As três estratégias na batalha global contra a cegueira que empolgam especialistas:dono da pix bet

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto, Novos tratamentos dão esperança a pacientes com deficiência visual

"Tem havido avanços interessantesdono da pix betoutras áreasdono da pix betpesquisa. Por exemplo, no tratamento da perdadono da pix betvisão associada a diabetes e doenças vasculares, os medicamentos melhoraram muito, o resultado é excepcional. Mas são remédios, um método convencional."

Além disso, explicou, "esses medicamentos geralmente não levam à cura, mas sim ao controle da doença ─ e esse controle requer várias aplicações a longo prazo".

"A terapia gênica é diferente, é realmente inovadora. Primeiro porque promete tratar doenças graves para as quais não temos alternativa no momento", afirmou Goldbaum.

"Segundo porque os estudos têm mostrado que uma única aplicação permite corrigir o efeito do gene causador da doença. Dessa forma, a terapia gênica aproxima-se mais da cura do que do controle da doença", acrescentou.

"Terceiro, porque mesmo doenças degenerativas associadas à idade ─ como glaucoma e degeneração macular ─ envolvem uma predisposição ou alteração genética".

"Então, potencialmente, a terapia gênica poderia oferecer alternativas para doenças não hereditárias, que são mais comuns. E vem sendo incubada há muito tempo. É uma coisa futurística, abre possibilidadesdono da pix betse tratar muitas doenças", concluiu o pesquisador.

Para o paciente, no entanto, a espera ainda será longa. Segundo os especialistas, é provável que tratamentos para essas doenças só estejam disponíveis,dono da pix betmassa, para as gerações futuras.

Isso cria um grande desafio para médicos que recebem, diariamente, pacientes com doenças graves, incuráveis,dono da pix betseus consultórios.

Por um lado, é preciso incentivar uma atitude positiva, por outro, não se pode despertar falsas esperanças, como explicou à BBC Brasil a oftalmologista e geneticista Juliana Sallum, professora da Universidade Federal do Estadodono da pix betSão Paulo (Unifesp) com doutorado na Johns Hopkins University,dono da pix betMaryland, Estados Unidos.

"O paciente temdono da pix betmanter o psicológico bem, manter otimismodono da pix betrelação ao progresso das pesquisas. Mas você não pode dar esperanças demais. Esse balanço é bem difícil. E a mídia faz muito estrago. Quando explico a realidade, é decepção na certa."

No entanto, há muitas razões para o otimismo, disse Sallum. Ela destaca, além das pesquisas com terapia gênica, estudos envolvendo terapia celular.

"Esses estudos são desbravadores. Abrirão portas e facilitarão pesquisas envolvendo outros genes. E não podemos esquecer que nada disso existia há dez, quinze anos", disse Sallum. "A ciênciadono da pix betsi tem avançado bastante. Como médicos, conseguimos ver isso, mas o paciente quer resolver o caso dele, o que é totalmente compreensível."

Sallum tem mais boas notícias:

Avançosdono da pix betestudos sobre outras doenças degenerativas - como o maldono da pix betAlzheimer, por exemplo ─ e sobre o envelhecimentodono da pix betmaneira geral podem, um dia, trazer soluções aplicáveis também às distrofias degenerativas da retina.

"A ideia é não permitir que a célula envelheça e morra. No casodono da pix betdoenças degenerativas, o objetivo é não deixar que o erro genético cause o envelhecimento precoce, levando à morte celular precoce."

Uma outra estratégia nas pesquisas aposta nãodono da pix bettratamentos ou cura, mas simdono da pix betuma solução pragmática para o problema da cegueira. Trata-se do chamado olho biônico.

Entenda, com a ajuda da oftalmologista Juliana Sallum, três empolgantes estratégias na busca global por soluções para as distrofias degenerativas hereditárias da retina.

dono da pix bet 1. Terapia dono da pix bet g dono da pix bet ênica

A terapia gênica consiste na inserçãodono da pix betum gene oudono da pix betmaterial genéticodono da pix betdeterminada célula com fim terapêutico.

O material genético é transportado para o interior da célula por um vetor ─dono da pix betalguns casos, um vírus inofensivo. O vetor é injetado embaixo da retina e transfere, para dentro da célula, o material genético que carrega. A célula passa a expressar esse gene e assim corrige-se a função que estava deficiente.

Esse tipodono da pix betterapia é indicado para pacientes cujas células fotoreceptoras estão "em sofrimento" (ou seja, embora seu funcionamento já esteja sendo afetado pela doença, as células ainda estão vivas).

Em anos recentes, foram feitos estudos com terapia gênica para tratar retinose pigmentar, coroideremia e amaurose congênitadono da pix betLeber, mas ainda não há tratamentos disponíveis.

Já existem, no entanto, estudos clínicos (envolvendo pacientes)dono da pix betfase avançada, e um deles estariadono da pix betestágio finaldono da pix betaprovação: uma equipe da Universidade da Pensilvânia, em, Filadélfia, Estados Unidos, anunciou que espera poder oferecer, dentrodono da pix betum ano, terapia gênica para alguns pacientes com a distrofia amaurose congênitadono da pix betLeber.

Um dado importante é que a doença é rara, afetando umadono da pix betcada dez mil pessoas. Além disso, ela é provocada por 18 genes diferentes, e a terapia gênica desenvolvida pela equipe americana se aplicará apenas a pacientes com um gene específico, o RPE65.

"Ou seja, trata-sedono da pix betum gene rarodono da pix betuma doença rara", disse a geneticista Juliana Sallum.

Tambémdono da pix betestágio avançado está a pesquisa desenvolvida pelo oftalmologista britânico Robert MacLaren, da Oxford University, Inglaterra, para o tratamento da coroideremia. Estudos clínicos trouxeram resultados positivos que vêm se sustentando há quatro anos. Em e-mail à BBC Brasil, um integrante da equipe disse que é difícil prever, mas o grupo espera que um tratamento seja disponibilizado dentro dos próximos dez, possivelmente cinco, anos.

A coroideremia também é uma doença rara, afetando umadono da pix betcada 50 mil pessoas.

dono da pix bet 2. Terapia dono da pix bet c dono da pix bet elular

Para pacientes que já perderam muitas células fotoreceptoras , uma outra estratégia nas pesquisas para tratamento é a terapia dono da pix betreposiçãodono da pix betcélulas, ou terapia celular. Por esse método, células são retiradasdono da pix betoutro tecido e tratadasdono da pix betlaboratório para ficarem mais parecidas com as células da retina.

Os estudos atuais apostamdono da pix betdois tiposdono da pix betcélulas que são implantadasdono da pix betdiversos lugares dentro do olho: células iPS (sigla inglesa para Induced pluripotent stem cells, ou células-Tronco Pluripotentes Induzidas ─ um novo tipodono da pix betcélula, descobertodono da pix bet2006, que se assemelha às células-tronco embrionárias mas é obtido artificialmentedono da pix betlaboratório) e células tronco (células embrionáriasdono da pix betfetos descartados após fertilização In Vitro).

"A diferença entre terapia celular e terapia gênica é que na terapia gênica o alvo é uma célula que já está lá (na retina)", disse Sallum.

Os estudos atuais envolvem pacientes com Doençadono da pix betStargardt e com degeneração macular senil (que não tem causas puramente hereditárias).

Embora os estudos já envolvam pesquisas clínicas, não é possível fazer previsões sobre quando tratamentos estarão disponíveis.

O benefício potencial da terapia celular seria imenso, explicou Sallum. A Doençadono da pix betStargardt é uma das mais comuns entre as distrofias degenerativas hereditárias da retina. E a degeneração macular senil (que não pertence à categoria das distrofias degenerativas da retina) é a maior causadono da pix betperdadono da pix betvisãodono da pix betpacientes com maisdono da pix bet50 anos.

dono da pix bet 3. Olho dono da pix bet b dono da pix bet iônico

Há diversos olhos biônicosdono da pix betestudo no momento, mas apenas dois receberam aprovaçãodono da pix betentidades reguladoras para ser comercializados. O primeiro, a prótese Argos II, está disponível na Europa desde 2011 e, nos Estados Unidos, desde 2013.

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Chip implantado é implantado no olho por meiodono da pix betcirurgia

A prótese Argos II (um microchip) é implantada no olho por meiodono da pix betcirurgia e passa a substituir a função da retina. O paciente usa um óculos acoplado a uma câmera. A câmera, sem fio, envia a imagem para a prótese. A prótese capta a imagem e estimula, por meiodono da pix beteletricidade, as células remanescentes na retina. As células, pordono da pix betvez, enviam a informação ao cérebro.

O chip atual oferece imagens com definiçãodono da pix betaproximadamente 36 pixels (pontos), o que permite a visãodono da pix betvultos luminosos.

A prótese é útil como auxílio para pacientes que caminham com bengala, identificando portas, janelas ou objetos cuja cor contrasta com a do ambiente. Não há uma percepçãodono da pix betformasdono da pix betdetalhe, mas percebe-se que há um objeto ali. Também não há percepçãodono da pix betcor ─ a imagem édono da pix betpreto e branco.

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Paciente usa óculos acoplado a câmera que envia imagens para prótese ocular

O olho biônico é indicado a pacientes com retinose pigmentar (RP) que não usam mais a visão para se locomover. Por voltadono da pix betumadono da pix betcada quatro mil pessoas no mundo tem RP. No entanto, o númerodono da pix betpacientes com RP que perde a visão completamente é pequeno.

Segundo Juliana Sallum, a decisãodono da pix betse implantar um olho biônico requer vários cuidados. Entre eles, o preparo psicológico do paciente.

"Sem um preparo cuidadoso, não adianta implantar, porque o paciente vai se decepcionar e mandar desligar", disse a médica.

Além disso, o uso do olho biônico requer anosdono da pix betcontínuo treinamento, já que o usuário precisa aprender a interpretar os estímulos que recebe, transformando-osdono da pix betinformação "visual".

Falando à BBC Brasil, a assessoriadono da pix betimprensa da empresa americana Second Sight, fabricante da prótese Argos II, informou que há hoje 180 pessoas vivendo com implantes do olho biônico no mundo.

A assessora ressaltou que, apesar da baixa definição da imagem que a prótese oferece, não se pode subestimar a importância, para alguém que perdeu a visão,dono da pix betse poder identificar o vultodono da pix betum rosto durante uma conversa, ou a presençadono da pix betum carro parado na rua que se quer atravessar.

A assessoria informou também que o fabricante trabalha constantemente para aperfeiçoar a prótese.

O foco desses esforços tem sido melhorias nos óculos e na câmera para permitir um aumento no campodono da pix betvisão e a percepçãodono da pix betcor, entre outros avanços.

A prótese Argos II custa, atualmente, US$ 150 mil (R$ 523 mil).

Em março desse ano, um outro olho biônico, o Alpha AMS, fabricado pela empresa alemã Retina Implant AG, recebeu aprovação para ser comercializado na Europa.