Por que anúnciobet 6Bolsonaro sobre cotabet 6açúcar dos EUA para o Brasil não é vitória diplomática:bet 6

Mas as negociações caíram mal politicamente e geraram críticasbet 6subserviência do país diantebet 6seu aliado preferencial. A tensão ainda aumentou depois que Araújo serviubet 6cicerone ao secretáriobet 6Estado americano Mike Pompeobet 6uma visita relâmpago à Roraima, na última sexta-feira, quando o americano fez críticas ao regime venezuelano.

"No geral, há uma percepçãobet 6que o Brasil não está sendo tratadobet 6uma maneira justa perante os Estados Unidos, por isso o governo está tentando dar uma publicidade para algo trivial e esperado, para buscar um equilíbrio nessa imagem para o seu público", afirmou reservadamente à BBC News Brasil um embaixador especializadobet 6comércio internacional.

Segundo o diplomata, trata-sebet 6algo "trivial" e "esperado" porque embora o presidente sugira que houve um incremento permanente na quantidadebet 6açúcar que o Brasil poderá exportar aos americanos, o que aconteceu na verdade foi uma realocação temporáriabet 6fornecedores feita pelos americanos.

Os Estados Unidos importam anualmente maisbet 63 milhõesbet 6toneladasbet 6açúcar - e dão preferência a vendedores da África ou América Central. Mas, caso esses fornecedores habituais não vendam a quantidade necessária e haja um subabastecimento do mercado americano, a Secretariabet 6Agricultura dos Estados Unidos informa o representante comercial do país que redireciona suas compras para outros produtores, como o Brasil.

A mesma coisa aconteceu no ano passado ebet 6fevereiro desse ano, sem que Bolsonaro fizesse do fato motivobet 6comemoração nas redes nessas duas ocasiões.

"Os Estados Unidos não fizeram nenhum favor ao Brasil, apenas realocaram algum volume (de açúcar) ao Brasil, dentro do mercantilismo geral deles. Isso precisa ser esclarecido, para que não pareça uma vitória diplomática que não foi", afirmou o embaixador Paulo Robertobet 6Almeida.

Mas o momento político atual pode ter levado a essa mudançabet 6postura do presidente. No último fimbet 6semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, criticou a visitabet 6Pompeo a Roraima e acusoubet 6presençabet 6eleitoreira ebet 6afronta à autonomia do país.

"A visita do Secretáriobet 6Estado dos EUA, Mike Pompeo, nesta sexta-feira, às instalações da Operação Acolhida,bet 6Roraima, junto à fronteira com a Venezuela, no momentobet 6que faltam apenas 46 dias para a eleição presidencial norte-americana, não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradiçõesbet 6autonomia e altivezbet 6nossas políticas externa ebet 6defesa", afirmou Maia.

Suas críticas foram endossadasbet 6carta por seis ex-chanceleres do período democrático: Fernando Henrique Cardoso (governo Itamar Franco), Francisco Rezek (governo Collor), Celso Lafer (governos Collor e FHC), Celso Amorim (governos Itamar Franco e Lula), José Serra e Aloysio Nunes Ferreira (governo Temer).

O clima político ficou tão difícil que nesta segunda-feira senadores chegaram a cogitar o adiamento da sabatinabet 6maisbet 620 candidatos brasileiros a embaixadores pelo mundo, que esperam confirmação pela Casabet 6seus postos. O boicote foi desmobilizado depois que Ernesto Araújo aceitou comparecer ao Senado na próxima quinta-feira para explicarbet 6detalhes a visitabet 6Mike Pompeo.

Os principais interessados no anúnciobet 6Bolsonaro, os produtoresbet 6açúcar, tampouco consideraram o aumento na cota uma vitória. De acordo com dados da Câmarabet 6Comércio Exterior, nas últimas cinco safras o Brasil exportoubet 6média 25,6 milhõesbet 6toneladasbet 6açúcar no total. Nesse universo, as 80 mil toneladas que os Estados Unidos devem comprar agora representam apenas 0,3%.

Em nota, a União da Indústriabet 6Cana-de-Açúcar (UNICA) e o Fórum Nacional Sucroenergético (FNS) afirmaram que "essa cota adicionalbet 6açúcar é consideravelmente inferior à cota mensalbet 6etanol que o Brasil ofereceu novamente aos Estados Unidosbet 6setembro" e reafirmou que a medida não é "uma concessão americana".

"Devemos esclarecer que se tratabet 6um procedimento normal adotado pelos EUA nos últimos anos, sem representar qualquer avanço estrutural para um maior acesso do açúcar brasileiro àquele país", dizem os produtores na nota.

A BBC News Brasil consultou o Itamaraty a respeito das negociações com os americanos e da cotabet 6açúcar, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Dentro do órgão, auxiliares do ministro afirmam que relações comerciais nesses moldes são normais, mas que fica difícil compreender esses movimentos a partirbet 6um prisma "em que concessões brasileiras representam submissão absoluta do Brasil enquanto que qualquer medida americana é 'prêmiobet 6consolação'".

Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro operou uma profunda mudança na política internacional brasileira, transformando os Estados Unidosbet 6seu aliado preferencial.

O embaixador especialistabet 6comércio ouvido reservadamente pela BBC News Brasil afirma que cotas e concessões são comuns nas relações internacionais, mas quebet 6ambientes polarizados, onde que esse tipobet 6transação tem chamado a atenção, tem levado políticos a tentar explorá-los a seu favor.

"Nesse caso do açúcar, não há o que se falarbet 6vitória diplomática, é uma questão circunstancial. O Itamaraty e o setor produtivo sabem disso. Mas o resto da população, especialmente os apoiadores do presidente, não sabem. E vão se satisfazer com a mensagem dele", afirma.

bet 6 Após a publicação desta reportagem, o Itamaraty enviou a seguinte notabet 6esclarecimento:

"A iniciativa demonstra o valor da parceria econômica criada entre o Brasil e os EUA pelos Presidentes Bolsonaro e Trump e se inscreve no âmbito da Declaração Conjunta sobre o Comérciobet 6Etanol entre o Brasil e os Estados Unidos deste mês.

Com as negociações previstas na Declaração Conjunta até 13bet 6dezembro, o Brasil continuará a trabalhar com os EUA por soluçõesbet 6favor do comércio bilateralbet 6açúcar, etanol e milho, propiciando maior geraçãobet 6renda ebet 6empregos nos dois países"

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