A investigadora que resolve crimes analisando o pólen das plantas:betesporte bônus

Crédito, Patricia Wiltshire

Legenda da foto, Patricia Wiltshire assessorando arqueólogosbetesporte bônus1990, décadabetesporte bônusque começou a atuarbetesporte bônusvezbetesporte bônusinvestigações criminais

betesporte bônus Patricia Wiltshire, 77 anos, diz que nunca teve "um pingobetesporte bônusambição" e que as coisas nabetesporte bônusvida aconteceram naturalmente, sem que ela planejasse os voos altos que acabou alçando.

De fato, talvez nunca alguém, nem ela própria, pudesse ter previsto que uma professorabetesporte bônusciências biológicas pudesse se tornar uma das maiores especialistas do mundobetesporte bônus"ecologia forense" — ou o conhecimento sobre a natureza a serviço da resoluçãobetesporte bônuscrimes.

Esta guinada embetesporte bônuscarreira aconteceu relativamente tarde: na casa dos 50 anosbetesporte bônusidade, seu conhecimento sobre os diferentes tiposbetesporte bônuspólenbetesporte bônusvegetais ajudou na resoluçãobetesporte bônusum assassinato.

Daquele pontobetesporte bônusdiante, Wiltshire, nascida no Paísbetesporte bônusGales, passou a ser chamada para contribuir na apuraçãobetesporte bônusoutros grandes casos no Reino Unido e, depois,betesporte bônusoutros países. Hoje, ela tem no currículo a participaçãobetesporte bônuscercabetesporte bônus300 investigações policiais pelo mundo.

Crédito, Patricia Wiltshire

Legenda da foto, 'Nova carreira'betesporte bônusPatricia Wiltshire começou com pedidobetesporte bônusajuda vindobetesporte bônuspolicial

"Diferentebetesporte bônusoutras formasbetesporte bônusprovas, o pólen não desaparece facilmente: ele gruda nas roupas, sapatos, no tapetebetesporte bônuscarros", explicou elabetesporte bônusentrevista ao programa The Life Scientific, da BBC Radio 4.

"Pólen e esporos são produzidos por plantas e fungos, e crescembetesporte bônuslugares específicos. Então, você sabe muito bem que esta planta cresce neste solo; aquela planta cresce naquele. Por conta disso, é possível preverbetesporte bônusonde este material (pólen e esporos) vem."

Mas o "momento eureka"betesporte bônusperceber o potencial do pólen como indíciobetesporte bônuscrimes veiobetesporte bônus1994, quando recebeu a ligaçãobetesporte bônusum policialbetesporte bônusHertfordshire, Inglaterra, perguntando se ela poderia ajudá-lo na investigaçãobetesporte bônusum assassinato.

Pólen no carro

Ela já tinha quase duas décadasbetesporte bônusexperiência como pesquisadora na Universidade King's College London, onde se graduoubetesporte bônusbotânica e estudou também bactérias e outras coisas microscópicas,betesporte bônuspequena grande paixão.

O policial contou que um corpo carbonizado fora abandonadobetesporte bônusuma vala e havia marcasbetesporte bônuspneus no campo ao lado.

Os investigadores queriam saber se um carro que pertencia a um dos suspeitos esteve presente naquela área.

"Eu nunca tinha feito nada assim antes, mas analisei tudo no carro e encontrei pólen nos pedais e no tapete. O material correspondia ao pólen encontrado nas bordasbetesporte bônuscampos agrícolas", diz a professora.

"Quando o policial me levou à cena do crime, pude identificar o ponto exatobetesporte bônusque o corpo fora abandonado pelos tiposbetesporte bônusflores que estavam ali."

"Foi um momento 'eureka' para mim, porque nunca pensei que as pistas pudessem ser tão específicas", lembra.

Apesarbetesporte bônusseu ceticismo inicialbetesporte bônusrelação à ecologia forense, a professora passou a trabalharbetesporte bônuscada vez mais casos.

Em 2002, ela ajudou a polícia a reunir indícios na investigação sobre duas meninas, Holly Wells e Jessica Chapman, assassinadasbetesporte bônusSoham, na Inglaterra.

A polícia havia encontrado seus corposbetesporte bônusuma vala, mas queria descobrir o caminho que o assassino havia seguido.

Crédito, Patricia Wiltshire

Legenda da foto, Em foto antiga, Wiltshire aparece buscando materialbetesporte bônusreferência no herbário do Kew Botanical Gardens,betesporte bônusLondres

Wiltshire conseguiu isso analisando a regeneraçãobetesporte bônusplantas pisoteadas que levavam ao fosso.

A polícia, então, fez uma pesquisa detalhada da rota delineada pela professora e encontrou fiosbetesporte bônuscabelobetesporte bônusJessicabetesporte bônusum galho.

As evidências coletadas por ela foram apresentadas no julgamentobetesporte bônusIan Huntley, que foi condenado pelo assassinato das duas meninasbetesporte bônus10 anos.

Provas 'eternas' — ou quase

Há ainda mais casos dramáticos nos quais a pesquisadora trabalhou.

"Em 2005, fui chamadabetesporte bônusNew Tredegar, no vale do Rhymney (Paísbetesporte bônusGales)."

"Dois homens haviam matado um terceiro a chutes, deixando o corpo entre samambaias. Alguns dias depois, eles voltaram para queimá-lo, mas as pessoas viram a fumaça e chamaram a polícia."

"Os dois homens foram presos e, na época, os investigadores queriam que eu descobrisse se eles haviam estado no local (do assassinato)."

Wiltshire comparou o pólen dos sapatos dos suspeitos ao encontrado na cena do crime, mas ficou surpresa ao detectar que aquele pólen não era do tipo normalmente encontrado no Paísbetesporte bônusGales.

Depois, ela percebeu que os caminhões que passavam pela estrada adjacente carregavam moscasbetesporte bônusoutras partes da Inglaterra que depois voavam para o campo, depositando pólen e esporos ali.

O fatobetesporte bônuso pólen ter sido localizado com tanta precisão e ser o mesmo encontrado nos pertences dos suspeitos e na cena do crime levou os dois sujeitos a confessar.

Wiltshire explica que pólen e esporos podem durar milhõesbetesporte bônusanos nas condições certas, mesmo sobre a superfície da terra e na vegetação. Um pedaçobetesporte bônussolo pode ter milharesbetesporte bônustipos deles, ou nenhum, se as bactérias tiverem comido tudo.

Mas é a combinação destes materiais que os torna uma prova especialmente rica.

"Se você conhece o perfil geral do material e tem uma ou duas amostras raras (de flores muito específicas, por exemplo), você chegou lá. Se você encontra esta compatibilidade, a probabilidadebetesporte bônusacerto é muito alta."

Crédito, Patrica Wiltshire

Legenda da foto, 'Se não fosse toda a minha experiênciabetesporte bônushospitais, laboratórios, com a bacteriologia... Todas as coisas esquisitas e maravilhosas', diz a pesquisadora, 'eu não poderia fazer o que faço hoje'

'Bruxa galesa'

Ela conta que outras experiências que teve na carreira e na vida além da universidade também ajudam. Como quando se mudou muito jovem para Londres, aos 17 anos, após o divórcio dos pais e uma vida conflituosa com a mãe.

Na capital inglesa, conseguiu logo um trabalho no funcionalismo público e, depois, se qualificou como técnicabetesporte bônuslaboratório médico no Hospital Charing Cross.

Já graduada, ela trabalhou tambémbetesporte bônusmuitos sítios arqueológicos colhendo amostras da terra e recriando construções romanas antigas, como a Muralhabetesporte bônusAdriano, no norte da Inglaterra, e Pompéia, na Itália.

"Se não fosse toda a minha experiênciabetesporte bônushospitais, laboratórios, com a bacteriologia... Todas as coisas esquisitas e maravilhosas, todo o trabalhobetesporte bônuscampo arqueológico... Eu não poderia fazer o que faço hoje. Foi preciso ter esse passado bagunçado para fazer o trabalhobetesporte bônushoje."

"Às vezes, os policiais me chamambetesporte bônus'bruxa galesa' pela maneira como processo uma quantidade enormebetesporte bônusdados e apresento novas ideias."

"Mas não é mágica, é estudo", garante a pesquisadora.

À BBC Radio 4, ela também evocou um passado e uma infância atribulada.

"Quando eu tinha sete anos, decidi assustar minha mãe pulando nela, mas não sabia que estava carregando uma panela com óleo quente", lembra.

"Sofri queimaduras graves e tivebetesporte bônuspassar dois anos cobertabetesporte bônuscurativos."

Crédito, Patricia Wilshire

Legenda da foto, Botânica é especialista na análisebetesporte bônusmaterial vegetal como prova criminal

"Também tive pneumonia, sarampo, coqueluche e bronquite, o que me deixou com um problema crônicobetesporte bônustosse."

"Perdi muitas aulas na escola, mas tinha minhas enciclopédias, que eram minha alegria".

Ela lembrou também dos passeios que fazia com a avó, Vera May Tiley, graças a quem começou a desbravar a natureza.

"Vivíamosbetesporte bônusuma pequena cidadebetesporte bônusmineração,betesporte bônusCefn Fforest, no sulbetesporte bônusGales."

"Íamos caminhar e (minha avó) me mostrava os ninhosbetesporte bônuspássaros, insetos e plantas que podíamos comer, como espinheiro e alho-selvagem (llium ursinum)."

"Ela também era uma boa jardineira, apaixonada por proteger suas plantasbetesporte bônuspragas, então eu aprendi sobre suas doenças e como cultivar alimentos", conta a investigadora.

Com suas próprias reviravoltas biográficas, como perder uma filhabetesporte bônus19 meses para uma doença genética e se apaixonar por seu atual marido aos 63 anosbetesporte bônusidade, a professora respondeu à BBC Radio 4 o que pensa da morte ao tê-la visto tantas vezesbetesporte bônusseu trabalho.

"Para mim, a morte é essencial. É preciso morte para haver nascimentos! Como sabemos, a matéria não é criada, ela se transforma. Digo aos meus alunos: no seu olho, pode ter uma molécula que foi do dedão do pébetesporte bônusum dinossauro! Essa é a mágica da biologia: é preciso ter a decomposição para novos nascimentos."

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