ltdauma sala, Torniero teve a chance1xbet brasil ltdafalar. Mas não conseguiu abrir o microfone, pela falta1xbet brasil ltdaacessibilidade para leitores1xbet brasil ltdatela.

"Foi frustrante. Imagina você ouvir a moderadora da sala (que obviamente não sabia1xbet brasil ltdanada disso e era uma fofa) dizer: 'Torniero, você precisa ativar o botão para aceitar o convite'. Mas não tem como eu fazer isso se o app não tem uma boa acessibilidade para pessoas cegas", relatou o jornalista no Twitter.

O jornalista contou que, na última semana, "a plataforma realizou algumas atualizações e corrigiu diversos problemas1xbet brasil ltdaacessibilidade para leitores1xbet brasil ltdatela", apesar1xbet brasil ltdalimitações no uso do recurso para falar1xbet brasil ltdauma sala. "Não é o ideal, mas é um começo."

"O fato1xbet brasil ltdao Clubhouse ter problemas1xbet brasil ltdaacessibilidade não me impede1xbet brasil ltdaentender o propósito da plataforma e os méritos do produto. Eu quero sim estar lá, porque minha visão é1xbet brasil ltdaque as pessoas com deficiência precisam ocupar vários espaços. Quero estar na plataforma para fomentar, inclusive, debates sobre acessibilidade. E vou continuar1xbet brasil ltdabusca disso", completou Torniero à BBC News Brasil.

Em nota publicada no fim1xbet brasil ltdajaneiro, os fundadores do Clubhouse disseram que trabalham para incluir mais acessibilidade ao aplicativo, após uma nova rodada1xbet brasil ltdafinanciamento, sem especificar quais melhorias são previstas.

A BBC News Brasil tentou entrar1xbet brasil ltdacontato com o Clubhouse, mas a empresa informou que, diante da alta demanda, não tem como atender todos os pedidos da imprensa.

E os surdos numa rede1xbet brasil ltdaáudio?

Mas, afinal, como uma uma rede que é baseada1xbet brasil ltdaáudio pode ser acessível a pessoas surdas?

Marcelo Sales explica que a pandemia — e a maior dependência dos produtos digitais que veio com ela — acelerou o processo das empresas olharem mais para a acessibilidade.

Ferramentas1xbet brasil ltdavideoconferência como o Zoom e o Google Meets, por exemplo, incluíram serviços1xbet brasil ltdaacessibilidade, como a possibilidade1xbet brasil ltdaincluir legendas automatizadas1xbet brasil ltdatempo real.

Redes sociais como Instagram e Facebook também já incluíram na plataforma, assim como o YouTube, a geração automática1xbet brasil ltdalegendas.

"O problema é que a assertividade desses produtos ainda não é 100%. Há alguns erros. Imagina ter uma conversa e a legenda passar alguma informação séria errada que pode afetar a interpretação. Isso é algo que tem que ser feito com parcimônia e precisa ser aperfeiçoado", ponderou o especialista1xbet brasil ltdaacessibilidade digital.

Manualmente, alguns produtores1xbet brasil ltdapodcasts disponibilizam uma transcrição1xbet brasil ltdaepisódios e conversas — algo que não deve ocorrer com o Clubhouse, já que as conversas não ficam salvas após uma sala ser encerrada.

Para Pfeifer, do "Surdos que Ouvem", toda a discussão iniciada1xbet brasil ltdasuas redes sociais não se resume ao Clubhouse, mas o aplicativo se torna um "case que escancara o "capacitismo [discriminação contra pessoas com deficiência] generalizado da sociedade".

"É a necessidade1xbet brasil ltdase jogar luz na questão da falta1xbet brasil ltdaacessibilidade1xbet brasil ltdauma maneira geral. A sociedade pouco se importa com isso. Se as pessoas com deficiência não se posicionarem, levantarem a voz, apontarem o erro, ninguém fará isso", argumenta Pfeifer.

Também professor1xbet brasil ltdaacessibilidade digital1xbet brasil ltdacursos1xbet brasil ltda"experiência1xbet brasil ltdausuário", Marcelo Sales alerta que poucos profissionais conseguem a formação técnica para trabalhar com o tema, já que muitas instituições1xbet brasil ltdaensino "ignoram" essa disciplina.

As empresas, por1xbet brasil ltdavez, são formadas por equipes que nem sempre pararam para pensar nas dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência.

Sales vai além e destaca ainda que empresários do mundo digital precisam parar1xbet brasil ltdapensar1xbet brasil ltdaacessibilidade como um "complemento" ou como "um favor" feito às pessoas.

"O que custa caro é a falta1xbet brasil ltdaplanejamento. Do ponto1xbet brasil ltdavista do negócio, precisam perceber os milhões1xbet brasil ltdapotenciais consumidores que ficam1xbet brasil ltdafora1xbet brasil ltdaseu produto. Não só quem tem deficiência, mas as pessoas ao redor que podem tomar as dores. Precisam enxergar como potencial1xbet brasil ltdanegócio".

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