O que é o chamado '3º turno' que Lula deve enfrentar depois da vitória:caça niqueis gratis

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Essas perguntas, feitas desde antes da eleição, serão agora finalmente respondidas.

Muitos têm chamadocaça niqueis gratis"terceiro turno" esse momentocaça niqueis gratisque a vitóriacaça niqueis gratisLula pode ser questionada e seu governo, ao extremo, inviabilizado.

A conversa deixou muita gente confusa achando que poderia haver uma terceira votaçãocaça niqueis gratisalguma situação específica. A hipótese não existe: as eleições são definidascaça niqueis gratisdois turnos no máximo, sem exceção.

Outros criticam o termo como uma tentativacaça niqueis gratis"perfumar" a ameaçacaça niqueis gratisuma ruptura democrática que paira no ar nos últimos quatros anos por causa das ações e palavrascaça niqueis gratisBolsonaro.

A tudo isso se soma a incerteza sobre qual será a reaçãocaça niqueis gratisBolsonaro, que, desde a vitóriacaça niqueis gratisLula, se mantémcaça niqueis gratissilêncio a respeito.

De praxe, um pronunciamento reconhecendo a derrota seria esperado, mas no casocaça niqueis gratisBolsonaro não se sabe ainda quando — ou se — isso ocorrerá.

Contestação do resultado

A história recente do país sugere que Lula pode enfrentar alguns problemas logo à frente. Primeiro, imediatamente após a eleição.

A expectativa é que haja algum tipocaça niqueis gratiscontestação do resultado porque o presidente disse diversas vezes que não o aceitaria se achasse que houve fraude, apesarcaça niqueis gratisnunca ter apresentado qualquer prova concretacaça niqueis gratisque o sistemacaça niqueis gratisvotação seria falho.

"Ele já está contestando. Houve a tentativacaça niqueis gratisadiar a eleição por causa das inserçõescaça niqueis gratisrádios", diz o historiador e cientista político Luiz Felipecaça niqueis gratisAlencastro, professor da Fundação Getúlio Vargas,caça niqueis gratisreferência ao relatório apresentado pela campanhacaça niqueis gratisBolsonaro sobre supostas irregularidades na transmissãocaça niqueis gratispropaganda eleitoral e que foi rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Esse governo tenta criar ansiedade o tempo todo. Vai ter um períodocaça niqueis gratisincerteza e instabilidade", afirma Alencastro.

A cientista política Flávia Biroli diz que Bolsonaro e os bolsonaristas não aceitarão facilmente uma derrota por considerar que o país estaria caindo nas mãoscaça niqueis gratisum inimigo.

"A extrema-direita transforma adversárioscaça niqueis gratisinimigos e é contra a alternâcia política porque entende que, se perder a eleição, o Estado vai ser tomado", afirma a professora da Universidadecaça niqueis gratisBrasília.

"Bolsonaro anunciou durante todo o governo que não aceita as regras básicas da democracia e nutriu um movimento que tem como identidade fundamental essa recusa e o ódio a um inimigo que teria uma ajuda das instituições para agir contra o presidente. É uma conjuntura explosiva."

Se Bolsonaro contestar o resultado, a questão é se ele faria isso à força ou pelas vias legais.

Aécio Neves foi pelo segundo caminhocaça niqueis gratis2014 com a vitóriacaça niqueis gratisDilma Rousseff (PT). Ele ficou à frente na maior parte da apuração do segundo turno, dando a impressão que iria conseguir ganhar, mas o resultado virou no fim.

"Ele reconheceu a vitóriacaça niqueis gratisDilma, mas depois percebeu que a posição do José Serra (PSDB)caça niqueis gratisSão Paulo era mais radical e não quis perder a liderança do partido, para ser o desafiantecaça niqueis gratisDilmacaça niqueis gratis2018", diz Alencastro.

Quatro dias após a reeleiçãocaça niqueis gratisDilma, o PSDB pediu para ser investigada uma suposta fraude, mas o TSE não encontrou nada.

"O precedente do Aécio é pernicioso porque a diferença na votação foi ainda menor agora, e eles podem pedir uma recontagem. Mas na eleição da Dilma não houve o apoio instantâneocaça niqueis gratislíderescaça niqueis gratisquase 50 países, entre eles os Estados Unidos, o aliado mais poderoso do Brasil. Acho que isso neutraliza essas pretensões entre os setores sociais que tiverem bom senso, e incluo aí a hirarquia das Forças Armadas", diz Alencastro.

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Legenda da foto, Bolsonaro teve os votoscaça niqueis gratisquase metade dos eleitores

O problema é que Bolsonaro precisará recorrer à mesma Justiça eleitoral que ele e seus apoiadores vêm atacando sem parar ao questionar a isenção do TSE e a segurança das urnas eletrônicas e ao dizer, sem provas, que houve fraude na eleiçãocaça niqueis gratis2018.

Mas uma denúnciacaça niqueis gratisfraude, se não tiver fundamentos ou provas, não deve darcaça niqueis gratisnada, avalia Danilo Medeiros, pesquisador do Centro Brasileirocaça niqueis gratisAnálise e Planejamento (Cebrap).

"As instituições já estão calejadas, blindadas e preparadas para isso. Bolsonaro nunca leva um plano adiante, mas ele é imprevisível. Com uma derrota apertada e Lula virando no final, algum tipocaça niqueis gratiscontestação deve vir, mesmo que mais leve, genérica e vazia, apontando 'injustiças', como se vem falando", diz Medeiros.

O cientista político avalia que o reconhecimento imediato da vitóriacaça niqueis gratisLula por lideranças políticas que apoiam Bolsonaro limitaram suas opções e o deixaram isolado.

"Ele não esperava perder e não esperava ser abandonado tão rápido. Ficou sem apoio para uma contestação — e para um golpe mais vistoso menos ainda. Mas o silêncio constrangedorcaça niqueis gratisBolsonaro mostracaça niqueis gratisrelutância emcaça niqueis gratisfato conceder a vitória. Ele pode estar esperando um pouco para ver se as manifestações dos caminhoneiros pegam fogo e qual é o ânimo das ruas", afirma.

O reflexo da derrota entre a metade da população que votou a favor do atual presidente pode ser decisivo, avalia Medeiros: "Aécio não tinha o apoio das ruas. Os eleitorescaça niqueis gratisBolsonaro são mais mobilizados. Acho que, se os mais fiéis estiverem engajados, ele vai instigar esse grupo a permanecer nas ruas".

Biroli não acredita que outros setores da sociedade além dos bolsonaristas apoiariam uma tentativacaça niqueis gratisgolpe.

"O empresariado, que o apoiou eleitoralmente, não deve apoiar, nem o Judiciário, que é o primeiro alvo depoiscaça niqueis gratisuma ruptura. As empresascaça niqueis gratismídia mais relevantes também não embarcaramcaça niqueis gratisuma aventura golpista. Mas não sabemos como as polícias vão agir, especialmente as militares", diz.

Alencastro diz que também é difícil prever qual seria o engajamento das igrejas evangélicas que apoiaram o presidente. "Não sabemos a extensão da insatisfação que a eleição do Lula vai gerar. Vamos começar a saber agora."

Até o momento, as declarações feitas por lideranças evangélicas aliadascaça niqueis gratisBolsonaro, como o pastor Silas Malafaia, o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) e o apóstolo Estevam Hernandes, não deram qualquer sinalcaça niqueis gratisque eles questionam a vitóriacaça niqueis gratisLula - pelo contrário.

Uma coisa que faltou a Aécio e que também pode faltar para Bolsonaro agora é apoio político. Se ele questionar a eleição, isso pode prejudicar também os governadores, senadores e deputadoscaça niqueis gratispartidos aliados que foram eleitos agora.

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-RO), já declararam que a vitóriacaça niqueis gratisLula não deve ser questionada. O governador eleitocaça niqueis gratisSão Paulo, Tarcísiocaça niqueis gratisFreitas (Republicanos), ex-ministrocaça niqueis gratisBolsonaro, também dissecaça niqueis gratisentrevista à emissora Record, que terá uma "relação republicana" com o petista.

"O presidente e seu entorno mais radicalizado não parecem ter encontrado suporte suficiente para seguir com o questionamento das urnas, mas isso não significa que a situação esteja controlada", avalia Biroli.

A cientista política cita as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia da eleição, a presençacaça niqueis gratismilitares nas ruas no Riocaça niqueis gratisJaneiro e as mobilizaçõescaça niqueis gratiscaminhoneiros, que fecharam estradas para protestar contra a derrotacaça niqueis gratisBolsonaro, como um indicativocaça niqueis gratisque o presidente tem apoiocaça niqueis gratisdeterminados setores caso opte por abrir uma crise institucional.

"São sinais claroscaça niqueis gratissegmentos que estão dispostos a mobilização antidemocrática, e caberia ao presidente controlar isso, mas não parece que ele pretende fazer isso. Não ter o suporte institucional não significa que o bolsonarismo não esteja ativocaça niqueis gratisrelação a uma contestação do resultado. De maneira que permanece muito delicado como será a manifestaçãocaça niqueis gratisBolsonaro quando ele decidir fazer isso."

O históricocaça niqueis gratisBolsonaro também joga contra ele. O presidente já se filiou a nove partidos e aderiucaça niqueis gratisúltima hora ao PSL (atual União Brasil) e ao PL para disputar as duas últimas eleições.

O presidente também tentou criarcaça niqueis gratisprópria legenda, mas não conseguiu. "E nem vai conseguir, porque ele não tem capacidade. Bolsonaro não controla um partido, ele controla um movimentocaça niqueis gratisespírito", diz Alencastro.

A relação com o Congresso

Outro momentocaça niqueis gratistensão para Lula pode ser a relação com o Legislativo no começo do seu governo.

O PL terá as maiores bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado, e vários políticos bolsonaristas e à direitacaça niqueis gratisLula se elegeram, alguns deles com excelentes votações, e podem fazer oposição ao novo presidente.

A Presidência confere poder e influência, e a transição certamente vai produzir rearranjos e facilitar a costuracaça niqueis gratisapoios. Mas vai ser a princípio um Congresso hostil a Lula, avalia Alencastro, e ele pode não só ter dificuldades para aprovar projetos, mas lidar com pautas-bomba e ameaçascaça niqueis gratisimpeachment.

"Os bolsonaristas também podem sempre tirar do colete a propostacaça niqueis gratisemenda constitucional para instaurar um semipresidencialismo", diz.

Isso reduziria drasticamente o poder do chefe do Executivo. A proposta está tramitando na Câmara. Arthur Lira, aliadocaça niqueis gratisBolsonaro, já disse que, se aprovado, o novo regime poderia entrarcaça niqueis gratisvigorcaça niqueis gratis2026caça niqueis gratisvezcaça niqueis gratis2030 como é originalmente previsto.

"Vai ser uma ameaça a Lula no decorrer do mandato, mas é difícilcaça niqueis gratispassar. É uma mudança complexa por meiocaça niqueis gratisplebiscito e precisacaça niqueis gratisuma campanha longa", diz Alencastro.

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Legenda da foto, O presidente do Congresso, Arthur Lira (PP-AL), é aliadocaça niqueis gratisBolsonaro

Lula também precisará negociar o chamado Orçamento Secreto, como ficaram conhecidas as emendascaça niqueis gratisrelator, que foram criticadas bastante por ele na campanha. O Orçamento Secreto também foi articulado por Lira.

Mas esse é um nó complicadocaça niqueis gratisdesatar. Medeiros acredita que Lula não vá enfrentar o assunto "com dois pés no peito" e deve adotar uma estratégiacaça niqueis gratismudanças graduais.

"Uma parte do Legislativo sabe que foi uma forçadacaça niqueis gratisbarra que foi possível diantecaça niqueis gratisum governo frágil, mas vai ser complicado retroceder, os parlamentares não vão aceitar", diz.

Lula pode esperar para ver o que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai dizer a respeito. Atual presidente da Corte, a ministra Rosa Weber é a relatora da ação que questiona a constitucionalidade das emendas por causa dacaça niqueis gratisfaltacaça niqueis gratistransparência.

Uma decisão contrária do STF certamente ajudaria o novo presidente na negociação com o Congresso.

A mobilização das ruas

Também é preciso aguardar para ver qual será o efeitocaça niqueis gratisuma contestação do resultado da eleição a médio prazo.

Em 2014, a denúnciacaça niqueis gratisfraudecaça niqueis gratisAécio fez a mobilização contra Dilma ganhar corpo, junto com o escândalo da Lava Jato. Houve grandes protestos, e a presidente sofreu um impeachment no segundo ano do mandato.

Uma nova denúncia por partecaça niqueis gratisBolsonaro poderia ter um efeito semelhante e mobilizar milhõescaça niqueis gratisbrasileiros que votaram a favor dele e contra o PT.

"Vai ser um começo difícil, com mobilizações sociais, porque isso vai ativar as bases do bolsonarismo, mas não todos os eleitorescaça niqueis gratisBolsonaro", diz Biroli.

A cientista política avalia que essa mobilização pode perder força depois que Lula assumir.

"Não acredito que metade do país vai ficar conflagrada ou que vamos ter uma repetiçãocaça niqueis gratis2014, porque estamoscaça niqueis gratisum país diferente,caça niqueis gratisum contexto diferente. Antes, havia uma expectativacaça niqueis gratisnovidade, e, agora, estamos diantecaça niqueis gratisum movimento radicalizado à direita."

Mas o antipetismo e o bolsonarismo que embalaram Bolsonaro nesta eleição não devem desaparecer com a vitóriacaça niqueis gratisLula e podem fazer com que ele recuecaça niqueis gratisalgumas pautas, especialmente na arena mais sensível dos costumes e da moral.

Outro pontocaça niqueis gratisatenção vai ser a corrupção. "É o grande fator que mobilizou as pessoas contra o PT e o principal motivo apontado agora para não votarem no Lula", diz Medeiros.

A corrupção fez uma grande sombra sobre Lula durante toda a campanha e deve agora, depois que ele foi eleito, continuar a ser um pontocaça niqueis gratistensãocaça niqueis gratisseu terceiro mandato.

- Este texto foi publicado originalmentecaça niqueis gratishttp://vesser.net/brasil-63421485