As assustadoras tempestadescodigo de bônus betanocinzas que põemcodigo de bônus betanorisco moradores do Pantanal:codigo de bônus betano

Moradoracodigo de bônus betanoBarra do São Lourenço, a artesã Maria Aparecida Airescodigo de bônus betanoSouza relata que presenciou diversos vendavais carregadoscodigo de bônus betanocinzas e areia recentemente.

"É uma sensação horrível. Alémcodigo de bônus betanoser prejudicial à nossa saúde, a nossa casa fica cheiacodigo de bônus betanosujeira e as roupas ficam sujas. É uma cinza que grudacodigo de bônus betanotudo", detalha à BBC News Brasil.

Maria e os outros moradores da comunidade costumam correr para as suas casascodigo de bônus betanobuscacodigo de bônus betanoabrigo para fugir dessas tempestades. "Outro dia, estava foracodigo de bônus betanocasa quando começou a ventar forte. Não deu tempocodigo de bônus betanoentrar para colocar máscara. Acabei tossindo muito", relata a artesã.

Segundo especialistas, o fenômeno tem ocorridocodigo de bônus betanorazão da grande quantidadecodigo de bônus betanocinza que foi depositada no solo do Pantanal.

"Os restos dos incêndios têm sido dispersados pelos ventos fortes. As chuvas não foram totalmente suficientes para que as cinzas fossem levadas para dentro dos rios", diz o analista ambiental Alexandrecodigo de bônus betanoMatos, que integra o Sistema Nacionalcodigo de bônus betanoPrevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo)codigo de bônus betanoMato Grosso do Sul.

Conforme Matos, há relatoscodigo de bônus betanoventos que destelharam casas na comunidade ribeirinha. "Esses vendavais têm sido mais fortes porque os incêndios queimaram muitas árvores que protegiam essas regiões dos ventos fortes. Não há muita copacodigo de bônus betanoárvore atualmente. Elas poderiam segurar essas tempestadescodigo de bônus betanocinzas que têm afetado a região", explica o analista ambiental.

As tempestades

O primeiro registrocodigo de bônus betanotempestadecodigo de bônus betanocinzas no Pantanal, segundo pesquisadores, ocorreucodigo de bônus betanomeadoscodigo de bônus betanooutubro. O fenômeno foi registrado na Serra do Amolar, local considerado um dos mais importantes para a preservação do bioma.

Na data, uma enorme nuvem baixa marrom cobriu quase toda a região. Imagens feitas por pessoas que acompanharam a cena mostraram as cinzas sendo levadas pelo vento.

Na época, ainda tinha muito fogo no bioma, por isso havia muita fumaça junto com os ventos fortes e a fuligem. O cenário prejudicou a visãocodigo de bônus betanocondutorescodigo de bônus betanoaeronaves que atuavam no combate aos incêndios.

"O casocodigo de bônus betanooutubro foi uma coisa assustadora, sem precedentes. O dia virou noitecodigo de bônus betanopoucos minutos e a situação perdurou até a madrugada", relembra Ângelo Rabelo, do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP).

Desde então, houve outros registroscodigo de bônus betanotempestadescodigo de bônus betanocinzas e areia no Pantanal. Conforme os pesquisadores da região, apesarcodigo de bônus betanomenos intensos que o primeiro caso, os posteriores continuaram levando problemas às comunidades, à fauna local e àqueles que atuam na preservação do bioma.

"Depoiscodigo de bônus betanooutubro, já passei por outras duas tempestadescodigo de bônus betanocinzas, mascodigo de bônus betanomenor intensidade. Isso não era algo comum no Pantanal. É algo extremo. Ontem mesmo, soubecodigo de bônus betanouma situaçãocodigo de bônus betanopânico por causa dessas tempestades", diz Rabelo. Ele afirma que os registros apontam que o fenômeno costuma avançar do sentido leste para o oeste do bioma.

Para Rabelo, alguns fatores colaboram para o fenômeno: a baixa umidade, a temperatura alta e a ausênciacodigo de bônus betanochuvascodigo de bônus betanoperíodo recente.

Ele conta que o fenômeno faz com que o dia comece a escurecer e passa a impressãocodigo de bônus betanoque irá chover. "Mas não costuma cair uma gota. É apenas a tempestadecodigo de bônus betanocinzas", relata Rabelo.

Não há um levantamento oficial sobre quantos registroscodigo de bônus betanotempestadescodigo de bônus betanocinzas ocorreram no Pantanal desde outubro. Alguns pesquisadores afirmam sabercodigo de bônus betanotrês casos. Mas os moradorescodigo de bônus betanoBarra do São Lourenço relatam que o fenômeno tem ocorrido quase diariamente nas últimas semanas.

"Desde outubro, quase toda semana houve algum caso assim por aqui. Mas na última semana, foi praticamente todos os dias. O vento já chega com muitas cinzas. Há diascodigo de bônus betanoque está mais forte,codigo de bônus betanooutros está mais fraco", diz a artesã Leonida Airescodigo de bônus betanoSouza, que mora na comunidade.

Outro moradorcodigo de bônus betanoBarra do São Lourenço, o pescador Rosinei Iriscodigo de bônus betanoJesus relata uma tempestadecodigo de bônus betanocinzas que presenciou na última segunda-feira (30/11). "Eram quase duas horas da tarde e a gente não enxergava nada. A situação por aqui está bem difícil", diz.

'Crianças ficam desesperadas'

As tempestadescodigo de bônus betanocinzas têm levado problemascodigo de bônus betanosaúde aos moradores da comunidade ribeirinha. Segundo as pessoas que vivem na região, relatos sobre problemas respiratórios se tornaram comuns no período recente.

"O pessoal conta que as crianças ficam desesperadas com essa situação e têm muitas dificuldades para respirar quando há essas tempestades", diz o biólogo Alcides Faria, diretor-executivo da ONG Ecoa - Ecologia & Ação.

O fenômeno piora, principalmente, a condiçãocodigo de bônus betanopessoas que já possuem doenças respiratórias. A situação, segundo especialistas, pode gerar aumentocodigo de bônus betanointernações por enfermidades como pneumonia ou outras doenças respiratórias.

"A poluição atmosférica, principalmente relacionada à queimacodigo de bônus betanobiomassa, gera produçãocodigo de bônus betanomaterial particulado. Quanto menor, mais capaz écodigo de bônus betanochegar aos extremos das vias respiratórias. Ali, se sedimenta, causando processos respiratórios responsáveis por inflamaçõescodigo de bônus betanovias aéreas", detalha a pneumologista Patrícia Canto, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Em temposcodigo de bônus betanopandemiacodigo de bônus betanocovid-19, a situação se torna ainda mais preocupante. "Há estudos que apontam que há mais mortes pela covidcodigo de bônus betanoáreas com maior poluição atmosférica. A gente vive um períodocodigo de bônus betanoaumentocodigo de bônus betanocasos do coronavírus no Brasil, então (a exposição às cinzas) é uma situação preocupante", afirma Canto.

As consequências da exposição às fuligens podem surgir também ao longo dos anos. "Se for uma situação frequente, pode até causar um câncer pulmonar, que pode se desenvolver lentamentecodigo de bônus betanocasocodigo de bônus betanomuito tempocodigo de bônus betanoexposição relacionada à poluição atmosférica", diz a pneumologista.

Os problemas na comunidade

As tempestadescodigo de bônus betanocinzas e areia representam apenas uma das dificuldades enfrentadas atualmentecodigo de bônus betanoBarra do São Lourenço, localizadacodigo de bônus betanoCorumbá (MS), que tem cercacodigo de bônus betano100 moradores. Alémcodigo de bônus betanoa região ter sofrido com o fogo intenso meses atrás, agora lida com as diversas consequências dos incêndios.

Os moradores da comunidade, situada na margem esquerda do Rio Paraguai (o principal formador do Pantanal) e nas proximidades da Serra do Amolar, enfrentam dificuldadescodigo de bônus betanorelação aos itens mais básicos. Falta água e comida.

Principal fontecodigo de bônus betanorenda dos moradores da comunidade, o rio enfrenta o seu período mais secocodigo de bônus betanocinco décadas. Além disso, as consequências das queimadas também são sentidas na água do Paraguai, quecodigo de bônus betanoalguns pontos tem sido considerada inadequada para o consumo.

"As chuvas nas cabeceiras para encher os rios da região foram poucas. Isso torna a pesca mais difícil. Soma-se isso às queimadas, isso arrasta muito sedimento, cinza e muita água da chuva. As primeiras chuvas apagaram o fogo e aliviaram para a região, mas agora a água do rio está nas piores condições", relata Alcides Faria.

Segundo Faria, muitos moradorescodigo de bônus betanoBarra do São Lourenço tiveram diarreia ao tomar a água do rio. Em razão disso, voluntários doaram garrafões d'água para a comunidade.

Diversos moradores da comunidade trabalham como pescadores e têm enfrentado duras dificuldades. Isso porque os peixes foram afetados pelo nível extremamente baixo do Rio Paraguai e ainda sofrem com as cinzas que caem na água. A fuligem pode causar uma redução do oxigênio dissolvido (OD) no rio e culminarcodigo de bônus betanohipóxia (deficiênciacodigo de bônus betanooxigênio), que pode levar espécies à morte.

"É uma grande catástrofe. Infelizmente tem a mão do homem no meio para que isso acontecesse. É uma irresponsabilidade muito grande", lamenta a artesã Leonida Aires,codigo de bônus betanoreferência ao fatocodigo de bônus betanoque especialistas apontam que a imensa maioria dos incêndios no Pantanal nos últimos meses foram causados por ação humana. Autoridades apuram a origemcodigo de bônus betanodiversos focos que atingiram o bioma.

Também afetados pelo atual cenário, os artesãos da comunidade viram as folhascodigo de bônus betanoaguapé, usadas para os seus trabalhos, sumirem. "Há muito pouco aguapé, por causa do fogo e da seca. Esperamos que a situação melhore para continuar trabalhando. Além disso, também está difícil para vender, por não haver turistas como antes no Pantanal e porque muitas pessoas estão com dificuldades financeiras", diz Maria Aires.

Nos últimos meses, segundo Leonida, muitos moradores da comunidade sobreviveram com a renda do auxílio emergencial.

Além disso, alguns também recebem doaçõescodigo de bônus betanoalimentos. "Algumas pessoas trazem sacolão com alimentos, que tem ajudado a gente. Estamos dividindo o que recebemos com os animais, porque não tem nada para muitos deles comerem, pois as árvores foram tomadas pelo fogo", relata.

Apesar dos relatos e das imagens registradas pelos moradorescodigo de bônus betanoBarra do São Lourenço, a Defesa Civilcodigo de bônus betanoMato Grosso do Sul afirma,codigo de bônus betanonota à BBC News Brasil, que as tempestadescodigo de bônus betanocinzas não são frequentes na região. A reportagem questionou sobre quantos registros do fenômeno foram feitos na comunidade nas últimas semanas, mas não obteve respostas.

Aindacodigo de bônus betanonota, o governocodigo de bônus betanoMato Grosso do Sul afirma que a comunidade e todas as outras famílias ribeirinhas da região recebem "atendimentos nas áreas social ecodigo de bônus betanosaúde" por meio da assistência socialcodigo de bônus betanoCorumbá.

Sobre as condições da água potávelcodigo de bônus betanoBarra do São Lourenço, o governo argumenta que "está articulando com outros órgãos para desenvolver um trabalho quanto a isso", mas não informa prazos para resolver o problema.

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