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'Era como se meu sangue e sêmen fossem venenosos': o homem que descobriu 'sem querer' que tinha HIV:betconstruct pragmaticplay
"Aceitei prontamente fazer. Sendo branco e hetero, achei que daria negativo. Mas não foi assim."
Alguns meses antes, na Áustria, Christopher havia ficado muito doente, mas nem lhe ocorreu que poderia ser algo relacionado ao vírus.
"Nenhum médico me pediu exame porque eu não estava no grupobetconstruct pragmaticplayrisco. Fiz o teste meio por acaso na Índia — e o resultado me deixoubetconstruct pragmaticplaychoque."
"Na verdade tive sorte, porque poderia ter demorado anos até efetivamente fazer um exame diagnóstico."
'Por que eu?'
"Senti medo no começo. Tinha muitas perguntas a respeito do HIV. Pensei: 'Por que eu?' E me dei contabetconstruct pragmaticplayque tinha que eliminar um montebetconstruct pragmaticplayclichês sobre o vírus que trouxe sobre dos anos 80 e 90 para o século 21."
E foi isso que ele fez. Christopher passou as 48 horas seguintes ao diagnóstico pesquisando e descobriu conceitos como o limitebetconstruct pragmaticplaydetecção e a carga viral, alémbetconstruct pragmaticplayacalmar o temor que sentiubetconstruct pragmaticplayque nunca mais fosse aceito,betconstruct pragmaticplayque não poderia ter filhos ou uma família ou que nunca mais pudesse dividir momentosbetconstruct pragmaticplayintimidade com outra pessoa.
Descobriu com o tempo que a maior parte dos problemas que enfrentaria seriam psicológicos e relacionados ao estigma que existe ainda hoje a respeito do HIV.
"Não sinto nenhuma consequência negativa real muito além disso. Na Europa Ocidental temos o privilégiobetconstruct pragmaticplaypoder contar com um bom sistemabetconstruct pragmaticplaysaúde, que nos oferece tratamento gratuito."
Ainda que não haja cura para o HIV, existem hoje tratamentos retrovirais bastante efetivos, que permitem que a maioria das pessoas com o vírus tenha uma vida longa e saudável.
'Era como se meu sangue e sêmen fossem venenosos'
Christopher lembra que, pouco depoisbetconstruct pragmaticplaycomeçar a tomar os medicamentos, a tosse irritante que tinha há algum tempo desapareceu.
Mas outros problemas surgiram, como o momentobetconstruct pragmaticplayirbetconstruct pragmaticplayum encontro com alguém novo.
"Por algum tempo senti algo estranho dentrobetconstruct pragmaticplaymim. Me sentia tóxico, era como se meu sangue e sêmen fossem venenosos. Sentia que era um perigo para as pessoas, especialmente aquelas que queriam se aproximarbetconstruct pragmaticplaymim."
"No começo, sair com alguém era algo quase impossível, porque o HIV destrói a a confiança que você tembetconstruct pragmaticplaysi mesmo e, se você vaibetconstruct pragmaticplayum encontro sem confiança, é melhor nem ir."
Para ele, é assustador não saber como as pessoas vão reagir quando se conta para elas sobre o vírus.
'Posso pegar pelo beijo?'
Christopher já se deparou como todo tipobetconstruct pragmaticplayreação. "É uma loteria", diz.
"Uma experiência positiva aconteceu quando perguntei a uma garota: 'Como você reagiria se dissesse que sou HIV positivo?' E ela só sorriu e disse que isso deixaria as coisas muito mais interessantes. Mas também já encontrei pessoas quebetconstruct pragmaticplaycara me perguntaram: 'posso pegar pelo beijo?'"
"Hoje posso dizer que tenho orgulhobetconstruct pragmaticplayconviver com o HIV e consigo transmitir isso à pessoa com quem estiver saindo. Não sempre, claro, às vezes bate o medo, o ceticismo, a rejeição."
"Acho que esse é outro aspecto do HIV: viver constantemente com medobetconstruct pragmaticplayser descoberto. É preciso ter cuidado com o que se diz e com as consequência que as palavras podem ter. É como viver a vida como um agente secreto", acrescenta.
Com o tempo, ele decidiu abandonar a vida dupla e concluiu que deveria aproveitar "o privilégiobetconstruct pragmaticplayviverbetconstruct pragmaticplayum paísbetconstruct pragmaticplayque ter HIV é algo menos problemático" para educar e inspirar outras pessoas.
"Percebi que, se eu não pudesse dizer que tenho HIV, quem então poderia?"
O medobetconstruct pragmaticplayser excluído
Há muitos anos então Christopher luta contra o estigma relacionado às pessoas que vivem com o vírus.
No passado, ele chegou a usar um pseudônimo, Philipp Spiegel, para falar sobre o HIV e dar entrevistas. Tinha tanto medobetconstruct pragmaticplayser visto e tratadobetconstruct pragmaticplayforma diferente que se sentiu obrigado a criar uma espéciebetconstruct pragmaticplaypersonagem.
"Tinha medobetconstruct pragmaticplayser isolado,betconstruct pragmaticplayser excluído da sociedade."
"Quanto mais me confrontava comigo mesmo e desafiava minhas percepções sobre sexualidade e masculinidade, menos importância dava a tudo isso. Assim, foi ficando cada vez mais fácil sair do armário, porquebetconstruct pragmaticplayalgum momento disse pra mim mesmo: 'Isso não é nada do outro mundo'."
Foram anos, entretanto, e muitas experiências até que ele chegasse a essa conclusão. Uma delas foi se apaixonar novamente.
"Me ajudou muito quando finalmente me envolvi emocionalmente e vi como ela me tratava, como o assunto do vírus nunca estava presente, que se resumia apenas a tomar a pílula do dia."
'Hoje sou mais feliz que antes'
"Uma percepção equivocada é abetconstruct pragmaticplayque o HIV dominabetconstruct pragmaticplayvida. No meu caso, se eu não trabalhasse com o tema, praticamente nem tocaria no assunto. Há momentobetconstruct pragmaticplayque meus amigos e minha família simplesmente esquecem que tenho o vírus — porque isso efetivamente não é um problema."
Ele confessa que umbetconstruct pragmaticplayseus maiores medos era ser tachado como "o rapaz soropositivo".
"Mas sou muito mais que isso, o HIV é só um aspecto da minha vida."
Hoje, o escritor e ex-jornalista diz que o diagnóstico abriu-lhe a oportunidade para refletir sobrebetconstruct pragmaticplayvida e lhe ofereceu uma visão mais ampla das coisas.
"Vivo mais o presente. Hoje vivo mais feliz do que antes do HIV, também porque essa foi uma experiência traumática."
Todabetconstruct pragmaticplaytrajetória também acabou lhe dando um propósito artístico e a metabetconstruct pragmaticplayescrever um livro sobre o que é viver com HIV.
'O conhecimento dispersa o medo'
Ele acredita que o processo pode ser mais traumático para muitos homens heterossexuais por problemas ligados à masculinidade.
"Muitos homens hetero não falam que têm HIV porque têm medobetconstruct pragmaticplayserem chamadosbetconstruct pragmaticplaygays oubetconstruct pragmaticplaydrogados."
Ele não tem, entretanto, um conselho pronto para quem, como ele, acaboubetconstruct pragmaticplayreceber o diagnóstico e está perdido,betconstruct pragmaticplaychoque.
"É difícil, porque o conselho seria diferente a depender do país, da região e até da família da pessoa. Conheço pessoas que foram expulsasbetconstruct pragmaticplaysuas famílias por causa disso."
Independentemente disso,betconstruct pragmaticplaymensagem é para todos aqueles que vivem com HIV no século 21.
"Sentir culpa ou ter vergonha é um esforço inútil. Não tenha pressa. Tenha paciência, aceite o que está aí, mas dê ao HIV o espaço que ele tembetconstruct pragmaticplayocupar nabetconstruct pragmaticplayvida. Não deixe que ele decida que espaço vai ocupar — essa decisão é sua."
"Procure conhecer sobre o vírus, porque o conhecimento dispersa o medo."
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