'É como ir para a guerra sem nenhuma arma': médicos e MP relatam caos no Amazonas com a pandemia:spaceman aposta online

"A equipespaceman aposta onlineenfermagem também é a que mais sofre: eles não têm equipamentosspaceman aposta onlineproteção individual. Não têm, simplesmente não têm."

A cena narrada pela médica é repetida por outros quatro profissionaisspaceman aposta onlinesaúde do Amazonas ouvidos pela BBC News Brasil ao longo da semana.

O Estado tem a pior concentraçãospaceman aposta onlinecasos confirmados do Brasil: 323,7 a cada milhãospaceman aposta onlinehabitantes (quase o triplo da média nacional: 111/milhão).

Alémspaceman aposta onlinehospitais superlotados e faltaspaceman aposta onlineequipamentos, profissionais denunciam escassezspaceman aposta onlineexames, salários atrasados e riscos enfrentados por médicos e enfermeiros.

"Está sendo o caos", diz uma das profissionais, que conta que colegas têm comprado equipamentos do próprio bolso para poderem trabalhar. "Álcool 70, coisas básicas, máscara, capotespaceman aposta onlineproteção. Compramos praticamente tudo"acrescenta ela, com a voz embargada.

"Atualmente, a gente tem quer rezar para o paciente não chegarspaceman aposta onlineestado grave."

Com maisspaceman aposta online90% dos leitos ocupados por pacientes com o novo coronavírus, segundo o governador, o Estado recebeu do governo federal uma verba extraordináriaspaceman aposta onlinemaisspaceman aposta onlineR$ 40 milhões, para o combate específico à covid-19, doença causada pelo vírus.

Médicos, enfermeiros, procuradores e promotores, no entanto, questionam onde o dinheiro tem sido investido.

Silêncio

Nesta semana, a Sociedade Brasileiraspaceman aposta onlineCardiologia questionou o governo do Estado,spaceman aposta onlineuma carta à qual a reportagem teve acesso, sobre o usospaceman aposta onlineverbas federais para o combate à covid-19.

"Para onde estão sendo enviados os recursos e os investimentos da áreaspaceman aposta onlineSaúde no Amazonas?", diz o texto.

Na quarta-feira, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Amazonas (MP) ajuizaram uma Ação Civil Pública na mesma linha.

No texto, eles pedem que o Estado seja obrigado "a publicar informações claras e atualizadas, no site na internet, sobre verbas federais já recebidas e a receber e sobre o repasse, pelo Ministério da Saúde,spaceman aposta onlinerespiradores, equipamentosspaceman aposta onlineproteção individual (EPIs) e testes."

A BBC News Brasil procurou, por telefone, e-mail e mensagemspaceman aposta onlinetexto, o governo e a secretariaspaceman aposta onlineSaúde do Estadospaceman aposta onlinebuscaspaceman aposta onlineesclarecimentos. Nas mensagens, a reportagem pergunta como as verbas federaisspaceman aposta onlineurgência destinadas ao enfrentamento do novo coronavírus têm sido usadas no Estado.

A BBC News Brasil também enumerou as reclamações dos profissionaisspaceman aposta onlinesaúde sobre faltaspaceman aposta onlineequipamentos, superlotaçãospaceman aposta onlineunidades e dúvidas sobre o uso das verbas.

O Estado não respondeu a nenhum dos questionamentos.

Segundo o portal da Transparência, nos mesesspaceman aposta onlinemarço e abril, R$ 46.138.354,09 foram transferidos pelo governo federal para o Fundo Estadualspaceman aposta onlineSaúde (FES), administrado pela Secretaria Estadualspaceman aposta onlineSaúde.

O valor deveria ser destinado especificamente ao "enfrentamento da emergênciaspaceman aposta onlinesaúde públicaspaceman aposta onlineimportância internacional decorrente do coronavírus".

Na ação ajuizada na Justiça Federal, o Ministério Público destaca "que o Estado já recebeu verbas federais para o combate ao Covid-19, como se extrai do portal do Fundo Nacionalspaceman aposta onlineSaúde, o que justifica a prestação dessa informação".

Ainda segundo a ação, "o MPF e o MP-AM destacam que não foram adotadas até hoje, maisspaceman aposta onlineum mês após o início do surto, medidas que assegurem a transparência das ações públicas".

Mortesspaceman aposta onlinemédicos

A carta enviada pela sociedade médica também discute o "apagão"spaceman aposta onlineverbas emergenciais no Estado.

"Háspaceman aposta onlinese ter clareza nas informações destes dados (financeiros) e não auferir capital político nessa conjuntura", diz o texto.

Ao menos dois médicos morreram na última semana,spaceman aposta onlineManaus, após serem internados com suspeitaspaceman aposta onlinecovid-19. Um deles teve a doença foi confirmada, segundo o Conselho Regionalspaceman aposta onlineMedicina do Amazonas. Ainda não há resultado dos testes para o segundo, enquanto as mortesspaceman aposta onlineoutros três profissionais, segundo médicos do Estado, também estariam ligadas à doença.

"Entendemos que é nosso dever salvar vidas. Somos fiéis ao nosso juramento, mas não podemos, num quadro caótico como esse, sermos negligentes. Temos consciência que muito mais pode ser feito sem sacrificar a vida dos colegas e dos cidadãos. Quantos mais profissionais da saúde precisam perder suas vidas para haver mudanças na saúde pública do Estado?"

À BBC News Brasil, uma das diretoras do conselho, a cardiologista Wladiaspaceman aposta onlineAlbuquerque Silva, descreveu a situação dos profissionaisspaceman aposta onlinesaúde sem equipamentos "como ir para a guerra sem nenhuma arma".

"A gente sabe que o Estado temspaceman aposta onlinereceita, sabe que esse valor foi repassado pelo governo federal, mas a gente não vê recursos sendo destinados para lugar nenhum aquispaceman aposta onlineManaus. Estamos explodindospaceman aposta onlinecasos. E não é uma situação só local, no interior é pior."

Boa parte do efetivospaceman aposta onlineatendimentospaceman aposta onlinesaúde do Amazonas não é concursada e oferece serviços terceirizados ao Estado por meiospaceman aposta onlinecooperativas. Dois enfermeiros que trabalham neste regime disseram à reportagem que estão com salários atrasados há dois meses.

No fimspaceman aposta onlinemarço, jáspaceman aposta onlinemeio à pandemia, quando o Estado já tinha maisspaceman aposta online80 casos confirmados, enfermeiros fizeram um protestospaceman aposta onlineManaus pedindo a regularização dos pagamentos.

Alguns afirmaram estar há oito meses sem receber o salário regular. A BBC News Brasil questionou o Estado sobre os atrasos, mas não teve resposta até a quinta-feira (16).

Limite

Em uma semana, os casos confirmados da doença no Estado aumentaram 192% e os registrosspaceman aposta onlineóbitos subiram 360%. Esses dados colocam o Amazonas na fasespaceman aposta online"aceleração descontrolada" do novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde.

Segundo o governo do Amazonas, 18 dos 61 municípios do interior têm casos da doença.

Na semana passada,spaceman aposta onlineentrevista a jornalistas, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a situaçãospaceman aposta online"Manaus nos preocupa muito".

Ao jornal El País Brasil, o governador do Estado, Wilson Lima, disse que "90% dos leitos estão com pacientesspaceman aposta onlinecovid-19". "É uma corrida contra o tempo", afirmou.

Além dos pacientes, a corrida afeta o cotidiano e a saúde mentalspaceman aposta onlineprofissionaisspaceman aposta onlinesaúde, que tentam como podem dar conta da nova demanda.

"A gente tenta o máximo possível preservar a vida do paciente, até se expondospaceman aposta onlinealgumas situações", diz uma profissional.

"Apesar da nossa situação ruimspaceman aposta onlinematerial e tudo mais, o material humano está sendo nota 10. Vejo cada um tentando o máximo para salvar uma pessoa e enfrentar uma situação que chega no limite. É muito triste."

Para médicos ouvidos pela reportagem, a crise expôs um problema antigo no Estado.

"A gente tinha até desistidospaceman aposta online(esperar) alguma ação dos governantes, porque eles sempre usam a saúde como massaspaceman aposta onlinemanobra para poderem se eleger, masspaceman aposta onlineefetivo não faziam nada. Isso tem anos já", diz uma médica concursada.

"Agora, a pandemia do coronavírus mostrou o tamanho da deficiência da saúde aqui no Amazonas. E só tende a piorar."

Outro lado

Procurada por telefone, email e mensagemspaceman aposta onlinetexto durante toda a quinta-feira (16), a secretariaspaceman aposta onlinesaúde do Amazonas não respondeu aos questionamentos da BBC News Brasil. Após a publicação da reportagem, a pasta enviou os pontos a seguir:

spaceman aposta online Usospaceman aposta onlineverbas federais

spaceman aposta online Atrasosspaceman aposta onlinesalários

Os profissionais citados não recebem salários, mas pró-labore, pois são sócios das empresas e cooperativas. O prazo contratual prevê até 90 dias para o pagamentospaceman aposta onlineserviços prestados. A atual gestão vem mantendo a regularidade no pagamento mensal das empresas médicasspaceman aposta onlinemodo que cada uma receba pelo menos uma competência mensal que, necessariamente, não será a do mês corrente.

Ressalta-se que o Amazonas é um dos poucos estados da federação que nunca atrasou saláriospaceman aposta onlineservidores públicos, mesmo diante das sucessivas crises econômicas dos últimos anos, que levou parte dos Estados a atrasar e até parcelar salários.

spaceman aposta online Faltaspaceman aposta onlineequipamentos

Apesar do aumento do consumospaceman aposta onlineaté cinco vezes após a epidemia (hoje se consomespaceman aposta onlineuma semana o que era consumidospaceman aposta onlineum mês) e a escassez do produto no mercado mundial, o Amazonas ainda vem conseguindo manter até aqui um estoquespaceman aposta onlineEPIs e o abastecimentospaceman aposta onlinetodas as unidadesspaceman aposta onlinesaúde da rede estadual. Todavia, tem sido orientado aos gestores o uso racional e adequado dos EPIs - seguindo o que recomenda a Agência Nacionalspaceman aposta onlineSaúde (Anvisa) - para que não haja desabastecimento. As medidas, obviamente, não agradam aos profissionais, uma vez que o uso dos produtos está sendo controlado.

O que tem se observado é que, por medo da contaminação, os profissionais que atuam dentro das unidades têm exigido equipamentos diferentes daqueles definidos para cada ambiente e situação recomendada pela Anvisa. É o caso do macacão e da máscara N95, esta última indicada para usospaceman aposta onlineprocedimentos que produzem aerossóis, mas que é reivindicada por todos, inclusive profissionais para os quais o equipamento indicado é a máscara cirúrgica.

O abastecimento vem sendo garantido com aquisições pelo Estado e Ministério da saúde, alémspaceman aposta onlinedoações espaceman aposta onlineparcerias, como a que estáspaceman aposta onlinecurso com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) para a produçãospaceman aposta onlineEPIs para a rede estadualspaceman aposta onlinesaúde.

spaceman aposta online Superlotaçãospaceman aposta onlineemergências

Levandospaceman aposta onlineconta que, além da covid-19, o Amazonas também enfrenta o período sazonal, que vaispaceman aposta onlinenovembro a maio, das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) por outros vírus - Influenza A e B, Metapneumovírus, Adenomavírus, Vírus Sincicial Respiratórios e outros - , foi criado um fluxospaceman aposta onlineatendimento na redespaceman aposta onlineurgência e emergência da capital-Manaus para acolhimento e manejo adequado desses casos e do covid-19.

Todo paciente que entraspaceman aposta onlinepronto-socorro, serviçospaceman aposta onlinepronto-atendimento (SPA) e Unidadespaceman aposta onlinePronto Atendimento (UPA) passa por uma triagem e aqueles que apresentam sintomas respiratórios que necessitamspaceman aposta onlinecuidados são encaminhados a espaços chamados "sala rosas". Nessas salas eles recebem o atendimento adequado segregados do restante do hospital e são testados e classificados enquanto aguardam a remoção para o serviçospaceman aposta onlinereferência, caso necessitem.

Por isso, tem sido recomendado que só busquem a emergência hospitalar pessoas com sintomas mais graves que realmente necessitemspaceman aposta onlineatendimento médico. Para sintomas leves é recomendado que fiquemspaceman aposta onlinecasa.

Para reduzir a superlotação dos serviçosspaceman aposta onlineemergência, o Governo do Amazonas lançouspaceman aposta online6spaceman aposta onlineabril um chatboot com atendimento por telemedicina onde as pessoas podem acessar um aplicativo para receber orientações e até falar com um médico que vai dar as orientações sobre o que fazer diantespaceman aposta onlinesintomas e qual o momentospaceman aposta onlinebuscar o serviço hospitalar. Até quarta-feira (15/04), 5.790 pessoas foram atendidas por meio do serviço.

Nesta sexta-feira, o governo inicia um novo processospaceman aposta onlinetriagem externaspaceman aposta onlinetendas montadas fora dos hospitais para garantir que só acessem a unidade as pessoas que realmente estejam necessitandospaceman aposta onlineatendimentospaceman aposta onlineurgência e emergência.

Mesmo com as limitações e a grande demanda, as unidades têm se esforçado para dar o atendimento adequado a quem precisa.

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