Depressão: 'Descobri que minha mãe se matou se jogandoatlético paranaense e fortaleza palpiteuma ponte comigo nos braços':atlético paranaense e fortaleza palpite

Crédito, Bertha Loaiza

Legenda da foto, A mãeatlético paranaense e fortaleza palpiteBertha sofriaatlético paranaense e fortaleza palpitedepressão e se matou quandoatlético paranaense e fortaleza palpitefilha ainda era pequena

Cresci acreditando que minha mãe tinha morridoatlético paranaense e fortaleza palpiteum acidenteatlético paranaense e fortaleza palpitecarro e eu havia sobrevivido a este mesmo acidente. Era o que minha família me dizia e eu nunca achei necessário investigar.

Quando eu me consultava com o médico para tratar minhas sequelas – porque como consequência do impacto eu andava torto e perdi a visãoatlético paranaense e fortaleza palpiteum olho – ele sempre me perguntava onde estava minha mãe.

Eu era filha única e meu pai havia se separado da minha mãe antesatlético paranaense e fortaleza palpiteela morrer. Ele era jovem e achou que eu teria melhores oportunidades crescendo com a famíliaatlético paranaense e fortaleza palpiteminha mãe, que era mexicana. E assim foi.

Crédito, Bertha Loaiza

Legenda da foto, Bertha, que hoje tem 37 anos, descobriu aatlético paranaense e fortaleza palpiteverdadeira história aos 17

Cresci com meus avós e meus tios maternos e foi uma vida normal. Tinha amigos na escola, tive festasatlético paranaense e fortaleza palpiteaniversário, fazia atividades depois da escola. Tudo era normal.

Quando eu tinha 17 anos, limpando a casa junto com minha avó, encontrei um fitaatlético paranaense e fortaleza palpiteVHS sem nome ou etiqueta.

Coloquei na TV e vi que era uma reportagem gravadaatlético paranaense e fortaleza palpiteum canalatlético paranaense e fortaleza palpitenotícias localatlético paranaense e fortaleza palpiteSan Diego, na Califórnia. E ali estava eu, andando – me esforçando para andar – na pré-escola.

O reporter dizia que uma única pessoa que havia sobrevivido a uma queda na ponteatlético paranaense e fortaleza palpiteCoronado e estava hoje recuperada, andando melhor.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A ponteatlético paranaense e fortaleza palpiteCoronado conecta a cidadeatlético paranaense e fortaleza palpiteSan Diego à ilhaatlético paranaense e fortaleza palpiteCoronado, na Califórnia, EUA

E o vídeo continua me mostrando. No início, não entendi o motivo. Achei que era um erro, que a reportagem tinha se misturado com algum vídeo da festaatlético paranaense e fortaleza palpiteHalloween da minha escola.

Não pude acreditar que essa era minha história.

Depois fui descobrir que havia várias famílias na praia e ouviram pessoas gritando. As pessoas nos barcos diziam que caiu uma mulher e um bebê. Logo viram que a mulher estava sendo tirada da água, mas eu não.

Um barqueiro tinha me pegadoatlético paranaense e fortaleza palpiteuma jaqueta.

Uma ambulância nos levou a um hospital. Minha mãe morreu, eu sobrevivi.

Solidão e confusão

É incrível o quão sozinha a gente pode se sentir apesaratlético paranaense e fortaleza palpiteestar rodeadaatlético paranaense e fortaleza palpiteuma família que ama e apoia.

Foi isso que senti quando descobri a verdade, alématlético paranaense e fortaleza palpiteuma enorme confusão. Se antes eu já achava que não conhecia bem minha mãe, agora sentia que a conhecia menos ainda.

Depoisatlético paranaense e fortaleza palpitealguns dias contei à minha família, com muita dificuldade, o que eu havia encontrado.

Crédito, Bertha Loaiza

Legenda da foto, Bertha descobriu sobre a morteatlético paranaense e fortaleza palpitemãe por acidente

Todos na família me disseram que não sabiam como me contar. Eu disse que não tinha problema, que eu não estava brava, mas que estava muito confusa.

Eles se ofereceram para tirar qualquer dúvida, insistiram que minha mãe me amava muito e que eu não deveria me sentir culpada por ter sido parte disso.

Me disseram que algum dia eu entenderia. E,atlético paranaense e fortaleza palpitefato, hoje eu entendi.

Acredito que minha família não me contou antes para me proteger, para que eu não tivesse que carregar essa tristeza, parar evitar que eu tivesse pesadelos.

E a verdade é que eu não tenho nenhum ressentimentoatlético paranaense e fortaleza palpiterelação a eles. Acho que tudo acontece quando tem que acontecer.

Se aos 17 anos tive esse choque, agora, 20 anos depois, quando conto a história ainda fico muito emocionada, imagino que quando pequena não teria conseguido aguentar saber a verdade.

A faltaatlético paranaense e fortaleza palpiteconhecimento sobre a depressão

Me explicaram que minha mãe estava muito doente.

Ela passava por uma forte depressão e havia anos lutava contra a doença. Me disseram que a mente é complicada e minha mãe sofriaatlético paranaense e fortaleza palpitemuitos problemas mentais.

Ela ia a um psiquiatra, mas na época não se sabia tanto quanto se sabe hoje.

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Angélica Medina, a mãeatlético paranaense e fortaleza palpiteBertha, se matou com apenas 26 anos

Eu passei por várias fases. No começo, sentia necessidadeatlético paranaense e fortaleza palpitegritar ao mundo que eu sabia da história, que estava tudo bem, e resolver as questões que estavam pendentes. Mas não foi isso que aconteceu.

Fui a gruposatlético paranaense e fortaleza palpiteapoio e eventos comunitários, e escutei como outras pessoas haviam perdido parentes na mesma ponte. Contei como eu havia perdido minha mãe.

Até então, eu não sabia quanta atenção os jornais haviam dado ao casoatlético paranaense e fortaleza palpiteminha mãe. Mas no grupo eu vi gente que me reconhecia e se lembrava da minha história.

Foi quando comecei a criar paredes aos meu redor, para me proteger.

Pensei: "Não me escondo porque vão fazer perguntas que não sei responder. É para evitar fazer minha família passar por tanta dor e perguntasatlético paranaense e fortaleza palpiteestranhos".

Deixeiatlético paranaense e fortaleza palpiteparticipar desse tipoatlético paranaense e fortaleza palpitereunião durante meses. Eu sabia que tinha sido um suicídio, mas estava incomodada porque não se falava dele abertamente, não se aceitava.

Por um tempo, achei que era melhor voltar à explicação do acidenteatlético paranaense e fortaleza palpitecarro, porque eu não entendia a depressão.

Eu tinha muita coisa para processar e entender.

Acredito que nunca se acabaatlético paranaense e fortaleza palpiteprocessar. Por mais que eu fale disso, no final, tenhoatlético paranaense e fortaleza palpitechegaratlético paranaense e fortaleza palpitecasa e não tenho minha mãe comigo. Essa é minha realidade.

Falar alto

Apesaratlético paranaense e fortaleza palpitetudo, cheguei a um ponto onde encontrei um momentoatlético paranaense e fortaleza palpiteclaridade. Vi que havia pessoas que iam aos grupos para desabafar, e entendi que eu não era a única que passava por isso.

Quanto mais eu ia aprendendo sobre problemas mentais, mais à vontade eu me sentia para falar publicamente e contar minha história. Acredito que temosatlético paranaense e fortaleza palpitecontinuar falando desse assunto, eatlético paranaense e fortaleza palpitevoz alta.

Hoje, estou casada e tenho dois filhos. Trabalhandoatlético paranaense e fortaleza palpiteuma companhiaatlético paranaense e fortaleza palpitesegurosatlético paranaense e fortaleza palpitesaúdeatlético paranaense e fortaleza palpiteSan Diego, eu via cada vez mais e-mails sobre o que a empresa faziaatlético paranaense e fortaleza palpiterelação à saúde mental.

Eu senti que era quase meu dever dizer que esta era a minha história e que eu queria ajudar.

Crédito, Bertha Loaiza

Legenda da foto, Bertha compartilhaatlético paranaense e fortaleza palpitehistória para aumentar o conhecimento sobre saúde mental.

Me deixaram participaratlético paranaense e fortaleza palpiteum projeto na internet para informar sobre a depressão e como ajudar as pessoas que sofrem da doença. Localmente, participoatlético paranaense e fortaleza palpiteorganizações que ajudam quem perdeu pessoas amadasatlético paranaense e fortaleza palpitesuicídio. Também compartilho minha história quando surgem oportunidades.

Para mim, é uma lembrançaatlético paranaense e fortaleza palpiteque existe esse problema, masatlético paranaense e fortaleza palpiteque também é possível fazer prevenção, há coisas que se pode fazer.

Sempre lembro as pessoas da mesma coisa: doenças mentais não são culpaatlético paranaense e fortaleza palpiteninguém.

A saúde mental é tão importante quanto a física. É preciso aprender quais são os sintomas, e se alguém não se sente bem, é preciso falar com alguématlético paranaense e fortaleza palpiteconfiança, com o médico.

E, acimaatlético paranaense e fortaleza palpitetudo, não se dar por vencido. Não é fácil, mas é possível superar.

Sobre a depressão

atlético paranaense e fortaleza palpite Quais os sintomas?

"Todo mundo tem momentosatlético paranaense e fortaleza palpitetristeza, mas eles são passageiros. A depressão é um condição da qual, sem medicamento ou tratamento, não é possível sair", diz o psiquiatra americano Luis Sandoval.

Entre os sintomas visíveis, a pessoa pode ter uma melancolia constante, sensibilidade, vontadeatlético paranaense e fortaleza palpitechorar, irritabilidade, sensaçãoatlético paranaense e fortaleza palpiteculpa e mudançaatlético paranaense e fortaleza palpiteapetite. Também é possível ter sintomas diferentes, como uma sensaçãoatlético paranaense e fortaleza palpitevazio, cansaço, dificuldade para levantar da cama, problemasatlético paranaense e fortaleza palpiteconcentração, dificuldade para dormir.

"Mas, acimaatlético paranaense e fortaleza palpitetudo, há uma perdaatlético paranaense e fortaleza palpitehabilidadeatlético paranaense e fortaleza palpitesentir prazer com a vida, tristeza, uma sensaçãoatlético paranaense e fortaleza palpiteestar distanteatlético paranaense e fortaleza palpitetudo", diz Sandoval. "Há um momentoatlético paranaense e fortaleza palpiteque a pessoa se sente morta por dentro e a vida parece não ter mais sentido."

atlético paranaense e fortaleza palpite Como ajudar uma pessoa com a doença?

Ainda que a solução geralmente passe por receber algum tipoatlético paranaense e fortaleza palpiteterapia médica ou medicação, há coisas que se pode fazer para ajudar uma pessoa com depressão.

"O principal é evitar dizer 'sei como você se sente' ou 'você tem que ser mais forte', como se um problemaatlético paranaense e fortaleza palpitesaúde mental fosse resultadoatlético paranaense e fortaleza palpitefraqueza da mente", diz Sandoval.

"Mas é bom perguntar como a pessoa se sente, o que você pode fazer para ajudar e, principalmente, escutar sem julgar", diz o médico.

"E ainda que tenhamos medoatlético paranaense e fortaleza palpitefalar sobre suicídio, falar sobre o assunto realmente ajuda, porque a pessoa vai ver que pode compartilhar seus sentimentos com alguém, e deixaratlético paranaense e fortaleza palpitepensar que seus sentimentos são tão estranhos ao ver que a outra pessoa não se alarma."

"Se a pessoa tem impulsos suicidas e não pode falar com ninguém, isso reforça a ideiaatlético paranaense e fortaleza palpitesolidão,atlético paranaense e fortaleza palpitequeatlético paranaense e fortaleza palpitevida não vale a pena e que não fará falta a ninguém. É preciso ter esse tipoatlético paranaense e fortaleza palpiteconversa para demonstrar que a pessoa é importante, que vale muito para o mundo e que não vale a pena tirar a própria vida", diz o médico.

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