Como domamos os micróbios antes que eles nos dominassem:fazer aposta no pixbet

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Legenda da foto, Cientista observa micróbiosfazer aposta no pixbetlaboratório; estudo identifica que relação entre células humanas e micróbios não é equilibrada

Isso é chamadofazer aposta no pixbeteutrofização. Acontece devido ao aumento das concentraçõesfazer aposta no pixbetnitrogênio ou fósforo na água, causando um desequilíbrio que acaba prejudicando o ecossistema.

Conforme concluiu a equipefazer aposta no pixbetDavid, portanto, o segredo para termos domado nosso microbioma - e, ao longo do tempo, feito desses bichinhos nossos úteis hóspedes - está no fatofazer aposta no pixbetque nosso organismo sempre os deixa com fome.

Crédito, Jared Lazarus/Divulgação Universidade Duke

Legenda da foto, O professorfazer aposta no pixbetgenética molecular Lawrence David, da Universidade Duke, nos Estados Unidos, é o autor da pesquisa

Dependência e dominação

Os animais - inclusive os seres humanos - dependem das comunidadesfazer aposta no pixbetmicróbios que vivemfazer aposta no pixbetseus corpos. É graças a esses serezinhos que conseguimos digerir alimentos, sintetizar vitaminas, fortalecer sistemas imunológicos e realizar uma vasta gamafazer aposta no pixbetfenômenos bioquímicos.

Ao mesmo tempo, esses microorganismos não conseguiriam viver sem os animais como seus hospedeiros.

Por décadas, pesquisadores acreditavam que essa relaçãofazer aposta no pixbetinterdependência fosse uma simbiose equilibrada, um ganha-ganhafazer aposta no pixbetque não houvesse um dominante.

Pois é exatamente isso que a atual pesquisa contraria. Essa relação entre hospedeiros e hóspedes não é nenhum contofazer aposta no pixbetfadas. Os cientistas descobriram que,fazer aposta no pixbetnome do benefício próprio, os animais privam seus micróbiosfazer aposta no pixbetnutrientes. Deixando-os com fome, eles são escravizados - e acabam fazendo o serviço que precisamos.

"Há uma hierarquia natural entre as bactérias e nós", afirma David. "E nós, como anfitriões, damos as cartas neste jogo."

Abundância e escassez

Acreditava-se que, para o microbioma, o intestino fosse um paraísofazer aposta no pixbetnutrientes. Ou, nas palavrasfazer aposta no pixbetDavid, um local "onde abundam alimentos e recursos, uma verdadeira Fábricafazer aposta no pixbetChocolatefazer aposta no pixbetWilly Wonka". Não é à toa que,fazer aposta no pixbetacordo com estudos, existem mais bactérias residindo por grama no intestino do quefazer aposta no pixbetqualquer outro ecossistema do mundo. No total, a soma desses microorganismos do intestino chega a 3 quilosfazer aposta no pixbetum ser humano - é muito, o equivalente ao fígado ou ao cérebro.

A crença, portanto, era que essa abundância fosse resultado da hospitalidade do intestino. O local seria tão agradável a esses bichinhos, que as condições teriam favorecido essa proliferação - benéfica para os animais, pois o microbioma ajuda na digestão.

Entretanto, agora se descobriu que não é bem assim. Os pesquisadores analisaram essa estrutura e concluíram que ela reproduz qualquer outro ecossistema do planeta, ou seja, é um ambientefazer aposta no pixbetque os seres vivos competem entre si pelos recursos.

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Legenda da foto, Os cientistas descobriram que os micróbios nos intestinos dos mamíferos replicam os mesmos ecossistemas do planeta

Para tanto, foram medidas as proporçõesfazer aposta no pixbetnitrogênio das fezesfazer aposta no pixbetdiversos animais. No total, foram analisados maisfazer aposta no pixbet30 tiposfazer aposta no pixbetmamíferos - zebras, girafas, elefantes, ovelhas, bois, humanos etc.

As amostrasfazer aposta no pixbetfezes foram trituradas e,fazer aposta no pixbetseguida, no laboratório, tiveram os átomosfazer aposta no pixbetnitrogênio e carbono contados.

E aí veio a descoberta: descobriu-se que os micróbios no intestino humano têm acesso a uma médiafazer aposta no pixbetapenas um átomofazer aposta no pixbetnitrogênio para cada dez átomosfazer aposta no pixbetcarbono - enquanto os micróbiosfazer aposta no pixbetvida livre desfrutamfazer aposta no pixbetuma dieta compostafazer aposta no pixbetum nitrogênio a cada quatro carbonos.

Trocandofazer aposta no pixbetmiúdos: os bichinhos que habitam seu organismo estão com fome. E isso é bom.

"O que descobrimos é que os animais desenvolveram uma maneirafazer aposta no pixbetmanter as bactérias 'na coleira', deixando-as famintas por nitrogênio", explica David. "Como os micróbios do intestino dependem dos nutrientes que fornecemos, podemos controlar quais bactérias crescem e quanto elas crescem."

Partindo dessa premissa como verdadeira, uma outra analogia foi feita pelos cientistas: afazer aposta no pixbetcomo a vida ocidental, com os hábitos alimentares não muito saudáveis e o uso e o abusofazer aposta no pixbetantibióticos, pode estar atrapalhando essa relação. "O estudo também sugere por que a dieta ocidental pode ser ruim para nós. Quando as pessoas ingerem muita proteína, isso prejudica a capacidadefazer aposta no pixbeto hospedeiro absorver esse nitrogênio do intestino delgado. Assim, mais nitrogênio acaba chegando ao intestino grosso. Esse desequilíbrio mina nossa capacidadefazer aposta no pixbetcontrolar as comunidades microbianas", aponta o cientista.

"Uma maneirafazer aposta no pixbetexplicar o estudo é comparar nossos intestinos aos lagos", exemplifica David. "Normalmente, os lagos não contêm muitos nutrientesfazer aposta no pixbetexcesso. Mas, quando fertilizantes acabam despejados neles, esses ecossistemas mudam e você vê florescerem muitos organismos indesejados, como as algas. Essa pesquisa sugere que um fenômeno semelhante ocorre no intestino, onde quando muito nitrogênio é ingerido,fazer aposta no pixbetformafazer aposta no pixbetproteína, podem ocorrer desenvolvimentos anormaisfazer aposta no pixbetbactérias."

Saúde

Esses hábitos podem deixar a relaçãofazer aposta no pixbetpoder mais favorável aos micróbios, portanto. Em última análise, enfraquece nosso organismo, deixando-nos mais vulneráveis a doenças.

Por essa teoria, se os humanos estão "perdendo o controle" sobre os micróbios, parece natural imaginar que o usofazer aposta no pixbetantibióticos, ao eliminar populações inteirasfazer aposta no pixbetmicroorganismos, seria uma solução para mostrar, afinal, quem é que manda no pedaço.

Mas não é bem assim. Um estudo anterior realizado pela mesma equipe mostrou que tal comportamento seria imprudente, um verdadeiro tiro no pé. Na ocasião, eles deram medicamentos a dez camundongos e passaram a monitorar suas fezes diariamente. Notaram que quando os micróbios se esgotaram, o intestino dos ratos começou a acumular as fontesfazer aposta no pixbetalimento dos microorganismos. Pouco tempo depois, o microbioma passou a florescer novamente, masfazer aposta no pixbetmodo mais intenso e desequilibrado.

Os cientistas não sabem qual seria o "número ideal"fazer aposta no pixbetbactérias no intestino, mas estão convencidosfazer aposta no pixbetque é preciso um equilíbrio.

No casofazer aposta no pixbetseres humanos, eles acreditam que após o usofazer aposta no pixbetantibióticos, o microbioma fica alterado por meses ou até anos. E essa alteração acaba deixando o organismo mais fértil para a invasãofazer aposta no pixbetbactérias nocivas e causadorasfazer aposta no pixbetdoenças. "Normalmente, os patógenos têm dificuldadefazer aposta no pixbetcolonizar o intestino. Afinal, há trilhõesfazer aposta no pixbetoutras bactérias ali, que eles precisam vencer para sobreviver. Mas se,fazer aposta no pixbetrepente, tirarmos a competição microbiana por recursos, perdemos o controle, e as bactérias ruins que causam doenças desagradáveis encontram um caminho aberto", explica David.

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Legenda da foto, O usofazer aposta no pixbetantibióticos pode estar deixando o organismo humano mais fértil para a invasãofazer aposta no pixbetbactérias nocivas e causadorasfazer aposta no pixbetdoenças