Magazine Luiza: dar vagas só para negros é ‘racismo reverso’?:casino online con bonus

Crédito, Divulgação/Magazine Luiza

Legenda da foto, Anúncio do primeiro processo seletivo exclusivo para admissãocasino online con bonustrainees negros pelo Magazine Luiza gerou polêmica nas redes sociais

Eles argumentam que medidas como essas têm por objetivo tentar eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdadecasino online con bonusoportunidades e tratamento.

Sendo assim, não poderia ser considerada "crimecasino online con bonusracismo", dizem.

As cotas, lembram os especialistas, são um exemplo disso.

Eles destacam ainda que, embora no Brasil todos os cidadãos possuam direitos legaiscasino online con bonusigualdade, garantida pelo artigo 5º da Constituição, nem todas as pessoas se beneficiam efetivamente deles.

O próprio Magazine Luiza, ao justificar o anúncio do processo seletivo, afirmou quecasino online con bonusintenção era aumentar a diversidade do quadrocasino online con bonusfuncionários da empresa.

"Atualmente, temoscasino online con bonusnosso quadrocasino online con bonusfuncionários 53%casino online con bonuspretos e pardos. E apenas 16% deles ocupam cargoscasino online con bonusliderança. Precisamos mudar esse cenário", disse a empresa no Twitter.

"Por isso, queremos desenvolver talentos negros como nossas futuras lideranças e ajudar a ampliar a voz da negritude no processocasino online con bonusdigitalização no Brasil", acrescentou.

Davi Tangerino, advogado criminalista e professor da UERJ e da FGV-SP, diz que embora lei n. 7716/89 tipifique como crime "negar ou obstar empregocasino online con bonusempresa privada", com prisãocasino online con bonusdois a cinco anos, "ninguém está obstruindo a contrataçãocasino online con bonusbrancos. Entre as várias ações do Magazine Luiza, essa foi dedicada a candidatos negros".

"A medida não foi tomada para impedir a contrataçãocasino online con bonusbrancos, mas para promover a igualdade racial dentro dos quadros da empresa. O oposto do que se criminaliza", diz ele à BBC News Brasil.

"A Constituição falacasino online con bonusigualdade e isso não significa que somos iguais, mas devemos ser tratados como iguais. Sabemos que os negros são fortemente excluídos do mercado do trabalho. Como falarcasino online con bonuscrimecasino online con bonusracismo se os brancos ainda são maioria no acesso às vagascasino online con bonustrabalho?", questiona.

"Ou seja, só faz sentido o direito penal intervir numa situaçãocasino online con bonusassimetriacasino online con bonuspoder. Não podemos, portanto, falarcasino online con bonuscrimecasino online con bonusracismo ou'"racismo reverso'. As minorias não tem o podercasino online con bonusimpor essa segregação contra as maiorias."

"O objetivo da ação do Magazine Luiza é a promoçãocasino online con bonussociedade igual e justa. Tachá-lacasino online con bonusracismo não se sustenta, pois, caso contrário, partindo desse argumento, não poderíamos ter a lei Maria da Penha (de proteção a mulher), direitos para os consumidores, benefícios para empregados, etc", conclui.

Legenda da foto, Negros (pretos e pardos) ocupam somente 30% dos postoscasino online con bonuschefia, apesarcasino online con bonusserem mais da metade da população, segundo dados do IBGE

Alessandra Benedito, professora na Escolacasino online con bonusDireito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), concorda. Segundo ela, "o que a lei permite é desigualar para igualar".

"Ações afirmativas, como a do Magazine Luiza, são uma garantia legal para assegurar igualdadecasino online con bonusoportunidades. Ou seja, viabilizam acesso a pessoas que não conseguiram estar no mercadocasino online con bonustrabalhocasino online con bonusforma igualitária", diz ela à BBC News Brasil.

"Essas ações têm tempo para começar e terminar, e justificativa plausível paracasino online con bonusexistência. Vivemos o mito da democracia racial. Sabemos que negros e brancos não estãocasino online con bonuspécasino online con bonusigualdade", acrescenta.

Segundo Benedito, uma iniciativa como essa só poderia ser considerada "crimecasino online con bonusracismo" se a igualdadecasino online con bonusoportunidades já tivesse sido alcançada. Neste caso, a empresa estaria priorizando "deliberadamente" um grupocasino online con bonusdetrimentocasino online con bonusoutro "sem qualquer justificativa plausível".

"Este definitivamente não é o caso", assinala.

Uma nota publicada pelo próprio Ministério Público do Trabalho (MPT) reforça "a importância das ações afirmativas destinadas à promoçãocasino online con bonusigualdadecasino online con bonusoportunidades, ao enfrentamento ao racismo e à promoção da igualdade racial no mercadocasino online con bonustrabalho".

"O Ministério Publico do Trabalho reforça o chamamento às empresas para a execução do Projeto Nacionalcasino online con bonusInclusãocasino online con bonusJovens Negras e Negros/MPT e pelo respeito às ações positivas tendentes à promoção da igualdade racial no trabalho, no marco do texto constitucional, tratados internacionais e legislação nacional, posto ser o dever institucional desse ramocasino online con bonusMinistério Público defender a ordem legal e constitucional, envidando todos os seus esforços para a tutela do trabalho, pugnando para que trabalhadores, empregadores e sociedade aliem-se nesse propósito maior: realização dos princípios da igualdade e da justiça social", informou o órgão no comunicado.

Segundo o MPT, "já há posição institucional sobre a matéria, consubstanciada na Nota Técnica do GT Raça".

Outro lado

Mas há os que pensam diferente.

No Twitter, os deputados bolsonaristas Carlos Jordy (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ), disseram que formalizariam uma ação contra o Magazine Luiza, alegando que a empresa estaria cometendo um atocasino online con bonusracismo.

Também na mesma rede social, a juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeiracasino online con bonusSouza Mendonça disse que a iniciativa é "inadmissível".

"Discriminação na contrataçãocasino online con bonusrazão da cor da pele: inadmissível", escreveu ela no Twitter.

"Na minha Constituição, isso ainda é proibido", acrescentou a juíza, ao responder um comentário feito na publicação.

Horas depoiscasino online con bonuspublicar o tuíte, a magistrada o apagou e fechoucasino online con bonusconta, restringindo o acesso apenas a seguidores.

Antes, ela havia compartilhado uma postagem sobre o programacasino online con bonustrainee que questionava: "E esse racismo, é do bem?". A publicação, do deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), falava sobre a iniciativa do Magazine Luiza.

Fischer é juíza no TRT-3 (Tribunal Regional do Trabalhocasino online con bonusMinas Gerais) e integrou a comissãocasino online con bonusredação da reforma trabalhista do governo Michel Temer (MDB).

Crédito, Agência PT

Legenda da foto, Para Djamila Ribero, é 'ilógico' acreditarcasino online con bonus'racismo reverso'

'Espantalho discursivo'

Autora do livro Pequeno Manual Antirracista, a filósofa Djamila Ribeiro diz ser "ilógico" o conceitocasino online con bonus"racismo reverso".

"É ilógico acreditarcasino online con bonusracismo reverso pois se tratacasino online con bonusuma faltacasino online con bonusentendimento do que é o racismo como um sistemacasino online con bonusopressão", explica.

"Para haver racismo, é preciso haver relaçõescasino online con bonuspoder. Quando os oprimidos reivindicam seus direitos normalmente são confrontados pelos opressores que fazem uso da chamada 'lógica da inversão'. Ou seja, acusando aqueles que estão reivindicando direitos legítimoscasino online con bonuscriar o problema".

"Essa é uma tática muito usual. Isso mostra que no Brasil existe um desconhecimento do que foi a escravidão. Justamente por causa desse legado, que estrutura nossa sociedade, a população negra ainda está alijadacasino online con bonusmuitos direitos. Ações como essa, do Magazine Luiza, cumprem o princípiocasino online con bonusequidadecasino online con bonusAristóteles, que é tratar desigualmente os desiguais para que se possa promover a equidade", acrescenta.

"Se tratarmos igualmente os desiguais, não mudamos o status quo".

Ribeiro chama o racismo reversocasino online con bonus"espantalho discursivo" ou uma "distração".

"Isso não faz o mínimo sentido. Sabemos que o racismo é um sistemacasino online con bonusopressão que, no Brasil, desumaniza pessoas negras e indígenas".

"Também pode ser uma distração, uma maneiracasino online con bonusdistrair para que a gente não foque no debate central, que é o do sistema racista e como ele historicamente vem violentando o povo negro", conclui.

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