As escolas ao ar livrehotel casino excalibur100 anos atrás que podem inspirar volta às aulas na pandemia:hotel casino excalibur

Inspirou ações também nos EUA, quando,hotel casino excalibur1907, duas médicashotel casino excaliburRhode Island sugeriram a aberturahotel casino excaliburescolashotel casino excaliburáreas abertas, informa o The New York Times. Com o sucesso da iniciativa (já que nenhuma criança adoeceuhotel casino excaliburtuberculose ali), foram criadas mais 65 escolas do tipo no país nos dois anos seguintes,hotel casino excaliburvãoshotel casino excaliburprédios vazios, coberturashotel casino excaliburedifícios e até balsas abandonadas.

Aqui no Brasil, há poucos registros sobre o tema, mas o pesquisador André Dalben encontrou históriashotel casino excaliburexperiênciashotel casino excaliburescolas do tipo a partirhotel casino excalibur1916hotel casino excaliburCamposhotel casino excaliburGoytacazes, Angra dos Reis (RJ) e Manaus (AM) e, posteriormente, a chamada Escolahotel casino excaliburDébeis, na Quinta da Boa Vista, no Riohotel casino excaliburJaneiro, entre 1927 e 1930.

"A tuberculose era uma grande preocupação, junto com outras doenças infantis, como anemia e desnutrição. No geral, as escolas atendiam criançashotel casino excaliburfamílias pobres, o que evidencia uma ideia higienista: se pensava no corpo delas como mais enfermo", explica Dalben à BBC News Brasil. A ideia, diz ele, era tirar essas criançashotel casino excaliburlocais insalubres, como cortiços superlotados, e colocá-lashotel casino excaliburcontato com a natureza, com a intençãohotel casino excaliburfortalecer seu sistema imune.

Uma das experiências mais duradouras foi a da Escolahotel casino excaliburAplicação ao Ar Livre (EAAL), que funcionou no Parque da Água Branca, zona oestehotel casino excaliburSão Paulo, entre 1939 e os anos 1950, quando a escola se mudou para um edifício próximo, no bairro da Lapa.

A EAAL foi estudada por Dalben, hoje professor da Unifesp,hotel casino excaliburseu pós-doutorado na PUC-SP, e são delas as fotos que ilustram esta reportagem.

A escola paulistana fugia ao perfil das demais: ensinou alunos vindoshotel casino excaliburinfluentes famíliashotel casino excaliburclasse média paulistana que moravam nas redondezas do Parque da Água Branca,hotel casino excaliburáreas que hoje abrigam bairros como Pompeia e Perdizes.

Dalben explica que a escola, que chegou a ter 350 alunos simultaneamente, era considerada modelo pela administração estadual paulistana, tinha currículo diferenciado e até filahotel casino excaliburespera por vagas. "Mas não sei como era o dia a dia na escola. Fui procurado por alguns ex-alunos, hoje na casa dos 80 anos, que contaram que tiveram professoras bem rígidas. Então talvez na prática ela não fosse tão diferente assim das outras (escolas da cidade)."

Contato com a natureza e protagonismo dos alunos

Para além do controle da tuberculose, o modelohotel casino excaliburescolas ao ar livre floresceu no período entre as guerras mundiais, tempohotel casino excaliburum boomhotel casino excaliburnovos ideaishotel casino excalibursociedade e educação, diz à BBC News Brasil Diana Vidal, professora titularhotel casino excaliburHistória da Educação na Faculdadehotel casino excaliburEducação da USP.

"Havia uma discussãohotel casino excalibureducadores contra a experiência da escola do passado, pensando-sehotel casino excaliburuma que fosse mais amigável, promovesse a defesa da democracia, para criar uma geração mais pacífica e solidária."

Embora o ideal não tenha se concretizado — logo depois viria a Segunda Guerra Mundial —, Vidal explica que isso foi a semente para a defesahotel casino excaliburum ensino mais próximo à natureza, com protagonismo juvenil, que engajasse as criançashotel casino excaliburprojetos práticos, aliasse atividades físicas ao desenvolvimento intelectual e emocional e tivesse o professor como mediador,hotel casino excaliburvezhotel casino excaliburapenas fornecedorhotel casino excaliburconteúdo. Ideias essas que permanecem vigentes (e nem sempre colocadashotel casino excaliburprática) na educação atual.

André Dalben conta que as escolas ao ar livre do início do século 20 já foram chamadashotel casino excaliburum "cometa médico-pedagógico", que acabaram quase desaparecendo nas décadashotel casino excalibur1950 e 60.

Primeiro, porque as doenças infecciosas deixaram (pelo menos até este ano)hotel casino excaliburserem tão devastadoras, diz Dalben. Depois, explica Diana Vidal, porque prevaleceu o modelohotel casino excaliburescola semelhante ao fabril, que implementa horários fixoshotel casino excaliburentrada e saída e tenta acomodar o máximohotel casino excaliburalunos possível dentrohotel casino excaliburum espaço físico,hotel casino excaliburmodo a otimizar recursos e gastos.

Parques, praças e clubes

Diana Vidal voltou seus olhos às escolas ao ar livre do passado quando viu imagens da volta às aulashotel casino excaliburManaus, no iníciohotel casino excaliburagosto, com crianças pequenas mascaradas e sentadashotel casino excaliburuma salahotel casino excaliburaula com divisóriashotel casino excaliburacrílico entre elas.

"Talvez estejamos tão apegados às soluções empresariais, pensadas para os adultos trabalhadores, que não possamos reconhecer a inadequação dessas medidas para os alunos dos anos iniciais da educação básica", escreveu Vidalhotel casino excaliburartigo no Jornal da USP.

Em contrapartida, opina ela, "ao se colocar as criançashotel casino excaliburmais contato com a natureza, se cria uma discussão sobre as práticashotel casino excaliburensino. (...) Elas passam a explorar outros espaços para a experiência educativa — com novos conteúdos e novos relacionamentos."

Além disso, os estudos até agora indicam que a proliferação do novo coronavírus é muito menorhotel casino excaliburespaços abertos ehotel casino excaliburventilação natural.

"O vírus acaba se diluindo ilimitadamente ao ar livre", dissehotel casino excaliburmaio, à BBC, o professorhotel casino excaliburEpidemiologia Erin Bromage, da Universidadehotel casino excaliburMassachusettshotel casino excaliburDartmouth, nos EUA. "Então, quando uma pessoa doente expira (ar), os germes se dissipam muito rapidamente."

Mas, na prática, como transpor a escola para o espaço externo, principalmentehotel casino excaliburcidades grandes, com poucas áreas livres disponíveis?

Em agosto, a organizaçãohotel casino excaliburdireitos infantis Alana lançou, a partirhotel casino excaliburdiretrizes da Sociedade Brasileirahotel casino excaliburPediatria e da União dos Dirigentes Municipaishotel casino excaliburEducação (Undime), um documento com sugestões para usohotel casino excaliburespaços públicos na retomada das aulas presenciais.

O texto defende que, embora o momento da volta às escolas deva ser definido pelas autoridadeshotel casino excalibursaúde, o modo como isso vai acontecer deve ser discutido também por autoridades que administram o equipamento público da cidade, como parques e praças.

Entre as sugestões estão a criaçãohotel casino excalibursalas temporáriashotel casino excaliburparques, praças e clubes, voltadas principalmente às crianças menores,hotel casino excaliburforma a liberar mais espaço escolar interno para escalonar a volta às aulas das crianças mais velhas e adolescentes.

Também sugere o usohotel casino excaliburmesashotel casino excaliburpiquenique ouhotel casino excaliburpodashotel casino excaliburárvores para se criar bancoshotel casino excaliburmadeira, associados a materiais leves (como flipcharts e pranchetas) trazidos da escola.

Um entrave importante, diz o documento, é que apenas 40% das pré-escolas do país têm parquinho e só 25% têm área verde. E, mesmo antes da pandemia, o contatohotel casino excaliburmuitas crianças com a natureza já era raro ou insuficiente — contato esse que poderia ajudar a promover uma infância mais rica, criativa e saudável.

Para André Dalben, as escolas ao ar livre do passado são uma inspiração para que repensemos a arquitetura das escolas atuais. "Quando comecei a pesquisar isso, era com foco na educação ambiental das crianças, (como solução) para que essa educação não precisasse ser um único conteúdo, mas sim passasse por todas as disciplinas. E agora tem também a pandemia", diz.

"Podemos pensar as escolas junto às cidades como um todo, com mais usohotel casino excaliburparques e espaços públicos. Não vamos seguir as mesmas linhas da escola ao ar livre do passado, mas vamos reinterpretá-las."

Da Califórnia à Caxemira

Simultaneamente,hotel casino excaliburregiões ricas e desenvolvidas a áreas mais pobres e conflagradas, o usohotel casino excaliburespaços abertos vem sido discutidohotel casino excaliburdiferentes partes do mundo.

Nos EUA, a organização Green Schoolyards (em tradução livre, áreas escolares verdes) criou a Iniciativa Nacionalhotel casino excaliburAprendizagem ao Ar Livre, compilando estratégias que estão sendo adotadas por escolas americanas.

Uma delas, na Califórnia, instalou no pátio lousas portáteis, filtroshotel casino excaliburágua potável e blocos retangulareshotel casino excaliburfeno, que servem tantohotel casino excaliburbanco para sentar comohotel casino excaliburblocos gigantes para brincar ou dividir espaços.

A Dinamarca também criou um portal com propostas para "educação fora da salahotel casino excaliburaula"hotel casino excaliburmeio à pandemia. Uma das estratégias é manter as criançashotel casino excaliburpequenos grupos o dia inteiro, cada um evitando o contato com o outro, e usando mais os espaços externos existenteshotel casino excaliburcada escola.

Na conflituosa e vulnerável região da Caxemira, localizada na divisa entre Índia, China e Paquistão, outra iniciativa tem chamado a atenção. As crianças estudam ao ar livre, mesmo sob condições climáticas imprevisíveis — uma vez que a "nova salahotel casino excaliburaula" fica aos pés da cordilheira do Himalaia.

Alunos e professores usam máscarashotel casino excaliburproteção e podem instalar tendas para se cobrir, mas fazem aulas até mesmo sob a chuva.

Diana Vidal, da USP, diz ainda ver poucas discussões sobre o assunto no Brasil, mas enxerga as experiências passadas como um balãohotel casino excaliburensaio, para incentivar um debate público.

"À medida que os modelos escolares foram consolidados, eles foram também se naturalizando e nos esquecemos das outras possibilidades", diz Vidal.

Inclusive a possibilidadehotel casino excaliburdispensar, quando possível, a salahotel casino excaliburaula física.

"O exterior não precisa ser apenas para as famosas excursões escolares. Vamos ser compelidos a usar o ar livre, que é muito melhor que o fechado. É um convitehotel casino excaliburpensarmos como usar melhor os espaços que a gente tem."

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