Eleições Municipais 2020: Apenas 1% dos candidatos possui algum tipohandicap casa de apostasdeficiência:handicap casa de apostas

De acordo com o Censohandicap casa de apostas2010 do Instituto Brasileirohandicap casa de apostasGeografia e Estatística (IBGE), são 45,6 milhõeshandicap casa de apostaspessoas com algum grauhandicap casa de apostasdeficiência no país. Em 2018 houve uma atualização do próprio instituto para dizer que existem maishandicap casa de apostas12,5 milhõeshandicap casa de apostaspessoas com grande ou total dificuldade nos quesitos investigados. Isso representa cercahandicap casa de apostas6,7% da população com deficiência severa.

Em Ribeirão Preto (SP), Mayra Ribeiro tem o desafiohandicap casa de apostasser uma mulher jovem e com deficiência a disputar o um cargo no executivo. Naturalhandicap casa de apostasJaboticabal (SP), Mayra tem 28 anos, é assistente social e tem deficiência visual. É candidata a vice-prefeita na chapa "Ribeirão Para a Maioria", do PSOL, encabeçada pelo Professor Mauro Inácio.

Essa é ahandicap casa de apostasprimeira empreitada por um cargo eletivo. Apesar disso, ela é militante experiente e já participouhandicap casa de apostasgrêmios e movimentos estudantis, além do MST e do próprio movimentohandicap casa de apostasjuventude do PSOL.

"Foi aquihandicap casa de apostasRibeirão [Preto], depoishandicap casa de apostasconhecer mulhereshandicap casa de apostassofrimento psíquico do Hospital das Clínicas, que eu comecei a perceber o quanto é necessário militar e falar sobre os direitos das pessoas com deficiência para alémhandicap casa de apostascorrimão e rampa", conta.

Durante a campanha, Mayra sofreu ataque por ser jovem, mulher e por ter deficiência.

"Você é tão menininha, jovenzinha e bonitinha e está concorrendo a um cargo tão sério" e "quando você estava começando a construir o movimento estudantil eu já estava militando", foram alguns dos comentários recebidos por ela.

"Como dar um rumo para Ribeirão se essa moça não sabe nem para onde está olhando" foi outro ataque recebido pela candidata à vice-prefeitura nas redes sociais.

"Felizmente, nós, mulheres, agora estamos ocupando esses espaços", comemora a assistente social.

Sobre a baixa representatividade políticahandicap casa de apostaspessoas com deficiência, Mayra acredita que muito se deve ao capacitismo, conceito análogo ao racismo e que tem a ver com o preconceito e discriminação contra pessoas com deficiência.

"Se você pensa que as pessoas com deficiência não são capazes, não são aptas para estarem presenteshandicap casa de apostasdeterminados espaços, você se esquece que essa pessoa pode estar na política ou decidir os rumos da política", enfatiza.

Lucas Aribé, porhandicap casa de apostasvez, tem 34 anos, é vereadorhandicap casa de apostasAracaju (Sergipe) e também tem deficiência visual. Mas, diferentementehandicap casa de apostasMayra, Lucas já está no seu segundo mandato e busca a reeleição para uma terceira legislatura. De 2007 a 2020, Lucas foi filiado ao PSB. Em abril deste ano, no entanto, o candidato migrou para o partido Cidadania.

Ao ser perguntado sobre as diferençashandicap casa de apostasse eleger agora ehandicap casa de apostas2012 enquanto uma pessoa com deficiência, ele destaca a incredulidadehandicap casa de apostasparte da população com o fatohandicap casa de apostasuma pessoa cega exercer o mandato.

Para reverter este cenário, a campanha desenvolveu algumas estratégias.

"Nós fizemos uma campanha, inicialmente, me apresentando como cidadão, com destaque para o trabalho social que realizo desde criança. Em seguida, divulgamos nossas propostas como representante dos aracajuanos. Além disso, fizemos diversos eventos públicos, principalmente panfletagens", conta.

Neste ano, o grande desafio é a pandemiahandicap casa de apostascoronavírus.

"Temos realizado a campanhahandicap casa de apostasforma a apresentar as principais ações que realizamos nos oito anoshandicap casa de apostasmandato, a exemplo da Lei que instituiu normashandicap casa de apostasacessibilidade no município e a inserção da Libras no currículo escolar da rede municipal".

A faltahandicap casa de apostasapoio político é apontada pelo sergipano como um empecilho para uma maior representatividade.

"Tem partido que não permite a candidaturahandicap casa de apostaspessoa com deficiência e tem partido que permite, mas não viabiliza. Ou seja: não fornece estruturahandicap casa de apostascampanha e o tratamento é desigual".

Baixo interesse por política

Adriana Dias é pesquisadora com deficiência, doutorahandicap casa de apostasantropologia Pela Universidade Estadualhandicap casa de apostasCampinas (UNICAMP), e foi fundadora do comitêhandicap casa de apostasdeficiência da ABA (Associação Brasileirahandicap casa de apostasAntropologia). Ela calcula que, no Brasil, pelo menos umahandicap casa de apostascada duas famílias é afetada pela deficiênciahandicap casa de apostasalguma forma.

Sobre a baixa representatividadehandicap casa de apostascandidatos com deficiência, a antropóloga identifica alguns motivos: faltahandicap casa de apostaslei,handicap casa de apostascota ehandicap casa de apostasrepresentatividade, além da carência do ensino formal.

"A grande maioria das pessoas com deficiência não consegue galgar Ensino Médio e Superior, principalmente as mulheres. Muitas famílias tiram as meninas da escola por medohandicap casa de apostasque elas sejam abusadas", conta.

Com uma maioria fora do mercado formalhandicap casa de apostastrabalho e da educação básica e superior, há pouca chancehandicap casa de apostasque essa parcela da população realmente se interesse por política. "Eu vejo que falta uma discussão ampla sobre política e deficiência. Os próprios partidos, inclusive handicap casa de apostasesquerda, não promovem a discussão e não valorizam a temática", opina a antropóloga.

Segundo a especialista, a tímida discussão da pauta da deficiênciahandicap casa de apostasoutros movimentos como feminismo e movimento negro também influencia a representatividade.

"Essa é a grande questão geral que impede um engajamento da população com deficiência na pauta política."

Adriana diz que existem países mais e menos avançados na temática. Alguns bons exemplos são Canadá e África do Sul. O último tem uma história particular marcada pelo apartheid, regimehandicap casa de apostas segregação racial e que fez com que muitos líderes políticos adquirissem alguma deficiência.

"Lá você tem, segundo o pesquisador Pedro Lopes, muitas pessoas com deficiência ligadas a políticahandicap casa de apostasuma forma interessante e produtiva".

Países com uma democracia mais estável, sólida e respeitada, como Inglaterra, Suécia, Dinamarca, Noruega, Alemanha e Itália, têm pessoas com deficiênciahandicap casa de apostascargos públicos importantes, segundo a pesquisadora.

Parlamentares com deficiência no Congresso Nacional

No Brasil há apenas dois políticos com deficiência no Congresso Nacional: o deputado Federal Felipe Rigoni (PSB-ES) e a Senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), com deficiência visual e física, respectivamente. A última já foi vereadora no municípiohandicap casa de apostasSão Paulo e deputada federal por dois mandatos consecutivos. Os dois falaram com exclusividade à BBC sobre o assunto.

A senadora Mara Gabrilli reconhece a baixa representatividade, mas considera avanços.

"Durante muito tempo, as pessoas com deficiência ficaram esquecidas pelo poder público e pela sociedade. De um tempo para cá, essas pessoas começaram a sair da invisibilidade e a ganhar destaque na imprensa, na agenda pública e, ainda muito timidamente, na política", diz.

Em contrapartida, o númerohandicap casa de apostaseleitores com deficiência subiu 25%handicap casa de apostasapenas dois anos. São 1.281.427 eleitores nestas eleições. O número anterior, registradohandicap casa de apostas2018, foihandicap casa de apostas1.023.480 eleitores com deficiência, o que ela considera ser uma novidade positiva.

O futuro bem-sucedido dos nossos municípios, segundo a senadora, dependehandicap casa de apostasgestões que saibam conciliar os interesses das minorias, alémhandicap casa de apostaster representanteshandicap casa de apostasvertentes diferentes, bandeiras distintas.

"Isso é democrático, positivo para a construçãohandicap casa de apostaspolíticas públicas. Trabalhar respeitando e ouvindo as diferenças enriquece nosso repertório como ser público e também como ser humano", diz.

Sobre a possibilidadehandicap casa de apostascota nas eleições, Mara diz que não pode-se ter preconceito com a temática.

"Cotas são ações compensatórias. No caso das pessoas com deficiência, a dívida do Estado e da sociedade é enorme. Então, se a cota propicia a inclusão, ela não pode ser vistahandicap casa de apostasforma negativa. O que almejamos,handicap casa de apostasum futuro próximo, é que elas não sejam mais necessárias".

Para o deputado Felipe Rigoni, existem dois pontos importantes para aumentar essa representatividadehandicap casa de apostascandidaturas: o movimento das pessoas com deficiência se organizar politicamente para este fim e se entender como um movimento relevante e a realizaçãohandicap casa de apostasiniciativas que possam prepararhandicap casa de apostasforma adequada as pessoas com deficiência para pleitear um cargo eletivo.

"Instituições como o Renova [movimentohandicap casa de apostasrenovação política do qual o deputado fez parte] são importantes para preparar os candidatos e quebrar as barreiras da candidatura com conhecimento", diz.

Em relação às cotas nas eleições para pessoas com deficiência, ele diz que tem dúvidas.

"A gente tem até uma sériehandicap casa de apostasdados mostrando que infelizmente existem muitas candidaturas laranjashandicap casa de apostasmulheres", afirma.

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