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Da negação da demissão à facadaslots que dao bonusAdélio: como grupos bolsonaristas recalibraram discurso após saídaslots que dao bonusMoro:slots que dao bonus
"Primeiro, os grupos levam um choque, como a demissão do [ex-ministro da Saúde Luiz Henrique] Mandetta e, depois,slots que dao bonusMoro. Começam a entrarslots que dao bonusdúvida e a questionar Bolsonaro. Frente a esse questionamento, muitos integrantes, inclusive administradoresslots que dao bonusgrupos, começam a lembrar as pessoas por que Bolsonaro está ali. Enviam conteúdos sobre o PT, Lula e notícias falsas pró-Bolsonaro."
Em seguida, continua Nemer, ouvem uma live do presidente — no caso da semana passada, um discurso oficial — "e depois disso vemos uma união e apoio unânime nos grupos, que já começam a planejar protestos e próximo ataque virtual".
A BBC News Brasil observou comportamento semelhante nos grupos bolsonaristas na semana passada. Na primeira etapa, que correspondeu ao intervalo entre as primeiras notícias sobre o possível desembarqueslots que dao bonusMoro do governo, no início da tardeslots que dao bonusquinta-feira (23/4), e o anúncio oficial da despedida do agora ex-ministro, na manhãslots que dao bonussexta-feira (24/4), bolsonaristas investiramslots que dao bonusconteúdos que desmentissem as informações publicadas na imprensa tradicional.
Já nas primeiras horas seguintes à fala oficialslots que dao bonusMoro, que confirmou o movimento que jornais e sitesslots que dao bonusnotícias já haviam adiantado, revelaram desentendimentos e divisão nos grupos.
Neste momento, enquanto a grande maioria poupava Moroslots que dao bonuscríticas diretas, parte dos militantes se mostrava decepcionada com o presidente e outro grupo insistia na inocênciaslots que dao bonusBolsonaro.
O cenário mudou aproximadamente uma hora antesslots que dao bonusBolsonaro aparecerslots que dao bonuscadeia nacional se defendendo das acusações do ex-superministro.
A partir daí, argumentos usados pelo presidente contra Moro, como a suposta inação do ex-juiz e do diretor afastado da polícia federal, Maurício Valeixo, nas investigações contra Adélio Bisposlots que dao bonusOliveira, autor da facada contra o então candidato Bolsonaro,slots que dao bonussetembroslots que dao bonus2018, já eram ventilados por bolsonaristas.
Moro pediu demissão do cargo após a exoneraçãoslots que dao bonusseu braço direito, Maurício Valeixo, da direção da Polícia Federal. Ao anunciarslots que dao bonussaída, o ex-ministro disse que o presidente insistiu na trocaslots que dao bonuscomando da corporação, e afirmou que Bolsonaro queria ter acesso a relatórios e informações confidenciaisslots que dao bonusinteligência da PF.
O presidente, porslots que dao bonusvez, criticou os nomes escolhidos pelo ex-ministro para a Polícia Federal e acusou o ministroslots que dao bonuscondicionar a troca no comando da PF a uma vaga (para ele) no Supremo Tribunal Federal.
Antes
Inicialmente, antes da confirmação da saídaslots que dao bonusMoro, bolsonaristas apostaramslots que dao bonusdescreditar a imprensa.
"O diretor-geral da PF, Delegado Valeixo, saiu a pedido próprio, mas boa parte da mídia insisteslots que dao bonusdizer que foi a interferência do Presidente Bolsonaro! A mídia mentindo como sempre, mídia manipuladora e enganadora", dizia uma das publicações compartilhadasslots que dao bonusgrupos.
No Telegram, um dos memes mais compartilhados mostrava uma fotoslots que dao bonusMoro sorrindo com o seguinte texto: "Quer que eu saia? Sinto lhe informar, não vai acontecer".
"Imprensa canalha!", dizia o linkslots que dao bonusum blogue compartilhado durante toda a noiteslots que dao bonusquinta-feira, 23, e a manhãslots que dao bonussexta, 24.
"A própria assessoria do ministro negou a informação. Sergio Moro não pediu demissão e continua firme no governo Bolsonaro", dizia o texto.
A informação era imprecisa. A assessoria do ministro não havia informado que Moro continuaria no governo. A equipe, na verdade, disse que "não confirmava" a demissão e anunciou que o então ministro daria uma entrevista coletiva na manhãslots que dao bonussexta-feira.
Durante
Nas nove horas que separaram os discursosslots que dao bonusMoro eslots que dao bonusBolsonaro, na sexta-feira, muitos bolsonaristas se mostraram frustrados e divididos nos grupos.
Alguns preferiam acreditarslots que dao bonusMoro.
"Eu estou com Moro. Quem fica passando panoslots que dao bonuspolítico é petista. Não me tornarei assim. Torço pelo Brasil, se Bolsonaro estiver errado, não vou passar pano", disse uma seguidora.
"Estou decepcionado com Bolsonaro, acho que dessa vez ele deu um tiroslots que dao bonuscanhão no pé, entre Moro e Bolsonaro, sou mais Moro", disse outro.
"Eu voteislots que dao bonusBolsonaro, mas não concordo com ele proteger os filhos envolvidos", disse uma terceira.
Fabio Malini, pesquisadorslots que dao bonusciênciaslots que dao bonusdados e professorslots que dao bonuscibercultura na Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), avalia o primeiro movimento como um "de susto, que gerou indagação sobre se valia a pena seguir o presidente".
"Apoiadoresslots que dao bonusBolsonaroslots que dao bonusgruposslots que dao bonusWhatsApp, Twitter e gruposslots que dao bonusFacebook passaram por processoslots que dao bonusdivisão porque a pauta trazida naquele momento foi moral,slots que dao bonuscorrupção", afirma,slots que dao bonusreferência a uma bandeira defendida por uma parte do movimento.
Segundo ele, ao menos no Twitter, um terço da base dos seguidores do presidente, os mais "lavajatistas", pulou fora.
Nos gruposslots que dao bonusWhatsApp, segundo Nemer, da Universidadeslots que dao bonusVirgínia, a debandada foislots que dao bonuscercaslots que dao bonus12 pessoasslots que dao bonusgruposslots que dao bonus200,slots que dao bonusmédia — "mas é um número que conseguem repor rapidamente". O pesquisador estuda gruposslots que dao bonusWhatsApp bolsonaristas desde 2018 e atualmente acompanha 63 deles, analisando o conteúdo qualitativamente.
Um texto replicadoslots que dao bonusdiversos grupos falavaslots que dao bonus"rever posição".
"Triste notícia, Sergio Moro deixa o Ministério da Justiça. Aí começo a me perguntar, aquele que era nossa referência ao combate a corrupção, aquele que deixou 22 anosslots que dao bonusmagistratura, o ícone da Lava Jato, saiu do governo. Compensa combater a corrupção nesse país? Sergio Moro declarou emslots que dao bonusfala que o presidente quer interferir na Polícia Federal, pediu para ver relatórios da polícia federal. Para que isso, Bolsonaro? Qual a intenção disso? Estou revendo minha posição."
Nos grupos, outros usuários recomendavam cautela. "Vamos esperar o presidente falar. Todos os dias uma emoção..."
As falas destes usuários logo gerariam uma forte reaçãoslots que dao bonusataques ao ex-juiz da Lava Jato. Para Nemer, os usuários que ficam nos gruposslots que dao bonusWhatsApp e que compõem a atual baseslots que dao bonusBolsonaro são os grupos mais radicais. "Toda crise que questiona o Bolsonaro faz a base se radicalizar cada vez mais. Se você precisa demonizar o Moro para apoiar o Bolsonaro, precisaslots que dao bonusuma ala radical para reforçar isso", avalia.
"Os grupos estão ficando menores e mais radicais, com pessoas que acreditamslots que dao bonusBolsonaro como verdade absoluta e para isso precisamslots que dao bonusconteúdos mais radicais e fake news mais absurdas para realimentar essa confiança no Bolsonaro", diz Nemer.
Ataques
Como formaslots que dao bonusdefender o presidente e ainda tentar segurar parte da base que ameaçava abandonar o barco junto com Moro, bolsonaristas partiram para o ataque.
"Eles já vão preparando o terreno e introduzir a ideia antes mesmo do ministro cair", diz Nemer, que já observa movimento semelhante com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sendo desqualificadoslots que dao bonusgrupos bolsonaristas. "O Bolsonaro entende que os grupos bolsonaristas são um termômetro, e sabe o momentoslots que dao bonustomar uma atitude quando esse terreno está cuidado. Ele mesmo monitora pelo chamado 'gabinete do ódio'. Há atores dentro desses grupos monitorando isso. Não é algo desconexo."
Em um primeiro momento dos ataques, os defensoresslots que dao bonusBolsonaro concentraram a muniçãoslots que dao bonusValeixo.
Apostando no caso Adélio, um texto apócrifo começou a ser intensamente compartilhado nas redes bolsonaristas pouco antes da fala do presidente.
"Valeixo é aquele que disse que Adélio agiu como louco, um lobo solitário no ataque ao Presidente e que não havia ninguém financiando o 'maluco', mas o PGR Aras não se deu por satisfeito e deu continuidade às investigações", dizia a postagem — que apareceu no Telegram, no Instagram e também no Facebook.
Pouco depois, na televisão, Bolsonaro faria coro com a narrativa e incluiria o assassinato da ex-vereadora do PSOL Marielle Franco — que foi morta, juntamente com o motorista, Anderson Gomes,slots que dao bonus14slots que dao bonusmarçoslots que dao bonus2018, por membros da milícia do Rioslots que dao bonusJaneiro, segundo investigações da polícia e do Ministério Público.
"A Polícia Federalslots que dao bonusSergio Moro se preocupou mais com quem matou Marielle do que com quem tentou matar seu chefe supremo. Cobrei muito deles isso daí, não interferi", afirmou Bolsonaro, cercado por seu gabinete e pelos filhos, no palácio do Alvorada.
"Eu acho que todas as pessoasslots que dao bonusbem no Brasil querem saber. Entendo, me desculpe senhor ex-ministro: entre meu caso e o da Marielle, o meu está muito menos difícilslots que dao bonussolucionar. Afinal, o autor foi presoslots que dao bonusflagranteslots que dao bonusdelito", continuou o presidente.
Na opiniãoslots que dao bonusMalini, o caso Adélio é evocado porque Bolsonaro e bolsonaristas sabem que é um discurso e uma teoriaslots que dao bonusconspiração que cria muitos "likes" e engajamento. "É um fato relativamente recente que mobiliza militantes, alimenta radicais e amplia as conversas. Toda vez que acontece algum tiposlots que dao bonusinvestigação contra a família Bolsonaro ou contra o seu governo, essa história vem à tona. É a mesma lógica do caso Celso Daniel", diz. "É uma espécieslots que dao bonusbandeira do bolsonarismo."
O pesquisador também observa que o assunto Adélio sempre é levantado quando se fala sobre o assassinatoslots que dao bonusMarielle. "Quando se questiona sobre a investigação do assassinatoslots que dao bonusMarielle, o Adélio é uma reação imediata das redes bolsonaristas, um elemento bem cimentado na cultura", diz. "Agora, porém, os bolsonaristas já têm um conjuntoslots que dao bonusmemes e imagens, uma reservaslots que dao bonusmaterial sobre o caso Adélio para ampliar ou resgatar as pessoas que fazem parte desse círculo."
Uma das publicações vistas pela BBC News Brasil reiterava a narrativa, dizendo que "de bobo, Bolsonaro não tem nada!"
"Valeixo é o mesmo diretor que falou que Adélio Bispo agiu como lobo solitário no atentado contra Jair Bolsonaro."
O primeiro texto apócrifo com ataques diretos a Moro enumerava uma sérieslots que dao bonussupostas omissões do ex-ministro.
Entre as acusações, dizia que Moro "não deu um passo (sic)slots que dao bonusquem mandou matar Bolsonaro", "não deu uma palavra sobre as constantes interferências do legislativo e judiciário no Executivo" e afirmava ainda que a "esposaslots que dao bonusMoro defendeu Mandetta".
Outro texto reproduzidoslots que dao bonusdiversas mídias, também com autor anônimo, reclamava que Moro defendeu a separação dos poderes quando o Supremo Tribunal Federal votou pelo fim da prisãoslots que dao bonussegunda instância, que beneficiou o ex-presidente Lula, e chamava o ex-ministroslots que dao bonusinerte.
"Isentão é uma desgraça! Ele ainda sai se fazendoslots que dao bonusvítima e tentando queimar o Bolsonaro", dizia o texto, que começava com "o texto abaixo não éslots que dao bonusminha autoria, mas estou repassando".
Moro 'de esquerda'
Por fim, textos e fotos começaram a jogar Moro para o campo da esquerda, assim como Bolsonaro fezslots que dao bonusseu discurso, quando associou seu ex-ministro a pautas defendidas pelo campo oposto, como o aborto.
Também colocam o ministro como alguém que traiu o bolsonarismo e que seria corrupto.
Malini, que acompanha dois grupos bolsonaristas no WhatsApp, diz que "algumas pessoas entraramslots que dao bonusparafuso quando começaram a chegar a fotoslots que dao bonusAécio com Moro", por exemplo, se referindo a uma fotoslots que dao bonusque Moro, ainda como juiz da Lava Jato, aparece sorrindo ao conversar com o deputado federal, ex-senador e ex-candidato presidencial Aécio Neves, durante uma cerimônia da revista IstoÉslots que dao bonus2016.
Neves foi acusadoslots que dao bonusenvolvimentoslots que dao bonusvários escândalosslots que dao bonuscorrupção; essa mesma foto já fora enviada antes por gruposslots que dao bonusesquerda como formaslots que dao bonusdesqualificar Moro.
Membrosslots que dao bonusgruposslots que dao bonusWhatsApp que enviam "conteúdoslots que dao bonusesquerda" normalmente são excluídos do grupo. Agora, virou munição para os gruposslots que dao bonusdireita — até Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, publicou a foto emslots que dao bonusconta no Twitter neste domingo (26/4).
Para Malini, o fantasma da esquerda ainda causa grande discussão nos grupos bolsonaristas. Um dos argumentos é que "abandonar o Bolsonaro é um equívoco político porque faz com que a esquerda se fortaleça". Então,slots que dao bonusum primeiro momento, o argumento para os 'moristas' e 'lavajateiros' ficarem no grupo é: "Vocês vão querer que a esquerda volte?"
"É argumento retórico forte porque expressa aquilo que é o 'melhor' da identidade dessa rede, que é ser antiesquerda."
Após a fala oficialslots que dao bonusBolsonaro, os ataques ao ex-ministro se intensificaram.
Um dos links mais compartilhados era um textoslots que dao bonusum blog com o título "Moro e Valeixo acobertaram Adélio Bispo".
Outra informação recorrente nas postagens foi repetida pelo presidenteslots que dao bonusuma tentativaslots que dao bonustransmissão ao vivo no último domingo, interrompida por problemasslots que dao bonusconexão.
"Advinha quem era a assessoraslots que dao bonuscomunicaçãoslots que dao bonusMoro? Giselly Siqueira. Noraslots que dao bonusMiriam Leitão", dizia a postagem.
Siqueira pediu demissãoslots que dao bonusjunhoslots que dao bonus2019.
Na transmissão, Bolsonaro fez coro: "O Fantástico acabou agora uma matéria onde quem apresentou foi o sr. Vladimir Netto, filho da Miriam Leitão, cuja esposa trabalhava até pouco tempo como assessoraslots que dao bonusimprensa do senhor Sergio Moro".
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