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Brasil 'empata'aposta aposta ganhadesigualdade e toma goleada da Rússiaaposta aposta ganhaeducação:aposta aposta ganha
Ao contrário do Brasil, entretanto, a dívida pública russa praticamente não subiu durante a crise – avançouaposta aposta ganha15,9% do PIB para 17,4% entre 2015 e 2017, contra um saltoaposta aposta ganha72,5% do PIB para 83,9% aqui – e a taxaaposta aposta ganhadesemprego não foi além dos 5%,aposta aposta ganhaparte por pressão do governo Putin para que as empresas não demitissem.
Mas isso não quer dizer a população não tenha sentido os efeitos da recessão. Os salários encolheram durante esse período, e os russos ainda não recuperaram seu poderaposta aposta ganhacompra.
Em ambos os países, a renda é altamente concentrada. A Rússia tem 101 bilionários – mais que o dobro do Brasil –, e 20 milhões estão abaixo da linhaaposta aposta ganhapobreza, levandoaposta aposta ganhaconta as estimativas do governo, consideradas conservadoras.
Apesar da desigualdade elevada, contudo, o país tem desempenho compatível com oaposta aposta ganhapaíses europeus nos rankings internacionaisaposta aposta ganhaavaliaçõesaposta aposta ganhaalunos, como o Pisa (Programa Internacionalaposta aposta ganhaAvaliaçãoaposta aposta ganhaAlunos) – uma diferença marcante, já que o Brasil ocupa as últimas posições da lista e tem o pior resultado quando se levaaposta aposta ganhaconsideração os testesaposta aposta ganhamatemática.
O analfabetismo foi erradicado ainda antes da Segunda Guerra e praticamente não existem crianças fora da escola, conta a professora Elena Vássina, naturalaposta aposta ganhaMoscou, que dá aulasaposta aposta ganhaliteratura e cultura russa na Universidadeaposta aposta ganhaSão Paulo (USP).
"Com três ou quatro anos as crianças já começam a decorar poemasaposta aposta ganha(Alexander) Pushkin na escola", diz ela, que embarca neste sábado para o país da Copa para assistir aos jogosaposta aposta ganhacasa.
Recessão com inflação alta
O colapso nos preços do petróleo é apontado como principal responsável pela crise econômica que fez o PIB da Rússia encolher 2,5%aposta aposta ganha2015 e 0,2%aposta aposta ganha2016 – tombo menor que o do Brasil,aposta aposta ganha3,5%aposta aposta ganhacada um dos dois anos.
Cotado a maisaposta aposta ganhaUS$ 100 até o inícioaposta aposta ganha2014, o barril chegou a valer menosaposta aposta ganhaUS$ 30aposta aposta ganha2016. A commodity é o principal produtoaposta aposta ganhaexportação dos russos, representando cercaaposta aposta ganha50%aposta aposta ganhatudo o que país vende ao exterior, entre petróleo cru, refinado e gás.
Além da queda nos preços, as sanções econômicas impostas à Rússia pelos Estados Unidos e União Europeiaaposta aposta ganha2014, logo após a anexação da Crimeia – região que estava sob o controle da Ucrânia – também tiveram papel importante na crise, acrescenta Nafez Zouk, da consultoria Oxford Economics.
Com menos exportações, o volumeaposta aposta ganhadólares no país diminuiu. Para evitar que a Rússia "vendesse todas as suas reservas" na tentativaaposta aposta ganhasegurar a cotação da moeda americana, o Banco Central passou a adotar o regimeaposta aposta ganhacâmbio flutuante, explica o economista, e deixou o rublo desvalorizar.
A moeda chegou a perder 50% do valor nesse período e provocou um salto na inflação, que chegou a ficar ainda mais alta que no Brasil. Em 2015, atingiu 12,9%, contra 10,67% por aqui.
Desemprego baixo e 'contratação três por um'
A trajetória do desemprego mostrada pelos dados oficiais, entretanto, praticamente não se alterou. Enquanto no Brasil a taxa atingiu 12,8%, na Rússia ela não passouaposta aposta ganha5,6%.
Isso se explica,aposta aposta ganhaparte, pelo chamado "desemprego oculto", que cresceu nesse período, diz o economista russo Victor Krasilshchikov.
Incentivadas pelo governo, as empresas reduziram as remunerações e mantiveram o volumeaposta aposta ganhacontrataçõesaposta aposta ganhanovos empregados.
"Elas contratam três pessoas com o salárioaposta aposta ganhauma", diz o especialista, que é chefe do grupoaposta aposta ganhapesquisa do Centroaposta aposta ganhaEstudos do Desenvolvimento do Instituto Nacionalaposta aposta ganhaPesquisaaposta aposta ganhaEconomia e Relações Internacionais (Imemo).
"Existe uma pressão política para não demitir", concorda William Jackson, da Capital Economics, acrescentando que, além do corte nos salários, as empresas também reduzem as horasaposta aposta ganhatrabalho e dão férias coletivas para evitar cortesaposta aposta ganhapessoal.
Com o aumento da inflação e a redução dos salários, contudo, a renda do trabalho vem encolhendoaposta aposta ganhaforma contínua desde a crise, diminuindo o poderaposta aposta ganhacompra dos russos.
"O consumo foi o que mais sentiu (os efeitos da recessão). O fardo da crise recaiu majoritariamente sobre os trabalhadores", avalia Zouk, da Oxford Economics.
Apesar da recuperação dos preços do petróleo, que favorece a retomada da economia do país, o economista pondera a Rússia enfrenta entraves similares aos do Brasil – problemas estruturais que diminuem seu potencialaposta aposta ganhacrescimento, como a baixa produtividade do trabalho, a faltaaposta aposta ganhainovação e a economia relativamente fechada e pouco competitiva.
Um dos países com maior concentraçãoaposta aposta ganhariqueza
Com 101 bilionários – contra 43 no Brasil –, a Rússia está entre os países que mais concentra riqueza no mundo, conforme o Global Wealth Report do banco Credit Suisse.
Os 10% mais ricos detêm 77,4%aposta aposta ganhatoda a riqueza do país, contra 72,3% no Brasil. O economista Tony Schorrocks, um dos autores do levantamento, que há dez anos trabalha na baseaposta aposta ganhadados, explica que a estimativa levaaposta aposta ganhaconsideração todo o patrimônio pessoal,aposta aposta ganhapropriedade a ativos financeiros, descontadas as dívidas.
É diferente, por exemplo, do indicador da desigualdadeaposta aposta ganharenda usado pelo Banco Mundial. Tomando essa medida, os 10% mais ricos na Rússia acumulam quase 30% dos rendimentos, enquanto no Brasil o percentual sobe para pouco maisaposta aposta ganha40%.
"Essa é uma medida (a concentraçãoaposta aposta ganhariqueza) importante quando se analisa, por exemplo, a mobilidade social entre as gerações e a persistência da desigualdade. Os filhos não herdam a renda do trabalho dos pais, mas o patrimônio", ele pondera.
"Além disso, os ricos não gastam seu dinheiro sóaposta aposta ganhaprodutosaposta aposta ganhaluxo. Eles,aposta aposta ganhamuitos casos, têm influência sobre a mídia e fazem grandes doações a partidos políticos", acrescenta.
No caso da Rússia, diz o economista, a concentração seriaaposta aposta ganhaparte reflexo da transição do regime comunista da União Soviética,aposta aposta ganhaque praticamente não havia propriedade privada, para o capitalismo.
Nas últimas décadas, um grupo pequenoaposta aposta ganhapessoas influentes explora os principais recursos do país – não por acaso, os bilionários russos no topo da lista atuam no setoraposta aposta ganhaóleo e gás e na indústria do aço.
Na base da pirâmide, as estatísticas oficiais apontam que pouco maisaposta aposta ganha13% da população do país, 20 milhões, está abaixo da linhaaposta aposta ganhapobreza, estabelecidaaposta aposta ganhapouco maisaposta aposta ganha10 mil rublos (cercaaposta aposta ganhaUS$ 155) pelo governo.
Krasilshchikov, economista do Imemo, pondera que, se levadaaposta aposta ganhaconta a métrica usada pelas Nações Unidas para definir pobreza – se a família gasta mais da metade da renda para comprar alimento –, 30% dos russos seriam considerados pobres.
A pobreza é maior nas pequenas cidades rurais – onde vive um quarto da população, contra 14% no Brasil –, diz o economista, do que nos grandes centros, como Moscou e São Petersburgo.
Dostoiévski no 'ensino médio'
Apesar da desigualdade elevada, o acesso à educação públicaaposta aposta ganhaqualidade na Rússia é quase universal, diz a professora Elena Vássina, que se divide entre São Paulo e Moscou.
Herança do período comunista, o programaaposta aposta ganhaensino é igualaposta aposta ganhatodo o território e há boas escolas mesmo nas cidades menores. "O ensino era muito ideologizado, mas o comunismo investiu muitoaposta aposta ganhaeducação. É uma tradição russa que vem desde o século 18", ela ressalta.
Clássicos como Crime e Castigo,aposta aposta ganhaFiódor Dostoiévski, e Guerra e Paz,aposta aposta ganhaLiev Tolstói, ela conta, são leituras obrigatórias para os jovensaposta aposta ganha15 e 16 anos. Nos cursosaposta aposta ganhaliteratura nas universidades, a carga horária é três vezes maior do que na USP, por exemplo, onde Vássina leciona.
Não por acaso, o desempenho do paísaposta aposta ganhaavaliações como o Pisa é muito superior ao do Brasil. Tanto nos testesaposta aposta ganhaleitura quanto nosaposta aposta ganhamatemática, a Rússia está acima da média da OCDE, que reúne as economias mais desenvolvidas do mundo.
O Brasil segue na lanterna. É o pioraposta aposta ganhamatemática e tem o terceiro pior desempenhoaposta aposta ganhaleitura, atrás do Peru e da Indonésia.
A austeridade fiscalaposta aposta ganhaPutin
Das diferenças entre os dois países, a trajetória das contas públicas também chama atenção.
Desde meados dos anos 2000 a dívida bruta do governo está relativamente estável, e assim se manteve também durante a recessão. No Brasil, os reiterados deficits nos resultados do governo – que hoje gasta mais do que arrecada – e a trajetóriaaposta aposta ganhacrescimento da dívida são considerados um dos maiores riscosaposta aposta ganhamédio prazo para a economia.
"A austeridade fiscal na Rússia talvez venha da memória do que aconteceu nos anos 90", afirma Jackson, da Capital Economics, referindo-se à crise da dívida russa, quando o país decretou moratória e teveaposta aposta ganharenegociar a dívida externa.
Putin manteve as torneiras fechadas durante a crise e conseguiu se reeleger neste ano mesmo com a política fiscal contracionista – ou seja, com redução do gasto público –, geralmente impopular.
"No momento atual da política na Rússia,aposta aposta ganhaque Putin governa quaseaposta aposta ganhaum sistema autocrático, praticamente não existe oposição e inquietação social. Muitas vezes você tem que engolir e aceitar (as medidas do governo)", diz Zouk, da Oxford Economics.
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