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Jovens devem levar covid-19 a sério, diz mulher que sofre com sequelas da gripe suína uma década depois:
Uma britânica que quase morreu após contrair a gripe suína quando adolescente, há 10 anos, defende que jovens comecem a levar vírus, incluindo o que provoca a covid-19, mais a sério.
"Vejo muitos jovens que não usam máscaras... Sim, eles podem e devem usar", diz Saffra Monteiro,26 anos,entrevista à BBC. "Não só por pessoas como eu (do gruporisco), mas por eles mesmos. Não deveria nem ser uma questão(respeitar) outras pessoas, deveria ser sobre respeitar a si mesmo", acrescenta.
Monteiro acredita que contraiu o vírus da H1N1alguém que espirrou nelaum consultório médico quando ela tinha 15 anos.
"Em 2010, eu contraí a gripe suína. E ela quase me matou. Eu fiquei muito, muito doente. Não era o que você esperaria, considerando que eu tinha 15 anos e era saudável".
"O homem sentado ao meu lado na salaespera estava claramente muito doente e espirrava para todo o lado. Três dias depois, eu fiquei muito, muito mal".
"Minha mãe me levou ao médico. Eles colheram uma amostra e no dia seguinte eu testei positivo para H1N1. Naquele momento, não me lembronada, porque eu desmaiei e fui levada ao hospital".
Estima-se que a epidemiagripe suína tenha matado 200 mil pessoas ao redor do mundo, das quais 2 mil no Brasil.
Sequelas persistentes
Monteiro diz que o vírus a deixou tão mal que ela passou meses sendo internada e recebendo alta do hospital — e convive com os efeitos disso até hoje.
"Passei semanas entrando e saindo do hospital e essa era a minha vida. Quando eu não estava hospitalizada, estavacasa, no meu quarto, na minha cama ou no sofá, com dor e vomitando", lembra.
"A doença danificou minha cavidade nasal, então eu tusso todo o tipocatarro nojento agora. Tenho problemas com o meu sistema digestivo. Dois anos depoiscontrair a gripe suína, tinha convulsões praticamente todos os dias. E sofri várias concussões por causa disso. Tenho que tomar medicamentos e há muitas coisas normais que eu não consigo fazer", conta.
Os efeitos do vírus impediram Monteirotrabalhartempo integral. Ela passa parte do diacasa, cuidandoporcos-espinho resgatados.
"Agora, tenho 26 anos e nada mudou. Ainda sofro os efeitos que a doença me causou e estou praticamente cuidandomim mesma sem ajudaninguém. Por outro lado, as vítimas da covid-19 estão recebendo muita ajuda. (...) É complicado quando você assiste à TV e vê toda a atenção voltada para a covid-19 e a atenção que eles (governo) vão dar a todo mundo que sofreu com isso. E eu me sinto como se estivessepé balançando meus braços e perguntando: 'E eu?'", diz.
Em resposta, o governo britânico afirmou que apoia o NHS (Serviço NacionalSaúde) para "garantir que os indivíduos tenham o nível certocuidados para ajudar a administrar suas condições" e disse que financia pesquisasdoenças infecciosas, incluindo a gripe suína.
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