Cadija, a rica e poderosa mulher que foi chave no nascimento do Islamismo:betnacional linkedin

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Legenda da foto, Cadija era respeitada embetnacional linkedinsociedade, muito rica e poderosa antes mesmobetnacional linkedinconhecer Maomé

Ela jurou que não se casaria novamente, mas a convicção dela durou até que conheceu quem se tornaria seu terceiro marido.

Se ela o escolheu, disse Zaman à BBC, foi porque viu nele "algumas qualidades incríveis que a fizeram mudarbetnacional linkedinideia sobre o casamento".

Literalmente, foi Cadija quem o escolheu, foi ela quem propôs que se casassem. Ela tinha 40 anos e ele 25, um jovembetnacional linkedinorigem muito humilde.

A história não é apenasbetnacional linkedinamor, mas evoca também o nascimento da segunda religião mais seguida no mundo.

É que Cadija se casou com Maomé antesbetnacional linkedinele se tornar o último profeta do Islã.

A comerciante

Robert Hoyland, professorbetnacional linkedinhistória do Antigo Oriente Médio na Universidadebetnacional linkedinNova York, adverte que é difícil obter uma imagem detalhadabetnacional linkedinquem foi Cadija,betnacional linkedinparte porque o que se sabe sobre ela foi escrito muitos anos apósbetnacional linkedinmorte.

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Legenda da foto, As caravanas da empresabetnacional linkedinCadija e da família dela viajaram longas distâncias no Oriente Médio

No entanto, a maioria das fontes aponta que se tratavabetnacional linkedinuma mulher com "a ambiçãobetnacional linkedinum espírito livre e com uma vontade muito forte", conta o conceituado autor à BBC News Mundo, serviçobetnacional linkedinespanhol da BBC.

Por exemplo, ela teria recusado se casar com seu primo, algo ditado pela tradição familiar, porque ela queria escolher seu parceiro.

Cadija era filhabetnacional linkedinum comerciante que transformou o negócio da famíliabetnacional linkedinum império comercial. Depois da morte delebetnacional linkedinuma batalha, ela assumiu o controle.

"Ela estava claramente acostumada a trilhar seu próprio caminho no mundo", disse a historiadora Bettany Hughesbetnacional linkedinum documentário da BBC.

"Na verdade, foi a perspicácia dela para os negócios que a colocariabetnacional linkedinum caminho que acabaria mudando a história do mundo."

A ajudante

O negócio que Cadija dirigia,betnacional linkedinMeca (Arábia Saudita), possuía muitas caravanas que transportavam produtos pelas grandes cidades do Oriente Médio.

Crédito, David Levenson/Getty Images

Legenda da foto, "Jadiya estaba claramente acostumbrada a abrirse camino en el mundo", indica la reconocida historiadora británica Bettany Hughes en un documentalbetnacional linkedinla BBC.

As caravanas percorriam longas distâncias que iam, por exemplo, ao sul do Iêmen e ao norte da Síria.

Embora partebetnacional linkedinsua riqueza venha da família, Cadija também fezbetnacional linkedinfortuna, diz Fozia Bora, professora associadabetnacional linkedinHistória Islâmica da Universidadebetnacional linkedinLeeds, na Inglaterra, à BBC News Mundo.

"Ela era uma mulherbetnacional linkedinnegócios por seus próprios méritos, com muita autoconfiança."

Cadija estava acostumada a contratar funcionários para cobrir diferentes aspectos dos negócios.

Certa vez, ela ouviu falarbetnacional linkedinum homem que tinha a reputaçãobetnacional linkedinser muito honesto e trabalhador. Ela o conheceu e pediu-lhe para assumir umabetnacional linkedinsuas caravanas. Logo surgiu um sentimentobetnacional linkedinadmiração por ele.

Cadija ficou tão impressionada que decidiu se casar com ele. Essa união, diz Bora, deu a Maomé, que era órfão e criado por um tio, uma vida "com maior estabilidade e prosperidade econômica".

Acredita-se que eles tiveram quatro filhos, embora apenas as filhas tenham conseguido sobreviver à primeira infância.

"De uma perspectiva sociológica, você também precisa entender as condições da época. Era um casamento monogâmicobetnacional linkedinuma épocabetnacional linkedinque a maioria dos homens tinha várias esposas. Era uma sociedade muito polígama", dissebetnacional linkedinum programa da BBC a professora Rania Hafaz, membro do Instituto Muçulmanobetnacional linkedinLondres.

As primeiras revelações

Maomé nasceu e foi criado na tribo Quraysh (a mesmabetnacional linkedinCadija), numa épocabetnacional linkedinque vários grupos da região adoravam vários deuses.

Anos depoisbetnacional linkedinse casar, ele iniciou uma transformação espiritual progressiva que o levou a entrar nas montanhasbetnacional linkedinMeca para meditar.

Segundo o Islã, Maomé recebeu revelaçõesbetnacional linkedinDeus por meio do anjo Gabriel, o mesmo que anunciou a Maria que ela seria a mãebetnacional linkedinJesus.

Assim foi revelado a ele o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.

É dito que quando ele vivenciou a primeira revelação, Maomé sentiu medo porque não sabia do que se tratava.

"Ele não conseguia entender o que estava vivendo. Faltava-lhe um pontobetnacional linkedinreferência porque não havia sido educado para compreender o monoteísmobetnacional linkedinDeus", explica Bora.

"Ele estava extremamente confuso e angustiado com o que estava passando e as fontes dizem que as revelações não foram fáceis, ainda que a experiência tenha sido gentil, ela foi fisicamente chocante."

Nesse contexto, Maomé decidiu contar a uma pessoa o que estava acontecendo. "Era alguémbetnacional linkedinquem podia confiar para qualquer coisa", diz Hoyland.

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Legenda da foto, Segundo os muçulmanos, seis séculos após o nascimentobetnacional linkedinJesus, Deus revelou o Alcorão ao profeta Muhammad por meio do anjo Gabriel, o mesmo que, segundo o cristianismo, anunciou a Maria que ela estava grávida

Cadija o ouviu e o acalmou, buscando conselhosbetnacional linkedinum parente que tinha conhecimento sobre cristianismo. Acredita-se que Waraqah ibn Nawfal fez uma ligação entre as revelaçõesbetnacional linkedinMaomé e as recebidas por Moisés.

"Ele conhecia as escrituras anteriores", explica Bora, então foi "uma espéciebetnacional linkedinconfirmação da autenticidadebetnacional linkedinsuas revelações".

"Sabemos que quando ele começou a ter as revelações do Alcorão, Maomé até duvidoubetnacional linkedinsi mesmo, mas foi Cadija quem confirmou para ele a realidadebetnacional linkedinsua missão profética", diz Leila Ahmed, estudiosa do Islã e professora da Universidade Harvard.

A primeira muçulmana

Para muitos especialistas, tendo sido a primeira pessoa a ouvir as revelações que Maomé recebeu, Cadija se tornou a primeira mulher muçulmana na história.

Crédito, Cortesía: Fozia Bora

Legenda da foto, "Para mim, como historiadora e muçulmana, Cadija é uma figura inspiradora", diz Fozia Bora, professora associadabetnacional linkedinhistória islâmica na Universidadebetnacional linkedinLeeds, na Inglaterra

"Ela acreditou e aceitou a mensagem", diz Bora.

"Considero que isso deu a Maomé muita confiança para começar a espalhar a mensagem (...) Isso o fez sentir que tinha uma voz."

Maomé, diz Hughes, desafiou os anciãos da tribo e decidiu pregar publicamente:

"Só existe um Deus, Alá. Adorar os outros é uma blasfêmia."

De acordo com Bora, quando Maomé começou a ensinar o islã, ele foi marginalizado por muitos membros da sociedadebetnacional linkedinMeca porque eles se opunham à mensagem monoteísta.

"Mas Cadija deu a ele o apoio e a proteção que ele tanto precisava na época."

Hoyland observa que também foi uma épocabetnacional linkedinque Maomé começou a sofrerbetnacional linkedindepressão,betnacional linkedinparte porque conhecidos pagãos e familiares começaram a se afastar dele.

Mas a decisão estava tomada: entregar-se àbetnacional linkedinmissão como profeta.

"Pelos próximos 10 anos, Cadija usou suas conexões familiares e todabetnacional linkedinriqueza para sustentar seu marido e financiar a fé nascente, uma religião construída sobre o princípio polêmicobetnacional linkedinum Deusbetnacional linkedinuma sociedade que acreditavabetnacional linkedinmuitos", reflete Hughes.

betnacional linkedin ' betnacional linkedin O ano da tristeza betnacional linkedin '

Cadija fez tudo que estava ao alcance dela para apoiar o marido e o Islã até o fimbetnacional linkedinseus dias.

Em 619, ela adoeceu e morreu.

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Legenda da foto, Na história do Islã, existem importantes figuras femininas

Depoisbetnacional linkedin25 anos juntos, Maomé ficou arrasado.

"Ele nunca se recuperou realmente da mortebetnacional linkedinCadija", afirma Hoyland.

"O que impressiona nas fontes é a maneira como falambetnacional linkedinCadija, como a melhor amigabetnacional linkedinMaomé teve, ainda mais do que seus companheiros mais próximos: Abu Bakar ou Omar."

"Esse é o aspecto romântico desse relacionamento."

Na verdade, Hughes indica que "os muçulmanos ainda se lembram do anobetnacional linkedinsua morte como o Ano da Tristeza".

Mais tarde e seguindo a tradição, Maomé se casou novamente.

Em um programa da BBC, Fatima Barkatulla, uma acadêmica muçulmana e autorabetnacional linkedinum livro infantil sobre Cadija, apontou que uma das fontesbetnacional linkedininformação sobre Cadija são os hadiths, que são histórias sobre a vidabetnacional linkedinMaomé, que foram lembradas por seus seguidores mais próximos e que mais tarde foram escritos.

Um dos narradores dos hadiths foi uma das esposasbetnacional linkedinMaomé, Aixa, outra figura fundamental do islã.

"Obviamente o profeta contou a ela a históriabetnacional linkedinCadija e ela conta o que aconteceu no início das revelações, quando se tornou profeta", explica Barkatulla.

Embora Aixa não tenha testemunhado esse período na vidabetnacional linkedinMaomé, ela "assumiu fielmente seu deverbetnacional linkedintransmitir aos muçulmanos" o que lhe foi contado, diz a autora.

betnacional linkedin ' betnacional linkedin Um modelo a seguir betnacional linkedin '

Para Bora, aprender sobre a históriabetnacional linkedinCadija é fundamental para quebrar o mitobetnacional linkedinque nas primeiras comunidades muçulmanas as mulheres ficavam confinadasbetnacional linkedincasa.

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Legenda da foto, Para muitas mulheres jovens muçulmanas, Cadija é um modelo a seguir

Maomé não pediu a Cadija que parassebetnacional linkedinfazer o que gostava. Na verdade, diz o especialista, o islã deu mais direitos e destaque às mulheres da época.

"Para mim, como historiadora e muçulmana, Cadija é uma figura inspiradora, tal como Fátima (uma das suas filhas com Maomé) e Aixa, entre outras mulheres".

"Elas eram intelectuais, politicamente ativas e desempenharam um grande papel na difusão da religião e na formação da sociedade islâmica."

"É maravilhoso para mim poder ensinar meus alunos (crentes ou não) sobre essas mulheres."

A admiração por Cadija como modelo foi evidenciada por Hoyland há alguns anos, quando dava aulas no Paquistão.

"Dois alunos me abordaram porque tinham mais perguntas sobre ela. Disseram que Cadija era a heroína deles, uma mulher forte que dirigia seu próprio negócio."

Como reflete Hughes, a posição das mulheres no Islã é um tópico muito debatido hoje, já que muitos a associam a um elementobetnacional linkedinopressão.

"Se você pensar sobre esses grandes modelos, Cadija e Aixa, o que você acha que elas pensariam do Islã conforme se desenvolveu no século 21?" Hughes perguntou à acadêmica Myrian François-Cerrah.

"Não tenho certeza se elas reconheceriam as práticas que temos hoje. E certamente não tenho certeza se Aixa aceitaria receber ordens para ficar no fundobetnacional linkedinuma sala e não falar o que pensava. Ela estava muito acostumada a ensinar os homens, a educá-los. Se ela tivesse algo a dizer ela falaria", disse a especialista.

"E a ideiabetnacional linkedinque Cadija, uma figura muito poderosa, estavabetnacional linkedinalguma forma limitada ou quebetnacional linkedinvoz, seus direitos eram restritos, não tenho certeza se isso seria algo que elas estariam dispostas a aceitar ou reconhecer."

As histórias delas têm desafiado a percepçãobetnacional linkedinmuitas pessoas sobre o papel das mulheres no islã.

"É chocante que fora do islã, pouquíssimosbetnacional linkedinnós tenhamos ouvido falar delas", conclui Hughes.

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