Por que o coronavírus mata mais as pessoas negras e pobres no Brasil e no mundo:pixbet se cadastrar

Crédito, Bruno Kelly/Reuters

Legenda da foto, Racismo, desigualdades sociais, acesso desigual a sistemaspixbet se cadastrarsaúde, moradia inadequada e impossibilidadepixbet se cadastrarse isolar colocam população mais vulnerável como a mais afetada pela pandemia

"Isso tudo tem relação com o sistemapixbet se cadastrarque a gente vive, com o racismo", explica ela, apontando como, por causa do racismo estrutural, pessoas negras têm piores condiçõespixbet se cadastrarvida.

Os pobres são atingidospixbet se cadastrarforma "muito violenta"pixbet se cadastrarrelação aos "remediados e ricos", afirma o médico sanitarista e professorpixbet se cadastrarsaúde pública da USP Gonzalo Vecina Neto.

Resultadospixbet se cadastrarum estudo do Núcleopixbet se cadastrarOperações e Inteligênciapixbet se cadastrarSaúde, grupo da PUC-Rio, confirmam que pretos e pardos morreram por covid-19 mais do que brancos no Brasil. O grupo analisou a variação da taxapixbet se cadastrarletalidade da doença no Brasilpixbet se cadastraracordo com variáveis demográficas e socioeconômicas da população. Cercapixbet se cadastrar30 mil casospixbet se cadastrarnotificaçõespixbet se cadastrarcovid-19 até 18pixbet se cadastrarmaio disponibilizados pelo Ministério da Saúde foram levadospixbet se cadastrarconta.

Crédito, Alex Pazuello/Semcom

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Considerando esses casos, quase 55%pixbet se cadastrarpretos e pardos morreram, enquanto, entre pessoas brancas, esse valor ficoupixbet se cadastrar38%. A porcentagem foi maior entre pessoas negras do que entre brancaspixbet se cadastrartodas as faixas etárias e também comparando todos os níveispixbet se cadastrarescolaridade.

O estudo também concluiu que, quanto maior a escolaridade, menor a letalidade da covid-19 nos pacientes. Pessoas sem escolaridade tiveram taxas três vezes superiores (71,3%) às pessoas com nível superior (22,5%).

Cruzando escolaridade com raça, então, a coisa piora: pretos e pardos sem escolaridade tiveram 80,35%pixbet se cadastrartaxaspixbet se cadastrarmorte, contra 19,65% dos brancos com nível superior.

"A desigualdade social tem impacto direto nos óbitos entre os mais pobres e com menor escolaridade", diz, por e-mail, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, Paula Maçaira, pesquisadora do Departamentopixbet se cadastrarEngenharia Industrial do CTC/PUC-Rio e integrante do NOIS. "Quanto mais desfavorável a situação do paciente, mais chances ele tempixbet se cadastrarfalecer."

O fenômeno não é exclusivamente brasileiro. Nos Estados Unidos, dados levantados pelo APM Research Lab mostra que negros morreram a uma taxapixbet se cadastrar50,3 por 100 mil pessoas, comparado com 20,7 para pessoas brancas. Mais que o dobro.

No Reino Unido, números do Office of National Statistics mostraram que homens negros da Inglaterra epixbet se cadastrarGales têm três vezes mais chancepixbet se cadastrarmorrer por covid-19 do que homens brancos.

"É um fenômeno mundial. Esse vírus mata mais pobres e negros - não porque são negros, mas porque são pobres", diz Vecina Neto. Para Góes, os contexto são semelhantes. "As pessoas negras nos EUA e no Reino Unido também são as que vivempixbet se cadastrarlocais periféricospixbet se cadastrarmenos acesso, menos fornecimentopixbet se cadastrarserviços e com maior prevalênciapixbet se cadastrarcomorbidades. O que muda são os sistemaspixbet se cadastrarsaúde."

Crédito, Alex Pazuello/Semcom

Legenda da foto, Maispixbet se cadastrar68 mil pessoas já morreram no Brasil

Mas por que isso acontece?

Góes e Vecina Neto citam algumas razões para as taxaspixbet se cadastrarmortalidade maiores para a população negra e pobre - no Brasil e no mundo.

A primeira, segundo Góes, é o acesso a serviçospixbet se cadastrarsaúde. "Pessoas negraspixbet se cadastrargeral estão nas regiões mais marginalizadas, mais periféricas e esses lugarespixbet se cadastrargeral são lugares que têm baixa ofertapixbet se cadastrarserviçopixbet se cadastrarsaúde", diz a pesquisadora. "Elas precisam se deslocar para o centro, onde ficam os serviçospixbet se cadastrarsaúde públicos e privados."

Um segundo motivo são as condiçõespixbet se cadastrarvida da população mais pobre. Vecina Neto diz que "pessoas pobres morampixbet se cadastrarlugares piores, com pior acesso às condiçõespixbet se cadastrarmoradia mais decente" e que, com um número maiorpixbet se cadastrarpessoas por metro quadrado, a propagação da doença é facilitada.

A terceira explicação é a faltapixbet se cadastraracesso a saneamento básico. "No caso do Brasil, principalmentepixbet se cadastrarSão Paulo, a periferia não tem ofertapixbet se cadastrarsaneamento semelhante às zonas residenciais com distribuiçãopixbet se cadastrarrenda maior", diz Vecina Neto. "A faltapixbet se cadastraracesso à água é uma coisa muito grave nessa epidemia."

Um quarto motivo possível: a fome, ou necessidadepixbet se cadastrartrabalhar para ganhar o dinheiro para a comida do dia. "Quem mora na periferiapixbet se cadastrargrande medida faz parte do mercadopixbet se cadastrartrabalho informal, portanto ganha o dinheiro do dia para comer a comida do dia. Se o sujeito não sair todo dia para ganhar alguma coisa para levar dinheiro para casa, vai ter fome na casa dele", afirma.

Mesmo com a ajuda do governo federalpixbet se cadastrarR$ 600 mensais para trabalhadores informais, que considera "insuficiente", "as pessoas têm que sair para arrumar comida, e ao sair, se contaminam mais facilmente". A realidade é completamente distinta à situaçãopixbet se cadastrarquem pode ficar isolado ou trabalhandopixbet se cadastrarcasa.

"Essas pessoas negras e pobres são as pessoas inseridas mais informalmente no mercadopixbet se cadastrartrabalho, e que estão no front na áreapixbet se cadastrarsaúde, enfermagem, serviços gerais, do trabalho doméstico", afirma Góes. "Esse cenário só agudiza a situação."

Por fim, a pesquisadora sobre acesso desigual a sistemaspixbet se cadastrarsaúde destaca condições relacionadas ao bem-estar, como alimentação, exercícios físicos, lazer. Uma população mais pobre tem menos acesso a boa alimentação e consome mais alimentos industrializados. Também está sujeita a mais estresse pela "faltapixbet se cadastrarestrutura da cidade, transporte, moradia", diz ela. "São fatores modificáveis, que poderiam ser alterados para dar melhores condiçõespixbet se cadastrarvida às pessoas."

Isso leva a mais um fator, e um fator grave no contexto da covid-19: a prevalênciapixbet se cadastrarcomorbidades, como hipertensão e diabetes, que também afetam negros e pobres desproporcionalmente, nessa população. Essas comorbidades contribuem para a mortalidade por covid-19, e estão mais presentes na população negra e pobre "não por uma questão hereditária, mas porque ela está mais exposta a situações precárias", diz Góes.

O que fazer?

Para resolver esse problema, os especialistas dizem ser preciso endereçar o problema da desigualdade no Brasilpixbet se cadastrargeral, enfrentar o racismo e investir no SUS, o sistema universalpixbet se cadastrarsaúde brasileiro.

"O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. A sociedade brasileira considera a desigualdade um problema? Eu acredito que grande parte da população não acha que a desigualdade é um problema", diz Vecino Neto. Mas, para ele, essa é a "patologia social" mais importante que se tem. "É um quadro que a sociedade tem que buscar corrigir. Não dá pra conseguir se defenderpixbet se cadastrarepidemia como essa com nossa desigualdade."

Para ele, é necessário "melhorar o SUS". "Estamos colocando o SUS à prova e ele está respondendopixbet se cadastrarmaneira mais ou menos adequada. Vamos sair dessa epidemia com uma lição importante que é buscar melhorar o funcionamento do SUS."

Já Góes diz que a solução deve passar por "repensar e refazer estratégias colocando a questão do enfrentamento ao racismo no centro do debate", para que pessoas negras tenham o mesmo acesso ao mercadopixbet se cadastrartrabalho e serviçospixbet se cadastrareducação e saúde.

"Enquanto não refletirmos sobre isso e não tivermos uma sociedade preparada para reconhecer o racismo como estrutural e reconhecer as desigualdades, será bem difícil fazer mudanças estruturais."

Crédito, Alamy

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