O gigantesco - e ainda misterioso - recife21 nova online casinocorais encontrado na foz do rio Amazonas:21 nova online casino

Crédito, GREENPEACE

Legenda da foto, Recife na foz do Amazonas é composto por algas calcárias e recoberto por esponjas e corais (Foto: Greenpeace)

Estima-se que as reservas21 nova online casinopetróleo naquela parte da costa brasileira alcancem 14 bilhões21 nova online casinobarris. A Agencia Nacional21 nova online casinoPetróleo (ANP) leiloou mais21 nova online casino150 blocos, adquiridos por várias empresas petroleiras. Está prevista a perfuração21 nova online casinopoços21 nova online casinoprospecção21 nova online casino12 deles.

Os estudos com o navio do Greenpeace estão sendo realizados na região norte da Bacia da Foz do Amazonas, a 135 km da costa do Oiapoque, no Amapá, estendendo-se até um pedaço da costa da Guiana Francesa.

"Descobrimos que os corais da Amazônia se sobrepõem a uma área onde a empresa francesa Total planeja explorar petróleo, a 120 km do litoral", conta Thiago Almeida, especialista21 nova online casinoEnergia do Greenpeace Brasil.

Os primeiros indícios21 nova online casinoque poderia haver um recife na Bacia da Foz do Amazonas - que vai21 nova online casinoBelém, passa pela costa da Ilha21 nova online casinoMarajó e chega ao Amapá - datam21 nova online casinomaio21 nova online casino1975. Naquele mês, o navio americano Oregon II passou pela região num cruzeiro científico, com o objetivo21 nova online casinoavaliar os estoques21 nova online casinocamarão naquelas águas.

O que suas redes encontraram, no entanto, foram esponjas, lagostas e peixes, como o pargo, que não deveriam viver ali, pois são típicos21 nova online casinorecifes. O achado foi divulgado num simpósio realizado21 nova online casino1977, nos Estados Unidos.

Em 2012, outro navio científico americano realizou uma expedição à região com o objetivo21 nova online casinoestudar as propriedades físico-químicas da pluma do Amazonas. A embarcação levava a bordo o pesquisador brasileiro Rodrigo Leão21 nova online casinoMoura, que coletou uma quantidade significativa21 nova online casinoesponjas coloridas, corais e peixes.

Crédito, Greenpeace

Legenda da foto, Primeiros indícios21 nova online casinoexistência21 nova online casinorecife na foz do Amazonas datam21 nova online casino1975 (Foto: Greenpeace)

Para confirmar - ou não - a existência do recife foi organizada,21 nova online casino2014, uma terceira expedição à Bacia da Foz do Amazonas. Com 11 pesquisadores a bordo, o navio Cruzeiro do Sul, da Marinha do Brasil, zarpou21 nova online casinoBelém21 nova online casinosetembro rumo ao Oceano Atlântico.

O resultado do trabalho foi divulgado num artigo publicado na revista Science Advances,21 nova online casinoabril21 nova online casino2016. Foram registradas 61 espécies21 nova online casinoesponjas e 7321 nova online casinopeixes recifais, além21 nova online casinovários tipos21 nova online casinoalgas calcárias, responsáveis pela construção da base da estrutura, os rodolitos. A estimativa foi21 nova online casinoque o recife tinha 9.500 km².

'Rochas vivas'

Rodolitos são nódulos21 nova online casinocarbonato21 nova online casinocálcio (CaCO3)21 nova online casinovida livre, com formas que se assemelham a pedregulhos arredondados. Eles são formados pela aglomeração21 nova online casinopequenas algas que se incrustam, umas sobre as outras ou sobre qualquer substrato, como fragmentos21 nova online casinoconcha ou grãos21 nova online casinoareia.

Os pequenos nódulos vão crescendo pela reprodução e multiplicação desses organismos, que formam21 nova online casinocamada externa. A parte interna, uma espécie21 nova online casinonúcleo, se mineraliza. Eles são chamados vulgarmente21 nova online casinorochas vivas, por causa das algas que formam seu exterior.

Às vezes, os rodolitos podem se deslocar no leito do oceano21 nova online casinoacordo com as correntezas. Ou então podem se fundir e formar estruturas maiores.

"Bancos deles são estágios iniciais na formação dos recifes", explica o biólogo Ronaldo Francini Filho, da Universidade Federal da Paraíba UFPB), coordenador do grupo21 nova online casinopesquisadores a bordo do Esperanza.

Crédito, Marizilda Cruppe/Greenpeace

Legenda da foto, Esponja-do-mar coletada a 90 metros21 nova online casinoprofundidade na foz do rio Amazonas (Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace)

"Com o passar do tempo, os nódulos21 nova online casinoalgas tornam-se pesados e ficam ancorados ao fundo. Posteriormente, nódulos adjacentes fundem-se e formam estruturas cada vez maiores e mais complexas." É aí que que se instalam peixes, moluscos, crustáceos e vários invertebrados marinhos, e esponjas encontram bases para crescer.

Tipos21 nova online casinocorais

É preciso diferenciar, no entanto, o recife que foi descoberto na Amazônia daqueles que aparecem21 nova online casinodocumentários21 nova online casinoTV, localizados21 nova online casinoáguas rasas, cristalinas e bem iluminadas. "O que chamamos21 nova online casinorecife21 nova online casinocorais são estruturas rígidas, construídas por organismos vivos", explica Francini. "Em algumas regiões rasas, como, por exemplo, Abrolhos, Caribe e Austrália, os corais dominam como organismos construtores."

Mas um dos principais componentes na construção21 nova online casinorecifes, geralmente pouco conhecido, são as algas calcárias, as quais podem formar bancos21 nova online casinorodolitos, plataformas e até estruturas complexas. Segundo Francini, além dos21 nova online casinocorais "comuns", há regiões no Brasil nas quais os principais organismos construtores são algas calcárias, como21 nova online casinoalgumas áreas21 nova online casinoAbrolhos, o Atol das Rocas e o Recife do Amazonas.

Esse último,21 nova online casinoparticular, ocorre21 nova online casinoáguas relativamente profundas (70-200 m),21 nova online casinozonas conhecidas como mesofóticas (média luminosidade),21 nova online casino70 a 150 m, e rarifóticas (de luz reduzida), entre 150 e 200 m.

"Ele é composto predominantemente por algas calcárias, mas também é construído por corais (principalmente Madracis decactis) e recoberto por esponjas, corais-negros (de esqueleto preto, que vivem21 nova online casinoáguas profundas) e corais-moles (sem esqueleto calcário), sendo habitado por peixes e diversos outros grupos típicos21 nova online casinoambientes recifais, como caranguejos e estrelas do mar", conta Francini.

Seis vezes maior

Entre janeiro e fevereiro do ano passado, o Greenpeace organizou a21 nova online casinoprimeira expedição à Bacia da Foz do Amazonas para conhecer melhor o recife. Nela, a organização e os pesquisadores percorreram as suas regiões sul e central e fizeram as primeiras imagens dele com o uso21 nova online casinoveículo operado remotamente (ROV, na sigla21 nova online casinoinglês), uma espécie21 nova online casinorobô subarino.

A principal descoberta do trabalho, publicado21 nova online casinoabril na revista científica Frontiers in Marine Science, foi21 nova online casinoque o recife pode ser até seis vezes maior do que se estimava anteriormente.

Crédito, Greenpeace

Legenda da foto, Submarino a bordo do navio Esperanza, que realiza expedição à região dos corais (Foto: Marozoçda Cruppe/Greenpeace)

"Isso demonstra o quão pouco conhecemos dos corais da Amazônia", diz Almeida, do Greenpeace. "Agora, nesta nossa segunda expedição, o Esperanza está navegando pelo setor norte da Bacia da Foz do Amazonas. Dessa vez, o achado mais importante foi a presença21 nova online casinorecife dentro da área21 nova online casinoum dos blocos da Total, o FZA-M-86."

De acordo com ele, a descoberta invalida o Estudo21 nova online casinoImpacto Ambiental apresentado pela Total para explorar a área. "Como a empresa pode mensurar o risco21 nova online casinoum derramamento atingir o sistema recifal e quais seriam os impactos se nem mesmo sabe21 nova online casinoextensão?", questiona.

"Isso, por si só, já deveria fazer com que a empresa abandonasse seus planos na região e que o governo brasileiro negasse a licença ambiental para a empresa."

Procurada pela BBC Brasil, a Total enviou uma nota dizendo que não pretende perfurar o bloco FZA-M-86, onde foram encontrados recifes.

Inicialmente, diz a companhia, serão perfurados dois poços exploratórios, situados21 nova online casinoáguas ultra profundas (entre 1.800 m e 2.500 m) nos blocos FZA-M-57 e FZA-M-127.

De fato, no cronograma21 nova online casinoperfuração dos poços enviado pela companhia ao Ibama, não há previsão para exploração do poço FZA-M-86 pelo menos até 2021.

Segundo a assessoria21 nova online casinoimprensa, uma eventual perfuração nesse bloco dependerá21 nova online casinofuturas pesquisas e análises.