Estudo mostra campeõescef timemaniadesmatamento cada vez menos desenvolvidos na Amazônia:cef timemania

Diferente do Índicecef timemaniaDesenvolvimento Humano (IDH), o IPS considera que medidascef timemaniadesenvolvimento baseadas apenascef timemaniaindicadores econômicos são insuficientes para atestar o progressocef timemaniauma região.

"Crescimento econômico sem progresso social resultacef timemaniadegradação ambiental, aumento na desigualdade, exclusão e conflitos sociais", explica trecho da publicação.

Veja abaixo os dez municípios onde houve maior desmatamento da Amazônia desde 2018 e que tiveram as piores notas no IPS (de zero a 100 pontos,cef timemaniaque zero indica o pior índicecef timemaniaprogresso social):

1. Pacajá (PA) - 44.34 pontos

2. Portel (PA) - 46,25 pontos

3. Apuí (AM) - 47,49 pontos

4. Senador José Porfírio (PA) - 49,26 pontos

5. Novo Repartimento (PA) - 49,71 pontos

6. Uruará (PA) - 49,84 pontos

7. Anapu (PA) - 49,95 pontos

8. Novo Progresso (PA) - 51,60 pontos

9. Cujubim (RO) - 52,11 pontos

10. São Félix do Xingu (PA) - 52,94 pontos

Em 11º lugar aparece Altamira (PA), com 52,95 pontos. O município é lídercef timemaniadesmatamento no Brasil desde 2009.

Além do desmatamento, o documento destaca que estes locais também estão fortemente associados com conflitos sociais no campo e garimpo ilegal.

"Os dados mostram que o desmatamento da Amazônia não compensa nem para a economia, já que afugenta investidores, não promove inclusão social e esgota os recursos naturais da população, causando mais pobreza", diz Veríssimo.

O exemplo do Pará

Metade das vinte cidades com os piores índicescef timemaniadesenvolvimento social estão no Pará, Estado historicamente lídercef timemaniadesmatamento.

Segundo o Instituto Nacionalcef timemaniaPesquisas Espaciais (INPE),cef timemania1ºcef timemaniajaneirocef timemania2018 a 20cef timemaniaoutubrocef timemania2021 (período considerado no IPS), o Pará desmatou cercacef timemania16.714 km2, uma área maior que 2.340 camposcef timemaniafutebol.

Além disso, mesmo faltando dois meses para fechar 2021 (os dados foram atualizados até 21cef timemaniaoutubro), o desmatamento no Pará este ano (5.023 km2) já é o maior desde 2009 (5.367 km2).

Entre os nove Estados amazônicos, o Pará obteve a segunda pior nota do IPS Amazônia:cef timemaniauma escalacef timemaniazero a 100, o estado paraense somou apenas 52,94 pontos.

Roraima é o Estado com o menor índicecef timemaniadesenvolvimento social, com 52,37 pontos.

Se por um lado o desmatamento avançou nestas áreas nos últimos anos, não houve melhora no índicecef timemaniaprogresso social nestes locais desde o último IPS, publicadocef timemania2018.

"Áreascef timemaniadesmatamento intenso tiveram uma estagnação no seu progresso social desde 2018. Em alguns municípios, o índice chegou a piorar. Ecef timemaniatodos eles, os piores indicadores foram ocef timemaniasegurança e ocef timemaniasaneamento básico", explica Veríssimo.

A mensagem do IPS Amazônia 2021 é contrária à fala do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP26, quando afirmou no discursocef timemanialíderes: "onde existe muita floresta, também existe muita pobreza".

"O IPS atesta que este modelocef timemaniadesenvolvimento baseadocef timemaniadesmatamento e uso predatório dos recursos naturais (extração ilegalcef timemaniamadeira, garimpocef timemaniaouro) resultacef timemaniabaixo progresso social", rebate Veríssimo.

A primeira edição do IPS,cef timemania2003, já havia mostrado que regiões muito desmatadas tiveram um aumento inicial do IDH. Porém, à medida que os recursos naturais foram sendo esgotados, estes indicadores começaram a cair substancialmente.

Há riqueza onde existe floresta

Um estudo publicadocef timemaniaabril conduzido pelo professor associado da Universidadecef timemaniaNova York, Salo Coslovsky, pesquisador do projeto Amazônia 2030, mostrou que explorar produtos da floresta que não envolvam desmatamento é um comércio internacionalmente lucrativo.

"Neste estudo, examinei todo o comércio exterior dos produtos da Amazônia e identifiquei que há cercacef timemania60 produtos compatíveis com a floresta", aponta Coslovsky.

O professor explica que "compatíveis com a floresta" são produtos retirados diretamente da floresta e dos seus rios, ou seja, recursos naturais que se encaixamcef timemaniatrês categorias: pesca e psicultura; extração florestal não madeireira (a coletacef timemaniacastanhas e do açaí, por exemplo); alimentos agroflorestais (modelo agrícola onde a produçãocef timemaniaalimento preserva a floresta, beneficiando os dois sistemas).

"Identificamos que esses 60 produtos trazem US$ 300 milhões (R$ 1,7 bilhão)cef timemaniareceita anual para a Amazônia. Ou seja, a Amazônia já produz produtos compatíveis com a florestacef timemaniaexcelente qualidade e com preços competitivos no mercado global", afirma Coslovsky.

O estudo também identificou que, apesarcef timemaniaabrigar 30% das florestas tropicais do Planeta, a Amazônia brasileira é responsável por apenas 0,17%cef timemaniaum mercadocef timemaniaUS$ 176,6 bilhões (R$ 1 trilhão) anuais.

"Se não é o Brasil, quem domina o mercado globalcef timemaniaprodutos originárioscef timemaniaflorestas tropicais? Descobriu-se que são países mais pobres que o nosso e com pouca infraestrutura, como Bolívia, Equador, Tanzânia e Vietnã. Alguns deles não têm nem mesmo saída para o mar", diz o professor.

"O desenvolvimento social e econômico da Amazônia independecef timemaniamais asfalto ou da construçãocef timemaniamais estradas no meio da floresta;cef timemaniamais portos na região ou qualquer outro grande empreendimento. Países com bem menor infraestrutura e com trechos menorescef timemaniafloresta tropical estão dominando um mercado globalcef timemaniaque o Brasil poderia ser líder", afirma Coslovsky.

Manter a florestacef timemaniapé também é essencial para o restante do Brasil, uma vez que a Amazônia regula o clima e o regimecef timemaniachuvascef timemaniatodo o país.

"Todo o Brasil precisa da Amazônia para levar chuvas para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste, umidade essencial para as plantações dessas regiões", descreve o professor da UNY.

Áreas desmatadas não são produtivas

Dados do Inpe mostram que a Amazônia já perdeu cerca 20%cef timemaniasuas florestas originais, ao contrário do que afirmou o presidente Jair Bolsonarocef timemanianovembro, quando disse a investidorescef timemaniaDubai que "os ataques que o Brasil sofre quando se falacef timemaniaAmazônia não são justos. Lá, maiscef timemania90% daquela área está preservada".

Além do dado mencionado pelo presidente não estar correto, somente 10% da área que já foi desmatada na Amazônia está sendo utilizadacef timemaniaforma realmente produtiva.

"As áreas desmatadas têm baixíssima produção. Muitas delas foram, inclusive, abandonadas após o desmatamento", explica Coslovsky.

Alémcef timemaniaajudar a acabar com o desmatamento ilegal, incentivar uma economia sustentável na região pode recuperar as áreas já degradadas.

"A Amazônia é muito grande e cada área requer uma solução O problema não é simplescef timemaniaresolver", pondera. "Mas muitas destas áreas desmatadas e abandonadas podem se tornar, por exemplo, agroflorestas".

O professor dá como exemplo a atual produção do cacau na região amazônica.

"O cacau está crescendo na Amazônia. O produto é típico da região tropical, então ele pode ser plantadocef timemaniaconsórcio com outros alimentos típicos, como a banana, formando ali uma agrofloresta", afirma Coslovsky.

Desenvolvimento semelhante ao do Camboja

Em uma escalacef timemaniazero a 100, o IPS Amazônia 2021 ficoucef timemania54,59 pontos, uma ligeira reduçãocef timemaniarelação ao índicecef timemania2018 (54,64 pontos), edição anterior do documento.

Em relação à média global, o documento do Imazon compara que, se a região amazônica fosse um país, a Amazônia estariacef timemaniaposição semelhante ao Camboja, 40º pior país no ranking global do IPS.

Em relação à média nacional, o índicecef timemaniaprogresso social na Amazônia também é menor que o índice do Brasil, que foicef timemania63,29 pontos.

Mato Grosso (57,94), Rondônia (57,20) e Amapá (54,96) são os estados com os índices acima do IPS Amazônia 2021 (54,49), enquanto que os demais estados têm índices abaixo da média. Nenhum dos nove estados da região, contudo, superou a média nacional.

"O IPS 2021 mostra que o desenvolvimento social na Amazônia é inferior ao do próprio Brasil, que também é baixo", alerta Veríssimo.

Para o pesquisador, o retrato da Amazônia atualmente é "de uma tempestade perfeitacef timemaniadestruição ambiental, subdesenvolvimento econômico e dos piores indicadores sociais do Brasil".

Os pesquisadores destacam que o IPS Amazônia não reflete as condições sociais e culturais específicas dos povos indígenas que habitam as Terras Indígenas e das populações quilombolas que ocupam Territórios Quilombolas. Para isso, segundo o Imazon, seria necessário um IPS específico para estes territórios.

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