'Eco-pirata' brasileiro barrado pelo Japão viaja o mundo para impedir matançafortuna tiger jogogolfinhos e baleias:fortuna tiger jogo

"Um voluntário tinha acabadofortuna tiger jogoser preso injustamente no Japão acusadofortuna tiger jogoter agredido o funcionáriofortuna tiger jogoum resort. Não tinha ninguém para provar que ele era inocente. Nesses casos, a maioria das pessoas assume os crimes, pagam multa e são liberados. Mas ele não assumiu e estava disposto a ir para a cadeia e lutar pela liberdade com a verdade. Ficou 64 dias preso e depois recebeu uma indenizaçãofortuna tiger jogoUS$ 10 mil (cercafortuna tiger jogoR$ 50 mil)", afirmou.

O brasileiro imaginou que outros ativistas pudessem ficar com medo e se ofereceu para substitui-lo. A ONG aceitou e ele ficou três meses no Japão — a maior parte dos ativistas fica uma semana.

"Ninguém tinha tanto comprometimento. Fiz meu melhor trabalho. Estava sem emprego, tinha gastado tudo. A ONG entroufortuna tiger jogocontato comigo para dizer que gostou da minha postura e me convidar para participar da próxima temporada", conta Guiga.

Ele participaria das atividadesfortuna tiger jogofilmar e divulgar imagens dos animais sendo mortos — geralmente imagensfortuna tiger jogoque mar está vermelho por causa do sangue — e pressionar o governo a proibir a matança.

O brasileiro retornou como assistentefortuna tiger jogolíder. Quiseram que ele voltasse tambémfortuna tiger jogo2013, mas Guiga foi barrado quando tentou tirar o visto. Conhecido pelo governo japonês pela campanha que fez durante seis mesesfortuna tiger jogo2012, o jovem tevefortuna tiger jogoentrada negada.

"Voluntários que voltam duas vezes têm o terceiro visto negado. Eu já esperava isso. Mas ao invésfortuna tiger jogoapenas negarem, me deram um questionário sobre a organização. Queriam saber quem eram as pessoas envolvidas. Queriam que eu delatasse meus companheiros. Eu jamais faria isso com a causa pela qual estou lutando", afirmou.

Guiga insistiu que não responderia e os funcionários do Consulado disseram que só devolveriam o passaporte quando ele respondesse o formulário. Ele negou, mas conseguiu o documentofortuna tiger jogovolta.

"Eu entrei para uma listafortuna tiger jogopersona non grata no Japão. Então me mandaram para as Ilhas Faroé como líderfortuna tiger jogoequipe, onde passei três meses. Em 2015, fui como marinheiro e fotógrafo do navio", relata Guiga.

Ele conta que o tempo no mar longe do paísfortuna tiger jogoorigem, correndo riscofortuna tiger jogoser preso e arriscando a vida, colocoufortuna tiger jogoxeque seu relacionamento e a relação com a família. Ele disse que tudo piorou quando contou que tinha gastado todo o dinheiro para viajar com pessoas desconhecidas.

A famíliafortuna tiger jogoGuiga achou que ele "estava maluco".

"Expliquei que colocar minha segurança e liberdadefortuna tiger jogorisco não é nada perto do que esses animais sofrem na mãofortuna tiger jogocaçadores. Isso é um dever meu como cidadão do mundo. E esperofortuna tiger jogofato que as pessoas se enxerguem como cidadãos do mundo. O que acontece no Brasil não fica aqui. Interferefortuna tiger jogoum ecossistema gigantesco. Tento enxergar tudofortuna tiger jogomaneira holística e global", afirmou.

Hoje, Guiga é conselheiro da Sea Shepherd Brasil, fundador da ONGfortuna tiger jogoPortugal, onde viveu nos últimos três anos, e tripulante veteranofortuna tiger jogomissões.

Morando no Riofortuna tiger jogoJaneiro,fortuna tiger jogocidade natal, ele trabalha como fotógrafo freelancer eparticipafortuna tiger jogomissões da ONG ao redor do mundo. Ele diz que o próximo destino dele deve ser a costa oeste africana ou o México para combater a pesca ilegal.

Ele conta quefortuna tiger jogotodas as missões é necessário exercer diversas funções, inclusive fazer manutenção no navio.

"Já fiquei seis meses embarcado como fotógrafo e marinheirofortuna tiger jogoconvés. Recebi treinamento para fazer manutenções porque isso é algo constante. Você tira a ferrugem da proa e aparece uma nova na popa. Não existe pausa e isso permitiu ajudarfortuna tiger jogodiversas áreas", conta Guiga.

Imagens para chocar o mundo

O Japão permite uma caça anualfortuna tiger jogogolfinhos na cidade costeirafortuna tiger jogoTaiji. A deste ano começou no início do mês e vai até fevereirofortuna tiger jogo2021. Os pescadores podem matar até 2 mil animais nesse período. O principal argumento usado é a tradição culturalfortuna tiger jogocapturar e comer a carne dos animais.

Os caçadores usam uma técnicafortuna tiger jogoperturbação sonora para conduzir e encurralar os animais numa praia antesfortuna tiger jogomatá-los.

"Esse argumento é usadofortuna tiger jogoforma estratégicafortuna tiger jogodiversas outras culturas para se tornar inabalável. Mas quando essa cultura local interferefortuna tiger jogoum ecossistema global isso não é algofortuna tiger jogopovo específico. Cada golfinho desempenha um papel no equilíbrio do ecossistema global marinho e não pode ser mortofortuna tiger jogonomefortuna tiger jogouma tradição", afirmou.

Vegano, Guiga não consome nenhum produtofortuna tiger jogoorigem animal, mas faz uma comparação para dizer que a morte do gado é menos prejudicial ao ecossistema que a matançafortuna tiger jogogolfinhos.

"O gado é criado para isso. Esse animal não desempenha um equilíbrio na natureza. Foi criado para ser morto. É o contrário da caçafortuna tiger jogogolfinho e baleias, que estão na natureza desempenhando seu papel e tem uma importância na cadeia alimentar marinha", afirmou.

A Sea Shepherd pratica o que chamafortuna tiger jogoativismo não violento. A intenção do grupo é choque e reação no mundo divulgando as imagensfortuna tiger jogosofrimento e violência contra os animais ao serem mortos para pressionar governos a proibir a prática e incentivar consumidores a boicotar o consumo. Os ativistas da Sea Shepherd dizem que até mesmofortuna tiger jogocasofortuna tiger jogoagressão não vão revidar.

No caso do Japão, como a caça é feitafortuna tiger jogoalto marfortuna tiger jogoáguas do país, a ONG não pode entrar legalmente e impedir a matança. O governo japonês não permite o acesso porque entende a atuação dos ativistas como uma interferênciafortuna tiger jogonegócios internos.

Sem poder impedir fisicamente, pois poderiam inclusive ser classificados como terroristas, o papel dos ativistas é incomodar e registrar a matança o máximo e mais próximo possível. Muitas vezes com a ajudafortuna tiger jogomoradores locais.

"A gente cria imagensfortuna tiger jogocampo para divulgar para o mundo o que está acontecendo. Nossa presença massiva com câmeras fez com que caçadores tentassem esconder esse processofortuna tiger jogocaptura e matança. Não querem que o mundo veja o mar vermelhofortuna tiger jogosangue e golfinhos boiando. Isso é prejudicial para a imagem do Japão", conta Guiga.

Depois das ações da ONG, caçadores passaram a usar lonas, instalar barreiras e procurar a parte mais escondida da enseada para abater os animais. Mas isso atrasa o trabalho dos pescadores e diminui o sucesso.

Hoje os ativistas dizem que é mais difícil fazer imagens gráficas dos golfinhos mortos, mas ainda conseguem registrar rabos se debatendo e outras cenas por baixo da lona.

Em 2014, os caçadores só mataram cercafortuna tiger jogo30 golfinhos nas Ilhas Faroé. Além das açõesfortuna tiger jogofilmagem, eles ainda usavam seus navios para fazer um movimento sonoro contrário orientando os golfinhos para longe da ilha onde ocorre o abate.

Hoje, a ONG não atua mais no Japão.

"Temos recursos limitados e com pouco maisfortuna tiger jogodez navios a gente não consegue estarfortuna tiger jogotodos os lugares. Tem que escolher as batalhas baseados no nívelfortuna tiger jogosucesso e retorno para nossos objetivos. Tivemos um grande sucesso na divulgação dos massacres no Japão. Nosso combate hoje é contra a pesca ilegal. Isso não só tira esses jogadores ilegais, mas também os prende. Isso salva tartarugas, baleias, golfinhos, raias, etc".

Ele afirma que há três equipes atuando na África, ajudando guardas costeirasfortuna tiger jogopaíses do continente a prender pescadores ilegais. Guiga explica que isso também protege golfinhos, que não são alvos da pesca, mas acabam sendo vítimas.

Ele cita que na costa francesa quase 10 mil golfinhos são mortos por conta da pesca. Ao interagir com as redesfortuna tiger jogopesca, eles se ferem ou morrem afogados por ficarem presos sem conseguir subir à superfície para respirar. Os animais são então descartados porque não é permitido o consumo da carnefortuna tiger jogogolfinho na Europa.

Jubarte e boto no Brasil

O ativista Guiga Pirá conta que as campanhas da ONG estão se expandindo para outros países, como Chile, México, França e Alemanha. Mas cada país temfortuna tiger jogosingularidade.

No Brasil, não existe a caçafortuna tiger jogogolfinhos, por isso, uma das preocupações da ONG é a matançafortuna tiger jogobotos no Norte. A carne do animal é usada na região como isca para a pesca da piracatinga e também por uma questão cultural. Muitos acreditam na lenda do boto cor-de-rosa, que seduz meninas e tira virgindade delas.

Guiga explica que também ocorre mortefortuna tiger jogogolfinhos e baleias no Brasil por conta da pesca acidental. Muitas vezes o golfinho fica presofortuna tiger jogoredes usadas para pescar atum.

Outro problema no país é o turismofortuna tiger jogoavistamentofortuna tiger jogobaleias durante a temporadafortuna tiger jogoacasalamento da espécie franca,fortuna tiger jogoSanta Catarina, e da jubarte — principalmentefortuna tiger jogoAbrolhos, na Bahia, e Ilhabela,fortuna tiger jogoSão Paulo.

Segundo o ativista, como esses animais se aproximam da costa, muitas agências fazem o avistamento embarcado. E por estarem próximos à arrebentação e terem medofortuna tiger jogoencalhar, os barcos não desligam os motores. O barulho pode desnortear os animais, que amamentam seus filhotes próximos à costa e fazê-los encalhar, além do riscofortuna tiger jogoatingi-los com as hélices do motor.

Após anosfortuna tiger jogoinsistência, a ONG conseguiu impedir o avistamento embarcadofortuna tiger jogoSanta Catarina. Durante a temporadafortuna tiger jogoavistamento, o grupo ainda saifortuna tiger jogoembarcações pra fazer monitoramento para alertar embarcações próximasfortuna tiger jogobaleias.

A ONG quer se expandir no Brasil para fazer campanhasfortuna tiger jogoeducação ambientalfortuna tiger jogoescolas infantis principalmentefortuna tiger jogoregiões mais pobres.

Escravos do entretenimento

O segundo ponto mais conhecido pela caçafortuna tiger jogogolfinhos são as Ilhas Faroé, um território dependente da Dinamarca. A diferença para o Japão é que essa região não tem uma temporadafortuna tiger jogocaça. É possível matar os animaisfortuna tiger jogoqualquer época do ano.

Os animais mais comuns na região são golfinho-de-laterais-brancas-do-atlântico e as baleias-piloto.

Os golfinhos fazem uma rota migratória no verão hemisfério norte e passam pela região seguindo gruposfortuna tiger jogolula, que são o principal alimento deles. Os pescadores das Ilhas Faroé têm uma grande frotafortuna tiger jogopesca e aproveitam para caçar golfinhos.

"Quando avistam golfinhos perto da ilha, eles se comunicam por rádio e direcionamfortuna tiger jogoconjunto os animais com os métodosfortuna tiger jogotortura auditiva para uma das 26 praias permitidas para o abate. Mas o principal foco deles não é a carne dos animais, mas sim vendê-los para os parques aquáticos", explicou o ativista.

Em Taiji, logo após a captura, ocorre uma seleçãofortuna tiger jogogolfinhos.

"Os mais jovens e sem cicatrizes naturais são oferecidos a parques, como o Sea World e Zoomarine, e viram sacosfortuna tiger jogodinheiro. Um golfinho morto vale US$ 600 (cercafortuna tiger jogoR$ 3,1 mil), mas vivos são muito caros porque vão render bilhetesfortuna tiger jogoentrada para shows e podem custar US$ 100 mil cada (R$ 520 mil). Isso é mais cruel que a morte. Ele é escravizado e só é recompensado por comida. Precisa estar com fome para fazer o salto para ter a necessidadefortuna tiger jogose alimentar", afirmou.

Ele conta que alguns golfinhos morrem por não aceitarem o treinamento e a comida oferecida, pois não estão acostumados com comida na boca, mas sim caçar seu próprio alimento.

"O animal não sente fome quando vê a comida. Fazendo um paralelo com os humanos, é igual quando a gente quando vê uma vaca. Não sentimos fome. Mas quando ela está assando na churrasqueira sim porque é a maneira como a gente ingere", explica Guiga.

Por esse motivo, conta Guiga, parques são forçados a comprar pelo menos sete ou oito animais.

"Por isso focamos nossa campanha contra os cativeiros que mantêm e comercializam. Se acabar com o cativeiro, acaba com a caça. Também estamos tentando conscientizar as pessoasfortuna tiger jogoque se elas pagam para tirar foto ou nadar com golfinhosfortuna tiger jogoum resort ou se você está pagando um bilhete para vê-los num parque aquático, você está financiando a matança", diz Guiga.

A estimativa éfortuna tiger jogoque até mil golfinhos são mortos ou capturados por ano na região das Ilhas Faroé.

Sangue no Google

Guiga diz que é mais fácil entrar na Ilhas Faroé (localizadas ao norte da Grã-Bretanha) do que no Japão e lembra uma grande operação feita na regiãofortuna tiger jogo2014, com voluntários fazendo imagens e interferindo diretamente na ação dos caçadores.

"Nos colocamos entre baleias e caçadores. Tivemos voluntários deportados, presos e vítimasfortuna tiger jogoviolência, mas isso fez com que o mundo conhecesse mais o que acontece lá. Se você procurar no hoje no Google as palavras Taiji ou Faroé vai ver imagensfortuna tiger jogomatança", afirmou.

"Nas Ilhas Faroé essa caça começou com os vikings isolados que viviam da natureza. Mas o tempofortuna tiger jogoque essa prática ocorre não faz com que ela se torne menos pior. Hoje as ilhas têm condições financeiras comparadas a grandes países europeus. Você encontra no supermercado produtosfortuna tiger jogotodos os lugares do mundo, então não precisa mais da carnefortuna tiger jogogolfinho. Fora que nem tudo que é cultural é aceitável ao longo do tempo. Um exemplo é a escravidão. Culturas são belas, mas devem avançarfortuna tiger jogoacordo com o tempo", afirmou.

O ativista brasileiro pondera que o Japão usa o argumentofortuna tiger jogotradição cultural, mas usa alta tecnologia, embarcações rápidas e GPS.

Guiga explica ainda que a carnefortuna tiger jogogolfinho é tóxica, com altos índicesfortuna tiger jogomercúrio. Por serem animais do topo da cadeia alimentar, eles têm uma bioacumulação, inclusivefortuna tiger jogopoluição. Isso porque o animal pequeno é consumido pelo médio, que ingere e absorve a cargafortuna tiger jogopoluentes do anterior e assim por diante.

O ativista brasileiro conta que nas ilhas há inclusive alertas para que crianças e mulheres grávidas não consumam a carnefortuna tiger jogogolfinho, principalmente a gordura. O alimento pode causar diversas doenças, como impotência e Parkinson.

Ele define o ativismo como um trabalho exaustivo e que exige persistência e constância, mas recompensador. Hoje, Guiga é casado e diz que a esposa dele entende a importância dessa entrega. Além do trabalho na ONG, ele é fotógrafo freelancer no Riofortuna tiger jogoJaneiro.

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