Por que tantos millennials relatam viver casamento sem sexo:saque minimo brabet

Pode parecer natural quando essas histórias vêmsaque minimo brabetcasais mais velhos que lutam para manter a faísca que tinham décadas atrás. Mas muitas são postadas por pessoas que afirmam estar na faixa entre 27 e 40 anos.

Alguns afirmam que os filhos ou casamentos interrompem suas vidas sexuais; outros dizem que seus maridos com "baixa libido" podem assistir a pornografia sem parar, mas não ficam estimulados. E a listasaque minimo brabetqueixas prossegue, com multidõessaque minimo brabetmillennials postando sobre seus "quartos mortos".

Embora os millennials (nascidos entre 1981 e 1995) estejam no seu ápice sexual, ou perto dele, existem relatossaque minimo brabetque alguns membros dessa geraçãosaque minimo brabettodo o mundo estão se "afastando do sexo". Os fórunssaque minimo brabetmillennials - incluindo o r/DeadBedrooms - confirmam essa tendência, especialmente entre os casais casados esaque minimo brabetrelacionamentos longos.

E estatísticas recentes contam uma história similar. Uma pesquisasaque minimo brabet2021 entre adultos com 18 a 45 anossaque minimo brabetidade nos Estados Unidos, realizada pelo Instituto Kinsey da Universidadesaque minimo brabetIndiana e pela empresasaque minimo brabetprodutos eróticos Lovehoney, demonstrou que, entre os adultos casados, os millennials foram os mais propensos a "relatar problemas com desejo sexual no último ano".

A pesquisa demonstrou que 25,8% dos millennials casados relataram esse problema, enquanto apenas 10,5% dos casados da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e 21,2% dos adultos casados da geração X (nascidos entre cercasaque minimo brabet1965 e 1980) relataram a mesma situação.

"O baixo nívelsaque minimo brabetdesejo não é necessariamente sinônimosaque minimo brabetum casamento sem sexo", segundo o pesquisador Justin Lehmiller, do Instituto Kinsey, mas "quando um ou os dois parceirossaque minimo brabetum casamento enfrentam redução do desejo sexual, a frequência do sexo normalmente cai - e a perda do desejo é uma das maiores razões para que os casamentos acabem ficando sem sexo."

Mas o que, exatamente, está acontecendo? Terapeutas sexuais e pesquisadores indicam uma sériesaque minimo brabetfatores que podem explicar os casamentos sem sexo dos millennials, que vão desde os seus atuais estágiossaque minimo brabetvida até a toda-poderosa influência da internet.

Mas, independentemente das razões específicas dos problemas sexuais, esta geração está, acimasaque minimo brabettudo, tendo que enfrentar obstáculos únicos, e até sem precedentes, para atingir vidas sexuais saudáveis.

A anatomia do casamento sem sexo

Existem diversas definiçõessaque minimo brabetum casamento sem sexo. Uma é literal: o casal não faz sexo nenhum por um longo períodosaque minimo brabettempo. E outra medida amplamente utilizada para definir um casamento sem sexo é ter sexo menossaque minimo brabet10 vezes por ano.

Os especialistas que conversaram com a BBC também apresentaram ideias variadas. O terapeuta sexual Stephen Snyder,saque minimo brabetNova York (Estados Unidos), afirma: "normalmente pensosaque minimo brabet'sem sexo' como quatro vezes por ano ou menos", a menos que o casal esteja "tendo sexo a cada três meses e ambos afirmam que isso é incrível".

Já Kimberly Anderson, terapeuta sexual e professorasaque minimo brabetpsiquiatria da Faculdadesaque minimo brabetMedicina da Universidade da Califórniasaque minimo brabetLos Angeles, nos Estados Unidos, define o limitesaque minimo brabetcasamento com "pouco sexo"saque minimo brabetmenossaque minimo brabet25 vezes por ano. Outros afirmam que a definição é puramente subjetiva. Se um casal estiver infeliz com a frequência com que estiverem tendo sexo, existe um problema que merece ser enfrentado.

Existem muitos fatores que podem levar a um casamento sem sexo ou com pouco sexo.

Quando existe uma "discrepância do desejo", nas palavras da terapeuta sexual Christene Lozano, da Califórnia, nos Estados Unidos, esse desequilíbrio pode crescer ao longo do tempo se o casal não fizer um bom trabalho para enfrentar a questão.

A pessoa que deseja mais sexo e insistesaque minimo brabetcomeçar poderá desistir e perdersaque minimo brabetautoestima se continuar a ser rejeitada, por exemplo. Já o parceiro que o rejeita pode sentir-se cada vez mais culpado e as duas situações criam condições ainda piores para alimentar o desejo.

Outros fatores também podem contribuir, incluindo questões médicas ousaque minimo brabetsaúde mental, que podem tornar o sexo difícil, indesejável ou impossível. Vidas atribuladas com o trabalho e/ou as crianças também podem retirar o sexo da equação, da mesma forma que a faltasaque minimo brabetcomunicação entre os desejossaque minimo brabetcada parceiro.

Embora esses aspectos que contribuem para casamentos sem sexo não sejam específicossaque minimo brabetnenhuma geração, alguns especialistas observaram uma mudança nas pessoas que vivenciam relacionamentos sem sexo esaque minimo brabetqual período da vida.

"[Os casais] estão passando a ficar sem sexosaque minimo brabetmenos tempo", acredita a terapeuta sexual Celeste Hirschmann,saque minimo brabetSan Francisco, nos Estados Unidos. Ela analisa clientes há cercasaque minimo brabet20 anos e costumava observar, entre seus pacientes, que levava cercasaque minimo brabet10 a 15 anos para que os casais parassemsaque minimo brabetter sexo. "Agora, pode estar levandosaque minimo brabettrês a cinco", segundo ela.

Anderson trabalha como terapeuta sexual há 30 anos e afirma que a demografia dos casamentos sem sexo,saque minimo brabetfato, mudou desde que ela começou a trabalhar.

"Trinta anos atrás, a maior parte dos casaissaque minimo brabetcasamentos sem sexo que eu tratava tinha maissaque minimo brabet50 anossaque minimo brabetidade", ela conta. Eles enfrentavam a queda da libido com as mudanças hormonais e as doenças decorrentes do envelhecimento.

Mas, hoje, a maioria dos casaissaque minimo brabetcasamentos sem sexo que procuram Anderson tem 45 anos ou menos. "A dinâmica por trás do processo é muito diferente da que existe/existia com os casais mais velhos", ela conta.

O peso do estresse

Estressesaque minimo brabetdemasia pode atrapalhar a vida sexualsaque minimo brabetqualquer pessoa - e os millennials, especialmente, têm sérios problemas com cortisol, o hormônio controlador do estresse.

"O estresse é um dos maiores assassinos da libido", afirma Lehmiller, "e os millennials são um grupo particularmente estressadosaque minimo brabetmuitas formas, especialmentesaque minimo brabetcomparação com a geração X".

Os principais estágios da vida são um fator. Muitos millennials estão na idadesaque minimo brabetque estão sendo pais pela primeira vez ou têm filhos pequenos. É uma fase extenuante da vida das pessoas.

Em um estudo realizadosaque minimo brabet2018 pela redesaque minimo brabetaconselhamento britânica Relate, 61% das pessoas na casasaque minimo brabet30 anossaque minimo brabetidade relataram ter menos sexo do que gostariam porque "as crianças atrapalham", enquanto 31% disseram que "perderamsaque minimo brabetlibido desde que tiveram filhos".

Outras dificuldades dessa geração também surgem do estresse, já que os millennials já estavam atrás das gerações anteriores na busca por objetivossaque minimo brabetvida, como a comprasaque minimo brabetcasas. Agora, com os preços disparando e o débito estudantil cada vez maior, os millennials estão sob forte tensão, especialmente financeira.

Mas, acimasaque minimo brabettudo, o estado atual do mercadosaque minimo brabettrabalho está dominando o estresse. Dados da empresasaque minimo brabetconsultoria global Deloitte, coletadossaque minimo brabetcinco paísessaque minimo brabetmaiosaque minimo brabet2022, revelaram que 38% dos millennials relatam enormes problemassaque minimo brabetsaúde mental, especialmente as mulheres (41%)saque minimo brabetcomparação com os homens (36%), causados,saque minimo brabetgrande parte, pela ansiedade no trabalho.

É claro que o ambientesaque minimo brabettrabalho nunca foi particularmente estável ou livresaque minimo brabetgrandes tensões para os millennials. "Muitos millennials começaram suas carreiras durante a Grande Recessão, por exemplo", afirma Lehmiller. E a pressão adicional da pandemiasaque minimo brabetcovid-19 trouxe ainda novos conflitos.

"Em tempossaque minimo brabetgrandes mudanças tecnológicas, as pessoas tendem a trabalhar demais", acrescenta Snyder. E os dados demonstram que os millennials são particularmente workaholics.

O trabalhosaque minimo brabetexcesso, muitas vezes, leva à exaustão, que pode fazer com que os casais frequentemente estejam cansados demais para o sexo no finalsaque minimo brabetum longo dia - um padrão que os especialistas consultados afirmam poder perdurar se for repetido com muita regularidade.

E as preocupações com a estabilidade financeira apenas exacerbam o problema. "Maiores preocupações financeiras, alinhadas às taxas mais altassaque minimo brabetdepressão e ansiedade, podem ser uma combinação particularmente potente para produzir alto estresse e baixo desejo sexual", afirma Lehmiller.

Redes sociais, pornografia e redução da vida sexual

A influência da internet também não pode ser subestimada.

Snyder descreve as redes sociais como "distração" das atividades interpessoais físicas, como o sexo, mas Hirschmann acredita que o seu papel para o aumento dos casamentos sem sexo é muito mais profundo.

Ela afirma que elas levam à maior "consciência da imagem" entre os millennials - a primeira geração totalmente engajada no uso intenso das redes sociais.

As pessoas sentem necessidadesaque minimo brabetmostrar perfeição nessas plataformas, segundo ela, com filtros e retoques que não são disponíveis na vida real. A autoconsciência resultante pode acompanhar as pessoas para a cama e o casamento, fazendo com que elas sejam menos confiantes no seu corpo.

Segundo os dadossaque minimo brabet2018 da Relate, 37% das pessoas com menossaque minimo brabet30 anossaque minimo brabetidade que estavamsaque minimo brabetparcerias com pouco sexo relataram autoconsciência sobre os seus corpos, enquanto apenas 14% das pessoas com 60 anos ou mais afirmaram passar pela mesma situação.

Além das redes sociais, os especialistas concordam que a pornografia tem grande influência sobre os millennials, já que muitos deles ficaram maioressaque minimo brabetidade quando a pornografia estava começando a se tornar amplamente acessível online. É claro que esta é uma enorme mudança com relação às gerações anteriores.

"No século 20, alguns rapazes costumavam ser sexualmente compulsivos com muitas mulheres", relembra Snyder. "Hojesaque minimo brabetdia, eles costumam simplesmente assistir a muita pornografia."

Em outras palavras, eles não precisam procurar sexo com alguém para ter uma experiência que envolva outras pessoas, mesmo se essas pessoas estiverem apenassaque minimo brabetvídeo.

Anderson tem muitos clientes homens com menossaque minimo brabet45 anossaque minimo brabetidadesaque minimo brabetcasamentos sem sexo que sofremsaque minimo brabet"disfunção erétil induzida por pornografia", uma condição que torna impossível ou muito difícil ter uma ereção sem pornografia, com alguém da vida real. Isso pode fazer com que eles prefiram ter sexo solo e não com outra pessoa.

Ela explica que alguns deles se acostumaram a ter total controle sobre o seu prazer, ou às imagens mais extremas que eles veem na pornografia, com as quais seu sexosaque minimo brabetcasado não pode competir.

"'A pornografia nunca me rejeita' ou 'a pornografia nunca critica meu desempenho' são comentários comuns no meu consultório", afirma Anderson.

'Quartos mortos' para sempre?

É claro que os millennials não podem mudar o fatosaque minimo brabetque eles entraram no mercadosaque minimo brabettrabalho durante uma recessão e agora estão começando a sairsaque minimo brabetmais uma. E também não podem apagar a influência da pornografia ou das redes sociais.

É claro que a faltasaque minimo brabetsexo é um tema sobre o qual algumas pessoas têm dificuldadesaque minimo brabetfalar até com a pessoa com quem compartilham a cama, o que dificulta ainda mais a compreensão dessas questões e a buscasaque minimo brabetsoluções.

Como alguém escreveu no subgrupo do Reddit r/DeadBedrooms recentemente, com vidas atribuladas e inúmeras pressões, até levantar o assunto pode parecer impossível.

"Eu simplesmente nem sei mais o que pedir", escreveu uma mulhersaque minimo brabetdificuldades. "Eu quero consertar isso, mas simplesmente não sei como."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) na seção Lovelife do site BBC Worklife.

- Este texto foi publicado originalmentesaque minimo brabethttp://vesser.net/brasil-63385868