John Lennon, 80 anos: os ‘minutos mágicos’ do empresário paulista que encontrou o ex-Beatle pouco antesapostas loteriassua morte:apostas loterias

O passo seguinte foi providenciar um presente para o aniversariante: um exemplar de Os reis do iê-iê-iê (1965), a versão brazuca da trilha-sonora do filme A hard day's night (1964), com dedicatória e tudo.

Mallagoli chegou a Nova York por volta do dia 5apostas loteriasoutubro. Todos os dias, ele passava uma médiaapostas loteriasoito horas, das quatro da tarde à meia-noite, na frente do Dakota.

Na esquina da rua 72 com a Central Park West,apostas loteriasManhattan, o Dakota entrou para a história como o edifício residencial mais famoso do mundo.

Com pé direito alto, paredes revestidasapostas loteriasmogno e chãoapostas loteriasmármore, o lugar abrigou astros e estrelas, como a atriz Judy Garland (1922-1969), o bailarino Rudolf Nureyev (1938-1993) e o casal John Lennon e Yoko Ono, que se mudou para láapostas loterias1973.

"Nos anos 1980, o Dakota tornou-se um dos points turísticos mais badaladosapostas loteriasNova York. A qualquer hora do dia ou da noite, havia curiosos na porta do edifício, querendo ver seus moradores ilustres", relata Omena, que moraapostas loteriasNova York desde o verãoapostas loterias1980 e trabalha como designer 3D.

Em pouco tempo, Mallagoli tornou-se "amigoapostas loteriasinfância"apostas loteriasum dos porteiros do Dakota, o cubano José Perdomo,apostas loterias45 anos. Para selar a amizade, deuapostas loteriaspresente a ele "um maçoapostas loteriascigarros e uma garrafaapostas loteriascachaça". Em retribuição, pediu a gentilezaapostas loteriasentregar ao morador mais ilustre do prédio o LP que trouxera do Brasil.

No grande dia, o do aniversárioapostas loteriasJohn Lennon, Mallagoli não era o único a querer dar os parabéns ao ídolo. Uma pequena multidão se formou na frente do Dakota.

A certa altura, o pequeno Sean, que faz aniversário no mesmo diaapostas loteriasque o pai, berrou da janela do sétimo andar: "Há uma surpresinha pra vocês na portaria!".

O ex-beatle havia providenciado fatiasapostas loteriasbolo, embrulhadasapostas loteriaspapel alumínio, e balões coloridos autografados para os fãs.

Em vezapostas loteriaspegar seu pedaço, Mallagoli puxou conversa com o sujeito que trouxera os presentes. Quando descobriu que se tratavaapostas loteriasFrederic Seaman, secretário particular do artista, perguntou se o aniversariante tinha gostado do presente que lhe dera na véspera. "Ah, então, foi você?", espantou-se. "John já ouviu umas três vezes. Há muito tempo ele não ouvia um disco dos Beatles...", disse.

Nessa hora, Mallagoli encheu-seapostas loteriascoragem para perguntar se não daria para ele subir um pouquinho e, quem sabe, conhecer o ídoloapostas loteriasperto. "Não, não daria", respondeu Seaman.

"Gente como a gente"

No dia seguinte, Mallagoli estava lá,apostas loteriasnovo. Deuapostas loteriascara com uma limusine, estacionada na porta, com o motor ligado. "Ele deve sair a qualquer momento", pensou. Não deu outra. Dali a pouco, a moça com quem Mallagoli conversava emudeceu e arregalou os olhos.

Era a senha. Atrás dele, John Winston Ono Lennon, com seu indefectível óculosapostas loteriasaro redondo.

Sem perder tempo, Mallagoli se apresentou como o presidente do fã-clube Revolution, do Brasil. John retribuiu o cumprimento, agradeceu pelo presente e os dois começaram a conversar.

"Por que você nunca foi ao Brasil?", Mallagoli puxou conversa. "Por que nunca me convidaram", respondeu John. "Então, a partirapostas loteriasagora, considere-se convidado", sorriu. Em seguida, Mallagoli quis saber se Lennon estava trabalhandoapostas loteriasalgum novo disco. "Sim, ele vai se chamar Double Fantasy", respondeu, referindo ao seu quinto álbumapostas loteriasestúdio, lançadoapostas loteriasnovembroapostas loterias1980. Pouco depois, contou algunsapostas loteriasseus planos para o futuro: lançar outro álbum, Milk and Honey, no comecinhoapostas loterias1981 e,apostas loteriasseguida, sairapostas loteriasturnê pelo Japão, Europa, EUA... "E Brasil", interrompeu Mallagoli. "Pois é, e Brasil", concordou o cantor.

Neste momento, John contou algo que fez o coraçãoapostas loteriasMallagoli disparar: "Depois que eu terminar a turnê, vou ligar para Paul, Ringo e George e ver o que nós vamos fazer da vida!".

"A ideia dele era reunir os Beatles para gravar mais alguns discos", recorda Mallagoli. "Cada um deles continuaria comapostas loteriascarreira solo, mas,apostas loteriastemposapostas loteriastempos, os quatro se reuniriam para tocar juntos".

Dessa vez, é Lennon quem faz uma pergunta: "De qual música da banda você mais gosta?". "De todas", desconversou o fã. "Escolhe uma!", insistiu o ídolo. Na hora, Mallagoli pensou na primeira que ouviu,apostas loterias1963, quando tinha 11 anos: She loves you. "Por quê?", ficou curioso. "Por nada...", despistou Lennon, com um sorriso maroto, e acrescentou: "Quando você volta para o Brasil?". "Ainda hoje", lamentou, consultando o relógio. E se despediram.

"Foram os 15 minutos mais mágicos da minha vida", garante Mallagoli, hoje aos 67 anos. "Uma emoção difícilapostas loteriasexplicar".

A caminho da limusine, John parou, voltou-se para Mallagoli e deu a impressãoapostas loteriasque queria dizer algo. No entanto, mudouapostas loteriasideia e entrou no carro. Algum tempo depois, Mallagoli perguntou a Seaman se, por acaso, ele sabia o que John queria lhe dizer. "Bem, ele pensouapostas loteriasconvidá-lo para assistir às gravações do disco no estúdio. Mas, como você estavaapostas loteriasviagem marcada, não quis atrapalhar", explicou o assessor.

"Puxa, meu, se soubesse disso, nem voltaria mais para o Brasil!", cai na risada.

As fotos que registraram o encontro entre Lennon e Mallagoli foram tiradas por Osni. "Sim, também sou fã dos Beatles. Mas, não tanto quanto o Mallagoli", diverte-se o amigo. "Minha primeira reação foi pegar a câmera da mão do Mallagoli para registrar o momento. John Lennon foi muito atencioso e receptivo. Gente como a gente", descreve.

Futebol na rua

Ao contrário do que dissera a John, Mallagoli ficou mais um diaapostas loteriasNova York. Antesapostas loteriasregressar ao Brasil, no dia 11, deu uma última passada no Dakota, para despedir-seapostas loteriasJosé Perdomo. Entre outras histórias, o porteiro cubano contou que, na Páscoa daquele ano, Paul, Linda e os filhos passaram alguns diasapostas loteriascompanhiaapostas loteriasJohn, Yoko e Sean.

"Certa noite, John e Paul desceram com algumas crianças do prédio, fecharam a 72 e jogaram bola ali mesmo. Não havia ninguém na rua", contou Perdomo. Não parou por aí. Segundo Lennon teria lhe dito, o ex-Beatle planejava,apostas loteriasbreve, pular o Carnaval no Brasil. "De máscara, para não ser reconhecido", salientou o cubano.

De volta ao Brasil, Mallagoli recebeu, depoisapostas loteriasalguns dias, um telefonemaapostas loteriasFred Seaman. O secretárioapostas loteriasLennon confirmou a intenção do cantorapostas loteriasexcursionar pelo Brasil. "A ideia era fazer showapostas loteriastodos os Estados, pegar o dinheiro da bilheteria, pagar o cachê da banda e doar o resto da grana para alguma instituiçãoapostas loteriascaridade local", recorda.

Mais alguns dias se passaram até Mallagoli receber uma encomenda pelos Correios: o discoapostas loteriasouroapostas loteriasShe loves you, acompanhadoapostas loteriasum bilhete escrito por Simmons. "Lennon me disse que esse disco vai estar melhorapostas loteriassuas mãos do que nas dele". Mallagoli ligou para agradecer. "Lennon gostou muitoapostas loteriasvocê", confidenciou o secretário. "Era como se fossem dois velhos amigos que, há anos, não se viam...".

Tirosapostas loteriasManhattan

Osni Omena tinha acabadoapostas loteriasvoltar do trabalho quando, na noiteapostas loterias8apostas loteriasdezembroapostas loterias1980, escutou barulhoapostas loteriasfogosapostas loteriasartifício na rua. "Ué, o que será que estão comemorando?", pensou. "Será que são porto-riquenhos comemorando algum feriado nacional?", especulou.

Alguns minutos depois, Osni ouviaapostas loteriasestaçãoapostas loteriasrock favorita quando o locutor interrompeu a programação para dar uma notícia que ninguém queria ouvir: o ex-beatle John Lennon acabaraapostas loteriassofrer um atentado na porta do Dakota. Osni não acreditou: não eram fogos, pensou, eram tiros. Atordoado, fez questãoapostas loteriasconferirapostas loteriasperto o que estava acontecendo.

"Havia muita gente chorando. Quando soubemos da morte dele, foi um choque muito grande. Uma verdadeira tragédia", recorda, emocionado.

Anos depois, Omena reencontrou Perdomo, que contou detalhes daquela noite. Fora ele, dissera, quem tirou o 38 das mãosapostas loteriasMark David Chapman, o assassinoapostas loteriasJohn Lennon. "Você sabe o que você fez?", perguntou o porteiro. "Sim, eu matei John Lennon", respondeu o sujeito que não tentou fugir da cena do crime, nem ofereceu resistência aos policiais que lhe deram vozapostas loteriasprisão.

Mallagoli soube da morteapostas loteriasLennon na terça, dia 9. Passava da uma da tarde quando ele chegou para abrirapostas loteriasloja, na Faria Lima,apostas loteriasSão Paulo, e estranhou a multidão. "Marcão, como você está?", perguntou um amigo. "Tudo bem, um pouco cansado, por quê?", respondeu, pegando as chaves no bolso. "Tá bem mesmo, tem certeza?", insistiu outro. "Por quê? O que houve?", parou, desconfiado.

Foi quando o sujeito lhe mostrou a manchete do Jornal da Tarde: "Tiros. Lennon Cai. Um Beatle Vai Morrer". Mallagoni custou a acreditar. "Impossível", repetia para si mesmo. Só se convenceu da tragédia quando ligou para Nova York e, depoisapostas loteriasmuito tempo, conseguiu falar com Osni. "É verdade, sim. Mataram o Lennon!", confirmou o amigo do outro lado da linha. Naquele dia, a lojinha Revolution não abriu. Mallagoli voltou para casa, arrumou suas coisas e pegou o primeiro avião para Nova York. Ainda deu tempoapostas loteriasouvir a mãe reclamar: "Quero ver se, no dia do meu enterro, você vai chorar assim...".

Mallagoli chegou a Nova York na manhã do dia 10. Do JFK, seguiu direto para o Dakota.

Os fãs reunidos na frente do edifício não falavamapostas loteriasoutra coisa: Mark Chapman, o autor dos disparos, não passavaapostas loteriasum bode expiatório.

Segundo os conspiracionistas, a CIA, a agênciaapostas loteriasinteligência americana, e o FBI, a polícia federal, estariam por trás do assassinatoapostas loteriasLennon, considerado uma influência política perigosa.

A teoria virou livro, Who Killed John Lennon ("Quem matou John Lennon", inédito no Brasil), escrito pelo jornalista britânico Fenton Bresler, mas nunca foi comprovada.

Naquele mesmo dia, o corpo foi cremado no Cemitérioapostas loteriasFerncliff,apostas loteriasHartsdale,apostas loteriasNova York.

No Central Park, a viúva Yoko pediu à multidão que fizesse dez minutosapostas loteriassilêncio. "Quando tocaram Imagine, não resisti. Foi aí que desabei no choro. Nunca chorei tanto na vida", relata.

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