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Vitóriabeta estrelaBiden é revés para Bolsonaro e exige mudança na política externa brasileira, dizem analistas:beta estrela
Além disso, esses analistas consideram que a vitóriabeta estrelaum moderado nos Estados Unidos é um sinal negativo para o planobeta estrelareeleição do presidente brasileiro, que, assim como Trump, tem um discurso político agressivo e fortemente conservador.
No caso do americano, esse estilo acabou afastando parte do eleitorado que o elegeubeta estrela2016,beta estrelaespecial mulheres. Também pesou parabeta estreladerrota a resposta do seu governo à pandemia do coronavírus. Trump optou por minimizar a gravidade da crise e promover medidas sem base científica, como o uso da cloroquina para tratar covid-19 — estratégia replicada por Bolsonaro.
"A perda do Trump impacta a narrativabeta estrelaBolsonaro junto a grupos ultraconservadores, à base evangélica. A ideiabeta estrelacriar uma nova frente conservadora mundial, que colocava Trump como salvador do Ocidente e do cristianismo, vai pro ralo", acredita o cientista político e pesquisadorbeta estrelaHarvard Hussein Kalout, ex-secretáriobeta estrelaAssuntos Estratégicos durante o governobeta estrelaMichel Temer.
Se Bolsonaro viabeta estrelaTrump um aliado na defesabeta estrelapautas conservadoras e se alinhava a elebeta estrelatemas como o questionamento do aquecimento global e a defesa da família, vai encontrarbeta estrelaBiden uma posição bastante diferente.
"Governos democratas,beta estrelauma maneira geral, prestam mais atenção na agendabeta estreladireitos humanos, incluindo direitos raciais e questão ambiental. Biden não vai ser diferente. Se for, vai ser um pouco mais radical ainda (na defesa dessas pautas), porque a ala que o apóia dentro do partido é um pouco mais à esquerda do que ele seria", afirma a consultora Vera Galante, que atuou por 19 anos como assessora cultural na embaixada dos EUAbeta estrelaBrasília e hoje preside a Empower Consultoriabeta estrelaAnálise Estratégica e Risco Político.
Biden toma posse como presidentebeta estrela20beta estrelajaneiro. Ele chega à Casa Branca com a experiênciabeta estrelater sido vice-presidentebeta estrelaBarack Obama (2009-2016) e senador por décadas.
Biden já citou possível retaliação ao Brasil por desmatamento
A questão ambiental deve ser um focobeta estrelatensão importante entre a gestão Bolsonaro e o democrata. O novo presidente chegou a citar a possibilidadebeta estrelaretaliar o Brasil economicamente, caso o país não aceite apoio externo para aumentar a preservação.
A ameaça ocorreubeta estrelasetembro durante debate com Trump, momentobeta estrelaque grandes queimadasbeta estrelaflorestas no Pantanal e na Amazônia repercutiram globalmente.
Na ocasião, Biden disse que "começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia".
"(A comunidade internacional diria ao Brasil) aqui estão US$ 20 bilhões, parebeta estreladestruir a floresta. E se não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas", afirmou ainda.
Questionado na semana passada pela BBC News Brasil sobre a falabeta estrelaBiden, o embaixador brasileirobeta estrelaWashington, Nestor Forster, disse que "qualquer iniciativa que possa nos trazer algo para nos ajudar nessa área é bem-vinda, desde que naturalmente seja feito na basebeta estrelacooperação e colaboração e que o Brasil lidere a discussão no tema, afinal estamos falando do território brasileiro".
Ele também procurou mostrar que a relação com os EUA não seria afetada pela eventual vitóriabeta estrelaBiden, que acabou se confirmando: "A importância do Brasil como segunda maior democracia e segunda maior economia das Américas, depois dos EUA, vai continuar. Temos uma densidade muito grandebeta estrelainteresses na agenda bilateral que, acredito, não vão mudar substantivamente caso haja uma mudança na Casa Branca", disse.
Para Creomarbeta estrelaSouza, professor da Fundação Dom Cabral e fundador da consultoria Dharma, a falabeta estrelaForster mostra o iníciobeta estrelauma tentativa da diplomacia brasileirabeta estrelareajustar o discurso diante da mudança presidencial nos EUA.
Nabeta estrelaavaliação, porém, o Brasil precisarábeta estrelaatitudes mais concretas para construir uma boa relação com o novo governo, sob o riscobeta estrelaencontrar dificuldades no comércio com os americanos, como novas barreiras e taxas.
"Um resposta rápida seria trocar os ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Mas isso provocaria reaçãobeta estrelaapoiadores do governo nas redes sociais, que podem entender que Bolsonaro está abrindo mão dabeta estrelaagenda para gerar uma acomodação com um 'esquerdista' nos Estados Unidos", analisa Souza.
"Por isso, não acredito que o governo faça essa troca rápida, a não ser que fatores internos, como a conjuntura após as eleições municipais, levem o governo a uma reforma ministerial", pondera.
EUA continuarão pressionando Brasil contra China
Hussein Kalout também avalia que Biden será pressionado a criticar Bolsonaro na área ambiental, mas não acredita que o Brasil corra o riscobeta estrelasofrer sanções similares às impostas pelos Estados Unidos a países como Irã, Venezuela e Coreia do Norte.
"O Brasil tem relevância maior que esses países. O comércio com os EUA é grande e o saldo é favorável aos americanos", ressalta.
Sua expectativa é que Biden terá uma conduta pragmáticabeta estrelapolítica externa, como é a tradição americana, buscando sempre ganhos para os Estados Unidos.
Nesse sentido, afirma Kalout,beta estrelaprioridade na relação com o Brasil não deve ser a agenda ambiental, mas conseguir que a empresa chinesa Huawei seja proibidabeta estrelaparticipar da implementação da tecnologiabeta estrelaquinta geraçãobeta estrelatelecomunicações (5G) no país.
Esse é uma agenda da gestão Trump que deve ser mantida por Biden porque a expansão da Huawei é vista como uma ameaça à segurança nacional americana.
"Por mais que Biden tenha reservas ao estilo da política ambiental brasileira e à forma como Bolsonaro atuabeta estrelarelação ao direitobeta estrelaminorias, essas diferenças são, na minha opinião, tangenciais diante do que é concretobeta estrelainteresse da segurança nacional americana", analisa.
"A estratégia do Biden, do establishment americano, é evitar ao máximo que o Brasil esteja próximo da órbita chinesa, para conseguir implodir a capacidade da Huaweibeta estrelaser a vencedora do processobeta estrela5G. Biden vai organizarbeta estrelaestratégiabeta estrelarelação com o Brasilbeta estrelaforma muito bem orientada", reforça.
A Huawei é fornecedorabeta estrelaequipamentos para operadorasbeta estrelatelecomunicação no Brasil (como Vivo, Claro, Tim e Oi) e hoje é líder global na tecnologia 5G, que permite conexõesbeta estrelainternetbeta estreladez a vinte vezes mais rápidas do que a tecnologia 4G.
Mas, nos últimos anos, os EUA iniciaram uma ofensiva contra empresa, a qual acusambeta estrelaser um perigo à segurança nacional dos países que comprarem seus equipamentos, já que uma leibeta estrelasegurança aprovada pela Chinabeta estrela2017 permite,beta estrelatese, que o governobeta estrelaPequim exija dadosbeta estrelacompanhias privadas como Huawei, caso a necessidade seja classificada como importante para soberania chinesa.
Por isso, os americanos querem que o Brasil adote uma licitaçãobeta estrelafrequências para 5G que exclua o usobeta estrelaequipamentos da Huawei por parte das operadoras — algo que já foi adotadobeta estrelaoutros países do mundo, como Japão e Austrália.
Mudançabeta estrelatom com a China pode influenciar Brasil
Embora a expectativa sejabeta estrelaque Biden continue tentando contrapor os Estados Unidos ao avanço global da China, os analistas entrevistados concordam que a estratégia do novo presidente deve ser diferente dabeta estrelaTrump, que adotou um discurso abertamente agressivo ebeta estrelaconfrontação com o gigante asiático.
Para a consultora Vera Galante, essa mudança pode ser positiva para o Brasil, caso influencie Bolsonaro a abandonar também a posturabeta estrelaembate com a China.
Embora a China seja o maior parceiro comercial do Brasil, o presidente e seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado-federal que preside a Comissãobeta estrelaRelações Exteriores da Câmara, com frequência atacam o país.
No episódio mais recente, o presidente disse que não vai comprar a vacina contra covid-19 que está sendo desenvolvida por uma empresa chinesabeta estrelaparceria com o Instituto Butantan, órgão estadualbeta estrelaSão Paulo.
"Na questão comercial, a pressão com relação aos produtos chineses vai continuar (na gestão Biden), porque a economia dos EUA precisa se opor ao crescimento da China. Mas o discurso do Biden vai ser mais racional. Essa bravatabeta estrelaguerra comercial (retórica do Trump) vai acabar", analisa.
"Para o Brasil, eu acho vai ser bom, porque hoje o discurso (brasileiro) está muito contaminado pela fala ideológica (de Trump)", acrescenta Galante.
Brasil longe da listabeta estrelaprioridades dos EUA
Hussein Kalout também acredita que Biden adotará uma nova abordagem para se contrapor à China. Ele ressalta que essa será uma das várias prioridades da política externa do futuro presidente que devem vir na frente da relação com o Brasil.
"Primeiro o Biden tem como foco reorganizar as relações com as principais potências europeias, abaladas durante a gestão do Trump. Depois, precisa costurar um novo formatobeta estrelaabordagem para com a China. Ele tem como desafio também reconfigurar a moldura das relações com a Rússia", elenca.
"No que diz respeito ao Oriente Médio, o Biden vai retomar no pontobeta estrelaque se paralisou o acordo nuclear com Irã, porque essa foi talvez a grande conquistabeta estrelamatériabeta estrelapolítica externa na administração Obama-Biden. E aí, por fim, ele vai reinserir os Estados Unidos nos organismos multilaterais que o Trump deixou, vai retornar para o Acordobeta estrelaParis", continua.
"O Biden é um sujeito extremamente pragmático. A política externa americana clássica é racional, pragmática. Para eles, pouco importa se o presidente do Brasil é Bolsonaro ou outra pessoa, desde que eles consigam as concessões e que façam valer seus interesses", acredita Kalout.
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