Greve geral liderada por '500 Irmãos': entenda crise que afeta território europeu vizinho ao Brasil:

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Legenda da foto, Milharespessoas foram as ruas do paísapoio ao movimento dos 500 Irmãos

A Guiana Francesa, território ultramarino da União Europeia espremido entre o Brasil e o Oceano Atlântico, está sendo palcouma ondaprotestos egreves que já dura 10 dias.

Líderes sindicais que comandam as paralisações exigem que o governo francês faça um pagamento imediato2,5 bilhõeseuros (R$ 8,3 bilhões) a seu Departamento na América do Sul. Eles acusam Parisignorar os problemas da região, que oficialmente é um exclave da União Europeia no continente e usa o euro comomoeda.

As tensões sociais na Guiana Francesa se transformaram atéum assunto da campanha presidencial francesa.

Pobreza e violência

Conhecida oficialmente como um departamento remoto da França, a Guiana Francesa está situada entre o Oceano Atlântico e o Estado do Amapá. Do final do século 18 a meados do 20, a região abrigou uma imensa colônia penal. Sua notória prisão da Ilha do Diabo teve como seus prisioneiros mais famosos o capitão do Exército francês acusadotraição Alfred Dreyfuss - protagonista do famoso caso Dreyfuss - e Henri Charièrre, autorPapillon, romance supostamente autobiográfico.

A Guiana Francesa é também um local com vários problemas. A maioriasua população250 mil pessoas não tem água encanada ou eletricidade. O desemprego é endêmico, atingindo 50% da população jovem, e o índicehomicídios é o maior entre os territórios franceses no exterior.

A principal parcela da população é mestiça, descendenteescravos e colonizadores franceses; há minorias francesas, haitianas, surinamesas, brasileiras e asiáticas. A língua oficial é o francês, mas a que predomina é o creole guianense francês.

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Legenda da foto, Líderes do movimento grevistas exigem pagamento2,5 bilhõeseuros do governo francês

O Departamento francês é governado por uma autoridade territorial, exercida desde 2015 pela Assembleia da Guiana Francesa, eleita localmente.

A Guiana Francesa também tem problemas com a imigração ilegal, incluindobrasileiros, alimentada especialmente pelo setor da mineração - o país tem jazidasouro.

Algo que não é refletido pela renda per capita anualUS$ 15 mil, no mesmo patamar que a o Brasil - e metade da média da França.

Protestos

Milharespessoas foram às ruas no último 28,apoio à greve geral.

Os protestos tiveram início quatro dias antes, quando 10 mil pessoas fizeram manifestações nas duas principais cidades do país, Caiena e Saint-Laurent-du-Maroni.

Foi o maior evento do tipo na história do país, e muitos trabalhadores permanecembraços cruzados.

A paralisação causou uma sérietranstornos, entre eles o fechamento da base espacialKorou, adiando o lançamentoum foguete que colocaria satélitesBrasil e Coreia do Sulórbita.

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Legenda da foto, Manifestantes bloqueiam estrada que leva à base espacialKorou

No comando dos protestos está um coletivo conhecido como Os 500 Irmãos.

Entre as principais reivindicações estão ainda mais segurança e amparo aos desempregados.

Em uma tentativaacalmar os ânimos, o governo francês ofereceu um aporte1 bilhãoeuros, mas o porta-voz dos 500 Irmãos, Olivier Goudet, disse que o grupo considera a oferta "insatisfatória", até porque os termos falavampagamentos ao longo10 anos.

Impacto na França

A menosum mês das eleições presidenciais na França, os problemas na Guiana Francesa não passam despercebidos pelos candidatos. E o centrista Emmanuel Macron, um dos favoritos nas pesquisas, cometeu uma gafe ao descrever o território como uma ilha, embora tenha proposto novas políticas econômicas e melhorias na segurança da região.

Já a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, disse que os problemas na Guiana Francesa são causados pela "imigraçãomassa".