'Sábado mais triste da história do Recife': o prejuízo dos trabalhadores sem o 'maior blocosuporte greenbetsCarnaval do mundo':suporte greenbets

Pela primeira vez nos seus 43 anossuporte greenbetshistória, o "maior blocosuporte greenbetsCarnaval do Mundo", como foi registrado no Guiness Booksuporte greenbets1994, não vai desfilar. Em dezembro, o governosuporte greenbetsPernambuco cancelou oficialmente a festa,suporte greenbetsrazão da pandemiasuporte greenbetscovid-19.

A transmissão do novo coronavírus no país nunca chegou a ser controlada e tem piorado nos últimos meses. Em janeiro, o Brasil voltou a superar a marcasuporte greenbetsmil óbitos por dia, um patamar registrado então pela última vezsuporte greenbetssetembro. Até esta quinta (11/02), haviam sido contabilizados 236,2 mil mortos e maissuporte greenbets9,7 milhõessuporte greenbetscasos.

"Vai ser o sábado mais triste da história do Recife", lamenta Enely, moradora do bairrosuporte greenbetsSão José, onde o bloco nasceu como uma celebraçãosuporte greenbetsamigos e passou a ser símbolo e fontesuporte greenbetsrendasuporte greenbetstoda uma região.

Estima-se que o Galo receba, todos os anos, até 2 milhõessuporte greenbetspessoas ao longosuporte greenbetsseus seis quilômetrossuporte greenbetspercurso pela capital pernambucana.

Um ano sem o bloco na rua significa menos dinheiro no bolsosuporte greenbetsmilharessuporte greenbetspessoas:suporte greenbetsmúsicos a costureiras,suporte greenbetsdonossuporte greenbetscamarote a catadoressuporte greenbetslixo.

Ao todo, o principal bloco do Recife mobiliza 4 mil pessoas contratadas diretamente apenas para o dia do desfile, segundo a organização.

Seu tamanho colossal acaba movimentando milhõessuporte greenbetsreais, tantosuporte greenbetspatrocínios diretos quantosuporte greenbetstrabalhos temporários na economia local, como bares, hotelaria, trios elétricos, entre outros setores.

O valor exato desse montante é incerto — o presidente da agremiação, Rômulo Meneses, 71, prefere não falarsuporte greenbetsnúmeros.

"Nesse ano, toda uma cadeiasuporte greenbetsprodução vai ser afetada. Sósuporte greenbetsmúsicos são cercasuporte greenbetsmil pessoas. O Galo movimenta muita gente, desde pessoas que alugam casas para foliões até as empresassuporte greenbetseventos", revelou Meneses.

'Prejuízo financeiro e emocional'

O dia do Galo da Madrugada tem seu ritual: começa com um café da manhã, a partir das 7h, para dar as boas-vindas ao desfile.

Os carros alegóricos enfeitados com o tema do ano são os primeiros a entrar na avenida. Depois, são quase 30 trios elétricos percorrendo as ruas até as 18h.

Quatro deles pertencem à Status, empresa familiar que desde os anos 1980 aluga os veículos para o bloco. Segundo a empresária Flaviane Souzasuporte greenbetsMoura, 35, o Carnaval representa 90% do faturamento do ano.

Ela conta que, no início da pandemia, a empresa aderiu a uma ajuda financeira do governo federal para sobreviver por oito meses. Segundo o acordo para participar do programa, a Status agora precisa manter seus 21 funcionários pelo menos até setembro.

"Quando começou a pandemia, a gente jamais imaginava que não teria Carnaval, por isso participamos do projetosuporte greenbetsauxílio do governo. Mas, agora, sem o Carnaval, estamos lutando para que a empresa não feche. O prejuízo financeiro e emocional é enorme. Meu sentimento é uma dor no coração", diz a empresária, que tentou participarsuporte greenbetsoutro programasuporte greenbetscrédito para o setor, mas não foi selecionada pela instituição financeira que atua na área.

'Tesouro compartilhado'

Fundado como um bloco familiar,suporte greenbets1977, o Galo quis reviver os antigos carnavaissuporte greenbetsrua, mas acabou se tornando o maior símbolo da festasuporte greenbetsPernambuco: "Nunca imaginávamos o quanto ele cresceria. Ele começou a dobrarsuporte greenbetstamanho todo ano, até chegar ao que conhecemos hoje", conta Rômulo Meneses, fundador e presidente.

Quem estava desde o começo também era Enely. Primeiro, como foliã, e hoje, como parte da cadeia produtivasuporte greenbetstorno do bloco.

Suas máquinassuporte greenbetscostura começam a trabalhar pra valer todo mêssuporte greenbetsoutubro. Das mãos dela esuporte greenbetsajudantes, saem as fantasias do coral,suporte greenbetsmúsicos e até da diretoria.

"Este ano, eu tive que apertar tudo, cancelar planos, compras. Mas eu ainda tenho minha aposentadoria [como atendentesuporte greenbetstelemarketing]. Tem gente aqui no bairro que não vai ter o que comer".

Enely encara o bloco como um "tesouro" local que é compartilhado com milharessuporte greenbetspessoas.

Quase todos vizinhos ganham dinheirosuporte greenbetsalguma forma, durante o desfile, diz a costureira. Um vende gelo, outro refrigerante, uns alugam os imóveis, outros o estacionamento…

"É uma fábricasuporte greenbetsdinheiro. Este ano, é só tristeza aqui".

"Sinto um aperto no peito com o que estamos vivendo. Estou pedindo a Deus todos os dias que não me deixe cair na depressão diantesuporte greenbetstudo isso."

O ciclo 'completo' das perdas

O cancelamento do carnaval fecha um ciclo inglóriosuporte greenbetsprejuízos no setorsuporte greenbetseventos do Recife.

O primeiro baque foi nas festas juninas, o segundo nas do final do ano e, agora, o primeiro "carnaval" na pandemia.

"O ganho do setor foi zero, fomos o primeiro a parar e seremos o último a voltar", diz Kenyo Lapenda, criadorsuporte greenbetsuma das maiores plataformas para vendasuporte greenbetsingressossuporte greenbetsPernambuco, a Ingresso Prime.

Antes da pandemia, a empresa tinha 16 funcionários — hoje, sobraram quatro. O desfile do Galo da Madrugada é um dos melhores momentos para o setorsuporte greenbetsPernambuco.

Além do cortejo público, são maissuporte greenbets40 camarotes privadossuporte greenbetsterrenos, postossuporte greenbetsgasolina e estacionamentos no caminho do Galo. Alguns reúnem maissuporte greenbets10 mil pessoas, com atraçõessuporte greenbetspeso e ingressos na casa das centenassuporte greenbetsreais.

Em 2020, só na Ingresso Prime, foram movimentados cercasuporte greenbetsR$ 15 milhõessuporte greenbetsreais no períodosuporte greenbetscarnaval — desse montante, R$ 6 milhões envolviam apenas o Galo.

A própria organização do Galo da Madrugada tem 18 funcionários contratados durante todo o ano — por ora, os efeitos econômicos da pandemia não afetaram esses empregos.

Para Meneses, porém, um ano sem Galo da Madrugada é um ano "vazio". "Às vezes me pego pensando se isso é mesmo verdade. Estou me sentindo aéreo, meio dopado, meio vazio, com uma tristeza muito grande. Ao mesmo tempo, precisamos pensarsuporte greenbetsformassuporte greenbetsmitigar esses efeitos", diz.

Sem o desfile na rua, este ano o bloco vai realizar algumas lives nas internet. Uma delas também será transmitida pela TV. O bloco também está realizando campanhassuporte greenbetsdoações para arrecadar dinheiro e alimentos para os profissionais afetados pelo cancelamento.

Na última terça-feira, 9, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), anunciou um auxílio emergencial destinado apenas a trabalhadores da cultura afetados pelo cancelamento do carnaval.

O projeto, que segue para a Câmara dos Vereadores, quer destinar R$ 4 milhões para cercasuporte greenbets160 agremiações com sede na cidade e 900 atrações artísticas, entre cantores, bandas e orquestras que se apresentaram no Carnavalsuporte greenbets2020.

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