Pato ameaçadoboa esporte apostaextinção: a descobertaboa esporte apostaovos que dá esperança para ave rara no Brasil:boa esporte aposta

Crédito, Rodrigo Agnelli

Legenda da foto, O pato-mergulhão se alimenta com pequenos peixesboa esporte apostaáguas limpas

O biólogo faz parte da equipe que encontrou os ovos na Chapada dos Veadeiros,boa esporte apostasetembro. "Cada filhote e cada ninho ativo que encontramos são um fioboa esporte apostaesperança para salvar a espécie", diz.

Segundo o ICMBio, o pato-mergulhão encontra-se na categoria "criticamente ameaçada", e é uma das aves aquáticas mais raras do mundo.

Para sobreviver e se reproduzir, o animal, que se alimentaboa esporte apostapeixesboa esporte apostaaté 12 centímetros, necessitaboa esporte apostaáguas limpas e transparentes, principalmente dos rios e córregos cercados por matas ciliares, com cachoeiras e piscinasboa esporte apostadiferentes tamanhos e profundidades. Mas esses locais estão cada vez mais escassos.

Crédito, Rodrigo Agnelli

Legenda da foto, Estima-se que existam apenas 250 patos-mergulhões na natureza

"Qualquer alteração na qualidade da água, tanto poluição como o fluxo dos rios, afeta a vida do pato-mergulhãoboa esporte apostaforma significativa. Ele só é capazboa esporte apostasobreviver quando a água está clara e limpa, sem alterações", explica Paulo Antas.

É por isso que o pato é considerado um "bioindicador" ambiental: o bem-estar e a reprodução da espécie significam que o habitat e a qualidade água estãoboa esporte apostaequilíbrio. Quando o ambiente está poluído ou degradado, o pato-mergulhão desaparece. Essa condiçãoboa esporte apostareflexo das condições ambientais deu a ele o apelidoboa esporte aposta"embaixador das águas brasileiras".

O declínio da espécie começouboa esporte apostameados dos anos 1970, principalmente por causa da poluição dos rios e bacias hidrográficas, mas também por conta da construçãoboa esporte apostahidroelétricas

"A questão energética é muito importante para a conservaçãoboa esporte apostaespécies, pois ela tem impactos ambientais relevantes. Pequenas centrais elétricas, que abastecem núcleos urbanos e que represam rios importantes, mudam dinâmicas da água e afetam espécies importantes", diz Robson Capretz, coordenadorboa esporte apostaciência e conservação da Fundação Grupo Boticárioboa esporte apostaProteção à Natureza, entidade que apoia açõesboa esporte apostaconservação do pato-mergulhão.

Os pesquisadores costumam citar o rio Palmeiras,boa esporte apostaTocantins, como um exemplo do impacto das hidrelétricas para a ave. Décadas atrás havia populações saudáveis do animal nas margens do rio, mas elas desapareceram depois da instalaçãoboa esporte aposta11 pequenas centrais elétricas por ali.

Crédito, Andre Dib

Legenda da foto, Filhotes são altamente dependentes dos pais até cercaboa esporte apostaquatro mesesboa esporte apostavida

"Do pontoboa esporte apostavista ecológico, mesmo uma pequena hidroelétrica ou represa causa um desequilíbrio no rio e no fluxo da água: pode não haver mais tantos peixes, ou a profundidade necessária para o pato se alimentar e se reproduzir. Outra questão é a degradação do meio ambiente, com poluição e usoboa esporte apostaelementos que alteram o equilíbrio físico e químico dos rios", diz Antas.

Dos nove ovos encontradosboa esporte apostasetembro, apenas três "vingaram", ou seja, só três filhotes conseguiram sobreviver ao primeiro mêsboa esporte apostavida. Ainda assim, a descoberta dos ovos aponta que, pelo menos naquela área, o habitat está saudável para a reprodução da espécie.

Já essa alta taxaboa esporte apostamortalidade é considerada normal, pois, quando nascem, os patos são bastante frágeis e altamente dependentes dos pais.

"No primeiro mêsboa esporte apostavida, são os pais que alimentam os filhotes. Qualquer desequilíbrio no habitat, ou uma pequena queda, já pode significar um perigo para esse filhote", explica Paulo Antas.

Criaçãoboa esporte apostacativeiro

O pato-mergulhão não gosta do contato com seres humanos. Por isso, é difícil encontrá-lo nas grandes áreas onde ele ainda está presente no Brasil, como a Chapada dos Veadeiros e o Jalapão,boa esporte apostaTocantins.

Em 2011, estimava-se que havia 250 indivíduos no meio ambiente. Nove anos depois, esse número permanece igual.

Crédito, Kléber Toledo

Legenda da foto, O pato-mergulhão só se reproduzboa esporte apostaambientes equilibrados e sem poluição

"A gente pode encarar essa estimativaboa esporte apostaduas maneiras. A positiva é que o númeroboa esporte apostapatos não caiu, ou seja, ele conseguiu se manter estável. A negativa é que ele também não conseguiu encontrar mais áreas limpas para se reproduzir", diz o biólogo Paulo Antas.

Agora, um dos desafios é tentar mensurar a real presença do pato na natureza e entender melhor seu processoboa esporte apostareprodução. Pesquisadores estão realizando um censo nas áreas com a presença da ave, projeto apoiado pela Fundação Grupo Boticário. A entidade tem uma reserva no Cerrado, a Serra do Tombador, onde já foram vistos alguns patos-mergulhões.

Sabe-se que um casalboa esporte apostapatos se forma na juventude e fica junto a vida toda — cada indivíduo vive por cercaboa esporte apostaoito anos na natureza. Para se tornar independente, um filhote fica quatro meses sob a dependência dos pais. Depois da separação, o destinoboa esporte apostaum filhote é incerto atéboa esporte apostaidadeboa esporte apostareprodução, aos dois anos, quando ele forma outro casal.

"A reprodução do pato-mergulhão é complicada, exige bastante energia da fêmea e muito cuidado com os filhotes. Às vezes, um pequeno degrau na cachoeira, que para a gente é coisa pequena, pode ser fatal para um filhote", diz Paulo Antas.

Com população reduzida eboa esporte apostarisco diante da degradação ambiental, há outra esperança para o pato-mergulhão: a reproduçãoboa esporte apostacativeiro.

Desde 2011, o ZooParque Itatiba, no interiorboa esporte apostaSão Paulo, é a única instituição do mundo a criar o animalboa esporte apostacativeiro para posterior soltura na natureza. Hoje, o zoológico, que é patrocinado por entidadesboa esporte apostaconservação estrangeiras, mantém 43 indivíduos no local.

"Quando encontramos ovos na natureza, retiramos dois ou três para criá-los no zoológico. Neste ano nasceu a segunda geraçãoboa esporte apostapatos, filhos dos primeiros indivíduos que nasceram aqui", explica Camila Piovani, bióloga responsável pelo ZooParque Itatiba.

Em 2020, novos 15 patos nasceram no zoológico, o maior número desde o início do projeto. Como são ariscos à presença humana, os animais ficam isolados — apenas um cuidador mantém contato com eles.

Piovani espera queboa esporte apostabreve os primeiros patos sejam soltos. "É um trabalho demorado. Precisamos ter certezaboa esporte apostaque eles estão prontos para a soltura, que vão conseguir sobreviver e se reproduzir, aumentando a população da espécie no meio ambiente. Para isso, precisamos encontrar um local adequado, uma reserva, onde eles fiquem seguros", diz.

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