'A ciência deve ser vista como contribuição social para tornar o país melhor', diz primeira presidente mulher da Academia Brasileiramobile sport da sorteCiências:mobile sport da sorte

O caminho até a presidência da Academia Brasileiramobile sport da sorteCiências

Helena nasceu na cidademobile sport da sorteSão Paulomobile sport da sorte1947 e passou a infância com os pais e a irmã na capital paulista emobile sport da sorteCuritiba (PR), para onde seu pai foi transferido. Depoismobile sport da sorteformada na faculdade, a biomédica ingressou no doutorado emobile sport da sorteseguida no pós-doutorado, sempre na área da ciência.

Por muitos anos, ela trabalhoumobile sport da sorteum laboratório que fazia testes para detectar as mucopolissacaridoses (MPS), doenças hereditárias raras do metabolismo que ocorrem quando o corpo não tem as enzimas necessárias para decompor e armazenar moléculasmobile sport da sorteaçúcar complexas. Pela urina dos pacientes a equipe da qual Helena fazia parte conseguia diferenciar o tipomobile sport da sorteMPS, ajudando a pessoa a seguir para um tratamento mais efetivo para aquela condição específica.

Outra contribuiçãomobile sport da sorteHelena para a ciência foi o conjuntomobile sport da sortedescobertas sobre a heparina, um tipo açúcar complexo produzido naturalmente pelo corpo humano e que atua como substância anticoagulante. A biomédica é pioneira nos estudos sobre o tema, atuando na área há maismobile sport da sorte40 anos e liderando uma equipemobile sport da sortepesquisa que é referênciamobile sport da sortetodo o mundo.

Pelo seu trabalho, Helena conquistou bolsa do Conselho Nacionalmobile sport da sorteDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e publicou maismobile sport da sorte380 artigosmobile sport da sorterevistas científicasmobile sport da sorterenome entre a comunidade profissional.

Mas são os outros profissionais que passaram pelamobile sport da sortejornada que, na opinião dela, fazem a maior diferença emmobile sport da sortecarreira.

"Eu sou uma boa cientista, tenho um excelente currículo, mas o que eu acho mais importante são as pessoas que eu formei - não só no Brasil, mas pelo mundo. Isso me dá uma alegria muito grande", diz a biomédica, que participou da educaçãomobile sport da sorte46 mestres e 51 doutores.

'Sempre quis que a ciência que eu estava fazendo fosse também uma contribuição social'

Ao longomobile sport da sortesua carreira, Helena aliou as atividadesmobile sport da sortepesquisa ao exercíciomobile sport da sortecargos administrativosmobile sport da sortedestacadas instituições científicas emobile sport da sorteensino.

"Fui chefemobile sport da sortedepartamento,mobile sport da sortedisciplina, coordenadoramobile sport da sortecurso, e pró-reitoramobile sport da sortegraduação. Tenho muita alegria por que eu pude estar onde começaram as ações afirmativas, que é uma questão que sempre me preocupou", diz ela, referindo-se às medidas especiais que têm como objetivos eliminar desigualdades historicamente acumuladas.

"Temos uma grande população negra, que teve seus antepassados escravizados, e isso não era levadomobile sport da sorteconsideração. Quando a escravidão foi abolida, disseram: 'Agora você são livres, virem-se.' Não teve um projeto. Mas vi as coisas, aos poucos, começarem a mudar. Quando era pró-reitora da Unifesp, foi aprovado por unanimidade, antes das cotas do governo federal, vagas para ações afirmativas - estudantesmobile sport da sorteescola pública, negros ou indígenas podiam aplicar", lembra ela, que considera essas contribuições sociais como parte importante da produção científica.

Sobre ser a primeira mulher presidente da ABC, Helena afirma se sentir honrada, mas também triste. "Se a gente comemora, é por que ainda falta muito progresso. E as pesquisadoras brasileiras são muito competentes, não só a Helena. Somos mães e avós cientistas, acumulando funções e ainda conseguindo fazer um ótimo trabalho, tentando construir um Brasil melhor."

Embora o cenário esteja avançando, historicamente, foram poucas as mulheresmobile sport da sortecargosmobile sport da sorteliderançamobile sport da sorteacademias e instituições pelo mundo. Nélida Piñon e Ana Maria Machado são as duas únicas presidentes mulheres da Academia Brasileiramobile sport da sorteLetras (ABL) desdemobile sport da sortefundação,mobile sport da sorte1897.

Na Academia Nacionalmobile sport da sorteMedicina (ANM), fundadamobile sport da sorte1829, ainda não constam regentes do gênero feminino. Em nível internacional, dentre os 303 presidentes da tradicional Academia Francesamobile sport da sorteCiências (ASF, siglamobile sport da sortefrancês), cuja fundação datamobile sport da sorte1699, há apenas uma mulher: a bioquímica Marianne Grunberg-Manago (1995-96).

A Royal Society, fundadamobile sport da sorte1660, nunca foi presidida por uma mulher e a primeira presidente mulher da Academia Nacionalmobile sport da sorteCiências dos Estados Unidos (NAS, siglamobile sport da sorteinglês), fundadamobile sport da sorte1863, é a atual, eleitamobile sport da sorte2016, Marcia Mc Nutt. Alemanha, Inglaterra e Itália não tiveram presidentes do gênero feminino emmobile sport da sortehistória secular. Assim, a eleiçãomobile sport da sorteHelena é um marco internacional na história das academias científicas.

O que faz a Academia Brasileiramobile sport da sorteCiências?

"A instituição congrega diferentes áreas do conhecimento, que vão das ciências humanas e sociais, áreas médicas, engenharia, química, física, agronomia, veterinária... Para ser membro, é uma votação entre pares, começando com a seleção inicial dos que vão concorrer", explica a presidente.

O objetivo da ABC é que essas pessoas eleitas sejam pesquisadores com grande contribuição científicamobile sport da sortetrabalhos com temas que a Academia considera relevantes e capazesmobile sport da sortecontribuir para o desenvolvimento do país, como educação, meio ambiente, mudanças climáticas e na área da saúde.

"Estamos sempremobile sport da sortediálogo com governadores, prefeitos e quem faz as legislações - deputados, senadores e vereadores. Também temos o contato bastante intenso com o nível federal. Às vezes a gente consegue mostrar para o parlamentar ou governante daquele momento a importância da ciência e da educação. Outras vezes, infelizmente, não", afirma a Helena.

Na opinião da pesquisadora, apesarmobile sport da sortefaltamobile sport da sortepolíticas públicas voltadas para o desenvolvimento científico e declarações negacionistasmobile sport da sortegovernantes e influenciadores, a pandemia mostrou que a maioria do povo brasileiro acreditou na ciência.

"Poderíamos ter uma vacina brasileira muito antes do que foi feito, mas sem investimento contínuo não dá. E o investimento para a ciência caiu vertiginosamente nos últimos anos, não só durante o governo Bolsonaro", diz.

Entre as atividades dos membros da ABC estão, além da conduçãomobile sport da sortepesquisas e contribuições para políticas públicas, reuniões, congressos, debates e ensinamentosmobile sport da sortegovernança na ciência a outros profissionais e colaborações com cientistas brasileiros que morammobile sport da sorteoutros países.

"Ultimamente demos muitos passos para trás, mas é gratificante quando conseguimos dar um para frente. É o que queremos continuar fazendo", diz Helena.

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