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'Meus pais diziam a todo mundo que eu tinha morrido': como jovem descobriu a razãoaposta bet hojesua adoção:aposta bet hoje
Após desembarcar do avião na África do Sul, saiuaposta bet hojebusca do carro que a levaria a um centroaposta bet hojereabilitação, onde buscaria cuidaraposta bet hojeseu comportamento autodestrutivo enquanto juntava as peças do quebra-cabeças daaposta bet hojevida. "Eu já estive aqui antes e é aqui a que pertenço."
Sara-Jayne sabia que parecia diferenteaposta bet hojeseus pais, mas não pensavaaposta bet hojeuma identidade negra até ser provocada. Seus colegasaposta bet hojeclasse frequentemente tocavamaposta bet hojeseu cabelo, a que chamavamaposta bet hojeesponjaaposta bet hojeaço. "Nós absorvemos os pontosaposta bet hojevista dos outros sobre nós."
Por muito tempo, ela era a única criança negra que conhecia.
Pouco a pouco, Sara-Jayne passou a achar que havia algo erradoaposta bet hojeser negra.
Sentia-se alienada e sozinha.
Os detalhes disponíveis sobreaposta bet hojeadoção eram vagos. Ela ouviu queaposta bet hojemãe adotiva não conseguia engravidar, e ela que havia vindo da África do Sul. E mais nada.
Sem referência
Sara-Jayne tinha um irmão mais velho, também negro e adotado. Outras referênciasaposta bet hojepessoas comaposta bet hojecoraposta bet hojepele estavam na TV britânica dos anos 1980, mas não eram realistas ou respeitosas. Ou seja, ela não tinhaaposta bet hojequem se espelhar.
"Eu acordava todas as manhãs, olhava os campos e via galinhas e cordeiros. Era realmente uma espécieaposta bet hojeexistência brancaaposta bet hojeclasse-média."
Naaposta bet hojeregião, Crowhurst, os africanos eram vistos como pobres. Sua escola arrecadou alimentos para crianças famintas na Etiópia. Sara-Jayne lembraaposta bet hojeter visto crianças cobertasaposta bet hojemoscasaposta bet hojepaisagens poeirentas e assumiu que essas imagens também a definiam.
"Era um lugar para se sentir pena", diz ela. "Era um lugar do qual se deveria agradecer por ter sido resgatado."
Embora Sara-Jayne acreditasse que ser negra era ruim, ela logo aprendeu que negritude e mestiçagem ocorriamaposta bet hojegraus variados. Enquanto uma era "indesejável", a outra podia ser atraente.
Quando ela tinha oito anos, três meninas das Ilhas Maurício se mudaram para a cidade. Eram bonitas, com cabelos ondulados macios e pele brilhante. Eram o "tipo certo"aposta bet hojepessoas pardas.
Enquanto isso, os cabelosaposta bet hojeSara-Jayne continuavam rebeldes. Todo domingoaposta bet hojemanhã, seu pai lutava para escová-los enquanto a garota se contorciaaposta bet hojedor. Ela se sentiu culpada até a adolescência.
Revelação por acaso
Apesar das melhores intenções,aposta bet hojefamília acentuou seu sentimentoaposta bet hojeisolamento. Sara-Jayne lembraaposta bet hojeuma vez assistindo aos Jogos Olímpicos com a avó.
Quando a competição começou, ela se virou para Sara-Jayne dizendo que torceria pela Grã-Bretanha eaposta bet hojeneta poderia torcer "pela África".
Aos 14 anos, a garota fez uma descoberta inesperada. Enquanto bisbilhotava o quartoaposta bet hojesua mãe, ela descobriu uma cartaaposta bet hojesua mãe biológica, escrita quase um ano após seu nascimento.
A carta foi endereçada a ela. Ela abriu e começou a ler. A históriaaposta bet hojesua adoção,aposta bet hojedetalhes chocantes, surgiu diante dela.
Ela descobriu queaposta bet hojemãe biológica, uma britânica branca que estavaaposta bet hojeum relacionamento com um homem branco, teve um caso com um homem negro.
Quando engravidou, não tinha certezaaposta bet hojequal deles era o pai. A criança parecia branca ao nascer eaposta bet hojemãe deu o nomeaposta bet hojeKaroline. Mas algumas semanas depois,aposta bet hojemãe percebeu que a bebê não era,aposta bet hojefato, branca.
Karoline era filhaaposta bet hojeum pai negro, eaposta bet hojeexistência tornou-se não uma fonteaposta bet hojealegria dos pais, mas um problema a ser tratado.
Na época do nascimentoaposta bet hojeKaroline, a Leiaposta bet hojeImoralidade da África do Sul proibia as relações sexuais inter-raciais, e a criança era a provaaposta bet hojeum caso ilegal. Então,aposta bet hojemãe biológica e seu marido, juntamente com o médico, planejaram algo.
Eles alegaram que Karoline sofriaaposta bet hojeuma doença renal rara e exigia tratamento médicoaposta bet hojeLondres. Chegando lá, eles a abandonaram para adoção. Voltando à África do Sulaposta bet hojemãos vazias, o casal disse a todos que Karoline havia morrido.
Sara-Jayne lutou contra a informaçãoaposta bet hojequeaposta bet hojemãe a abandonara e até fingiu que estava morta. "A cor da minha pele era tão repugnante, e o que meus pais biológicos haviam feito era tão nojento, que eu teriaaposta bet hojeser tirada da minha terra natal e criadaaposta bet hojeoutro lugar", diz ela.
"Eu tive esse sentimento terrívelaposta bet hojeque a única pessoa na Terra que deveria amar e cuidaraposta bet hojemim, independentementeaposta bet hojequalquer coisa, foi capazaposta bet hojefazer o que minha mãe biológica tinha feito, que foi me doar."
Esse amargo sentimentoaposta bet hojerejeição começou a se manifestar antes mesmoaposta bet hojeSara-Jayne ler a carta. Ela havia tomado intencionalmente uma overdoseaposta bet hojeparacetamol aos 13 anos. Mais tarde, começou a se cortar.
Alguns anos depoisaposta bet hojeler a carta,aposta bet hojeseu primeiro ano estudando direito na Universidadeaposta bet hojeGreenwich, entrouaposta bet hojecontato comaposta bet hojemãe biológica por meio da agênciaaposta bet hojeadoção. Ela retornou dizendo que responderia às perguntasaposta bet hojeSara-Jayne, mas não desejava manter contato. Nunca expressou remorso ou pediu desculpas.
Por volta dessa época, Sara-Jayne desenvolveu um distúrbio alimentar e começou a se automedicar com álcool e codeína. Formou-se e obteve um mestradoaposta bet hojejornalismo pela Universidadeaposta bet hojeCanterbury. Conseguiu bons empregos, passando da Inglaterra para Dubai, ao longoaposta bet hojeuma carreiraaposta bet hojerádio bem-sucedida.
Mas sentia não poder escapar do passado. Seu pai adotivo não estava mais emaposta bet hojevida, seu irmão havia se matado eaposta bet hojemãe biológica a havia rejeitado pela segunda vez.
Ainda lutando com distúrbios alimentares e o álcool, foi demitidaaposta bet hojeseu empregoaposta bet hojeDubai. E atingiu um pontoaposta bet hojeruptura.
Voltandoaposta bet hojebuscaaposta bet hojecura
Era 2007 e ela precisavaaposta bet hojeajuda. Descobriu que a reabilitação era mais barata na África do Sul. Sairaposta bet hojeJoanesburgo a colocou num caminhoaposta bet hojedireção a turbulências emocionais e abusosaposta bet hojedrogas e remédios. Ela esperava que o retorno curasse essas feridas.
Ao desceraposta bet hojeJoanesburgo, pensou estaraposta bet hojecasa. Quando o carro a levou para o centroaposta bet hojereabilitação, sentiu que já estivera nas mesmas estradas antes - e, como descobriu depois, isso era verdade. O hospital ondeaposta bet hojemãe deu à luz fica a apenas três ruasaposta bet hojedistância dali.
Sara-Jayne passou cercaaposta bet hojeum anoaposta bet hojetratamento na África do Sul, entre Joanesburgo e Cidade do Cabo. Enquanto estava lá, conheceu seu meio-irmão - o outro filhoaposta bet hojesua mãe biológica - e por um tempo ficaram bem próximos.
Ela voltou ao Reino Unido, mas, depoisaposta bet hojevários anosaposta bet hojeidas e vindas entre Londres e Cidade do Cabo, decidiu se mudar para a África do Sul. "Parecia um lar."
Enquanto estavaaposta bet hojeseu quarto fazendo as malas na noite anterior à mudançaaposta bet hoje2013, soube que Nelson Mandela havia morrido. "A África do Sul para que voltei, para chamaraposta bet hojelar permanente, era uma África do Sulaposta bet hojeluto, mas tambémaposta bet hojecomemoração", diz ela. "Foi o melhor da África do Sul, e não vemos isso com muita frequência."
Quando Sara-Jayne aterrissou na África do Sul, sabia que desta vez seria para sempre. Ela estava pronta paraaposta bet hojeidentidade como uma mulher negra sul-africana.
Um passo que ela precisava dar era mudar formalmente seu nome. "Karoline King" era o nome emaposta bet hojecertidãoaposta bet hojenascimento sul-africana. Para tornar-se completamente, Sara-Jayne precisava se aproximaraposta bet hojeKaroline.
Mesmo no Reino Unido, o nome dela tecnicamente era Sarah Jane; seus pais adotivos a chamavamaposta bet hojeSarah, com Jane como nome do meio. Para se destacar das outras Sarahs na escola, ela abandonou o H, acrescentou um Y a Jane e os hifenizou.
Essa tinha sido uma maneiraaposta bet hojeafirmaraposta bet hojeprópria identidade enquanto crescia. Tornar oficial foi o próximo passo. "Nunca esquecerei o diaaposta bet hojeque finalmente entrei e retirei minha identidade", diz ela. "Meu nome era Sara-Jayne King. E eu pensei 'é isso. Isso se encaixa. Essa sou eu'."
Há dois anos, ela lançou um livro descrevendo as circunstânciasaposta bet hojesua adoção e a trajetóriaaposta bet hojesua vidaaposta bet hojeseguida. Contratou um investigador particular para ajudá-la a encontrar seu pai biológico, mas não teve sucesso.
Ao promover seu livro no rádio, ela mencionou o nome dele. Foi quando o Twitter entrouaposta bet hojeação. Dentroaposta bet hoje36 horas após a exibição do programaaposta bet hojerádio, ela tinha o númeroaposta bet hojetelefone do pai. Ela discou e, pela primeira vez, ouviu a voz dele no telefone. Eles conversaram por 30 minutos.
A dupla falou todos os dias durante uma semana antesaposta bet hojeSara-Jayne pegar um avião para Joanesburgo a fimaposta bet hojeconhecê-lo pessoalmente. Eles combinaram um encontroaposta bet hojeuma cafeteriaaposta bet hojeum shopping.
Para ela, foi o melhor dia da vida. "Eu nunca vou esquecer dele se aproximando, nós doisaposta bet hojelágrimas, e ele me abraçou e disse: 'Minha filha, minha filha'. E percebi que eu era a filhaaposta bet hojealguém."
Dois anos depois, ela avalia mudar novamente seu nome, acrescentando o sobrenomeaposta bet hojeseu pai. Tornaria-se Makwala King.
Hoje ela vive na Cidade do Cabo, onde trabalhaaposta bet hojeuma rádio, e viaja às vezes para Joannesburgo para visitar seu pai e três meio-irmãos. Ainda mantém uma relação próxima comaposta bet hojemãe adotiva, mas está felizaposta bet hojeter encontradoaposta bet hojefamília sul-africana.
Agora ela se sente confianteaposta bet hojeassumiraposta bet hojeidentidade. Ela nunca se sentiu britânica. Mesmo que os outros tentem colocá-laaposta bet hojeuma caixinha, Sara-Jayne diz não se importar mais com isso. "Não gasto mais energiaaposta bet hojecomo outras pessoas acham que eu devo me identificar."
Todas as fotos são cortesiaaposta bet hojeSara-Jayne King, autora do livro Killing Karoline (Matando Karoline,aposta bet hojetradução livre)
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