Estudo alerta: umacassino 365três crianças sofrecassino 365anemia no Brasil:cassino 365

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Taxacassino 365crianças brasileiras com anemia caiu 20% na última década, mas número ainda é considerado elevado por especialistas

"Após o períodocassino 365amamentação, as carnes são o principal alimento que contribui para que a criança não tenha anemia, pois elas são ricascassino 365ferro", diz o médico Carlos Nogueiracassino 365Almeida, professor da UFSCar e autor principal do estudo.

"Sabemos que a carne já costuma ser cara por natureza e seu preço subiu ainda mais durante a pandemia, o que dificulta seu consumo, principalmente entre a população mais pobre", completa.

Outro ponto que preocupa os profissionais da saúde é a diminuição no númerocassino 365consultas e acompanhamentos pediátricos entre 2020 e 2021.

Um exemplocassino 365como esse fenômeno acontece na prática vem da Pastoral da Criança, associação ligada à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que trabalha há décadascassino 365questõescassino 365saúde, nutrição, higiene e desenvolvimento infantil.

De acordo com a nutricionista Caroline Dalabona, da coordenação nacional da Pastoral,cassino 365Curitiba, os gruposcassino 365voluntários trabalhavam com cercacassino 365800 mil crianças até o iníciocassino 3652020, número que precisou ser reduzido pela metade com o avanço da covid-19.

"Tivemos que diminuir o acompanhamento, o que complicou o nosso trabalho. Agora focamos naquelas famílias mais vulneráveis, e sabemos que muitas delas estão num momento crítico, com dificuldades na alimentação", relata a especialista, que notou um aumento nos casoscassino 365desnutrição e obesidade infantil nesse período.

Marcada pela deficiênciacassino 365ferro no organismo, a anemia é um quadro perigoso, que tem várias repercussões à saúde. A falta desse nutriente pode, por exemplo, prejudicar a imunidade e impactar o desenvolvimento do cérebro das crianças, com repercussões irreversíveis para a vida toda.

Mas como uma doença séria como essa se tornou algo tão frequente no Brasil? E o que pode ser feito para reduzir seu impacto?

Um número trágico

Os especialistas da UFSCar compilaram e analisaram os resultadoscassino 365outros 134 estudos feitos entre 2007 e 2020, que reuniram informações sobre a saúdecassino 36546 mil indivíduos com menoscassino 3657 anoscassino 365idadecassino 365todas as regiões do Brasil.

A pesquisa foi publicada no periódico científico Public Health Nutrition, mantido pela Universidadecassino 365Cambridge, no Reino Unido.

Mas será que esses 33%cassino 365crianças com anemia ferropriva representam uma taxa realmente alta? Como isso se compara com séries históricas ou com a realidadecassino 365outros países?

"Já esperávamos que os númeroscassino 365acometidos pela anemia seriam elevados, mas, mesmo assim, eles representam uma tragédia", interpreta Nogueiracassino 365Almeida.

"Falamos aquicassino 365uma doença que traz déficits cognitivos. Isso, porcassino 365vez, se relaciona a dificuldades no aprendizado e no raciocínio. E um terço das nossas crianças está com seu potencial prejudicado e pode ter menos oportunidades na vida", completa.

O especialista informa que o Brasil não possui grandes estudoscassino 365campo sobre a quantidadecassino 365pessoas acometidas pela anemia, nem faz um acompanhamento periódico da evolução dessa doença pelo país.

O que o time da UFSCar realizou, então, foi uma metanálise, que aglutina dadoscassino 365diversas pesquisas menores, que avaliaram a realidadecassino 365uma cidade oucassino 365uma região. A partir daí, é feito um cálculo estatístico para chegar a uma média mais representativacassino 365todo o país.

A evidência mais sólidacassino 365como o tamanho da anemia se alterou ao longo do tempo vemcassino 365outro trabalho, feitocassino 3652008 na Universidade Estadualcassino 365Campinas (Unicamp), também no interior paulista.

À época, os cientistas analisaram trabalhos feitos entre 1996 e 2007 e concluíram que 53% das crianças brasileiras tinham anemia.

De 2008 para 2021, portanto, é possível notar uma reduçãocassino 36520 pontos percentuais na comparação entre os dois artigos.

Segundo os especialistas, esse avanço pode ser creditado à melhora na condição socioeconômica dos brasileiros nas últimas décadas.

Também não se pode ignorar o efeito benéficocassino 365algumas políticas públicas recentes, como a fortificação das farinhascassino 365trigo ecassino 365milho com ferro e ácido fólico e a disponibilizaçãocassino 365suplementoscassino 365ferro no Sistema Únicocassino 365Saúde, o SUS, para gestantes e crianças.

"A situação melhorou, mas esse númerocassino 36533% chama a atenção e ainda é grave", avalia a médica Virgínia Weffort, presidente do Departamento Científicocassino 365Nutrologia da Sociedade Brasileiracassino 365Pediatria (SBP).

No cenário internacional, a situação do Brasil não é das piores, mas está longecassino 365ser confortável.

De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% das crianças com menoscassino 3655 anos do planeta têm anemia.

Enquanto o problema é classificado como "severo"cassino 365boa parte da África e do Sudeste Asiático, a OMS considera "leve" o panorama da anemia no Brasil.

Crédito, Reprodução/Organização Mundial da Saúde

Legenda da foto, Apesarcassino 365a OMS classificar como 'leve' a anemia infantil no Brasil, dados mais recentes indicam que problema é bem maior

A entidade calcula que nosso país teria,cassino 3652019, cercacassino 36511%cassino 365suas crianças com a doença.

O número, tão abaixo do observado nas pesquisas, vemcassino 365órgãos oficiais do país, mas não aponta toda a realidade e o tamanho do problema, segundo a avaliação dos especialistas ouvidos pela BBC News Brasil e as pesquisascassino 365Unicamp e UFSCar.

"Diantecassino 365estatísticas que não batem, precisaríamos que cada cidade brasileira tivesse um acompanhamento próprio, o que nos daria um retrato mais fiel da anemia no país", aponta Weffort, que também é professora da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

Cenário nebuloso

Vale destacar ainda que o artigo produzido na UFSCar levoucassino 365conta dados que vão até o iníciocassino 3652020.

Ainda não é possível, portanto, entender o impacto que a pandemiacassino 365covid-19 teve no cenário da anemiacassino 365nosso país.

Mas alguns fatores trazem preocupação aos especialistas.

O primeiro deles é a piora geral da condição socioeconômica da população brasileira, com aumento da pobreza, da fome e do desemprego nesses meses, que limitam o poder financeiro e dificultam o acesso a alimentos ricoscassino 365ferro, principalmente a carne vermelha.

Esse item, aliás, foi um dos que mais sofreu com o aumento da inflação nos últimos meses. De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria LCA, divulgada pelo Estadão, o preço da carne bovina já havia subido 16,2%cassino 3652020 e sofrerá um novo aumentocassino 36517,6% no acumulado deste ano.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Subida do preço da carne diminuiu o acesso ao alimento, uma das principais fontescassino 365ferro

Mais especificamente sobre a saúde do público infantil, ainda não é possível notar uma modificação drásticacassino 365indicadorescassino 365nutrição e segurança alimentar nos últimos meses.

Os dados do Observatório da Criança e do Adolescente, da Fundação Abrinq, indicam uma estabilização na porcentagemcassino 365casoscassino 365desnutrição crônica (que se mantiveramcassino 36513% entre 2019 e 2020), e um ligeiro aumento na obesidade (que subiucassino 3656,95% para 7,39% nos dois últimos anos).

Embora esses números não estejam diretamente relacionados com a anemia, eles sinalizam por outras vias como está a qualidade da alimentação dos menorescassino 365idade no país.

Para Cíntia da Cunha, lídercassino 365programas e projetoscassino 365saúde da Fundação Abrinq, o impacto da pandemia ainda é muito recente.

"Nos últimos meses, percebemos um aumento na taxacassino 365mortalidade materna, mas precisamos acompanhar os indicadores por mais tempo e aguardar dados mais robustos antescassino 365chegar num consenso e entender o que está acontecendo", avalia.

Enquanto isso, na Pastoral da Criança, a nutricionista Caroline Dalabona diz que já é possível ver alguns efeitos da pandemia na saúde das crianças brasileiras.

"Entre 2020 e 2021 notamos um aumento nos extremos, com mais crianças desnutridas ou obesas", diz.

Vale destacar aqui que a anemia pode aparecer tanto nos pequenos que estão abaixo ou acima do peso — os "extremos", como classifica Dalabona, costumam estar associados a uma dieta inadequada, com baixo consumocassino 365nutrientes como o ferro, que estácassino 365falta nessa doença.

"Mas é preciso dizer que nosso trabalho foi impactado pela pandemia, com queda no númerocassino 365voluntários ecassino 365crianças acompanhadas. Como estamos focando justamente nos casos mais graves, é possível que exista esse viés,cassino 365que damos maior atenção para os extremos", pondera a nutricionista.

Um problema com múltiplas repercussões

Como explicamos no início da reportagem, a anemia ferropriva é marcada pela faltacassino 365ferro no organismo.

Esse nutriente, encontrado no leite materno, na carne vermelha ecassino 365alguns vegetais, como as folhas verde-escuras, o feijão e a soja, é essencial para o funcionamento do corpo.

Ele é indispensável, por exemplo, para a fabricação e o funcionamento das hemácias, as células vermelhas do sangue responsáveis por transportar oxigênio dos pés à cabeça.

O ferro também participacassino 365processos do sistema imunológico e garante o bom funcionamento do cérebro.

Quando não comemos uma quantidade suficiente dessa substância, portanto, toda a saúde acaba prejudicada.

E o problema é ainda maior quando pensamoscassino 365alguns períodos específicos da vida, como a infância.

"As crianças com deficiênciacassino 365ferro sofrem alterações no desenvolvimento do cérebro que, mais pra frente, se manifestam com dificuldadecassino 365aprendizado, sonolência e desânimo", explica Weffort.

"E muitos desses problemas repercutem pela vida toda e são irreversíveis", complementa a especialista.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O pré-natal adequado é uma das principais estratégias para prevenção da anemia durante a infância

A culpa écassino 365quem?

Mas como é possível que uma doença com graves repercussões seja tão frequente assim no Brasil, com 33% das crianças acometidas?

"Tudo começa durante a gestação. Para que o bebê se desenvolva, a mãe precisa passar uma boa quantidadecassino 365ferro para ele. Mas há muitos casoscassino 365que a própria gestante já apresenta deficiência desse nutriente", diz Nogueiracassino 365Almeida.

É por esse e outros motivos que o pré-natal é tão importante. Nas consultas regulares, a mulher é acompanhada e recebe orientações sobre a necessidadecassino 365fazer uma suplementaçãocassino 365ferro durante os nove meses — a medida, inclusive, faz parte dos protocolos do Ministério da Saúde e é possível retirar o remédio (chamadocassino 365sulfato ferroso) que previne a anemia na rede pública.

Na hora do parto, há um outro detalhe que faz toda a diferença: o momento certocassino 365fazer o clampeamento e o corte do cordão umbilical.

"Mesmo após o nascimento, a mulher continua por alguns minutos a passar sangue ricocassino 365ferro para o bebê pelo cordão umbilical. Se o clampeamento é feitocassino 365forma precoce, isso afeta as reservascassino 365ferro dele", explica o médico.

A orientação é que a mãe e o recém-nascido continuem conectados enquanto o cordão estiver pulsando, o que costuma durar cercacassino 365dois a três minutos depois do parto.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Esperar alguns minutos para cortar o cordão umbilical pode fazer toda a diferença na saúde da criança

Na sequência, não dá pra ignorar o poder do leite materno, ricocassino 365ferro, na prevenção da anemia.

"As crianças que não mamam nunca devem tomar leitecassino 365vaca nesses primeiros mesescassino 365vida. Alémcassino 365não ter boa quantidadecassino 365ferro, a bebida provoca pequenas hemorragias no intestino, que prejudicam ainda mais a absorção desse nutriente", alerta o especialista.

No casocassino 365que não é possível realizar a amamentação, as diretrizes nacionais e internacionais indicam o usocassino 365fórmulas infantis específicas para cada idade.

Conforme a criança cresce, surgem novos percalços que ajudam a entender o tamanho do problema.

"Em linhas gerais, as pessoas comem muito mal. Quando pensamoscassino 365deficiênciacassino 365ferro, isso pode ser explicado também pela falta da carne vermelha na dieta, que é uma das principais fontes dessa substância", observa Weffort.

"Uma parcela da população não consome esse alimentocassino 365razão do preço, que fica cada vez mais alto e inacessível. Uma outra parte, que até poderia comprar, não tem o hábito, não gosta, é vegetariana ou vegana", descreve.

Para lidar com a situação, a Sociedade Brasileiracassino 365Pediatria preconiza que todas as criançascassino 3656 meses a 2 anos também recebam a suplementaçãocassino 365ferro, independentementecassino 365terem sido diagnosticadas ou não com anemia.

A exemplo do que ocorre nas gestantes, esse medicamento está disponível para essa faixa etária na rede públicacassino 365saúde.

Apesarcassino 365todos os métodos ajudarem a prevenir muitos casos, vale dizer que o diagnóstico da anemia não é nenhum bichocassino 365sete cabeças.

Após uma avaliaçãocassino 365consultório, que levacassino 365conta fatores como os hábitos alimentares e a disposição da criança, o médico pode pedir um examecassino 365sangue que mede duas moléculas: a ferritina, que sinaliza os níveiscassino 365ferro no fígado, e a hemoglobina, que estima os estoques da substância nas células vermelhas do sangue.

É possível diminuir o impacto da doença?

Para Nogueiracassino 365Almeida, o problema da anemia só será efetivamente resolvido com mudanças estruturais.

"É preciso fortalecer várias políticas públicas, com um pré-natal adequado, a necessidade da suplementaçãocassino 365ferro, o incentivo ao clampeamento do cordão umbilical no momento certo e o trabalhocassino 365educaçãocassino 365saúde para toda a população", lista o médico.

Weffort concorda e acrescenta a necessidadecassino 365reforçar programascassino 365transferênciacassino 365renda para a população mais pobre, que garantem o acesso a alimentoscassino 365melhor qualidade.

"Os programascassino 365cidadania devem garantir a carne vermelha como produto da cesta básica. E nem precisa ser uma carne nobre: ascassino 365segunda são aquelas com a maior quantidadecassino 365ferro", pontua.

Também não podemos nos esquecer da importância da amamentação para, entre outras coisas, garantir uma boa quantiacassino 365ferro ao recém-nascido.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O leite materno é ricocassino 365ferro e a amamentação está entre as principais estratégias para prevenir a anemia

"O aleitamento materno exclusivo é recomendado até os seis mesescassino 365vida", lembra Cunha, da Fundação Abrinq.

Para aqueles que não comem carne por opção, gosto pessoal ou filosofiacassino 365vida, os médicos e os nutricionistas podem avaliar caso a caso e indicar estratégias para substituir o alimento e garantir boas dosescassino 365ferro.

Embora a suplementação seja necessária na maioria desses casos, é possível apelar, por exemplo, para outros ingredientes ricoscassino 365ferro, como verduras escuras (como a couve) e leguminosas (casocassino 365feijão e soja).

Uma estratégia inteligente é consumir esses alimentoscassino 365origem vegetal juntocassino 365fontescassino 365vitamina C, como o sucocassino 365laranja ecassino 365limão, que aumentam a absorção do ferro pelo organismo.

Mas num país tão diverso como o Brasil, Dalabona acredita que não é possível pensarcassino 365fórmulas prontas e recomendações genéricascassino 365dieta para todos.

"Para garantir uma vida saudável e prevenir a anemia, nós devemos sempre fazer adaptações e pensar na realidade das pessoas", conta

"É preciso ver a alimentação do lugar e aproveitar as riquezascassino 365cada região. Isso não é só mais efetivo, como também respeita e valoriza a cultura local", finaliza.

cassino 365 Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube cassino 365 ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscassino 365autorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacassino 365usocassino 365cookies e os termoscassino 365privacidade do Google YouTube antescassino 365concordar. Para acessar o conteúdo cliquecassino 365"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdocassino 365terceiros pode conter publicidade

Finalcassino 365YouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscassino 365autorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacassino 365usocassino 365cookies e os termoscassino 365privacidade do Google YouTube antescassino 365concordar. Para acessar o conteúdo cliquecassino 365"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdocassino 365terceiros pode conter publicidade

Finalcassino 365YouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscassino 365autorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacassino 365usocassino 365cookies e os termoscassino 365privacidade do Google YouTube antescassino 365concordar. Para acessar o conteúdo cliquecassino 365"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdocassino 365terceiros pode conter publicidade

Finalcassino 365YouTube post, 3