As histórias por trás do 'cemitérioaposta hoje dicasestátuas'aposta hoje dicasSão Paulo:aposta hoje dicas

"Esses fragmentosaposta hoje dicasmonumentos (no depósito) são úteis porque nos fazem pensar se precisamosaposta hoje dicasmonumentos, quais monumentos não temos, quais temos e como lidamos com essas estéticas da memória", diz ela. "Escrevemos por muito tempo a história do país suprimindo atores fundamentais, como indígenas e escravizados, e isso é algo que a historiografia vem problematizando nas últimas décadas", lembra ela.

Quem ganha homenagem, quem é esquecido

Emaposta hoje dicaspesquisa, Beiguelman constatou que muitos monumentosaposta hoje dicasSão Paulo mudam diversas vezesaposta hoje dicasendereço - às vezes, por motivos políticos, como é o caso da estátua O Beijo Eterno. Outros vão para o galpão do Canindé sem que haja uma discussão pública sobre o que deve ser feito com eles. Às vezes, diz ela, não se sabe por que uma obra foi feita, nem por que mudouaposta hoje dicaslugar.

"A cidade só passou a ter um órgão responsável pelos monumentos a partiraposta hoje dicas2002. Antes disso, a implantação e remoção deles era bastante aleatória", diz Beiguelman.

Beiguelman criou toda uma obra artística sobre o tema. Retirou esses pedaçosaposta hoje dicasmonumentos do galpão e os expôs pela cidade, mapeou os monumentos que mudavamaposta hoje dicaslugar e lançou o livro Memória da Amnésia: Políticas do Esquecimento (Edições Sesc, 2019).

"Não quero dizer que esses monumentos devem ser recolocados na cidade, até porque muitas vezes foram criadosaposta hoje dicasforma aleatória. A função é tensionar a relação da memória e da preservação. Esse é o desafio do tipoaposta hoje dicasobra que eu faço. Não é 'vamos colocar tudo no lugar, ah, essa cidadeaposta hoje dicasvândalos'. É tentar entender o que eles nos permitem pensar sobre os monumentos que sim, estão, à nossa volta", diz a artista.

Atualmente há 11 peças no depósito. A Secretariaaposta hoje dicasCultura diz que a ideia é que sejam devolvidas às ruas, depoisaposta hoje dicasuma análiseaposta hoje dicascada caso e da aprovação da Comissãoaposta hoje dicasGestãoaposta hoje dicasObras e Monumentos Artísticosaposta hoje dicasEspaços Públicos.

A históriaaposta hoje dicasBrasil contada pelos monumentos que estão lá é a "dos poderosos,aposta hoje dicasgrandes líderes políticos", como diz Beiguelman.

"Entrar num lugar desses é lidar com as políticasaposta hoje dicasesquecimento que estruturam a relação do Brasil comaposta hoje dicasmemória. Ela é produtoaposta hoje dicasditaduras e interdições mas tambémaposta hoje dicasformasaposta hoje dicasse criar invisibilidades dos acontecimentosaposta hoje dicasmodo que isso vira uma políticaaposta hoje dicasesquecimento. A primeira sensação ao entrar no galpão é que você está entre essas contradições", diz ela.

Veja aqui o que se sabe das históriasaposta hoje dicasalguns desses monumentos.

aposta hoje dicas Lagostas

Entre os fragmentosaposta hoje dicasmonumentos que estão hoje no galpão, o mais inusitado, na opiniãoaposta hoje dicasBeiguelman, e o único que não se encaixa no perfilaposta hoje dicas'retratoaposta hoje dicaspoderosos' é o das esculturasaposta hoje dicaslagostas da Fonte Monumental da Praça Júlio Mesquita, no centro da cidade.

As lagostas originais foram roubadas diversas vezes, até que a Prefeitura resolveu tirá-lasaposta hoje dicaslá e trocá-las por versõesaposta hoje dicasresina, que são as que permanecem até hoje. Seguindo estilo art nouveau, a fonte mostra uma cenaaposta hoje dicasum pescador cercadoaposta hoje dicassereias, aparentemente resistindo à sedução delas. No entorno da fonte ficam as lagostas.

Idealizadas por uma das poucas artistas mulheres do começo do século 20, Nicolina Vazaposta hoje dicasAssis Pinto do Couto (Campinas, 1874 — Rioaposta hoje dicasJaneiro, 1941), acabaram sendo feitas por um homem. Couto era a autora do projeto da fonte, mas, segundo a versão corrente, brigou com o fornecedoraposta hoje dicasmármore, e a execução da obra foi repassada anos depois a um artista homem.

A fonte, queaposta hoje dicasinício ficaria na Praça da Sé, fazia parteaposta hoje dicasum projetoaposta hoje dicasurbanizaçãoaposta hoje dicasSão Paulo intitulado "Centro Cívico" e foi encomendadaaposta hoje dicas1913. A ideia era construir um espaço que reunisse o Paço Municipal, a Catedral, o Palácio da Justiça e o Congresso do Estado. Apenas o projetoaposta hoje dicasreerguer a catedral, que já existia mas era considerada modesta demais, foi para frente. Não se sabe por que a fonte foi finalmente erguida na praça Julio Mesquita, e não na Sé.

A execução do monumento só aconteceu anos depoisaposta hoje dicassua encomenda, e foi realizada por dois homens. Num primeiro momento, a obra atrasou devido ao desentendimento da artista com os fornecedores, depois, ficouaposta hoje dicaslado durante os bombardeios da Revoluçãoaposta hoje dicas1924, revoltaaposta hoje dicastenentes descontentes com o governo federalaposta hoje dicasArthur Bernardes. Foi finalmente inauguradaaposta hoje dicas1927.

aposta hoje dicas Patas do cavaloaposta hoje dicasDuqueaposta hoje dicasCaxias

No final dos anos 1930, um militar organizou uma campanha para levantar recursos para a construçãoaposta hoje dicasum monumento que lembrasse a figuraaposta hoje dicasDuqueaposta hoje dicasCaxias, patrono do Exército e líder militar que reprimiu revoltas populares como a Balaiada, no Maranhão no final dos anos 1830, e liderou tropas na Guerra do Paraguai.

Segundo o site São Paulo Antiga, houve até mesmo um jogoaposta hoje dicasfutebol entre Corinthians e Palestra Itália para arrecadar dinheiro.

Feito um concursoaposta hoje dicasprojetos, venceu o escultor Victor Brecheret (Comuna di Farnese, Itália, 1894 - São Paulo, SP, 1955), que projetou o duque a uma alturaaposta hoje dicasum edifícioaposta hoje dicasdez andares,aposta hoje dicascimaaposta hoje dicasum cavalo, empunhando uma espada.

A estátua, inaugurada no dia 25aposta hoje dicasagostoaposta hoje dicas1960, Dia do Soldado, fica na Praça Princesa Isabel, no Centroaposta hoje dicasSão Paulo, perto da avenida Duqueaposta hoje dicasCaxias - mas desde 1991, o cavalo só tem três patas.

No dia 15aposta hoje dicasagosto daquele ano, um grupoaposta hoje dicasmilitaresaposta hoje dicasbaixa patente, insatisfeitos com seus salários, arremessou uma bomba contra o monumento, que se esfacelouaposta hoje dicasalguns pedaços, segundo o site da Prefeitura. Desde então, as patas do cavalo jazem no depósito.

aposta hoje dicas Bilac pulverizado

Olavo Bilac (1865-1918), eleito "Príncipe dos Poetas Brasileiros" no concurso da revista Fon-Fonaposta hoje dicas1913, era bastante popular no início do século 20. Quando morreu,aposta hoje dicas1918, um grupoaposta hoje dicasestudantes da faculdadeaposta hoje dicasDireitoaposta hoje dicasUSP quis homenageá-lo, e fez uma campanha pública para bancar o projeto do monumento. Um dos principais financiadores foi o então presidente da Liga Nacionalista, Frederico Vergueiro Steidel.

O monumento foi inaugurado na confluência das avenidas Paulista, Consolação e Angélicaaposta hoje dicas7aposta hoje dicassetembroaposta hoje dicas1922, para coincidir com o centenário da Independência do Brasil.

Aos poucos, passou a ser criticado poraposta hoje dicasestética e porque o escultor era estrangeiro. "Era um momentoaposta hoje dicasque o nacionalismo estavaaposta hoje dicastodas as discussões, inclusive na arte. Havia um sentimentoaposta hoje dicasvalorizaçãoaposta hoje dicasaspectos nacionais. A Semanaaposta hoje dicasArte Modernaaposta hoje dicas1922 tinha acontecido havia poucos meses, reafirmando essa característica, mesmo que na época ela não tenha tido a importância que se dá hoje", diz Heloisa Barbuy, professoraaposta hoje dicasmuseologia da USP e autora do livro As Estátuas da Faculdadeaposta hoje dicasDireito (Ateliê Editorial).

O monumento foi desmontadoaposta hoje dicas1935, quando a prefeitura mudou o trânsito na região. Com o tempo, as partes foram dispersas pela cidade, e algumas acabaram nunca saindo do depósito do Canindé.

Uma delas, da estátua O Beijo Eterno, passou por uma saga diferente. Foi mudadaaposta hoje dicasbairro porque moradores a achavam imoral, por mostrar um casal nu, aparentemente interracial, beijando-se. Depois foi levada ao depósito, onde ficou guardada, e finalmente foi "sequestrada" por alunosaposta hoje dicasDireito da USP, que a colocaram na frente do prédio onde funciona a escola, no centro, e onde a estátua está até hoje.

aposta hoje dicas Aviadores

A escultura Heróis da Aviação,aposta hoje dicasMino Roque, é uma homenagem a três pioneiros da aviação no Brasil, Bartolomeuaposta hoje dicasGusmão, Santos-Dumont e Edu Chaves. Antesaposta hoje dicasser desmontada, consistiaaposta hoje dicasuma coluna com uma águia no topo e, na base, tinha medalhões com os rostos dos três.

Foi projetada para ficar no Hipódromo da Moocaaposta hoje dicas1915, onde Chaves terminou seu voo entre Santos e São Paulo, e lá ficou até 1951, quando o Hipódromo foi transferido para o Morumbi e o monumento, para a Praça Coronel Fernando Prestesaposta hoje dicas1951. Quando a praça foi reformada,aposta hoje dicas2006, a escultura foi levada para o depósito, e lá está até hoje. Ele faz parte do programa 'Adote uma Obra Artística', da Prefeitura, que incentiva instituições a se responsabilizar pelo cuidado dos monumentos. No entanto, não há registroaposta hoje dicasque tenha sido adotado.

aposta hoje dicas Bustosaposta hoje dicasescritores

Estão no depósito dois bustos do chamado Jardim dos Escritores, um conjuntoaposta hoje dicasesculturasaposta hoje dicasmembros da Academia Paulistaaposta hoje dicasLetras, no Largo do Arouche, onde fica a instituição.

São eles os busto do advogado e político paulista Aureliano Leite, feito por Luiz Morrone, e oaposta hoje dicasVicenteaposta hoje dicasCarvalho, poeta, jornalista e jurista,aposta hoje dicasEttore Ximenes.

Há também um busto do artista libanês Khalil Gibran, feito pela também escultora libanesa Odette Eid, que morreuaposta hoje dicas2019.

A secretariaaposta hoje dicasCultura não explicou por que essas estátuas estão no depósito.

*colaborou Leandro Machado